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Vol. 4 - Instituto Politécnico da Guarda

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conjunta que apela à consciência, aos<br />

sentimentos e às emoções, e de hetero-<br />

-formação através <strong>da</strong> compreensão<br />

crítica do contexto, no qual exercem<br />

a sua profissão (Nóvoa, in Josso, 2002).<br />

Este estudo demonstra ain<strong>da</strong> que a<br />

construção de um caminho facilitador<br />

<strong>da</strong> transformação de uma perspectiva<br />

de “consumo” de formação para uma<br />

perspectiva de construção conjunta de<br />

conhecimento e de co-formação. Realça<br />

também a importância do percurso<br />

efectuado em grupo bem como a valorização<br />

e a construção de um discurso<br />

profissional partilhado, no qual se<br />

incluem as emoções, o carácter moral<br />

e político do ensino e não apenas os<br />

aspectos técnicos (Sockett e LaPage,<br />

2002, in Kelchtermanns, 2009).<br />

Conclusão<br />

No processo de DP, ou seja de (des/re)<br />

construção do CP, sublinhámos a centrali<strong>da</strong>de<br />

do sujeito, ou seja, a necessi<strong>da</strong>de<br />

de envolvimento pessoal no fazer<br />

educativo, impulsionador de uma acção<br />

comprometi<strong>da</strong> que orienta e explora<br />

as possibili<strong>da</strong>des de aprendizagem<br />

inerentes às interacções nas quais ca<strong>da</strong><br />

sujeito é interveniente. O envolvimento<br />

e comprometimento pessoais, a auto<br />

consciência, a abor<strong>da</strong>gem pe<strong>da</strong>gógica<br />

centra<strong>da</strong> no aluno e a capaci<strong>da</strong>de de<br />

desenvolver um pensamento sistémico<br />

são os pilares para um novo modelo de<br />

desenvolvimento e crescimento profissional<br />

“que introduza no presente uma<br />

outra maneira de pensar e de viver a<br />

educação” (Nóvoa: 2002a: 66).<br />

Assim, afirmamos com Esteves que<br />

“a condição-chave (se uma existe) do<br />

funcionamento e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

educação é o trabalho dos professores<br />

investido nos processos de ensinoaprendizagem”<br />

(2006: 243-244), o<br />

que quer dizer, na nossa perspectiva,<br />

fazer dos constrangimentos oportuni<strong>da</strong>des<br />

de desenvolvimento e tornar<br />

obstáculos em fonte de criativi<strong>da</strong>de.<br />

Este é um caminho que se pode inserir<br />

na proposta de Fullan e Hargreaves, ou<br />

seja, o envolvimento dos professores<br />

num profissionalismo interactivo, <strong>da</strong>do<br />

que embora os sujeitos não possuam<br />

poderes ilimitados para mu<strong>da</strong>r independentemente<br />

dos contextos, muitas vezes<br />

“subestimam a sua capaci<strong>da</strong>de de mu<strong>da</strong>r<br />

as coisas” (2001: 27). E é para essa<br />

capaci<strong>da</strong>de que o trabalho deste grupo<br />

[Atas do XI Congresso <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Portuguesa de Ciências <strong>da</strong> Educação, <strong>Instituto</strong> <strong>Politécnico</strong> <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong>, 30 de junho a 2 de julho de 2011]<br />

de forman<strong>da</strong>s aponta, contribuindo para<br />

a compreensão <strong>da</strong> escola a partir de si<br />

mesma, numa afirmação <strong>da</strong> sua capaci<strong>da</strong>de<br />

de construir conhecimento profissional<br />

através de um discurso próprio,<br />

“um discurso alternativo que projecte<br />

uma visão <strong>da</strong> profissão assente na<br />

valorização <strong>da</strong>s experiências, <strong>da</strong>s<br />

vivências e partilhas colectivas, no<br />

trabalho como projecto de (des)<br />

envolvimento de si com os outros,<br />

no saber como construção de uma<br />

relação significativa, um discurso<br />

alternativo que se queira fiel à<br />

missão emancipatória do saber<br />

que preserve e transforme o lugar<br />

do outro e não o massifique até à<br />

condição de objecto (...) um discurso<br />

(...) que admita a utopia como referencial<br />

(Matos, 2009: 30)<br />

Neste sentido, falamos de um modo<br />

de ser e estar na profissão que traduz<br />

uma forma de entender os professores<br />

não apenas enquanto sujeitos de um<br />

“fazer” específico (modelo tecnicista),<br />

afastando-se definitivamente de uma<br />

visão proletária do trabalho docente<br />

(Neto-Mendes, 1999), mas enquanto<br />

sujeito detentor de um saber específico,<br />

através do qual pode fazer ouvir<br />

a sua “voz”, como sugere Giroux<br />

(1987), contribuindo dessa forma, para<br />

o desenvolvimento <strong>da</strong> profissão e para a<br />

melhoria <strong>da</strong> educação.<br />

A finalizar, acreditamos que a renovação<br />

enquanto estratégia tem a sua origem<br />

no interior <strong>da</strong> profissão docente, nas<br />

atitudes e acções dos seus profissionais.<br />

que através do investimento na (des/re)<br />

construção do CP. Este novo modo de<br />

ser e estar na profissão encontra no seu<br />

interior espaços de DP com condições<br />

de auto/hetero/eco e co-formação que<br />

incluem um potencial de aprendizagem<br />

profissional transformativa.<br />

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