Vol. 4 - Instituto Politécnico da Guarda
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[Atas do XI Congresso <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Portuguesa de Ciências <strong>da</strong> Educação, <strong>Instituto</strong> <strong>Politécnico</strong> <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong>, 30 de junho a 2 de julho de 2011]<br />
De acordo com a avaliação efectua<strong>da</strong><br />
pelo pessoal não docente no que diz<br />
respeito à utili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s sessões, 7% <strong>da</strong>s<br />
pessoas afirmaram que “permitiu uma<br />
reflexão sobre a temática abor<strong>da</strong><strong>da</strong>”, ao<br />
passo que 42% considerou que “possibilitou<br />
a troca de experiências” e 64%<br />
que “serviu para adquirir e/ou actualizar<br />
conhecimentos sobre as temáticas<br />
abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s”.<br />
A animação de recreios e a oficina de<br />
mediação não foram avalia<strong>da</strong>s formalmente.<br />
Contudo, foi possível observar<br />
que os/as alunos/as do 1º e 2º ciclos<br />
foram os principais beneficiários/as <strong>da</strong>s<br />
sessões.<br />
Em termos gerais, foi feito um balanço<br />
positivo por parte de professores/as,<br />
funcionários/as e órgãos de gestão<br />
<strong>da</strong> escola, que revelaram abertura à<br />
mu<strong>da</strong>nça e à inovação social.<br />
4. Considerações Finais<br />
A implementação de programas de<br />
promoção de uma cultura de mediação<br />
na escola parece ter um impacto importante<br />
ao nível <strong>da</strong> prevenção primária<br />
<strong>da</strong> violência. Na ver<strong>da</strong>de, a prevenção<br />
primária é um contributo inquestionável<br />
para a mu<strong>da</strong>nça de atitudes e, consequentemente,<br />
para a mu<strong>da</strong>nça comportamental.<br />
Para isso, há que criar projectos<br />
que promovam mu<strong>da</strong>nças efectivas e a<br />
longo prazo, ou seja, projectos inovadores,<br />
que aliem o conhecimento teórico<br />
e a investigação empírica ao empreendedorismo<br />
na intervenção.<br />
Embora noutros países este tipo de<br />
estratégias de intervenção esteja<br />
sobejamente documentado e implementado,<br />
em Portugal, a literatura sobre<br />
o assunto é escassa e a existência de<br />
programas teoricamente fun<strong>da</strong>mentados<br />
está ain<strong>da</strong> a <strong>da</strong>r os primeiros passos.<br />
Promover a mu<strong>da</strong>nça de atitudes é uma<br />
tarefa complexa, com resultados pouco<br />
visíveis a curto prazo. Assim, faz todo<br />
o sentido apostar numa intervenção<br />
em i<strong>da</strong>des ca<strong>da</strong> vez mais precoces,<br />
procurando educar para a paz através<br />
do desenvolvimento de competências<br />
de comunicação, tolerância e respeito<br />
pelas características individuais. Este<br />
tipo de intervenção faz mais sentido<br />
se tiver características sistémicas e<br />
se assegurar sustentabili<strong>da</strong>de, o que<br />
requer um investimento a vários níveis.<br />
Os recursos necessários, associado ao<br />
facto dos resultados só serem visíveis<br />
a médio/longo prazo, faz com que não<br />
haja, muitas vezes, um investimento<br />
neste tipo de programas e na investigação<br />
longitudinal. Um projecto desta<br />
natureza só foi possível implementar<br />
porque existiu uma rede coesa, que<br />
permitiu, numa lógica empreendedora,<br />
reconhecer e procurar novas oportuni<strong>da</strong>des<br />
e agir com ousadia sem estar<br />
limita<strong>da</strong> pelos recursos disponíveis.<br />
A promoção de uma cultura de<br />
mediação constitui, na nossa perspectiva,<br />
um grande desafio para a<br />
escola e para a comuni<strong>da</strong>de. Aceitá-lo<br />
significa acreditar que o caminho se faz<br />
caminhado, na criação de uma socie<strong>da</strong>de<br />
mais justa, activa e participativa.<br />
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