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A medida do olhar: objetividade e autoria na ... - Monitorando

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mun<strong>do</strong>. Depois da leitura <strong>do</strong>s jor<strong>na</strong>is, a vida se reconfigura, e, de repente, passa a fazer<br />

senti<strong>do</strong>.<br />

Não é exagera<strong>do</strong> dizer que o <strong>olhar</strong> atrai especial atenção de pensa<strong>do</strong>res e artistas<br />

desde os tempos mais remotos. Entre os antigos, não são poucos os mitos em que o<br />

<strong>olhar</strong> tem lugar privilegia<strong>do</strong>: são os olhos vítreos da Medusa que transformam a to<strong>do</strong>s<br />

em estátuas de pedra, é a visão profética de Cassandra, é a proibição às filhas de Ló para<br />

que não se voltem para as ruí<strong>na</strong>s de So<strong>do</strong>ma e Gomorra. Mesmo Édipo, quan<strong>do</strong> conhece<br />

a verdade de seus crimes, cega os próprios olhos, disposto a não enxergar mais <strong>na</strong>da, a<br />

não saber de mais <strong>na</strong>da. É neste senti<strong>do</strong>, entre tantos, que o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>olhar</strong> <strong>do</strong> jor<strong>na</strong>lista<br />

me interessa: <strong>na</strong> <strong>medida</strong> em que ver e saber, enxergar e conhecer têm proximidade,<br />

parentesco.<br />

É <strong>na</strong> <strong>medida</strong> em que um <strong>olhar</strong> delimita uma forma de compreensão, uma<br />

tradução <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, que se pode empreender uma pesquisa acerca deste <strong>olhar</strong>. Fechan<strong>do</strong><br />

o foco sobre os jor<strong>na</strong>listas – sua categorização profissio<strong>na</strong>l e sua <strong>na</strong>tureza social -, este<br />

<strong>olhar</strong> ganha importância-chave, já que a inserção destes sujeitos no mun<strong>do</strong> depende das<br />

relações que estabelecem com as coisas e fatos que o cercam. Quan<strong>do</strong> os jor<strong>na</strong>listas<br />

lançam seus <strong>olhar</strong>es, captam as atmosferas <strong>do</strong>s acontecimentos, eles percebem os<br />

processos e orde<strong>na</strong>m (pelo menos momentânea e aparentemente) o caos local. Mais que<br />

isso. Por meio <strong>do</strong>s <strong>olhar</strong>es lança<strong>do</strong>s, jor<strong>na</strong>listas concebem as figuras da alteridade<br />

(público e fontes de informação), reconfiguram suas próprias identidades (sua posição<br />

social, sua condição de representante de tal empresa, etc.) e mapeiam a história e a<br />

geografia das relações <strong>do</strong> cotidiano.<br />

Tratar desse <strong>olhar</strong> clínico é apontar os condicio<strong>na</strong>mentos, os vínculos, as<br />

dependências, os valores de fun<strong>do</strong> que compõem a maneira deste profissio<strong>na</strong>l se<br />

constituir enquanto tal. Estudar este <strong>olhar</strong> é ensaiar uma epistemologia <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s<br />

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