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Ecologia da Floresta - PDBFF - Inpa

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e pelo tipo e veloci<strong>da</strong>de de correntes de água (Barnes 1984).<br />

Observações pessoais indicam que esponjas são comuns no<br />

rio Solimões.<br />

Nosso objetivo é comparar a abundância de esponjas em<br />

áreas submeti<strong>da</strong>s a diferentes períodos de inun<strong>da</strong>ção e em<br />

relação à distância do rio Solimões. Esperamos encontrar<br />

um número maior de esponjas nas áreas baixas e próximas<br />

ao rio, devido ao acúmulo de sedimentos.<br />

Métodos<br />

O trabalho foi desenvolvido na várzea, durante o período<br />

de seca, na Ilha <strong>da</strong> Marchantaria (03º14’ S, 59º57’ O) no<br />

rio Solimões, município de Iranduba (AM) a 15km <strong>da</strong><br />

confluência deste rio com o rio Negro. A temperatura média<br />

anual é de 26,7ºC e a pluviosi<strong>da</strong>de é de aproxima<strong>da</strong>mente<br />

2186 mm por ano (RADAMBRASIL 1978).<br />

Foram estu<strong>da</strong>dos dois locais, um próximo ao Lago do<br />

Camaleão em duas cotas, variando de 6 metros de inun<strong>da</strong>ção<br />

na área baixa, que denominamos cota baixa 1, e 3 metros na<br />

área alta. E outro local próximo ao rio Solimões, submetido<br />

a 6,5 metros de inun<strong>da</strong>ção, que definimos como cota baixa<br />

2. Em ca<strong>da</strong> local e cota, fizemos dois transectos de 50 metros<br />

em ca<strong>da</strong> área e em intervalos de 10 metros identificamos os<br />

quatro indivíduos arbóreos mais próximos do transecto. Em<br />

ca<strong>da</strong> árvore verificamos a quanti<strong>da</strong>de de esponjas presente.<br />

Para testar se havia diferença no número de colônias entre<br />

as cotas, utilizamos o teste t-Student.<br />

Resultados<br />

Foram encontra<strong>da</strong>s 21 espécies de plantas arbóreas<br />

utiliza<strong>da</strong>s como suporte pelas esponjas. As espécies com<br />

maior freqüência de ocorrência de esponjas foram Crataeva<br />

benthanii (Cappari<strong>da</strong>ceae) e Vitex cymosa (Verbenaceae)<br />

(Tabela 1).<br />

Tabela 1. Espécies arbóreas, número de indivíduos em<br />

ca<strong>da</strong> cota, indicado entre parênteses, e número de<br />

colônias encontra<strong>da</strong>s em ca<strong>da</strong> cota amostra<strong>da</strong>.<br />

Espécies Número de esponjas e de árvores<br />

Alta Baixa 1 Baixa 2<br />

Eschweilera (3) 12 - -<br />

Tiliaceae sp1 (7) 11 - -<br />

Calophyllum brasiliensis(2) 10 - -<br />

Triplaris surinamensis (1) 8 - -<br />

Astrocaryum jauari (1) 6 - -<br />

Garcinia macrophylla (3) 5 - -<br />

Mollia speciosa (3) 3 - -<br />

Gustavia augusta (1) 3 - -<br />

Xylopia surinamensis (1) 2 - -<br />

Proteaceae (3) 1 - -<br />

Buchenaria oxycarpa (1) - 22 -<br />

Moraceae sp1 (1) - 3 -<br />

Annona hypoglaucea (1) - 0 -<br />

Crataeva benthanii (34) 8 43 381<br />

Vitex cymosa (48) - 60 112<br />

Simarouba amara (1) - - 35<br />

Pseudobombax munguba (4) 5 2 25<br />

Laetia corymbulova (4) - - 6<br />

Alchornea castaenifolia (1) - - 6<br />

Psidium acutangulum (6) - 4 5<br />

Cecropia latiloba (6) 0 0 4<br />

Total (132) 74 134 580<br />

42 Curso de Campo <strong>Ecologia</strong> <strong>da</strong> <strong>Floresta</strong> Amazônica - 2002<br />

Houve diferença significativa entre o número médio de<br />

esponjas por árvore na cota baixa 1 (14,5 colônias) em<br />

relação à cota alta (5,5 colônias), t = 2,324, p=0,045. As<br />

cotas baixas 1 e 2 também diferiram significativamente no<br />

número de colônias (14,5 e 60,7 respectivamente), t= -3,617,<br />

p= 0,006.<br />

Discussão<br />

A diferença observa<strong>da</strong> no número de esponjas entre a<br />

cota alta e a baixa 1 foi provavelmente devido ao tempo de<br />

inun<strong>da</strong>ção. Nas cotas baixas a maioria <strong>da</strong>s árvores tem sua<br />

copa parcialmente inun<strong>da</strong><strong>da</strong>, o que proporciona uma<br />

varie<strong>da</strong>de de substratos, como galhos, folhas e ramos a serem<br />

colonizados. Além disso, as árvores experimentam um maior<br />

período de submersão, oferecendo substrato às esponjas por<br />

um tempo mais longo.<br />

Apesar <strong>da</strong>s cotas baixas 1 e 2 sofrerem níveis similares<br />

de inun<strong>da</strong>ção (cerca de 6 metros) estas possuem uma<br />

quanti<strong>da</strong>de diferente de colônias. A cota baixa 2 apresentou<br />

um maior número de esponjas, o que pode ser explicado<br />

pela maior proximi<strong>da</strong>de ao rio Solimões. Assim, esponjas<br />

que se fixam nas árvores em áreas próximas ao rio podem<br />

estar filtrando maior quanti<strong>da</strong>de de nutrientes, o que permite<br />

sua sobrevivência e crescimento por um período mais longo.<br />

Outra explicação alternativa seria o fato <strong>da</strong>s esponjas serem<br />

animais sésseis, o que condicionaria a colonização destes<br />

organismos na direção <strong>da</strong> corrente de água. Desta forma, a<br />

vegetação <strong>da</strong> cota baixa 2 funcionaria como uma malha que<br />

retêm a maioria destes organismos, explicando a menor<br />

freqüência de esponjas nas outras cotas.<br />

As espécies de árvores Crataeva benthanii e Vitex cymosa<br />

foram utiliza<strong>da</strong>s com maior freqüência como substrato de<br />

fixação <strong>da</strong>s esponjas. Tal fato poderia ser explicado pelas<br />

a<strong>da</strong>ptações ao período de inun<strong>da</strong>ção que estas espécies<br />

possuem, dominando assim áreas submeti<strong>da</strong>s a longos<br />

períodos de inun<strong>da</strong>ção. Contudo, como a composição de<br />

espécies foi diferente entre as cotas, isso inviabiliza uma<br />

comparação mais precisa entre a relação planta- hospedeiro.<br />

Além disso, a escala espacial de amostragem deste estudo<br />

pode não ser adequa<strong>da</strong> na avaliação dos fatores que afetam<br />

a distribuição <strong>da</strong>s esponjas em seus substratos, sendo<br />

necessário estudos mais detalhados.<br />

Agradecimentos<br />

Agradecemos ao Leandro Valle Ferreira pela orientação<br />

no projeto, ao Marcelo Pinguela pela acessoria durante o<br />

trabalho e ao Prof. Jorge Nessimian pelas discussões a<br />

respeito dos resultados.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Barnes, R.D. 1984. Zoologia dos Invertebrados. 4 Edição.<br />

Ed. Rocca. São Paulo, SP.<br />

Campos, M. T. V. A., A. D. de Sousa, C. Morsello, K. A.<br />

Caro e T. Lomáscolo. 1996. Influência do tempo de<br />

inun<strong>da</strong>ção em parâmetros morfométricos de duas

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