Ecologia da Floresta - PDBFF - Inpa
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citar a intensi<strong>da</strong>de de luz (Sork,1987), o tipo e a quali<strong>da</strong>de<br />
de serapilheira (Cintra & Horna, 1997) e o grau de<br />
compactação do solo (Hopkins com. pess.). A extração de<br />
árvores de grande porte, assim como a abertura <strong>da</strong>s trilhas<br />
de arraste aumentam a intensi<strong>da</strong>de de luz que chega ao subbosque.<br />
Tendo em vista a eliminação <strong>da</strong> serapilheira e a<br />
compactação do solo decorrentes <strong>da</strong> constante circulação<br />
de tratores e skidders nessas trilhas (Parrotta et al., 2002) é<br />
de se esperar que o efeito sobre a regeneração seja maior<br />
nesse ambiente quando comparado a áreas explora<strong>da</strong>s.<br />
Por outro lado, diferentes espécies de plantas respondem<br />
diferentemente a essas mu<strong>da</strong>nças nos fatores ambientais<br />
(Cintra & Horna, 1997). As espécies pioneiras são<br />
favoreci<strong>da</strong>s por uma maior disponibili<strong>da</strong>de de luz e têm<br />
maiores probabili<strong>da</strong>des de estabelecimento depois de uma<br />
remoção do solo. Assim, a investigação <strong>da</strong> resposta <strong>da</strong><br />
regeneração a essas mu<strong>da</strong>nças é essencial para que se possa<br />
compreender melhor a dinâmica <strong>da</strong> floresta e fazer predições<br />
<strong>da</strong> estrutura e <strong>da</strong> composição florística para fins de manejo.<br />
O objetivo deste trabalho foi verificar o impacto <strong>da</strong><br />
extração seletiva de madeira na densi<strong>da</strong>de de plântulas de<br />
um modo geral e de alguns grupos indicadores, três anos<br />
após o corte.<br />
Métodos<br />
O trabalho foi desenvolvido no compartimento “N” <strong>da</strong><br />
Mil Madeireira, situa<strong>da</strong> no município de Itacoatiara, AM.<br />
No compartimento, a área de floresta preserva<strong>da</strong> encontrase<br />
separa<strong>da</strong> <strong>da</strong> área de extração seletiva de madeira apenas<br />
por uma estra<strong>da</strong> de cerca de 8 m de largura.<br />
Quatro parcelas de 3 x 5 m (15 m 2 ) foram instala<strong>da</strong>s em<br />
três situações: i) nas trilhas de arraste de uma área explora<strong>da</strong>;<br />
ii) na área explora<strong>da</strong>, fora <strong>da</strong>s trilhas de arraste; iii) numa<br />
área de mata preserva<strong>da</strong>. As parcelas instala<strong>da</strong>s na área<br />
explora<strong>da</strong> seguiram um delineamento pareado, sendo<br />
loca<strong>da</strong>s a apenas 10 m de distância uma <strong>da</strong> outra (uma na<br />
trilha de arraste, outra fora <strong>da</strong> trilha) estando assim,<br />
submeti<strong>da</strong>s a mesma variação local. As trilhas de arraste<br />
estavam distantes cerca de 100 m umas <strong>da</strong>s outras e a<br />
distância mínima entre as parcelas na área preserva<strong>da</strong><br />
(distribuí<strong>da</strong>s aleatoriamente) foi de 60 metros. To<strong>da</strong>s as<br />
parcelas foram loca<strong>da</strong>s a 50 metros <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> em direção<br />
ao interior <strong>da</strong> mata, para minimizar o efeito <strong>da</strong> bor<strong>da</strong>.<br />
Em ca<strong>da</strong> parcela registramos o número de indivíduos com<br />
até 50 cm de altura (que chamaremos de plântulas),<br />
discriminando aqueles pertencentes à família <strong>da</strong>s<br />
melastomatáceas, monocotiledôneas e palmeiras, por serem<br />
as duas primeiras indicadoras de áreas mais abertas e as<br />
palmeiras, de áreas mais fecha<strong>da</strong>s. As análises foram feitas<br />
para o número de plântulas total e para os grupos<br />
separa<strong>da</strong>mente, utilizando-se o teste de Kruskal-Wallis.<br />
Resultados<br />
Em termos gerais, o número total de plântulas, assim<br />
como o número de plântulas de ca<strong>da</strong> grupo taxonômico<br />
34 Curso de Campo <strong>Ecologia</strong> <strong>da</strong> <strong>Floresta</strong> Amazônica - 2002<br />
(melastomatáceas, palmeiras e monocotiledôneas) foram<br />
altamente variáveis (Figuras 1, 2, 3).<br />
Não encontramos diferenças significativas para o número<br />
total de plântulas (K-W=0.808; p= 0.688, Figura 1), número<br />
de melastomatáceas (K-W= 4.261, p=0.119), número de<br />
monocotiledôneas (K-W=2.848, P=0.241) e número de<br />
palmeiras (K-W=1.439, P=0.487) entre os três ambientes<br />
estu<strong>da</strong>dos (Figura 2).<br />
Número de plântulas<br />
Número de plântulas<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
600<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
0<br />
0<br />
EXPLORADA<br />
EXPLORADA<br />
PRESERVADA<br />
Ambiente<br />
PRESERVADA<br />
Ambiente<br />
TRILHA<br />
TRILHA<br />
Figura 1. Número de plântulas por parcela (n=4) nos três<br />
ambientes estu<strong>da</strong>dos.<br />
Melastomatáceas<br />
Monocotiledôneas<br />
Palmeiras<br />
Figura 2. Número de plântulas de melastomatáceas,<br />
monocotiledôneas e palmeiras por parcela (n=4), nos três<br />
ambientes estu<strong>da</strong>dos.<br />
Discussão<br />
A ausência de diferenças significativas na densi<strong>da</strong>de de<br />
plântulas total e por grupos taxonômicos pode indicar que a<br />
extração de baixo impacto não está influenciando a<br />
densi<strong>da</strong>de de plântulas. É possível pensar, então, que a<br />
extração madeireira de baixo impacto não provoca<br />
mu<strong>da</strong>nças na regeneração <strong>da</strong> floresta ou que os métodos<br />
utilizados neste estudo não foram os mais adequados para<br />
detectá-las. Parece que a composição de espécies de<br />
plântulas seria mais sensível aos efeitos <strong>da</strong> extração<br />
madeireira do que a densi<strong>da</strong>de, já que as espécies respondem<br />
diferentemente aos distúrbios (Cintra e Horna 1997). Assim,<br />
testes com grandes grupos podem mascarar as respostas<br />
específicas e a detecção de efeitos, como no caso deste<br />
trabalho.