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Envelhecimento e velhice na família contemporânea - Núcleo de ...

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Guita G.Debert e Júlio A.Simões – <strong>Envelhecimento</strong> e <strong>velhice</strong> <strong>na</strong> <strong>família</strong> <strong>contemporânea</strong> 9<br />

entre público e privado, mostrando como as políticas sociais afetam<br />

as relações familiares. É um instrumental crítico extremamente<br />

valioso para compreen<strong>de</strong>r as condições em que a i<strong>de</strong>ologia da<br />

<strong>família</strong>, como espaço <strong>de</strong> paz, harmonia, proteção e cuidado, tem sido<br />

renovada recentemente, nos contextos em que se propõe a redução<br />

dos gastos públicos e se <strong>de</strong>clara a ineficiência das políticas públicas<br />

voltadas para a <strong>velhice</strong>.<br />

O mito da “Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro” da <strong>velhice</strong><br />

Até muito recentemente, tratar da <strong>velhice</strong> <strong>na</strong>s socieda<strong>de</strong>s<br />

industrializadas era traçar um quadro dramático da perda <strong>de</strong> status<br />

dos velhos. Os processos <strong>de</strong> industrialização e urbanização e a<br />

correspon<strong>de</strong>nte nuclearização da <strong>família</strong> teriam <strong>de</strong>struído a<br />

segurança econômica e as relações estreitas que vigoravam entre as<br />

gerações <strong>na</strong>s socieda<strong>de</strong>s tradicio<strong>na</strong>is. Neste novo contexto, os idosos<br />

se transformariam em um peso para a <strong>família</strong> e para o Estado, em<br />

oposição à situação anterior em que eles, dada sua sabedoria e<br />

experiência, eram membros respeitados <strong>na</strong> <strong>família</strong> e <strong>na</strong> comunida<strong>de</strong>.<br />

O empobrecimento e os preconceitos marcariam a <strong>velhice</strong> <strong>na</strong>s<br />

socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>s, que abando<strong>na</strong>riam os velhos a uma existência<br />

sem significado.<br />

Essa concepção <strong>de</strong> <strong>velhice</strong> funda a gerontologia e prevalece no<br />

senso comum, que ten<strong>de</strong> a romantizar o passado como momento<br />

privilegiado para as relações <strong>de</strong> harmonia e solidarieda<strong>de</strong>. ∗ Novas<br />

pesquisas, porém, levaram a uma revisão <strong>de</strong>ssa concepção. Hoje há<br />

um acordo entre os historiadores consi<strong>de</strong>rando-se que, dada a<br />

precarieda<strong>de</strong> dos dados disponíveis, é muito limitado o<br />

conhecimento que se po<strong>de</strong> obter da situação dos velhos em períodos<br />

∗<br />

Para análises do discurso gerontológico oci<strong>de</strong>ntal e sua transposição para os países “em <strong>de</strong>senvolvimento”,<br />

ver Cohen, 1994; Debert, 1999, cap.5.

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