O mercúrio e suas consequências para a saúde
O mercúrio e suas consequências para a saúde
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– 60 dias. Os compostos orgânicos de <strong>mercúrio</strong> são eliminados sobre tudo pelas fezes, com<br />
meia vida de 70 dias (PAVASI, 2006).<br />
A via alimentar é a segunda via por meio da qual o <strong>mercúrio</strong>, já agora em sua forma<br />
orgânica, ingressa no organismo humano, através do consumo de peixe. É uma via de alcance<br />
mais amplo, e envolve as populações ribeirinhas, inclusive as indígenas, cuja principal, e as<br />
vezes única, fonte de proteínas é o pescado, cujo consumo constitui hábito cultural antigo. A<br />
exposição por essa via é alarmante, pois na medida em que se propaga contaminando o meio<br />
ambiente, não pode ser controlada apenas por recomendações de <strong>saúde</strong> individual ou coletiva,<br />
e cuja solução envolve os interesses econômicos de uma atividade produtiva de fiscalização<br />
difícil, como é o processo garimpeiro (SANTOS, 2003).<br />
Os incidentes de envenenamento por <strong>mercúrio</strong> elementar claramente mostram que<br />
existem caminhos pelos quais ele é "quimicamente" introduzido no corpo humano: após<br />
conversão à Hg+², a afinidade do Hg por proteínas favorece seu transporte dentro do sistema<br />
biológico. Uma vez que o íon <strong>mercúrio</strong> é oxidado, sua metilação é prontamente alcançada,<br />
formando complexos orgânicos no sangue; neste contexto, apresenta ligação em importantes<br />
tecidos do corpo, causando danos irreparáveis (GONÇALVES et al., 2002).<br />
Para Vecchio (2005) o vapor de Hg é apolar e lipossolúvel. Quando intracelular é<br />
altamente tóxico, a remoção do peróxido de hidrogênio do meio celular, mediado pela<br />
catalase é interrompido durante a oxidação do vapor. Caracteriza-se aqui prejuízo duplo: a<br />
instalação de metal tóxico e deficiência na remoção do peróxido de hidrogênio, aumentando a<br />
concentração de espécies reativas de oxigênio e radicais livres.<br />
O <strong>mercúrio</strong> pode ser absorvido de 7 a 8% por meio da ingestão de nutrientes sólidos<br />
e 15% ou menos por meio líquido. Facilmente vaporizado, é altamente absorvível (80%) em<br />
temperatura ambiente, por inalação, pois tem destacada propriedade lipossolúvel que permite<br />
a passagem dos alvéolos <strong>para</strong> dentro da corrente sanguínea e hemácias, assim como ocorre<br />
transposição da barreira hematoencefálica, com conseqüente depósito no Sistema Nervoso<br />
Central (MAGALHÃES & TUBINO, 1995).<br />
Também pode ser absorvido por meio da pele íntegra (sendo o único metal absorvido<br />
na forma metálica), em função de uma série de características físico-químicas peculiares,<br />
principalmente em relação à volatilidade mesmo a baixas temperaturas e à grande resistência<br />
à oxidação pelo ar atmosférico, permanecendo como átomo livre isolado apolar (Hgº) no<br />
ambiente (BUSCHINELLI, 2000).