Envelhecimento e velhice na família contemporânea - Núcleo de ...
Envelhecimento e velhice na família contemporânea - Núcleo de ...
Envelhecimento e velhice na família contemporânea - Núcleo de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Guita G.Debert e Júlio A.Simões – <strong>Envelhecimento</strong> e <strong>velhice</strong> <strong>na</strong> <strong>família</strong> <strong>contemporânea</strong> 18<br />
um aumento <strong>na</strong> proporção <strong>de</strong> mulheres como chefe das <strong>família</strong>s.<br />
Há mais <strong>família</strong>s <strong>de</strong> idosos compostas pela mãe e seus filhos e por<br />
mulheres vivendo sozinhas. Em termos relativos, o aumento do<br />
percentual <strong>de</strong> mulheres como chefe <strong>de</strong> <strong>família</strong>s tem sido ainda mais<br />
intenso <strong>na</strong>s <strong>família</strong>s com idosos, o que parece remeter à preferência<br />
culturalmente mo<strong>de</strong>lada dos idosos <strong>de</strong> morar com suas filhas.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista dos recursos materiais, nos dois tipos <strong>de</strong><br />
arranjos familiares consi<strong>de</strong>rados aumentaram as proporções <strong>de</strong><br />
beneficiários da segurida<strong>de</strong> social, bem como a contribuição dos<br />
idosos para a renda das <strong>família</strong>s e a renda média dos domicílios. Para<br />
todas essas <strong>família</strong>s, o trabalho aparece como a mais importante<br />
fonte <strong>de</strong> renda. Os idosos chefes <strong>de</strong> <strong>família</strong> são, em média, 3,6 anos<br />
mais jovens dos que não assumem essa condição, participam mais do<br />
mercado <strong>de</strong> trabalho e ten<strong>de</strong>m a apresentar melhores condições <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>, embora haja também um segmento consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> idosos<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes entre os classificados como chefes <strong>de</strong> <strong>família</strong>. ∗<br />
É interessante articular esses dados quantitativos, <strong>de</strong> alcance<br />
geral, com dados qualitativos referentes à experiência <strong>de</strong> homens<br />
aposentados, beneficiários do regime geral da previdência, que nos<br />
anos 1980 e 1990 se constituíram como um relevante ator político no<br />
país (Simões, 2000; 2004). Para esses sujeitos, a elaboração da<br />
imagem do aposentado como “provedor” foi importante no esforço<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstruir a representação dos mais velhos como um encargo<br />
para a <strong>família</strong> e para a socieda<strong>de</strong>. Em linhas gerais, tratava-se <strong>de</strong><br />
mostrar que muitos aposentados ainda eram arrimos <strong>de</strong> <strong>família</strong>, que a<br />
aposentadoria não os livrara da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuar<br />
assegurando o sustento <strong>de</strong> suas <strong>família</strong>s. Ao contrário, muitas vezes,<br />
aumentava-lhes a responsabilida<strong>de</strong>, pois tinham <strong>de</strong> fazer frente às<br />
<strong>de</strong>spesas pessoais crescentes, ligadas principalmente ao cuidado com<br />
∗ Para mais <strong>de</strong>talhes, ver Camarano et alii, 2004.