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Segundo o autor para penetrar no cotidiano sensual e moral do lutador era preciso estar
inserido em seus esquemas mentais e mecanismos práticos.
Rojo (2010) em seu trabalho de campo entre velejadores também coloca a
importância de se viver “por dentro” a prática esportiva em questão para um estudo
sobre a construção de uma corporalidade no esporte e sobre as práticas de sociabilidade
entre os praticantes. O corpo funcionaria como instrumento de pesquisa, indo além do
“ver” e “ouvir” na observação participante. Compartilhar com os seus nativos as
práticas de sociabilidade e as técnicas corporais a que eles se submetem abre a
possibilidade de um novo tipo de comunicação que ultrapassa o método de pergunta e
resposta.
Motivada por essas leituras, decidi me matricular como aluna numa assessoria
esportiva. Essa minha escolha possibilitou que os outros alunos e até mesmo os
professores me vissem como um membro do grupo, os alunos quando descobriam que
eu estava lá para realizar uma pesquisa, não modificavam seu comportamento em
relação a mim, já que eu estava lá em todos os treinos, suando com eles, alongando,
participando de provas. Os professores não me tratavam de forma diferente, não
“aliviavam” meus treinos. Tornei-me de fato uma corredora, comprei um tênis
adequado, recomendado pelo professor, aos poucos fui me preocupando em comprar
roupas próprias para corrida e, se no inicio meu interesse era exclusivamente
acadêmico, com o passar do tempo também passei a possuir objetivos de participar de
provas, não só para observar, mas também como corredora. Fui envolvida pela prática,
se ainda não gosto de correr, pelo menos minha tolerância para realizar os treinos
aumentou significativamente e percebi no corpo os resultados prometidos pelos
especialistas: perda de peso e aumento da resistência física. Isso também fez com que
me entusiasmasse com a corrida. Além disso, o clima dos treinos e as pessoas que
encontrei me agradaram pessoalmente. Estar lá como corredora me possibilitou
perceber, mais que isso, vivenciar de fato a sociabilidade entre os corredores.
Dividi o trabalho de campo entre duas assessorias, ambas na zona sul do Rio de
Janeiro. A primeira parte do campo foi realizada em uma assessoria localizada no bairro
de Copacabana, Equipe Copacabana, entre o período de maio de 2010 e janeiro de
2011. Essa assessoria realiza treinos de corrida, natação e ciclismo e os alunos podem
escolher fazer quantas modalidades preferirem, sendo o preço proporcional a quantidade
de modalidades praticadas. E eles oferecem treinos específicos para provas que
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