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CUIDAR SEM VIOLÊNCIA, TODO MUNDO PODE<br />
perguntas e respostas 3<br />
1- Palmada educa?<br />
A palmada faz com que as crianças aprendam pelo medo e, portanto, isso não significa que a<br />
criança adquiriu um novo conhecimento. Apesar de, em nosso país, esta forma de educar ser transmitida<br />
de geração a geração fazendo com que todo mundo ache que é natural o uso da palmada, ela é mais<br />
problema que uma solução. A palmada, a surra, o beliscão, o puxão de cabelo, etc são considerados<br />
castigos físicos, ou seja, o uso da força causando dor, mas não feridas, com o propósito de corrigir<br />
uma conduta não desejada na criança.<br />
As famílias costumam recorrer ao castigo físico por diferentes razões:<br />
� porque acham que é importante para a educação dos filhos;<br />
� para descarregar a raiva;<br />
� porque perdem o controle;<br />
� porque acreditam que é o meio mais eficaz para evitar que os filhos repitam uma<br />
atitude ou comportamento considerados perigosos ou muito inadequados.<br />
Mas seja qual for a justificativa que se dá para o castigo físico, os efeitos que produzem não são<br />
bons:<br />
� ensinam o medo e a submissão, minando a capacidade das crianças de crescer como<br />
pessoas autônomas e responsáveis;<br />
� paralisam a iniciativa da criança bloqueando seu comportamento e limitando sua<br />
capacidade de planejar e resolver problemas;<br />
� quando tem medo de ser castigadas, as crianças não se arriscam a tentar coisas novas,<br />
de modo que não desenvolvem sua criatividade, sua inteligência e seus sentidos;<br />
� não estimula a autonomia, nem permite elaborar normas e critérios morais próprios;<br />
� estimula uma relação em que a criança consegue mais atenção dos pais por meio da<br />
transgressão da norma do que por atitudes positivas;<br />
� oferece a violência como um modo válido para resolver conflitos aprendendo atitudes<br />
violentas;<br />
� dificulta o desenvolvimento de valores como a paz, a democracia, a cooperação, a<br />
igualdade, a tolerância, a participação e a justiça, essenciais para uma sociedade<br />
democrática.<br />
� legitima o abuso de poder dentro de todas as relações familiares;<br />
� traz consigo <strong>sem</strong>pre o castigo emocional, fazendo com que a criança sinta que não<br />
tem o carinho dos pais nem sua aprovação.<br />
Mesmo que em alguns momentos se pense que o castigo físico é necessário porque não existem<br />
outros procedimentos para gerar disciplina, vale lembrar que existem outras formas de ensinar que<br />
não implicam castigo físico tal qual uma boa conversa.<br />
O castigo físico não só não educa, como também vai contra muitos dos direitos que estão na<br />
Convenção das Nações Unidas pelos Direitos da Criança4 , uma vez que atenta contra a dignidade<br />
e a integridade física da criança. Para dar prosseguimento aos progressos realizados pelos Estados<br />
3 - As respostas a estas perguntas foram elaboradas a partir das seguintes publicações: Protegendo nossas crianças e adolescentes<br />
(Prefeitura da Cidade do Rio/Secretaria de Saúde); Educa, no pegues! (Save the Children); Palmada já era (LACRI); Abuso Sexual:<br />
Mitos e Realidade (ABRAPIA); Violência Intrafamiliar: Orientações para a Prática no Serviço de Saúde (Ministério da Saúde); Da<br />
Violência para a Convivência (Instituto PROMUNDO); Relatório Mundial sobre violência e saúde (OMS); Boletim Transa Legal (ECOS);<br />
Direitos Humanos e Violência Intrafamiliar (Ministério da Saúde/ Ministério da Justiça); Manual de Prevención del Abuso Sexual (Save<br />
the Children - España).<br />
4 - Informações mais detalhadas sobre a Convenção, estão descritas na pergunta 10 deste módulo.