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Vol. 4 - Instituto Politécnico da Guarda

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364<br />

[Atas do XI Congresso <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Portuguesa de Ciências <strong>da</strong> Educação, <strong>Instituto</strong> <strong>Politécnico</strong> <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong>, 30 de junho a 2 de julho de 2011]<br />

a “possibili<strong>da</strong>de de articulação entre<br />

as disciplinas do departamento e<br />

também dois referem a “possibili<strong>da</strong>de<br />

de contribuir para a promoção de boas<br />

práticas na escola”.<br />

5. Conclusões<br />

Este estudo-piloto permitiu-nos um<br />

primeiro auscultar dos coordenadores<br />

de departamento curricular <strong>da</strong>s escolas<br />

relativamente às suas concepções e<br />

práticas e, simultaneamente, aferir a<br />

quali<strong>da</strong>de do instrumento de recolha de<br />

<strong>da</strong>dos.<br />

Uma análise preliminar dos <strong>da</strong>dos<br />

recolhidos evidencia alguma<br />

discrepância entre o tempo efectivamente<br />

dedicado pelos coordenadores a certas<br />

tarefas, tal como as administrativas/<br />

burocráticas e de desenvolvimento<br />

organizacional, e aquelas que os próprios<br />

coordenadores consideram prioritárias<br />

para a eficácia do seu desempenho, tais<br />

como o desenvolvimento profissional<br />

dos professores e a formação. Por outro<br />

lado, existe coincidência entre a prática<br />

e a percepção <strong>da</strong> importância quanto<br />

às tarefas de coordenação <strong>da</strong> prática<br />

cientifico-pe<strong>da</strong>gógica dos professores.<br />

Assim, e face aos constrangimentos de<br />

tempo e às pressões (internas e externas),<br />

parece ser <strong>da</strong><strong>da</strong> priori<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> sua parte,<br />

às tarefas de organização e coordenação<br />

em detrimento <strong>da</strong>s de supervisão e<br />

liderança pe<strong>da</strong>gógica.<br />

Ressalta também a evidência de que<br />

os coordenadores de departamento<br />

inquiridos não parecem considerar<br />

relevante, nem como conferindo especial<br />

legitimi<strong>da</strong>de ao cargo, o facto de se ser<br />

detentor de formação especializa<strong>da</strong>.<br />

Atribuem antes grande relevância às<br />

características humanas e relacionais<br />

do coordenador, tais como a capaci<strong>da</strong>de<br />

de relacionamento, o sentido ético, o<br />

entusiasmo, a visão e a capaci<strong>da</strong>de de<br />

liderança, bem como à sua capaci<strong>da</strong>de<br />

de trabalho e de organização.<br />

Por outro lado, e embora em abstracto<br />

admitam concordância com as várias<br />

vertentes <strong>da</strong> função supervisiva, à<br />

excepção <strong>da</strong> ADD, quando instados<br />

a referir concordância com aspectos<br />

concretos, a maioria dos inquiridos<br />

rejeita também a observação de aulas dos<br />

professores e a utilização de elementos<br />

recolhidos para reflexão, a análise de<br />

elementos concretos do desempenho de<br />

alunos, a análise individual de instrumentos<br />

de planificação e avaliação com<br />

docentes e a mediação de relações com<br />

encarregados de educação. Em contraponto,<br />

evidenciam total concordância<br />

com os itens: compete ao coordenador<br />

“ser veículo de informação proveniente<br />

<strong>da</strong>s estruturas de coordenação e<br />

direcção” e “propor o envolvimento<br />

em projectos e activi<strong>da</strong>des”, tarefas que<br />

não obrigam a grande exposição ou ao<br />

assumir de alguns riscos, e são tradicionalmente<br />

efectua<strong>da</strong>s pelos coordenadores.<br />

Destaca-se ain<strong>da</strong> uma eleva<strong>da</strong><br />

rejeição à intervenção na avaliação do<br />

desempenho docente, embora se registe<br />

uma considerável concordância relativamente<br />

a formas mais indirectas de<br />

supervisão tais como: “discutir metas<br />

a atingir relativamente a resultados dos<br />

alunos” e “propor medi<strong>da</strong>s e estratégias<br />

a professores cujos alunos apresentem<br />

fracos resultados ou problemas de<br />

comportamento”.<br />

Parece-nos pois ser possível inferir<br />

que os coordenadores de departamento<br />

inquiridos, docentes com maturi<strong>da</strong>de,<br />

eleva<strong>da</strong> experiência de ensino e em<br />

situação de estabili<strong>da</strong>de nas escolas<br />

onde leccionam, não evidenciam grande<br />

receptivi<strong>da</strong>de para assumirem completamente<br />

o papel de supervisão, nas<br />

suas diferentes vertentes. Aparentam<br />

alguma dificul<strong>da</strong>de em percepcionar a<br />

sua função, enquanto coordenadores<br />

de departamento curricular, de forma<br />

bastante mais abrangente do que a tradicionalmente<br />

acometi<strong>da</strong> ao delegado de<br />

disciplina, o que aponta para a forma<br />

como foram socializados na profissão e<br />

nas estruturas <strong>da</strong>s escolas.<br />

Por outro lado, parece-nos ain<strong>da</strong><br />

possível concluir que, de forma<br />

consciente ou inconsciente, estaremos<br />

em presença de tensões e conflito de<br />

papéis: colegiali<strong>da</strong>de versus hierarquia;<br />

elemento de um departamento versus<br />

elemento de órgão com abrangência ao<br />

nível <strong>da</strong> organização; colega/par versus<br />

supervisor; fomentador de autonomia<br />

dos professores versus garante <strong>da</strong><br />

quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s práticas e ain<strong>da</strong>, de<br />

uma forma mais lata, entre noções de<br />

desenvolvimento profissional versus<br />

monitorização/controlo e de avaliação<br />

versus orientação/apoio/escuta.<br />

Os <strong>da</strong>dos obtidos, embora não generalizáveis<br />

ao universo dos coordenadores<br />

de departamento, parecem-nos<br />

poder servir de ponto de parti<strong>da</strong> para<br />

um necessário aprofun<strong>da</strong>mento desta<br />

linha investigativa. Acreditamos que, no<br />

nosso contexto actual e <strong>da</strong>do tratar-se<br />

de uma problemática ain<strong>da</strong> pouco<br />

documenta<strong>da</strong> porque emergente, será<br />

pertinente a realização de estudos mais<br />

extensos e generalizáveis sobre estes<br />

titulares de cargos de liderança intermédia<br />

nas escolas.<br />

Referências Bibliográficas<br />

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Oliveira, M. L. (2000). O Papel do Gestor Inter-<br />

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