Ecologia da Floresta - PDBFF - Inpa
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A figura 5 ilustra a variação na riqueza encontra<strong>da</strong> em<br />
ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s parcelas em relação à área amostra<strong>da</strong>.<br />
Observamos que há menor variabili<strong>da</strong>de nos <strong>da</strong>dos obtidos<br />
para as áreas explora<strong>da</strong>s do que nos obtidos para as áreas<br />
preserva<strong>da</strong>s. Adicionalmente, os <strong>da</strong>dos obtidos nos plotes<br />
com maior área de amostragem revelaram maior diferença<br />
entre os ambientes, e menor variabili<strong>da</strong>de entre os <strong>da</strong>dos.<br />
P1<br />
E1<br />
E2<br />
P2<br />
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8<br />
Distância Euclidiana<br />
Figura 4. Dendrograma de similari<strong>da</strong>de baseado na<br />
composição de morfoespécies de formigas entre as<br />
parcelas amostra<strong>da</strong>s. Utilizou-se como medi<strong>da</strong> de<br />
similari<strong>da</strong>de a distância Euclidiana com a média de<br />
grupo. P1 e P2= parcelas na área preserva<strong>da</strong>; E1 e E2=<br />
parcelas na área explora<strong>da</strong>.<br />
Figura 5. Número de morfoespécies (S) registrado em<br />
ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s parcelas amostra<strong>da</strong> (P1 e P2 – na área<br />
preserva<strong>da</strong> e E1 e E2 – na área explora<strong>da</strong>).As linhas<br />
representam as médias de riqueza na área preserva<strong>da</strong><br />
(pm) e na área explora<strong>da</strong> (em).<br />
Discussão<br />
A maioria dos estudos realizados para avaliar o impacto<br />
<strong>da</strong> ação antrópica sobre a mirmecofauna mostra que a<br />
riqueza de espécies é maior em áreas perturba<strong>da</strong>s do que<br />
em áreas preserva<strong>da</strong>s (Armbrecht & Ulloa-Chacón, 1999).<br />
30 Curso de Campo <strong>Ecologia</strong> <strong>da</strong> <strong>Floresta</strong> Amazônica - 2002<br />
Algumas espécies de formigas, inclusive, são utiliza<strong>da</strong>s<br />
como bioindicadoras para avaliar o grau de perturbação<br />
ambiental (Hölldobler & Wilson, 1990). No presente<br />
trabalho, porém, encontramos um maior número de espécies<br />
em áreas preserva<strong>da</strong>s quando comparado ao de áreas que<br />
sofreram extração seletiva de madeira. A menor riqueza<br />
encontra<strong>da</strong> nas áreas explora<strong>da</strong>s pode ser explica<strong>da</strong> pelo<br />
pouco tempo de reabilitação do ambiente (3 anos), e, ain<strong>da</strong>,<br />
pela redução no número de espécies vegetais nestas áreas<br />
(Armbrecht & Ulloa-Chacón, 1999; Carvalho &<br />
Vasconcelos, 2002), o que altera o número de microhábitats<br />
a serem ocupados pelas formigas .<br />
O maior número de morfoespécies restritas às áreas<br />
preserva<strong>da</strong>s, provavelmente é decorrência <strong>da</strong>s alterações<br />
causa<strong>da</strong>s pela extração de madeira sobre os microhábitats<br />
<strong>da</strong> mata explora<strong>da</strong>. Tais perturbações devem ter efeito sobre<br />
o desaparecimento de determina<strong>da</strong>s espécies na região.<br />
Segundo Roth & Perfecto (1994) a diminuição no número<br />
de sítios de nidificação, na quanti<strong>da</strong>de de alimento e nas<br />
áreas de forrageamento causam uma redução <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de<br />
local de formigas.<br />
A similari<strong>da</strong>de faunística encontra<strong>da</strong> entre as duas<br />
parcelas <strong>da</strong>s áreas explora<strong>da</strong>s e a distância entre estas e as<br />
parcelas <strong>da</strong>s áreas preserva<strong>da</strong>s sugerem que as últimas<br />
apresentam um maior número de espécies exclusivas,<br />
ocorrendo pequena sobreposição de espécies entre estas<br />
parcelas. Diferentemente <strong>da</strong>s áreas explora<strong>da</strong>s, onde há um<br />
maior número de morfoespécies em comum. A pequena<br />
similari<strong>da</strong>de faunística pode estar associa<strong>da</strong> a uma maior<br />
heterogenei<strong>da</strong>de ambiental, o que aumenta a disponibili<strong>da</strong>de<br />
de recursos, proporcionando microhabitats para várias<br />
espécies. Este resultado corrobora a hipótese acima, de que<br />
áreas com maior número de microhabitats e,<br />
consequentemente, maior heterogenei<strong>da</strong>de ambiental,<br />
apresentam maior riqueza específica, fato também<br />
comprovado por outros estudos comparativos de<br />
mirmecofauna (Castro & Queiroz, 1987; Soares et al., 1998;<br />
Armbrecht & Ulloa-Chacón, 1999).<br />
Observamos que o efeito <strong>da</strong> escala parece influenciar o<br />
número de morfoespécies e na diferença dos resultados entre<br />
as parcelas, o que já tinha sido constatado no estudo de<br />
Guimarães-Jr et al. (2001). Em áreas pequenas (menores<br />
que 64 m 2 ), a variabili<strong>da</strong>de encontra<strong>da</strong> foi grande, não sendo<br />
possível verificar diferenças entre as parcelas. Pelo<br />
contrário, nas parcelas de 64 m 2 há maior concordância entre<br />
os <strong>da</strong>dos de ca<strong>da</strong> um dos dois ambientes amostrados,<br />
revelando diferenças entre eles.<br />
Hamer e Hill (2000) observaram que distúrbios<br />
antrópicos tiveram efeitos opostos na diversi<strong>da</strong>de de Lepidoptera<br />
em pequenas e grandes escalas: com o decréscimo<br />
<strong>da</strong> escala, a probabili<strong>da</strong>de de que a diversi<strong>da</strong>de aumente<br />
sob o efeito destes distúrbios é maior. Os mesmos autores<br />
examinaram a relação entre a escala espacial e a diversi<strong>da</strong>de<br />
de borboletas em florestas intactas e florestas com retira<strong>da</strong><br />
seletiva de madeira na Indonésia. A riqueza de espécies<br />
aumentou com a escala espacial nas duas áreas, mas com