EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DILEMAS E PRÁTICAS - TV Brasil
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DILEMAS E PRÁTICAS - TV Brasil
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DILEMAS E PRÁTICAS - TV Brasil
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Além disso, é preciso dizer que a EF, em fun-<br />
ção da especificidade de seus conteúdos,<br />
pode participar da vida da escola para além<br />
do currículo formalizado em disciplinas.<br />
Pode enriquecer a vida cultural dos alunos<br />
e da escola a partir de ações/atividades para<br />
além do previsto na “caixa” dos conheci-<br />
mentos disciplinares. A realização de jogos<br />
escolares ou festivais de cultura e, mais es-<br />
pecificamente, de cultura corporal de movi-<br />
mento (danças, jogos populares, etc.) pode<br />
movimentar e motivar a participação ativa<br />
de estudantes, conferindo um clima positivo<br />
à escola. O cuidado aqui é para que essas ati-<br />
vidades estejam efetivamente vinculadas ao<br />
projeto pedagógico da escola e às atividades<br />
desenvolvidas nas diferentes disciplinas. O<br />
risco, no caso da EF, é o de haver uma con-<br />
tradição entre o que se desenvolve na dis-<br />
ciplina e o que se realiza nessas atividades<br />
complementares.<br />
Mais uma vez um elemento chave para esse<br />
processo está ligado ao Esporte (já que a EF<br />
foi fortemente esportivizada). E a questão é<br />
mais premente, porque estaremos vivendo,<br />
nos próximos anos, uma avalanche de mega-<br />
eventos esportivos no nosso país. O grande<br />
risco é a escola ser mais uma vez instrumen-<br />
talizada pelo sistema esportivo, mais especi-<br />
ficamente, pela indústria esportiva. Joga-se<br />
aqui com algo extremamente sedutor, que é<br />
a possibilidade de (pseudo)valorização da EF,<br />
processo que já conhecemos (estudado na<br />
EF). Qual o problema? É exatamente utilizar<br />
a escola para a identificação de talentos es-<br />
portivos e de construção de um grande con-<br />
tingente de consumidores, sem que isso sig-<br />
nifique formação cultural de qualidade para<br />
os alunos, que é o primeiro papel da escola.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Os professores inovadores, muitas vezes, se<br />
defrontam com uma cultura escolar de EF<br />
que resiste a mudanças. Uma dessas resis-<br />
tências está relacionada ao fato de que as<br />
aulas de EF são vistas pelos alunos não como<br />
um espaço de aprendizagens significativas e,<br />
sim, como um espaço de mero divertimento<br />
(por isso gostam da EF, mas não a valorizam<br />
quando o assunto é “sério”). Por outro lado,<br />
o próprio professor inovador precisa lançar<br />
mão de saberes e conhecimentos que exi-<br />
gem dele uma formação cultural bastante<br />
ampla. O que se pode observar nas pesqui-<br />
sas é que os professores inovadores não se<br />
limitam, em termos de acervo cultural, ao<br />
fenômeno esportivo, o que lhes possibilita<br />
tematizar outros elementos da cultura cor-<br />
poral de movimento.<br />
Mas, como dissemos no início, também ga-<br />
nha volume uma situação na prática pedagó-<br />
gica da EF nas escolas que podemos caracte-<br />
rizar como de desinvestimento pedagógico.<br />
Esses professores tendem a ser caracteri-<br />
zados pejorativamente como professores<br />
“rola bola”. É preciso não cair no simplismo<br />
19