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A medida do olhar: objetividade e autoria na ... - Monitorando

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seus semelhantes, deve relatar o seu tempo, os acontecimentos que tomam lugar nele,<br />

por isso fica impossível eximir-se da apreensão da realidade pelos senti<strong>do</strong>s. A vida lhe<br />

chega também pelos ouvi<strong>do</strong>s, pelas <strong>na</strong>ri<strong>na</strong>s, no contato com a pele, sobre a língua.<br />

Em alguns ramos <strong>do</strong> campo <strong>do</strong> trabalho, certos senti<strong>do</strong>s são mais prementes.<br />

Para o fonoaudiólogo, o músico e o psica<strong>na</strong>lista, a escuta é fundamental, ponto de<br />

partida de muitas ações 17 . Para o escultor, para o massagista e para o telegrafista, reside<br />

no tato esta importância primeira. O astrônomo e o vigilante centram sua atenção <strong>na</strong><br />

visão, enquanto que o cozinheiro a combi<strong>na</strong> com o paladar, o olfato e o tato. Mecânicos<br />

e médicos equilibram-se nos senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s olhos, <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s e das mãos. Jor<strong>na</strong>listas se<br />

assemelham a esses profissio<strong>na</strong>is, já que necessitam lançar mão de mais recursos de<br />

leitura da realidade.<br />

Ao dissertar sobre o processo comunicativo e os senti<strong>do</strong>s humanos, não posso<br />

deixar de citar Marshall McLuhan (1969), para quem os meios de comunicação<br />

funcio<strong>na</strong>m como extensões <strong>do</strong> corpo humano. Assim, os veículos (TV, Rádio, etc.)<br />

configuram um sistema nervoso prolonga<strong>do</strong>, por meio <strong>do</strong> qual o homem capta, sente,<br />

tem consciência de seu lugar e fato presentes.<br />

Se a metáfora se mostra verdadeira, isto é, se o cidadão tem a sua noção de<br />

atualidade por meio <strong>do</strong>s muitos meios (ou senti<strong>do</strong>s prolonga<strong>do</strong>s), <strong>na</strong>da mais <strong>na</strong>tural que<br />

isso se verifique também numa escala micro. Quer dizer, a apreensão <strong>do</strong> real (ou <strong>do</strong> que<br />

chamamos disso) deve ser mediada não ape<strong>na</strong>s pela visão, mas por to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s<br />

humanos disponíveis. Daí a importância de uma epistemologia <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s. Na prática<br />

jor<strong>na</strong>lística, ela precisa ser proposta e colocada em prática neste senti<strong>do</strong>. Ou melhor,<br />

nestes senti<strong>do</strong>s.<br />

16 Note este trecho de Wainer (1987:106): “Mas [Chateaubriand] tinha faro de repórter, sabia onde estavam<br />

os assuntos efetivamente importantes. (...) Graças a esse faro, eu pude <strong>olhar</strong> com meus próprios olhos o<br />

<strong>na</strong>scimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Israel”.<br />

17 Imagine, por exemplo, como seria hoje a história <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s da psique huma<strong>na</strong> se Freud não tivesse se<br />

preocupa<strong>do</strong> em ouvir suas pacientes histéricas...<br />

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