Relatório UPSR-A nº 38/2011 I.3.2 Mar I.3.2.1 Material e Métodos Proce<strong>de</strong>u-se a uma colheita anual <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> mexilhões em 4 locais <strong>de</strong> amostragem na Costa Atlântica e em 1 local <strong>de</strong> amostragem nos Estuários do Tejo e do Sado (Figura 2). As amostras foram secas em estufa a 80 ºC e liofilizadas (tecidos moles <strong>de</strong> mexilhão), sendo posteriormente incineradas em mufla a 450ºC. A totalida<strong>de</strong> ou uma alíquota da amostra incinerada foi colocada em porta-amostras a<strong>de</strong>quado e <strong>de</strong>terminou-se a activida<strong>de</strong> em emissores gama, usando os sistemas <strong>de</strong> análise e calibrações, já referidos em I.2.2.1. Para a <strong>de</strong>terminação dos radionuclidos emissores alfa, usou-se na análise uma amostra <strong>de</strong> cinzas com aproximadamente 10g. Os radionuclidos foram extraídos por lixiviação ácida (HNO 3 + HCl) das cinzas e posteriormente separados e purificados por cromatografia com o auxílio <strong>de</strong> resinas <strong>de</strong> troca iónica (BIO-RAD). Os radionuclidos foram electro<strong>de</strong>positados em discos <strong>de</strong> aço inox e posteriormente medidos por espectrometria α em sistema <strong>de</strong> medição OCTETE PLUS ORTEC, previamente calibrados, com fontes certificadas (QCRB 4021 Amersham). I.3.2.2 Resultados e Discussão Os resultados da activida<strong>de</strong> específica, A, (Bq kg -1 , peso fresco), em mexilhões colhidos na Costa Atlântica e nos estuários do Tejo e Sado estão expressos nas Tabelas I.18 e I.19 para os radionuclidos <strong>de</strong> origem artificial e natural respectivamente. Verifica-se que os valores da activida<strong>de</strong> específica em 239+240 Pu variam entre 2,1 ± 1,5 mBq kg -1 e 98,0 ± 66,1 mBq kg -1 em mexilhões colhidos em Quarteira e Matosinhos, respectivamente. Os valores em 137 Cs situam-se abaixo da activida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong>tectável (0,1 ou 0,2 Bq kg -1 ). As concentrações em activida<strong>de</strong> para os isótopos do Urânio ( 238 U, 235 U e 234 U) são, em geral, relativamente constantes. O valor da razão entre as concentrações dos isótopos 234 U e 238 U é aproximadamente 1, o que indica a existência <strong>de</strong> equilíbrio radioactivo secular, contrariamente ao que se verifica para os radionuclidos 210 Pb e 226 Ra, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes do 238 U. A razão 210 Pb/ 226 Ra varia entre 24 (Figueira da Foz) e 307 (Estuário do Sado). Os valores mais elevados obtidos para as concentrações em 210 Po (variando entre 101 ± 6 Bq kg -1 e 186 ± 10 Bq kg -1 ) quando comparados com os outros radionuclidos indicam que os mexilhões acumulam o 210 Po em quantida<strong>de</strong>s mais elevadas sendo portanto bons indicadores biológicos. Os resultados obtidos são, em geral, comparáveis aos resultados <strong>de</strong> anos anteriores (Oliveira et al., 2005, Madruga et al., 2008, 2009d & 2010) e francamente mais baixos que as concentrações <strong>de</strong>terminadas em espécies marinhas <strong>de</strong> outras regiões costeiras da Europa (Carvalho et al., 2004). 44
<strong>Programas</strong> <strong>de</strong> Monitorização Radiológica <strong>Ambiental</strong> (Ano 2010) Tabela I.18 – Valores <strong>de</strong> activida<strong>de</strong> específica, A±U (k=2), (Bq kg -1 , peso fresco), <strong>de</strong> radionuclidos <strong>de</strong> origem artificial em mexilhões colhidos na Costa Atlântica e nos estuários do Tejo e Sado Local <strong>de</strong> amostragem 239+240 Pu 238 Pu 137 Cs Matosinhos (98,0 ± 66,1)x10 -3 n.d. < 0,1 Figueira da Foz (3,1 ± 1,6)x10 -3 n.d. < 0,1 Cascais (24,5 ± 18,3)x10 -3 n.d.