08.10.2013 Views

Aspectos jurídicos do atendimento às vítimas de violência sexual

Aspectos jurídicos do atendimento às vítimas de violência sexual

Aspectos jurídicos do atendimento às vítimas de violência sexual

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ASPECTOS JURÍDICOS DO ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL: PERGUNTAS E RESPOSTAS PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE<br />

no prontuário médico <strong>do</strong> serviço que assistiu a vítima 28 . Isso acontece<br />

normalmente e com gran<strong>de</strong> frequência, principalmente nos casos<br />

<strong>de</strong> lesões corporais e tentativas <strong>de</strong> homicídio cruentas. Logo, é perfeitamente<br />

possível a realização <strong>do</strong> exame indireto nos casos <strong>de</strong> crimes<br />

sexuais também. Nos casos <strong>de</strong> crime <strong>sexual</strong>, repito, a assistência<br />

médica é prioritária e <strong>de</strong>ve ser garantida à mulher antes <strong>de</strong> qualquer<br />

providência no âmbito policial ou judicial. Portanto, mesmo que a vítima<br />

não apresente lesão física externa ou aparente, <strong>de</strong>ve ser atendida<br />

previamente no serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, para ser submetida <strong>às</strong> profilaxias <strong>de</strong><br />

gestação, <strong>de</strong> DST/aids e <strong>de</strong> hepatite B, por exemplo, bem como para<br />

receber acompanhamento psicológico e <strong>de</strong> assistência social, quan<strong>do</strong><br />

possível. E esse <strong>atendimento</strong>, obviamente, não acarreta nenhum<br />

prejuízo para as investigações policiais, as quais po<strong>de</strong>rão ser iniciadas<br />

e realizadas <strong>de</strong>pois da assistência médica. Aliás, é bastante comum a<br />

prática <strong>de</strong> estupro mediante grave ameaça, ou seja, sem uso <strong>de</strong> <strong>violência</strong><br />

física. Assim, a mulher estuprada muitas vezes não sofre lesões<br />

físicas externas, mas, mesmo assim, <strong>de</strong>ve receber assistência médica<br />

imediata, antes <strong>de</strong> qualquer providência no âmbito policial, para que<br />

sejam evitadas a gravi<strong>de</strong>z e a contaminação pelo vírus da aids, por<br />

DST, etc.<br />

8. O BO tem que ser feito no momento em que a <strong>violência</strong> aconteceu<br />

ou po<strong>de</strong> ser feito posteriormente?<br />

R: O BO (Boletim <strong>de</strong> Ocorrência) nada mais é <strong>do</strong> que o registro oficial<br />

da notícia <strong>de</strong> um fato à polícia. Não há prazo para a lavratura <strong>do</strong> BO.<br />

Aliás, o BO não é imprescindível nem mesmo para a instauração <strong>do</strong><br />

inquérito policial. Aliás, nem sequer existe previsão legal <strong>do</strong> BO. Tratase<br />

<strong>de</strong> uma providência burocrática, criada pelas instituições policiais,<br />

28 Código <strong>de</strong> Processo Penal, artigo 158: quan<strong>do</strong> a infração <strong>de</strong>ixar vestígios, será indispensável o exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito, direto ou<br />

indireto, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> supri-lo a confissão <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>. Jurisprudência: “Por lei expressa o exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito po<strong>de</strong> ser direto<br />

ou indireto. Assim, ficha <strong>de</strong> <strong>atendimento</strong> <strong>do</strong> ofendi<strong>do</strong> em pronto-socorro municipal não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser aceita como prova <strong>de</strong><br />

lesão” (Tribunal <strong>de</strong> Alçada Criminal <strong>de</strong> São Paulo, JUTACRIM–SP 69/443); “Apresentan<strong>do</strong>-se o lau<strong>do</strong> <strong>de</strong> exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito<br />

negativo porque a vítima só foi encaminhada para exame após <strong>de</strong>sapareci<strong>do</strong>s os vestígios das lesões, admissível é a con<strong>de</strong>nação<br />

com base em perícia médico-legal fundada em elementos forneci<strong>do</strong>s por pronto-socorro que aten<strong>de</strong>ra a vítima após a ocorrência<br />

<strong>de</strong>lituosa ”Tribunal <strong>de</strong> Alçada Criminal <strong>de</strong> São Paulo, JUTACRIM-SP, 48/379); Observação: o exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito po<strong>de</strong> inclusive<br />

ser supri<strong>do</strong> por prova testemunhal, como expõe o artigo 167 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal não sen<strong>do</strong> possível o exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>lito, por haverem <strong>de</strong>sapareci<strong>do</strong> os vestígios, a prova testemunhal po<strong>de</strong>rá suprir-lhe a falta. Jurisprudência: “O exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>lito, em face <strong>do</strong> <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> vestígios, po<strong>de</strong> ser supri<strong>do</strong> pela prova testemunhal” (Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, RTJ 88/104);<br />

“Sen<strong>do</strong> impossível a realização <strong>do</strong> exame <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito, po<strong>de</strong>rá suprir-lhe a falta, a prova testemunhal” (Supremo Tribunal<br />

Fe<strong>de</strong>ral, DJ 28.08.81, p. 8264).<br />

. 19 .

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!