Ecologia da Floresta - PDBFF - Inpa
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Métodos<br />
Desenvolvemos este estudo numa mata de várzea <strong>da</strong><br />
ilha <strong>da</strong> Marchantaria. Estabelecemos um transecto ao longo<br />
de 60 m de um trecho de mata, paralelo ao rio Solimões<br />
(sentido Leste-Oeste, sem variação no relevo).<br />
Amostramos to<strong>da</strong>s as árvores até a distância de 2 m do<br />
transecto, medindo o perímetro a cerca de 1 m do solo,<br />
altura do fuste e <strong>da</strong>s duas bifurcações seguintes, com o<br />
auxílio de uma haste gradua<strong>da</strong> a intervalos de 0,5 m. As<br />
bifurcações tiveram suas medi<strong>da</strong>s de altura toma<strong>da</strong>s<br />
seguindo o ramo mais grosso até a terceira bifurcação.<br />
Anotamos o número de esponjas e o tamanho <strong>da</strong>s<br />
aglomerações a ca<strong>da</strong> 0,5 m até a cota máxima <strong>da</strong> última<br />
inun<strong>da</strong>ção (6,6 m), que pôde ser verifica<strong>da</strong> por de marcas<br />
nos troncos <strong>da</strong>s árvores. Dividimos o tamanho dos<br />
aglomerados em quatro categorias: pequeno (1), médio (2),<br />
grande (3) e muito grande (4). A textura do substrato<br />
(tronco) foi classifica<strong>da</strong> como rugosa ou lisa.<br />
A relação entre altura <strong>da</strong> coluna d’água e a freqüência<br />
de ocorrência <strong>da</strong>s esponjas no estrato vertical foi analisa<strong>da</strong><br />
graficamente por meio de um histograma. Calculamos a<br />
abundância pondera<strong>da</strong> multiplicando as freqüências pelas<br />
classes de tamanho dos aglomerados de esponjas, como<br />
medi<strong>da</strong> estima<strong>da</strong> do número de indivíduos. Esta medi<strong>da</strong><br />
representa a melhor estimativa do número real de<br />
indivíduos de Spongilli<strong>da</strong>e, pois para um organismo que<br />
se desenvolve por brotamento a delimitação dos indivíduos<br />
é praticamente impossível.<br />
Através de uma análise de covariância (ANCOVA; Zar,<br />
1984) verificamos o efeito <strong>da</strong> bifurcação dos troncos sobre<br />
o número de esponjas observa<strong>da</strong>s.<br />
Resultados<br />
Encontramos 622 aglomerados de esponjas em 25<br />
árvores, que multiplicados pelas frequências <strong>da</strong>s classes<br />
de tamanho resultaram num número estimado de 1130<br />
indivíduos. A distribuição <strong>da</strong> abundância com relação à<br />
altura apresentou distribuição normal, com maior número<br />
de aglomerados ocorrendo no intervalo de 3,1 a 3,5 m de<br />
altura (Fig. 2), diminuindo à medi<strong>da</strong> que a altura aumenta<br />
ou diminui. A abundância pondera<strong>da</strong> também seguiu o<br />
mesmo padrão normal de distribuição vertical (Fig. 2).<br />
Não houve efeito do número de bifurcações dos ramos<br />
na abundância <strong>da</strong>s esponjas (F= 0,49; g.l.=58; p=0,68; Fig.<br />
3). As três primeiras bifurcações apresentaram abundância<br />
média similares (ca. de 12 aglomerados), enquanto que a<br />
quarta bifurcação continha poucos indivíduos.<br />
Aparentemente, a abundância <strong>da</strong>s esponjas foi maior em<br />
árvores cuja casca apresentava uma textura mais lisa (Fig.<br />
4).<br />
38 Curso de Campo <strong>Ecologia</strong> <strong>da</strong> <strong>Floresta</strong> Amazônica - 2002<br />
Figura 2. Ocorrência de esponjas (abundância pondera<strong>da</strong><br />
e número de aglomerados) por classe de 0,5 m de altura<br />
<strong>da</strong>s árvores amostra<strong>da</strong>s (n = 25) na mata de várzea, ilha<br />
<strong>da</strong> Marchantaria.<br />
Abundância de esponjas<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
-10<br />
-20<br />
-30<br />
1 2<br />
Número de bifurcações<br />
3 4<br />
Figura 3. Média e desvio padrão <strong>da</strong> abundância de<br />
esponjas ao longo <strong>da</strong>s bifurcações dos troncos <strong>da</strong>s<br />
árvores estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s (n=25).<br />
Abundância de esponjas<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
lisa rugosa<br />
Textura <strong>da</strong> casca<br />
Figura 4. Abundância média e erro padrão <strong>da</strong>s esponjas<br />
encontra<strong>da</strong>s em árvores com casca de textura lisa (n=8) e<br />
rugosa (n=12).