Ecologia da Floresta - PDBFF - Inpa
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egularmente dispostas em um só plano. Esta espécie tem<br />
uma arquitetura em funil que acarreta acúmulo de detrito<br />
orgânico entre as bases <strong>da</strong>s folhas. Oenocarpus bacaba é<br />
uma espécie que difere <strong>da</strong>s outras pois apresenta um caule<br />
aéreo. Suas folhas apresentam uma bainha parcialmente<br />
fecha<strong>da</strong> com pinas lineares, agrupa<strong>da</strong>s e dispostas em ângulo<br />
diferentes (Henderson et al., 1995; Ribeiro et al.,1999).<br />
O objetivo deste trabalho é avaliar os efeitos <strong>da</strong> extração<br />
seletiva de madeira sobre a população de palmeiras de subbosque,<br />
comparando as abundâncias de Astrocaryum<br />
sciophilum, Oenocarpus bacaba e Attalea attaleoides em<br />
uma área preserva<strong>da</strong> e outra maneja<strong>da</strong> de floresta de terra<br />
firme na Amazônia Central.<br />
Métodos<br />
O presente estudo foi realizado na proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Mil<br />
(Madeireira Itacoatiara Lt<strong>da</strong>), no município de Itacoatiara<br />
(2 o 43’ - 3 o 04’S, 58 o 31’ - 58 o 57’W), em novembro de 2002.<br />
As médias anuais de temperatura e de precipitação são de<br />
26 o C e 2.200mm, respectivamente.<br />
Para amostrar as populações <strong>da</strong>s três espécies de<br />
palmeiras nas duas áreas florestais sob diferentes condições<br />
de preservação (explora<strong>da</strong> e preserva<strong>da</strong>), foi utilizado o<br />
método de parcelas (Mueller-Dombois & Ellenberg 1974).<br />
Para ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s áreas foi estabeleci<strong>da</strong> uma parcela de 3<br />
x 50m, denominados T1 e T2 (área explora<strong>da</strong>) e T3 e T4<br />
(área preserva<strong>da</strong>).<br />
Para ca<strong>da</strong> um dos indivíduos amostrados foi estima<strong>da</strong> a<br />
altura total por meio de uma referência de altura conheci<strong>da</strong><br />
e medido o diâmetro do caule à altura do solo (DAS) com<br />
auxílio de um paquímetro. Para as espécies acaules foram<br />
mensurados os diâmetros dos pecíolos à altura do solo, sendo<br />
os mesmos somados em segui<strong>da</strong>.<br />
A divisão de ca<strong>da</strong> espécie em classes de tamanho foi<br />
inicialmente basea<strong>da</strong> no “plot” de Whittaker” (Krebs 1998),<br />
usualmente aplicado para comuni<strong>da</strong>des. Entretanto, a curva<br />
apresentou uma única deflexão (Figura 1) correspondendo<br />
a aproxima<strong>da</strong>mente 100 cm de altura. Dessa maneira,<br />
manteve-se esta como a primeira classe e criou-se outras<br />
(classe-1= menores que 1m; classe 2= de 1 a 1,99m; classe<br />
3= de 2 a 2,99; classe 4= 3 ou mais.<br />
Foram produzidos histogramas de abundância por<br />
parcela, por ambiente e por classe de tamanho.<br />
Altura (cm)<br />
700<br />
600<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
0<br />
1 15 29 43 57 71 85 99 113127141 155 169183 197<br />
Abundância (n)<br />
Figura 1. Ranqueamento dos indivíduos de Oenocarpus<br />
bacaba por altura.<br />
32 Curso de Campo <strong>Ecologia</strong> <strong>da</strong> <strong>Floresta</strong> Amazônica - 2002<br />
Resultados<br />
Foram amostrados 327 indivíduos de palmeiras, entre<br />
plantas jovens e adultas. Estes, por sua vez, foram<br />
distribuídos entre as espécies Astrocaryum sciophilum,<br />
Oenocarpus bacaba e a Attalea attaleoides que foram<br />
representa<strong>da</strong>s por 81, 209 e 27 indivíduos, respectivamente<br />
(Figura 2).<br />
No. de indivíduos<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
t1 t2 t3 t4<br />
explora<strong>da</strong> preserva<strong>da</strong><br />
Local<br />
Oenocarpus bacaba<br />
Astrocarium sciofilum<br />
Attalea attaleoides<br />
Figura 2. Distribuição de frequências de indivíduos de<br />
três espécies de palmeiras por parcelas de amostragem<br />
em áreas presentes e explora<strong>da</strong> na Madeireira Mil.<br />
A distribuição de indivíduos por classe de altura destacou<br />
os indivíduos mais jovens como a categoria dominante,<br />
independente <strong>da</strong> espécie analisa<strong>da</strong>. Oenocarpus bacaba, por<br />
exemplo, apresentou 95% de seus indivíduos com altura<br />
igual ou inferior a um metro para a área preserva<strong>da</strong> e 91%<br />
para a área explora<strong>da</strong> (Figura 3a). Para a espécie<br />
Astrocaryum sciophilum, a mesma classe reteve 45% <strong>da</strong><br />
abundância (Figura 3b), enquanto Attalea attaleoides<br />
apresentou um percentual ain<strong>da</strong> menor (Figura 3c).<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
0-1,00 1,01-<br />
2,00<br />
0-1,00 1,01-<br />
2,00<br />
0-1,00 1,01-<br />
2,00<br />
2,01-<br />
3,00<br />
2,01-<br />
3,00<br />
2,01-<br />
3,00<br />
>3,00<br />
>3,00 (b)<br />
>3,00 (b)<br />
Figura 3. Abundância de a) Oenocarpus bacaba, b)<br />
Astrocaryum sciophilum e c) Attalea attaleoides por classe<br />
de tamanho (Ap- área protegi<strong>da</strong>; Ae- área explora<strong>da</strong>).<br />
(a)