26 9 a 15 de Janeiro de 2009 <strong>Post</strong>-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! O “tempo de antena” de José Sócrates! LUIS BARREIRA Arecente entrevista dada pelo 1° Ministro José Sócrates à SIC e a que muitos tiveram oportunidade de assistir, não pode deixar de me merecer um comentário. Por razões que, no meu entendimento tentarei explicar, José Sócrates e o actual governo português, tiveram um excelente “tempo de antena”, que não só permitiu breves explicações e justificações, sobre algumas das medidas que o governo tem vindo a aplicar, ao longo da legislatura e na situação de crise mais recente, como serviu de autêntica campanha eleitoral, tendo em conta o próximo Congresso do Partido Socialista e as eleições autárquicas e legislativas que se aproximam. Se a ideia dos jornalistas era “entalar” o governante, deixando-o de rastos, o efeito foi precisamente o contrário, provocando nos telespectadores uma antipatia face ao entrevistador, pela forma como conduziram a entrevista. Esta entrevista, fez-me recordar algumas célebres entrevistas televisivas, feitas a um grande político (concorde-se ou não com ele), que se chamou Álvaro Cunhal. Os jornalistas entravam de “faca na liga” e saíam como cordeiros, prontos para o matadouro. A agressividade com que um dos jornalistas interrogou o 1° Ministro, foi o ponto de partida para um “taco a taco” em que só poderia sair vencedor (se é isso que se pretendia…), aquele que conhecesse bem todos os dossiers. Aí,… Sócrates “deu cartas”! Além disso, o entrevistador granjeava, pelo seu estilo feroz, a aversão dos telespectadores, ignorando que, a maioria, se coloca sempre ao lado da “vítima”!... O jornalista, ao limitarse a repetir as suspeições da oposição e assumindo-se como líder de opinião, transformou a entrevista num debate, entre o poder e a oposição. Habituado aos temas dos debates parlamentares e às críticas públicas da oposição, Sócrates não teve dificuldades em argumentar e em atacar as questões colocadas. Mais uma vez “ganhou”! Ao tentarem colocar a habitual fissura entre Sócrates e Manuel Alegre, repetindo mais uma vez a estratégia oposicionista, com vista à futura perca da maioria parlamentar, os jornalistas não conseguiram sequer “dar à volta” à resposta do 1° Ministro, quando afirmou que, o Partido Socialista, representa o povo de esquerda. Um partido no governo, seja ele qual for, não representa os interesses do povo de esquerda, nem de direita, mas sim do povo, a bem do seu interesse colectivo. Nem a admissão de culpa, quando no final o jornalista evoca a falta de tempo para colocar outras questões, “salvou” o pretenso objectivo da entrevista que, a julgar pela publicidade feita, pretendia “encostar à parede” o chefe do Governo. Não sei (ou sei…) em que escolas se criaram este tipo de jornalistas. O que eu sei é que, de acordo com os objectivos de um jornalismo sério, esclarecedor e esclarecido, um jornalista, no exercício exclusivo da sua actividade profissional tem, como objectivo essencial, informar e esclarecer a opinião pública. É para isso que a imprensa livre existe! Deixem o papel de oposição à oposição e de críticos aos críticos, ou então assumam-no! O que o povo português precisa saber, (e que neste momento parece que ninguém sabe) é: quais são as possibilidades da actual governação ir resistindo, no presente, às actuais dificuldades e àquelas que se podem prever; que medidas são tomadas para moralizar a sociedade portuguesa, nomeadamente as grandes clivagens entre muito ricos e muito pobres; que esforço colectivo e socialmente distribuído, deverá ser pedido aos portugueses num futuro próximo; que combate político e ideológico está o governo disposto a travar, no seio das instituições internacionais, para salvaguardar as nossas sociedades das “trafulhices”, em que o actual sistema nos colocou; que visão para Portugal, no seio da Europa e de um mundo em plena transformação, tem o actual governo. Não basta falar de um “super” plano tecnológico para salvar o futuro de Portugal. Mesmo que seja verdade a necessidade de o País enveredar pela modernização do seu equipamento produtivo, reformando todas as suas estruturas arcaicas, não é menos verdade que, o País actual, está muito longe de lá chegar e mesmo que a crise, no presente, não deva hipotecar o futuro, se não houver pão hoje, só muito poucos chegarão ao amanhã. E, na avaliação do tecido social português, esses não me parecem ser o “povo de esquerda”! Seria tão mais fácil se todos pudessem admitir publicamente as suas dificuldades! Filme “As Ilhas Desconhecidas” com ante-estreia em Ponta Delgada Aviagem que escritor Raul Brandão realizou aos Açores e à Madeira há 75 anos constitui o ponto de partida para o filme “As Ilhas Desconhecidas” dirigido pelo jornalista, argumentista e cineasta Vicente Jorge Silva, cuja ante-estreia está agendada para dia 21, em Ponta Delgada. O presidente do Governo dos Açores, Carlos César, participa na sessão de apresentação do filme, que resultou de um projecto desenvolvido pela Contracosta Produções. Abrangendo as nove ilhas açorianas e as duas do arquipélago da Madeira a produção, com uma versão de quatro episódios a transmitir pela RTP, pretende confrontar as impressões de Raul Brandão com a actualidade, procurando a essência da vivência insular. Tendo por base a importância da iniciativa nos planos cultural e da divulgação externa da Região, das suas tradições, vigência e imagem, o Governo financiou o projecto em 80 mil euros.
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