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Trabalhando com Mulheres Jovens: Empoderamento ... - Promundo

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Reconhecer quem somos, nossas aspirações,<br />

talentos e fraquezas é a chave para o processo<br />

de auto-cuidado e empoderamento. Para<br />

uma mulher jovem, gerar reflexões sobre sua<br />

identidade implica em questionar e dar um<br />

novo significado ao que a sociedade, nossa<br />

família ou nossos pares nos dizem sobre o que<br />

as mulheres devem ser ou devem fazer.<br />

Identidade e relação<br />

A identidade é a concepção que temos de nós mesmos,<br />

<strong>com</strong>posta por valores, crenças e metas, <strong>com</strong> as<br />

quais nos <strong>com</strong>prometemos. Reconhecer quem somos<br />

é um processo <strong>com</strong>plexo e mutante, influenciado pelo<br />

contexto cultural e social em que vivemos. Mutante, de<br />

acordo <strong>com</strong> a forma a <strong>com</strong>o se vão elaborando os conflitos<br />

sociais. Complexo, porque implica reafirmação de<br />

quem somos, ao mesmo tempo que negação de quem<br />

queremos ser.<br />

Em um nível individual, a identidade pode ser entendida<br />

<strong>com</strong>o um processo íntimo e subjetivo onde a pessoa,<br />

através de sua própria experiência vivida e em interação<br />

<strong>com</strong> outras pessoas, se concebe e se relaciona consigo<br />

mesma e <strong>com</strong> os outros à sua volta. Não nascemos<br />

<strong>com</strong> uma identidade única e fixa, nem esta construção<br />

ocorre automaticamente. Desta maneira, a construção<br />

da identidade não é automática, mas relacional, pois é<br />

definida através de um processo de interação e diferenciação<br />

em relação ao outro, no qual reafirmamos ou<br />

recriamos nossa identidade a partir da identificação ou<br />

percepção de similaridades e diferenças <strong>com</strong> os outros.<br />

Ou seja, no contexto das interações os indivíduos podem<br />

<strong>com</strong>plementar e repensar o senso que têm de si mesmos,<br />

a partir do que percebem do outro. Assumimos diversas<br />

identidades de acordo <strong>com</strong> quem interagimos no momento.<br />

Por exemplo, somos filhas, quando falamos <strong>com</strong><br />

nossas mães ou pais, professoras, médicas, advogadas,<br />

faxineiras, babás, se estamos no trabalho, e em outros<br />

momentos das nossas vidas, irmãs, namoradas, esposas,<br />

clientes, consumidoras, entre outras possibilidades.<br />

Este processo de diferenciação e interação <strong>com</strong> o<br />

outro também tem servido ao longo do tempo para<br />

marcar posições de poder. Ao definir quem somos,<br />

costumamos nos colocar em uma posição de superior<br />

ou inferior em <strong>com</strong>paração ao outro. Normalmente, o<br />

que difere da maioria da população é transformado em<br />

inferior. Muitas vezes, um único atributo, diferente dos<br />

demais, é tomado <strong>com</strong>o definidor de um indivíduo, que<br />

deixa de ser visto em sua totalidade, o que serve para<br />

alimentar preconceitos que se expressam nas mais variadas<br />

formas de discriminação, inclusive violência. Este<br />

é o caso de muitos homossexuais, mulheres ou homens,<br />

cuja identidade sexual é percebida <strong>com</strong>o definidora da<br />

personalidade individual, sem que sejam levadas em<br />

conta as diferenças e as histórias de cada pessoa.<br />

De um ponto de vista coletivo, a identidade permite<br />

a auto-afirmação de determinados grupos, por exemplo,<br />

o movimento de mulheres, e pode ser eficaz <strong>com</strong>o força<br />

política e formação de movimentos sociais, unindo pessoas<br />

em torno de um objetivo em <strong>com</strong>um, reafirmando<br />

a dignidade de um determinado grupo e criando sentimentos<br />

de pertencimento e acolhimento. Deste modo,<br />

através de um programa estruturado de capacitação e<br />

reflexão entre pares, as mulheres jovens podem reconhecer<br />

suas diferenças e o poder que possuem, valorizar<br />

suas características e realizar suas aspirações. As técnicas<br />

presentes neste manual têm o objetivo de abrir espaço<br />

para que as mulheres jovens falem sobre si, <strong>com</strong>o se<br />

percebem, seus pensamentos, sonhos e idéias para o<br />

futuro e questionem papéis que lhes foram atribuídos,<br />

e que não vão ao encontro de suas aspirações. Ter um<br />

senso positivo reflete na auto-estima de cada uma e<br />

contribui para a autonomia e empoderamento.<br />

A construção da identidade feminina<br />

Fragilidade, intuição, abnegação, docilidade, cuidado,<br />

maternidade e fidelidade são qualidades atribuídas<br />

às mulheres, e frequentemente são vistas <strong>com</strong>o parte<br />

inerente ou imutável da natureza feminina ou feminilidade<br />

(Rocha-Coutinho 1994). No entanto, é importante<br />

destacar que estas qualidades têm servido para encaixar<br />

mulheres e homens em papéis bem definidos. No<br />

caso das mulheres, o papel frequentemente tem sido<br />

26<br />

<strong>Trabalhando</strong> <strong>com</strong> <strong>Mulheres</strong> <strong>Jovens</strong>:<br />

<strong>Empoderamento</strong>, Cidadania e Saúde

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