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Trabalhando com Mulheres Jovens: Empoderamento ... - Promundo

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O uso da violência contra as mulheres por parte dos<br />

parceiros íntimos <strong>com</strong>eça quando ambos ainda são<br />

jovens e acaba por criar um padrão de relacionamento<br />

em que a violência é vista <strong>com</strong>o uma forma aceitável<br />

de solução de conflitos. No México, uma pesquisa do<br />

Instituto Nacional de Saúde Pública (2003), feita <strong>com</strong><br />

26.042 mulheres usuárias de serviços públicos de saúde,<br />

revelou que 25% das entrevistadas havia sofrido violência<br />

em algum momento de sua vida. Um estudo <strong>com</strong> 750<br />

homens, entre 15 e 60 anos, realizado no Rio de Janeiro,<br />

sobre o uso de violência contra as mulheres, descobriu<br />

que os homens jovens entre 20 e 24 anos reportavam<br />

mais o uso da violência física contra a parceira íntima<br />

(NOOS e <strong>Promundo</strong> 2002).<br />

O fato de que os homens, particularmente os jovens,<br />

são mais propensos a usar violência do que qualquer outro<br />

grupo aponta para uma necessidade de se considerar<br />

o caráter de gênero da violência e das visões tradicionais<br />

de masculinidade, que associam a idéia de ser homem<br />

<strong>com</strong> dureza ou dominação, permitindo e encorajando<br />

o uso da agressão (física, psicológica e/ou sexual) <strong>com</strong>o<br />

uma prova de masculinidade. Estes papéis são reforçados<br />

pelas visões tradicionais de feminilidade na qual se espera<br />

que a mulher seja passiva e a<strong>com</strong>odada.<br />

Apesar de os papéis tradicionais de gênero e da dinâmica<br />

de poder serem pontos importantes na questão da<br />

violência nos relacionamentos íntimos, as suas causas são<br />

múltiplas, <strong>com</strong>plexas e passam por fatores individuais,<br />

do próprio relacionamento, por normas <strong>com</strong>unitárias e<br />

sociais. Além disso, a violência não ocorre somente <strong>com</strong><br />

certo perfil de mulher. Ela atravessa diversas características<br />

sócio-econômicas, religiosas, raciais e culturais. Alguns<br />

grupos de mulheres, entretanto, incluindo mulheres<br />

jovens e aquelas que vivem na pobreza, sofrem níveis<br />

desproporcionalmente mais altos de violência do que<br />

outros grupos. Muitos acreditam que a pobreza é fator<br />

fundamental para várias condições sociais, incluindo<br />

estresse e o sentimento de frustração masculina no<br />

exercício do seu papel de provedor, que podem interagir<br />

para aumentar o risco de violência. Estas mesmas<br />

mulheres estão freqüentemente mais vulneráveis pela<br />

falta de acesso adequado a serviços sociais e outras<br />

formas de apoio.<br />

A violência tem muitas conseqüências tanto na saúde<br />

física <strong>com</strong>o na saúde sexual e reprodutiva e na saúde<br />

mental das mulheres (OMS 2005). Os impactos da<br />

violência podem persistir tempos depois do abuso<br />

haver terminado e muitas mulheres acham que as conseqüências<br />

psicológicas da violência estão entre as mais<br />

duradouras e devastadoras. Mais recentemente, tem<br />

ocorrido o aumento da atenção entre a associação entre<br />

a violência e a saúde sexual e reprodutiva das mulheres,<br />

particularmente a vulnerabilidade ao HIV. Em um<br />

relacionamento no qual uma mulher sofre violência, ela<br />

pode encontrar mais dificuldades para negociar a prática<br />

do sexo seguro, principalmente as mulheres mais jovens<br />

(NOOS e <strong>Promundo</strong> 2002).<br />

Não são apenas os homens que usam violência – as mulheres<br />

também o fazem. Em muitos casos, o uso da violência<br />

é provocado pelo contexto do relacionamento do casal e se<br />

trata de uma resposta à violência <strong>com</strong>etida contra elas ou a<br />

um sentimento de falta de poder. Uma pesquisa da OMS<br />

em dez países mostrou que entre 6% a 79% de mulheres<br />

já usaram violência em reposta à violência de um parceiro<br />

e somente 1% a 15% de mulheres iniciaram a violência<br />

contra o parceiro. É preciso ressaltar que ainda que as<br />

mulheres possam usar violência contra os homens, o peso<br />

maior da violência está nas mãos dos homens.<br />

Violência Sexual<br />

Violência Sexual é qualquer ato sexual não desejado ou<br />

tentativa de envolver alguém em um ato sexual, através<br />

de ameaça física, psicológica ou emocional, por exemplo,<br />

fazer colocações <strong>com</strong>o: “se você me ama, você deveria<br />

fazer sexo <strong>com</strong>igo”. Uma relação sexual que ocorre<br />

sem que o indivíduo seja capaz de dar consentimento,<br />

<strong>com</strong>o aconteceria após uso de álcool e drogas, também<br />

constitui violência sexual. Em um estudo multi-cêntrico<br />

no Caribe, aproximadamente metade das mulheres<br />

jovens relataram que sua primeira experiência sexual<br />

havia sido forçada. Como outras formas de violência<br />

contra a mulher, o fator principal de violência sexual é<br />

geralmente a expressão do poder e do domínio masculino<br />

sobre a mulher.<br />

<strong>Trabalhando</strong> <strong>com</strong> <strong>Mulheres</strong> <strong>Jovens</strong>:<br />

<strong>Empoderamento</strong>, Cidadania e Saúde<br />

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