12.05.2013 Views

dissertacao completa - FaJe

dissertacao completa - FaJe

dissertacao completa - FaJe

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

3 REFUTAÇÃO AOS ATIGOS ACUSADORES<br />

Sócrates pede a seu ouvintes que recuem com ele ao início (19a: 0Anala/bwmen ou}n e0c<br />

a0rxh~v), como se somente agora começasse, de fato, sua defesa contra as antigas acusações.<br />

Segundo ele, seria necessário voltar ao início para que pudessem compreender qual é a<br />

acusação a partir da qual se sucedeu a calúnia contra ele (19b: ti/v h9 kathgori/a e0stin e0c h}v<br />

h9 e0mh_ diabolh_ ge/gonen). Pois, segundo Sócrates, foi por crer nesta calúnia que Meleto teria<br />

escrito a queixa-crime contra ele (19b: h[ | dh_ kai_ pisteu/wn Me/lhto/v me e0gra/yato th_n<br />

grafh_n tauth_n). Interessante observar aqui a dinâmica apresentada por Sócrates que<br />

remonta à arkhé, ao início, deste processo contra ele: haveria uma kategoría na origem da<br />

diabolé, que, por sua vez, estaria na origem da graphé 50 .<br />

Mas que kategoría seria esta? Sócrates teria sido formalmente acusado anteriormente a<br />

399? Não, ele está se referindo ao rumor espalhado que citara pouco antes (18c). No entanto,<br />

agora Platão dá a este rumor o peso de uma acusação formal, por isso sugere que se leia o que<br />

dizem os antigos acusadores de Sócrates como se fosse uma antomosía (a)ntwmosi/a), isto é,<br />

como se fosse o juramento recíproco das partes litigantes no princípio de um processo 51 . Fica<br />

ainda mais evidente que se trata das mesmas acusações, se colocarmos em paralelo a citação<br />

do que anteriormente ele identificou como um rumor (18b,c) e a citação do que agora ele<br />

propõe como uma espécie de antomosía dos antigos acusadores (19b):<br />

Há um tal Sócrates, homem sábio, pensador dos fenômenos celestes e<br />

investigador de todas as coisas abaixo da terra, e que faz forte o<br />

argumento fraco (18b: tiv Swkra/thv, sofo_v a0nh/r, ta/ te mete/wra<br />

frontisth_v kai_ ta_ u9po_ gh~v a0nezhthkw_v kai_ to_n h3ttw lo/gon<br />

krei/ttw poiw~n).<br />

Sócrates comete injustiça e se excede investigando tanto as coisas<br />

abaixo da terra quanto as celestes; fazendo forte o argumento fraco e<br />

ensinando a outros estas mesmas coisas (19b: Swkra/thv a0dikei~ kai_<br />

perierga/zetai zhtw~n ta_ te u9po_ gh~v kai_ ou0ra/nia kai_ to_n h3ttw<br />

lo/gon krei/ttw poiw~n kai_ a1llouv ta_ au0ta tau~ta dida/skwn).<br />

Percebe-se claramente algumas distinções entre as duas citações, mas o teor do que<br />

antes foi apresentado como rumor e agora foi lido como um texto acusatório, é o mesmo: a<br />

investigação da natureza e o uso de uma retórica excusa. Mas as diferenças também são<br />

50 Há duas categorias de ação no sistema de justiça ateniense: (1) as díkai (di/kai), ações privadas, e (e) as<br />

graphaí (grafai/), ações públicas. No segundo caso, no qual se inscreve o processo de Sócrates, incrimina-se<br />

um cidadão por um ato que atinge o interesse comum, e todo e qualquer cidadão que se considerar lesado pode<br />

apresentar uma queixa por escrito, isto é, a graphé. GLOTZ, 1979, p.191.<br />

51 GLOTZ, 1979, p.199.<br />

38

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!