Hayaldo Copque Fraga de Oliveira.pdf - RI UFBA - Universidade ...
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forma, <strong>de</strong>ram certo, mas sem, no entanto, refletir sobre o uso <strong>de</strong>las. Como resultado,<br />
o que vemos no texto (ou no palco) é sempre uma repetição <strong>de</strong> elementos que<br />
acabam tornando-se inócuos até mesmo ao espectador menos assíduo <strong>de</strong> teatro.<br />
Pois, se há mesmo uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dramaturgias na contemporaneida<strong>de</strong>,<br />
existe também uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> técnicas que <strong>de</strong>vem, portanto, ser observadas.<br />
Tudo não po<strong>de</strong> ser qualquer coisa. Mesmo nesse cenário no qual "tudo po<strong>de</strong>", é<br />
preciso ainda ter um domínio técnico, diferente, obviamente, daquele que se tem<br />
para a escrita da chamada "peça bem-feita".<br />
Afinal, não basta escrever sem pontuação para ser Michel Vinaver, tampouco<br />
simplesmente transpor para o papel o que lhe vem à cabeça para ser Sarah Kane.<br />
As escritas <strong>de</strong> ambos se <strong>de</strong>senvolvem em estruturas muito mais profundas que isso.<br />
Não basta usar pouca luz, equipamento audiovisual, colocar homens engravatados<br />
em cena ou escrever uma peça que ninguém vá enten<strong>de</strong>r. Não basta, tampouco, ler<br />
o Teatro pós-dramático, <strong>de</strong> Hans-Thies Lehmann, e tentar reproduzir o que está lá<br />
<strong>de</strong>scrito. Se tudo isso não partir <strong>de</strong> uma necessida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> uma real compreensão<br />
por parte do artista do que seja seu projeto criativo, com certeza ele estará apenas<br />
reproduzindo os clichês do teatro contemporâneo, caindo assim, num pleonasmo<br />
cênico vicioso.<br />
Foi justamente buscando fugir <strong>de</strong>ssa armadilha contemporânea, por um lado,<br />
e, por outro, experimentar novas formas <strong>de</strong> escrita dramatúrgica, que resolvi me<br />
<strong>de</strong>bruçar com cuidado sobre a obra <strong>de</strong> Chagall. Uma obra bastante significativa<br />
exatamente por ser constituída na relação entre a tradição da cultura russo-judaica e<br />
a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> das vanguardas europeias, entre o passado e o futuro, caminho no<br />
qual acredito situar-se hoje também minha escrita dramatúrgica.<br />
Em termos gerais, o principal objetivo do trabalho que aqui empreendo,<br />
portanto, é realizar uma criação dramatúrgica a partir <strong>de</strong> elementos da obra e, pela<br />
íntima conexão entre ambas, também da vida <strong>de</strong> Chagall. Elementos que são<br />
agenciados no sentido <strong>de</strong> apontar as diversas relações entre o artista, sua obra e o<br />
teatro.<br />
O próprio título que escolhi para esta dissertação, Do palco às telas e das<br />
telas ao palco, já indica essa relação e antecipa o duplo movimento que o meu leitor<br />
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