158 jan/fev 2012 - Odebrecht Informa
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diz. “O mais interessante é que respeitamos a identidade visual<br />
da região. A contenção com babaçu é confortável para<br />
os olhos, pois não destoa da paisagem”, acrescenta Coriolano<br />
Bahia, Gerente Administrativo da <strong>Odebrecht</strong>.<br />
Da forma como foi colocado o talude, até mesmo veículos<br />
maiores, como micro-ônibus, podem passar por ali.<br />
Quem também se beneficiou com a solução foi Lincoln Salles,<br />
33 anos, dono da Pousada dos Guarás, uma pequena<br />
pérola próxima ao mar e ao mangue, onde o hóspede desfruta<br />
do melhor suco de bacuri da região. A pousada simplesmente<br />
ficaria isolada do mundo. A passagem estreita<br />
já não possibilitava sequer o trânsito dos fornecedores de<br />
alimentos. Mas a situação mudou. “Foi uma solução ambiental,<br />
que respeita a vegetação daqui. Um exemplo que<br />
poderia ser seguido pelas autoridades”, destaca Lincoln.<br />
Ponte de babaçu<br />
Comunidade e turistas de Alcântara não foram os únicos<br />
a saírem ganhando com as soluções sustentáveis do<br />
babaçu. Clóvis Costa usou a mesma técnica dentro da<br />
própria obra. Ele criou uma ponte (uma passagem rente<br />
ao chão) em cima de um Igarapé com a palmeira local. A<br />
ponte liga os lados leste e oeste da obra. Antes da ponte, os<br />
caminhões e veículos eram obrigados a percorrer uma distância<br />
de 12 km para chegar de um lado a outro do projeto.<br />
A passagem de babaçu é uma solução inédita e ecológica.<br />
Ela não atrapalha o fluxo da água, que atravessa a madeira<br />
e mantém as características daquele ecossistema. E<br />
mais: com a diminuição do percurso, reduz drasticamente<br />
a emissão de gases do maquinário da obra.<br />
Clóvis fez as contas. Cada caminhão-basculante gastava<br />
3,8 litros de combustível para percorrer a distância<br />
entre o canteiro administrativo e o canteiro industrial. Hoje,<br />
o consumo é de apenas 0,63 litro. A natureza agradece. O<br />
babaçu também foi utilizado na paliçada que protege a central<br />
de concreto, novamente valorizando a linguagem visual<br />
da região. “Em uma obra de alta tecnologia como esta, vale<br />
destacar essa solução simples e inteligente”, elogia Fábio<br />
Toscano, Diretor de Contrato da <strong>Odebrecht</strong>.<br />
Vocação histórica<br />
A utilização do babaçu não representa apenas uma<br />
ação de sustentabilidade para o meio ambiente. Ela também<br />
contribui para a preservação da cultura local. “Os<br />
missionários franceses, no século XVII, já documentavam a<br />
utilização do babaçu pelos índios que habitavam a região”,<br />
ensina o historiador Daniel Rincón Caires, do Museu Casa<br />
Histórica de Alcântara. Os franceses foram expulsos pelos<br />
portugueses, que construíram um dos mais belos conjuntos<br />
de igrejas, pátios e casario colonial adornado de azulejos<br />
do país. O lugar serviu de pouso para imperadores (o<br />
nome da cidade vem do sobrenome da família real brasileira)<br />
e nobres. Além disso, a cidade sempre teve vocação<br />
para estratégias militares. Foi base dos aliados na Segunda<br />
Grande Guerra e já possui uma base de lançamento de foguetes<br />
da Aeronáutica.<br />
Uma família, Guimarães, tornou-se símbolo da cidade<br />
ao longo dos séculos, construindo riqueza com o comércio.<br />
O último Guimarães vivo que morou no casarão onde hoje<br />
fica a Casa Histórica de Alcântara é Hedimar Guimarães<br />
Marques, 84 anos. Ele não gostava dos hábitos rebuscados<br />
de nobreza de sua família e fugiu de casa para ser intérprete<br />
de soldados norte-americanos. A experiência fez com<br />
que se lançasse a uma aventura pela Europa nos anos 1940<br />
e 1950, onde trabalhou até mesmo de modelo fotográfico.<br />
“Hoje vemos um mundo globalizado até mesmo aqui em<br />
Alcântara, mas eu antecipei essa tendência”, ele garante,<br />
orgulhoso.<br />
Talude de babaçu: solução ambiental<br />
na Praia da Baronesa<br />
informa