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Hayaldo Copque Fraga de Oliveira.pdf - RI UFBA - Universidade ...

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pretensão <strong>de</strong> <strong>de</strong>calcar o real, e sim, <strong>de</strong> dar um maior espaço à capacida<strong>de</strong><br />

imaginativa do espectador. Meyerhold que, em 1906, escrevera o artigo Teatro<br />

naturalista e teatro <strong>de</strong> estados d’alma, no qual <strong>de</strong>fendia a mesma i<strong>de</strong>ia, parecia a<br />

pessoa mais acertada para ajudá-la em sua empreitada 27 .<br />

Foram ao todo quatorze os espetáculos dirigidos por Meyerhold em parceria<br />

com Komissarjévskaia, em um período <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> um ano. Entre fracassos e<br />

sucessos, em pouco tempo tensões estéticas abalariam a parceria dos dois e, ao<br />

final <strong>de</strong> 1907, o encenador já não trabalharia no teatro on<strong>de</strong> Chagall havia assistido,<br />

no mesmo ano, às encenações que tanto lhe inspirariam.<br />

As gran<strong>de</strong>s questões que levaram ao rompimento da parceria entre<br />

Meyerhold e Komissarjévskaia eram referentes à divergência sobre o entendimento<br />

<strong>de</strong> ambos em relação à posição do ator no teatro simbolista. Tanto Meyerhold<br />

quanto Komissarjévskaia pareciam afixar-se às i<strong>de</strong>ias do então diretor do Teatro <strong>de</strong><br />

Arte <strong>de</strong> Munique, Georg Fuchs, que <strong>de</strong>fendia uma maior aproximação – em termos<br />

espaciais mesmo – entre espectador e ator, buscando assim um teatro mais eficaz,<br />

sempre perseguindo a abertura para a participação criativa do espectador.<br />

Fuchs entendia ainda que “a predominância da literatura restringiu a<br />

criativida<strong>de</strong> do ator e infelizmente colocou-o sob o controle do diretor” (CARLSON,<br />

1997, p. 310). Havia, portanto, uma i<strong>de</strong>ia subjacente nesse teatro <strong>de</strong> liberação das<br />

capacida<strong>de</strong>s criativas do ator. Entretanto, na medida em que Meyerhold <strong>de</strong>senvolvia<br />

o seu trabalho em São Petersburgo, tornava-se claro a predominância, em seu<br />

projeto poético, da função do encenador sobre a do ator.<br />

O caminho empreendido por Meierhold, predominantemente<br />

visual e estilizado, revelava, no corpo estático do ator, ora um<br />

caráter pictórico, ora um caráter escultural. A recriminação da<br />

submissão do ator ao encenador, que o transformava em uma<br />

‘marionete’, não é infundada. Ao privar o ator do gesto vivo,<br />

realístico, ao impor uma entonação ‘artística’, ao invés da<br />

entonação ‘lógica’, Meierhold se distanciou da reprodução da<br />

27 “A atriz acreditava que o teatro simbolista seria o teatro do ator, do espírito livre, teatro no qual todo<br />

o exterior <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ria do interior, que lhe permitiria retornar a inocência perdida. Aspirava tornar seu<br />

novo teatro o palco do repertório simbolista, um teatro <strong>de</strong> poetas e supunha serem estas as intenções<br />

<strong>de</strong> Meierhold” (THAIS, 2009, p. 32).<br />

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