02.05.2014 Views

158 jan/fev 2012 - Odebrecht Informa

158 jan/fev 2012 - Odebrecht Informa

158 jan/fev 2012 - Odebrecht Informa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Antônio Francisco Suane viveu, aos 9<br />

anos, uma experiência conhecida por<br />

milhares de crianças angolanas que,<br />

após os conflitos armados no país, migraram<br />

sozinhas do interior para a capital<br />

em busca de melhores condições de vida. Sem um<br />

endereço certo, partiu da Província de Kwanza-Sul em<br />

2002, mesmo ano em que o país iniciou seu processo de<br />

paz. Hoje, em uma rua movimentada de Luanda, Antônio<br />

segue os passos da informalidade engraxando sapatos,<br />

atividade que resiste ao tempo na metrópole de quase 6<br />

milhões de habitantes.<br />

Desde junho de 2010, a rotina de lustrar calçados<br />

de couro e escovar sandálias de camurça ganhou<br />

uma dignidade que ele ainda não havia experimentado.<br />

“Agora é mais seguro, trabalho tranquilamente,<br />

não preciso fugir da polícia”, diz, sorrindo, o garoto<br />

de 18 anos e de pouca conversa.<br />

A mudança na rotina de Antônio veio de uma iniciativa<br />

simples: adaptar o modelo dos pontos de ônibus<br />

(em Angola, conhecidos como paragens) e transformá-<br />

-los em locais de trabalho onde os engraxates pudessem<br />

contar com melhores condições para exercer sua<br />

atividade, e os clientes, mais conforto. Assim nasceu o<br />

projeto Paragem do Brilho, uma parceria da <strong>Odebrecht</strong><br />

Angola com o Governo Provincial de Luanda concebida<br />

para ser um instrumento de inclusão social ao proporcionar<br />

melhores condições de vida a jovens angolanos<br />

que vivem de lustrar sapatos.<br />

“A finalidade do projeto não é torná-los engraxates<br />

para toda a vida, mas inseri-los em um contexto em que<br />

aprendam a ser organizados, a ter compromisso com<br />

um ofício e a valorizar uma profissão”, explica Edson<br />

Cristóvão Duarte, um dos educadores do projeto. Atualmente,<br />

o Paragem do Brilho acompanha o trabalho de<br />

30 jovens em três paragens, uma construída na Avenida<br />

Revolução de Outubro e outras duas na Avenida Ho Chi<br />

Min. Cada uma delas é coberta de uma estrutura de vidro<br />

e metal, e possui cinco bancos de madeira com suporte<br />

para os pés.<br />

Nova cara para a cidade<br />

O projeto Paragem do Brilho foi idealizado no decorrer<br />

das obras do Projeto Vias de Luanda, no qual a <strong>Odebrecht</strong><br />

trabalha revitalizando grandes avenidas da capital.<br />

As equipes da empresa observaram que, enquanto<br />

a paisagem urbana ganhava um aspecto novo após a<br />

reconstrução de praças, calçadas e paradas de ônibus,<br />

meninos e adolescentes engraxates permaneciam nas<br />

calçadas enfrentando as mesmas condições de trabalho<br />

de antes – sentados sobre papelões, caixotes ou móveis<br />

quebrados – e acabavam su<strong>jan</strong>do as calçadas e os muros<br />

depois de um dia inteiro de trabalho.<br />

“Percebemos que a atividade deles não estava<br />

acompanhando o desenvolvimento da cidade e acabava<br />

em desarmonia com a estética atual das vias”,<br />

explica Virgínia Machado, Responsável pela Área<br />

Social e por Relações Comunitárias do Projeto Vias<br />

de Luanda, da <strong>Odebrecht</strong>. A partir de um pedido do<br />

Governo Provincial, que reconhecia a necessidade de<br />

iniciar um programa social voltado ao trabalho informal,<br />

chegou-se ao denominador comum de aliar<br />

um pedido do cliente à visão da própria empresa.<br />

Virgínia, que é baiana, buscou outra inspiração que<br />

fosse positiva para o jovens angolanos: o Projeto Axé,<br />

dedicado à inclusão social de crianças e jovens de<br />

Salvador.<br />

“Nosso objetivo é contribuir para que eles se engajem<br />

no mercado formal, de maneira que outros jovens possam<br />

ser incluídos no Paragem do Brilho”, diz Virgínia,<br />

enquanto observa a rotina dos engraxates em uma manhã<br />

de segunda-feira.<br />

Um deles é Jorge Pedro, um rapaz franzino que aparenta<br />

mais idade do que tem. Aos 19 anos, diz que a vantagem<br />

de trocar a calçada pela paragem é poder usar<br />

um uniforme. “Sinto que as pessoas me olham de uma<br />

forma diferente, com mais respeito, mais confiança”,<br />

afirma.<br />

Embora a valorização da aparência signifique pouco<br />

para um ofício que é, basicamente, escovar sapatos,<br />

esses cuidados se refletem na estima que eles próprios<br />

têm por seus instrumentos de trabalho. Além de usufruírem<br />

das instalações, os participantes do programa recebem,<br />

periodicamente, uniformes personalizados, crachás<br />

de identificação e material de trabalho, que inclui<br />

caixote de madeira, graxas, flanelas, escovas e pincéis.<br />

Os clientes já deram sua contrapartida: de acordo com<br />

os coordenadores da iniciativa, a renda dos engraxates<br />

vem aumentando de 30% a 50%.<br />

A perspectiva é de que novas paragens sejam construídas<br />

em <strong>2012</strong>, para que um maior número de angolanos<br />

seja atendido. Iniciado em abril de 2010, o Paragem<br />

do Brilho pretende encaixar cada um dos selecionados<br />

em várias etapas, que incluem regularização de docu-<br />

76<br />

informa

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!