Baixar - Proppi - UFF
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a memória, o sistema imunológico e tem até mesmo um efeito antienvelhecimento.<br />
Quando comecei meus treinos na assessoria em Copacabana, os professores<br />
responsáveis pelos treinos sempre me apresentavam aos outros alunos como uma aluna<br />
nova e pesquisadora, era comum perguntarem se eu já corria antes e diante da negativa<br />
ouvi diversas vezes “Ah! Vai acabar viciando também”, e essa afirmação na maioria<br />
das vezes era acompanhada da justificativa “é por causa da endorfina”.<br />
Diante desse cenário, em que a saúde é colocada como uma meta a ser alcançada<br />
(Luz, 2003), os hábitos, as práticas que te colocam no caminho para alcançar tal meta se<br />
tornam fundamentais no dia a dia das pessoas. Cada vez mais as pessoas destinam um<br />
tempo considerável da sua rotina para praticar atividades físicas, se alimentar de forma<br />
correta, cuidar da saúde da pele, cabelos, boca. Francisco Ortega afirma que atualmente<br />
nos relacionamentos com bioidentidades. Sobre isso, ele afirma:<br />
“A ênfase dada aos diversos procedimentos de cuidados corporais, médicos,<br />
higiênicos e estéticos leva à formação de identidades somáticas, às<br />
bioidentidades, as quais têm deslocado para a exterioridade o modelo<br />
internalista de construção e descrição de si.” (Ortega, 2003, p. 59).<br />
Segundo o autor, diante das bioidentidades, o psiquismo acaba externado e os<br />
indivíduos são somatizados, não existe mais uma distinção entre o corpo e o self, este é<br />
corporificado. As tatuagens, piercings, próteses devem ser compreendidas como<br />
“esforços de uma marca pessoal, (…) uma singularidade que se define mais<br />
corporalmente do que psiquicamente” (Ortega, 2003, p.62). Os procedimentos de<br />
cuidados corporais devem, portanto, ser compreendidos também como procedimentos<br />
de construção de identidades pessoais, bioidentidades (Ortega, 2003).<br />
Nesse esforço de estar saudável, não basta apenas estar, a pessoa deve parecer<br />
saudável. O seu corpo e todos os seus hábitos devem transmitir sinais de que se trata de<br />
um corpo que adota um estilo de vida saudável. Para Ortega, nas bioidentidades o self é<br />
compreendido como um projeto reflexivo, no qual a “reflexividade é o processo de<br />
taxação contínua de informação e peritagem sobre nós mesmos.” (Ortega, 2003, p.64).<br />
Segundo o autor, a prática de exercícios e a dieta seriam exemplos dessa<br />
reflexividade. “Os alimentos que consumimos implicam uma seleção reflexiva, refletem<br />
um estilo de vida, um “hábito” (no sentido bourdiano de marca de distinção)” (Ortega,<br />
2003, p.64). E esse projeto de um self corporificado reflexivo é modelado pelo olhar de<br />
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