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Vol. 4 - Instituto Politécnico da Guarda

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352<br />

[Atas do XI Congresso <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Portuguesa de Ciências <strong>da</strong> Educação, <strong>Instituto</strong> <strong>Politécnico</strong> <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong>, 30 de junho a 2 de julho de 2011]<br />

cado preponderante às relações entre as<br />

pessoas. (Ferreira, E., 2007, 2010). Falar<br />

de quali<strong>da</strong>de em educação exige um sério<br />

compromisso pessoal e um comprometimento<br />

político que valorize as pessoas<br />

em acção, e reforce os seus conhecimentos,<br />

competências e responsabili<strong>da</strong>des<br />

comunicacional e relacional. Neste<br />

sentido, partilhamos a experiência em<br />

curso (Escola G) no âmbito de aplicação<br />

deste modelo de quali<strong>da</strong>de adequado à<br />

educação num contexto de administração<br />

e gestão escolar em regime de contrato de<br />

autonomia.<br />

constatação de incapaci<strong>da</strong>des de<br />

mu<strong>da</strong>nça e de incoerências de discurso<br />

sobre a Educação urge a transformação<br />

do olhar sobre a Escola e a adopção de<br />

uma outra cultura para a administração<br />

e organização educacional (Ferreira, E.<br />

2010). Partimos do entendimento de que<br />

a escola é um espaço primordial de<br />

relação e de afecto, um laboratório de<br />

saberes e de comunicação e interacção-<br />

-geracional, uma oficina <strong>da</strong> pessoa a<br />

fazer-se (Grácio, 1995). Até porque as<br />

necessi<strong>da</strong>des educativas em socie<strong>da</strong>de<br />

têm. a sua raiz em necessi<strong>da</strong>des de<br />

sobrevivência humana de grupo e de<br />

estabelecimento de regras consensuais<br />

que respon<strong>da</strong>m sempre às necessi<strong>da</strong>des<br />

de sobrevivência individual.<br />

Dos muitos autores que se debruçaram<br />

sobre estas últimas, salientamos John<br />

Bowlby e os seus seguidores, cuja<br />

Teoria <strong>da</strong> Vinculação apresenta um<br />

ver<strong>da</strong>deiro desafio ao olhar a Escola<br />

conti<strong>da</strong> na agência humana (Ferreira,<br />

E. 2007, 2010) que nela reside.<br />

Neste sentido, introduzimos a questão<br />

central <strong>da</strong> agência humana por exigir<br />

mu<strong>da</strong>nças pessoais e modificações<br />

nas organizações sociais, na medi<strong>da</strong><br />

em que se privilegiam as influências<br />

dos paradigmas interaccionistas, e se<br />

especializa a intervenção, a dimensão do<br />

estudo <strong>da</strong> acção, do agir organizacional,<br />

cujo enfoque são os actores que agem,<br />

reflectem e atribuem (outros) sentidos<br />

à sua acção – é no seu (re)fazer que<br />

fazem a vi<strong>da</strong> pessoal, social, organizacional<br />

e cultural - acontecem. Traduz-se<br />

no desenvolvimento colectivo de uma<br />

responsabili<strong>da</strong>de relacional e social<br />

expressa<strong>da</strong> numa política de entusiasmo<br />

e rigor que marca um <strong>da</strong>do quotidiano<br />

organizacional ou escolar. (Ferreira, E.,<br />

2010).<br />

A preocupação de Bowlby com as<br />

relações a que chamou de vinculação<br />

a outros significativos e a influência<br />

Figura 1 – A relação de vinculação (Bowlby, 1969/1984)<br />

que estas exercem no desenvolvimento<br />

dos indivíduos, reforça a ideia de que<br />

educar é efectivamente o acto envolvido<br />

na correspondência de necessi<strong>da</strong>des<br />

complementares entre quem aprende e<br />

quem ensina. (figura 1).<br />

Os conceitos fun<strong>da</strong>mentais à sua<br />

concepção <strong>da</strong>s relações humanas<br />

significativas conduzem à principal<br />

conclusão de que as necessi<strong>da</strong>des de<br />

sobrevivência de uma criança, desde o<br />

seu nascimento, se centram numa relação<br />

afectuosa, íntima e contínua com um<br />

cui<strong>da</strong>dor, figura de vinculação, adulto, na<br />

qual ambos encontrem satisfação e prazer<br />

e que, para tal, ca<strong>da</strong> criança apresenta<br />

um comportamento de vinculação<br />

inconfundível, constituído por um<br />

número de respostas dos componentes<br />

instintivos, complementar ao<br />

comportamento de prestação de cui<strong>da</strong>dos,<br />

específico <strong>da</strong> figura de vinculação. A sua<br />

principal função é a de ligar a criança ao<br />

seu cui<strong>da</strong>dor e o cui<strong>da</strong>dor à criança, com<br />

resultado previsível <strong>da</strong> proximi<strong>da</strong>de a<br />

uma figura de vinculação que proporciona<br />

protecção do perigo e, portanto, assegura<br />

a sua sobrevivência. (Barbosa, S., 2002)<br />

Assim sendo, percebe-se que o olhar<br />

de quem é cui<strong>da</strong>do – a criança – sobre<br />

quem a cui<strong>da</strong> – o adulto, é aquele<br />

de quem procura o conhecimento<br />

sobre si próprio e sobre o outro no<br />

mundo, atribuindo-lhe características<br />

determinantes de quem é o mais forte,<br />

o mais sábio, e o detentor dessas<br />

ver<strong>da</strong>des (Barbosa, S. 2002), ou seja,<br />

experimenta a dialéctica entre quem<br />

aprende e quem ensina. (Figura 2)<br />

Note-se ain<strong>da</strong> que a relação de vinculação<br />

evolui à medi<strong>da</strong> que criança e<br />

cui<strong>da</strong>dor a vão construindo, no seio<br />

<strong>da</strong> complementari<strong>da</strong>de entre o sistema<br />

de vinculação <strong>da</strong> criança e o sistema<br />

de prestação de cui<strong>da</strong>dos do cui<strong>da</strong>dor,<br />

passando por várias reorganizações à

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