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Aluizio Alfredo Carsten - XI Encontro Nacional de História Oral

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da terra, mas a maioria a punha no leste, além do mar. Somente <strong>de</strong>ste modo<br />

esperavam po<strong>de</strong>r escapar à perdição ameaçadora.<br />

Os primeiros que abandonaram a sua pátria, migrando para leste (cf. Mapa,<br />

Fig. 1) foram os vizinhos meridionais dos Apapocúva: a horda dos Tañyguá,<br />

sob a li<strong>de</strong>rança do pajé-chefe Ñan<strong>de</strong>ryquyní, que era um temido feiticeiro*.<br />

Subiram lentamente pela margem direita do Paraná, atravessando a região<br />

dos Apapocúva até chegar à dos Oguaíva, on<strong>de</strong> se guia morreu. Seu<br />

sucessor, Ñan<strong>de</strong>ruí, atravessou com a horda o Paraná – sem canoas, como<br />

conta a lenda -, pouco abaixo da foz do Ivahy, subindo então pela margem<br />

esquerda <strong>de</strong>ste rio até a região <strong>de</strong> Villa Rica, on<strong>de</strong>, cruzando o Ivahy,<br />

passou-se para o Tibagy, que atravessou na região <strong>de</strong> Morros Agudos.<br />

Rumando sempre em direção ao leste, atravessou com seu grupo o rio das<br />

Cinzas e o Itararé até se <strong>de</strong>parar, finalmente, com os povoados <strong>de</strong><br />

Paranapitinga e Pescaria na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Itapetininga, cujos primeiros colonos<br />

nada melhor souberam fazer que arrastar os recém-chegados para a<br />

escravidão. Eles, porém, conseguiram fugir, perseverando tenazmente em<br />

seu projeto original, não <strong>de</strong> volta para oeste, mas para o sul, em direção ao<br />

mar. Escondidos nos ermos das montanhas da Serra dos Itatins fixaram-se<br />

então, a fim <strong>de</strong> se prepararem para a viagem milagrosa através do mar à<br />

terra on<strong>de</strong> não mais se morre.(NIMUENDAJU, 1987: 8 – 9).<br />

Com essa retrospectiva histórica fica evi<strong>de</strong>nte a presença <strong>de</strong> populações indígenas <strong>de</strong><br />

pelo menos duas etnias no território da bacia do rio das Cinzas durante o século <strong>XI</strong>X, po<strong>de</strong>ndo<br />

ter atravessado também o século XVIII. Portanto, somente com os habituais documentos<br />

escritos já foi possível apontar a presença <strong>de</strong>sses indígenas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> antes do momento da<br />

chegada dos migrantes mineiros e paulistas a região, que, já era habitada por populações<br />

indígenas. Não é possível constituir uma linearida<strong>de</strong> temporal que <strong>de</strong>monstre on<strong>de</strong> e quando<br />

exatamente estavam essas populações, mas o argumento que as terras eram vazias no<br />

momento da chegada dos fazen<strong>de</strong>iros mineiros e paulistas já não convence mais.<br />

DADOS ARQUEOLÓGICOS<br />

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