A medida do olhar: objetividade e autoria na ... - Monitorando
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Lalande (1999:747) complementa dizen<strong>do</strong> que a <strong>objetividade</strong> é a característica<br />
<strong>do</strong> que é objetivo, especialmente “atitude, disposição de espírito daquele que ‘vê as<br />
coisas como elas são’, que não as deforma nem por estreiteza de espírito nem por<br />
parcialidade”. Mas o que é objetivo?<br />
O termo “objetivo” é usa<strong>do</strong> em diversas acepções: refere-se àquilo que é<br />
independente <strong>do</strong> sujeito, que é externo em relação à consciência ou pensamento e àquilo<br />
que é váli<strong>do</strong> para to<strong>do</strong>s. É a partir de Kant que estes senti<strong>do</strong>s se configuram, já que é o<br />
filósofo alemão quem determi<strong>na</strong> que o objeto <strong>do</strong> conhecimento é real ou empiricamente<br />
da<strong>do</strong>. Assim, algo objetivo é algo empiricamente real, isto é, existe enquanto<br />
consciência comum e vale para to<strong>do</strong>s os sujeitos pensantes, não só para um deles.<br />
Então, em síntese, objetivo se opõe a subjetivo, está fora de uma consciência particular<br />
e tem validade universal. O que significa dizer que não depende de preferências e<br />
avaliações pessoais, juízos e gostos particulares. Objetivo para Kant é o próprio<br />
fundamento <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> <strong>do</strong>s espíritos, é aquilo que é em si no nosso espírito e em<br />
qualquer outro.<br />
Diante <strong>do</strong>s diversos senti<strong>do</strong>s para o termo “objetivo”, Lalande (op.cit: 753)<br />
propõe que se utilize ape<strong>na</strong>s o significa<strong>do</strong> que aponta a oposição entre subjetivo e<br />
objetivo nos termos de particularidade e universalidade. Isto é, objetivos são as idéias e<br />
conceitos váli<strong>do</strong>s para to<strong>do</strong>s os sujeitos e não ape<strong>na</strong>s para um. “Esta oposição é precisa,<br />
central, conforme ao uso <strong>do</strong>s historia<strong>do</strong>res e cientistas; ela permite distinguir o subjetivo<br />
<strong>do</strong> objetivo, <strong>na</strong> maior parte <strong>do</strong>s casos, por um critério experiencial incontesta<strong>do</strong>”. Para o<br />
autor, esta acepção <strong>do</strong> termo contém ainda – mesmo que em potência, virtualmente -<br />
“tu<strong>do</strong> o que há de sóli<strong>do</strong> <strong>na</strong>s outras distinções às quais estas palavras foram aplicadas”.<br />
Essa validação universal é que pode garantir que uma coisa, um conceito ou uma<br />
afirmação sejam objetivos e não subjetivos. Isto é, a <strong>objetividade</strong> <strong>na</strong>sce de um consenso<br />
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