18.06.2013 Views

A medida do olhar: objetividade e autoria na ... - Monitorando

A medida do olhar: objetividade e autoria na ... - Monitorando

A medida do olhar: objetividade e autoria na ... - Monitorando

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

5.3 A função autor<br />

“Este é o labirinto de Creta. Este é o labirinto de Creta<br />

cujo centro foi o Minotauro. Este é o labirinto de Creta<br />

cujo centro foi o Minotauro que Dante imaginou como um<br />

touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se<br />

perderam tantas gerações. Este é o labirinto de Creta cujo<br />

centro foi o Minotauro, que Dante imaginou como um touro<br />

com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam<br />

tantas gerações como Maria Kodama e eu nos perdemos.<br />

Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro, que<br />

Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em<br />

cuja rede de pedra se perderam tantas gerações como Maria<br />

Kodama e eu nos perdemos <strong>na</strong>quela manhã e continuamos<br />

perdi<strong>do</strong>s no tempo, esse outro labirinto”.<br />

Jorge Luis Borges – O Labirinto<br />

Para não se perder pelos corre<strong>do</strong>res <strong>do</strong> labirinto <strong>do</strong> Minotauro, Teseu usou o fio<br />

de Ariadne. Foi com ele preso nos de<strong>do</strong>s de uma mão que o guerreiro pôde deixar a<br />

estrutura, deixan<strong>do</strong> para trás o monstro derrota<strong>do</strong>. Jorge Luis Borges gostava muito de<br />

labirintos e sempre que podia os encaixava <strong>na</strong>s paredes de suas histórias. Na epígrafe<br />

acima, o escritor desfia as frases para atravessar a perdição. Michel Foucault gostava de<br />

Borges e o lembrou no início de um livro seu. Cito também o argentino no começo<br />

desta seção. E uso Foucault para me orientar no labirinto conceitual em que me meti.<br />

Depois que Barthes anunciou a morte <strong>do</strong> autor, esse ocaso tornou-se objeto de<br />

debates nos principais círculos críticos e literários. Uma resposta à altura <strong>do</strong> texto de<br />

1968 chegará já no ano seguinte, quan<strong>do</strong> da publicação de uma conferência dada por<br />

Michel Foucault intitulada “O que é um autor?” 63 .<br />

A intenção <strong>do</strong> pensa<strong>do</strong>r francês – ele mesmo dirá (2001: 294) - era investigar o<br />

que havia por baixo <strong>do</strong> apagamento <strong>do</strong> autor. Isto é, o que poderia ser visto com o<br />

anúncio da morte <strong>do</strong> autor. A partir desse questio<strong>na</strong>mento, Foucault vai pensar sobre<br />

que papel o autor exercia <strong>na</strong> literatura, sob que condições ele o fazia e que regras<br />

atuavam nesse terreno. A resposta passa pela consideração de que há uma função autor,<br />

63 A primeira publicação da conferência acontece no Bulletin de la Societé Française de Philosophie nº 3, de<br />

julho-setembro de 1969, pp. 73-104. Já <strong>na</strong> década de 70, Foucault reapresentará essa mesma fala <strong>na</strong><br />

Universidade de Búfalo (EUA), acrescida de comentários, o que será publica<strong>do</strong> em 1979. No Brasil, o texto só<br />

152

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!