09.06.2014 Views

Avaliação das propriedades gelificantes e emulsionantes de ...

Avaliação das propriedades gelificantes e emulsionantes de ...

Avaliação das propriedades gelificantes e emulsionantes de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Avaliação</strong> <strong>das</strong> <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> <strong>gelificantes</strong> e <strong>emulsionantes</strong> <strong>de</strong><br />

misturas <strong>de</strong> proteínas <strong>de</strong> pescado e <strong>de</strong> proteínas vegetais<br />

Ana Sofia Araújo Tomé<br />

Dissertação para obtenção do Grau <strong>de</strong> Mestre em<br />

Engenharia Alimentar – Processamento <strong>de</strong> alimentos<br />

Orientador: Engenheira Carla Pires<br />

Co-Orientador: Professora Doutora Isabel Sousa<br />

Co-Orientador: Professora Doutora Maria Luísa Louro<br />

Jurí:<br />

Presi<strong>de</strong>nte: - Doutora Margarida Gomes Moldão Martins, Professora Auxiliar do Instituto<br />

Superior <strong>de</strong> Agronomia da Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa.<br />

Vogais: - Doutora Anabela Raymundo, Professora Associada do Instituto Piaget;<br />

- Doutora Isabel Maria Nunes <strong>de</strong> Sousa, Professora Auxiliar do Instituto Superior<br />

<strong>de</strong> Agronomia da Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa;<br />

- Doutor Victor Manuel Delgado Alves, Professor Auxiliar do Instituto Superior <strong>de</strong><br />

Agronomia da Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa;<br />

- Doutora Carla Maria Feio Pires, Investigadora Auxiliar do Instituto Português do<br />

Mar e da Atmosfera.<br />

Lisboa, 2012


AGRADECIMENTOS<br />

À Engenheira Carla Pires, por me ter orientado este trabalho prático, por me ter transmitido todo<br />

o seu conhecimento necessário à realização e <strong>de</strong>senvolvimento do mesmo ao longo <strong>de</strong>stes<br />

meses. Por toda a ajuda e apoio dados ao longo da realização parte prática e escrita do trabalho.<br />

À Prof. Isabel Sousa, co-orientadora do trabalho, por todo o conhecimento que me transmitiu, o<br />

qual foi fundamental na realização <strong>de</strong>ste trabalho. Pela ajuda, pelo apoio e disponibilida<strong>de</strong>.<br />

À Prof. Luísa Louro, co-orientadora do trabalho, por me ter forncecido a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

realizar o mesmo, por toda a sua ajuda e disponibilida<strong>de</strong>.<br />

Quero fazer um agra<strong>de</strong>cimento muito especial à Prof. Anabela Raymundo, pela imensa ajuda<br />

que me prestou, por todo o seu conhecimento, pela amiza<strong>de</strong>, pelas suas i<strong>de</strong>ias e entusiasmo. O<br />

incentivo que sempre me <strong>de</strong>u ao longo <strong>de</strong>stes meses, a sua energia e o seu apoio foram<br />

<strong>de</strong>terminantes para a realização <strong>de</strong>sta dissertação.<br />

A todos os colegas e funcionários do IPIMAR e do Instituto Piaget <strong>de</strong> Almada, nomeadamente à<br />

Joana Mo<strong>de</strong>sto Santos, ao Engº Inrineu Baptista, à Doutora Maria Cristiana Nunes, à Engª<br />

Patrícia Fradinho por toda a ajuda, conhecimento fornecido e companheirismo.<br />

Ao Instituto Nacional <strong>de</strong> Recursos Biológicos (INRB, IPIMAR) e ao Instituto Piaget <strong>de</strong><br />

Almada, pela disponibilização <strong>das</strong> condições e investimento nos meios técnicos necessários à<br />

realização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Um agra<strong>de</strong>cimento com muito amor e carinho à minha família, principalmente aos meus pais,<br />

por tudo aquilo que me proporcionaram para eu chegar até aqui, assim como, a toda a família.<br />

Obrigado por todo o apoio, ajuda, força, <strong>de</strong>terminação, persistência e carinho que sempre me<br />

transmitiram <strong>de</strong> forma a ter o maior sucesso possível.<br />

A todos os meus amigos pela força que sempre me <strong>de</strong>ram em todos os momentos,<br />

principalmente os mais difíceis, pelo apoio, incentivo e carinho sempre presentes ao longo<br />

<strong>de</strong>stes meses. Sem eles, tudo teria sido bastante mais difícil. Obrigado pela vossa enorme<br />

amiza<strong>de</strong>.


Resumo<br />

Neste trabalho foram estuda<strong>das</strong> misturas <strong>de</strong> proteínas <strong>de</strong> ervilha (PE) e proteínas recupera<strong>das</strong><br />

(PRP) <strong>de</strong> subprodutos <strong>de</strong> pescada-do-Cabo obti<strong>das</strong> por solubilização alcalina e posterior<br />

precipitação no ponto isoelétrico, em relação aos aspectos funcionais e nutritivos, <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong><br />

da cor, textura e reológicas <strong>de</strong> géis e emulsões.<br />

Os géis e as emulsões preparados com as misturas proteicas apresentaram valores <strong>de</strong> brancura<br />

elevados. A firmeza dos géis aumentou com o aumento da proporção <strong>de</strong> PRP nas misturas.<br />

Após o aquecimento (20 a 90 ºC) formou-se rapidamente a re<strong>de</strong> proteica dos géis e <strong>de</strong>pois do<br />

arrefecimento a 5 ºC esta estrutura era reforçada. Os espetros mecânicos dos géis <strong>das</strong> diferentes<br />

misturas eram típicos <strong>de</strong> géis fracos. Para concentrações mais eleva<strong>das</strong> <strong>de</strong> PRP, os valores dos<br />

módulos <strong>de</strong> conservação (G´) e <strong>de</strong> dissipação (G´´) eram mais elevados, o que correspon<strong>de</strong> a<br />

sistemas mais estruturados.<br />

Os espetros mecânicos <strong>das</strong> emulsões <strong>das</strong> misturas <strong>de</strong> PRP e PE eram típicos <strong>de</strong> emulsões<br />

proteicas estabiliza<strong>das</strong> em que G’ é sempre superior ao G’’. No escoamento <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as<br />

emulsões observou-se um comportamento típico <strong>de</strong> um reofluidificante.<br />

Na avaliação sensorial, a apreciação global dos molhos para sala<strong>das</strong> preparados com as misturas<br />

<strong>de</strong> PRP e PE foi bastante satisfatória.<br />

Palavras chave: Subprodutos <strong>de</strong> pescada-do-Cabo, proteínas recupera<strong>das</strong>, proteína <strong>de</strong> ervilha,<br />

géis e emulsões, <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> textura e reológicas, avaliação sensorial.<br />

i


Abstract<br />

In present work fish proteins from Cape-hake by-products were recovered using alkaline<br />

solubilization followed by precipitation at the isoelectric point. Mixtures of these proteins (PRP)<br />

and pea proteins (PE) were used to produce gels and emulsions. Functional and nutrition<br />

aspects, colour, texture and rheological properties of these gels and emulsions were studied.<br />

The gels and emulsions prepared with different protein mixtures presented high whiteness<br />

values. The firmness of gels increased with increasing levels of PRP in mixtures. A gel network<br />

was rapidly formed upon heating (20 to 90 ºC) and reinforced when cooling down to 5 ºC.<br />

Mechanical spectra obtained for gels with different mixtures showed typical patterns of weak<br />

gels. Storage modulus (G’) and loss modulus (G’’) increased with PRP concentrations which<br />

correspond to more structured systems.<br />

Mechanical spectra for emulsions prepared with mixtures of PRP and PE (pH 7,0 and 3,8) are<br />

typical of protein-stabilized emulsions in which G’ is higher than G’’ in the frequency range<br />

studied. For all emulsions studied, a clear shear-thinning behaviour was noticed upon flow at<br />

steady shear.<br />

In sensory analysis, the global appreciation of the salad dressings prepared with the different<br />

mixtures of PRP and PE was very satisfactory.<br />

Keywords: Cape-hake by-products, recovered proteins, pea proteins, gels and emulsions,<br />

texture and rheological properties, sensory evaluation of salad dressings.<br />

ii


Exten<strong>de</strong>d abstract<br />

The use of fish proteins may <strong>de</strong>serve special attention due to their nutritional properties.<br />

Digestibility, amino acid composition, and functional properties, which inclu<strong>de</strong>: foaming<br />

capacity, emulsifying capacity, viscosity, gelling capacity, water holding capacity and<br />

solubility, are excellent.<br />

The objective of the present work was to study some functional properties of recovered proteins<br />

from Cape-hake by-products. These proteins were recovered using a method <strong>de</strong>veloped by<br />

Hultin and Kelleher (2000), involving alkaline protein solubilization, followed by isoelectric<br />

precipitation: proteins are first solubilized at pH 11,0 and the mixture is then centrifuged. The<br />

soluble proteins are then collected and recovered by adjusting pH to isoelectric pH (5,5) causing<br />

them to aggregate and precipitate into a protein isolate. This protein isolate showed high protein<br />

content with high biological and functional value and allows upgrading by-products generated<br />

during the hake processing. Using fish proteins in dry pow<strong>de</strong>r form presents some advantages<br />

since they do not need special requirements upon storage. Furthermore, the protein isolate<br />

obtained in this work was freeze-dried.<br />

The freeze-dried proteins obtained from Cape-hake by-products had a high protein content (92,8<br />

± 1,2) and low moisture (6,57 ± 0,7), fat (3,12 ± 0,2) and ash content (1,03 ± 0,05).<br />

The use of vegetable proteins, like pea protein presents several advantages, also from the<br />

nutritional point of view. Pea protein presents a balanced amino acid composition, especially<br />

lysine, an essential amino acid. In addition to nutrition characteristics, functional properties like<br />

gelation, emulsifying and foaming capacity has led to a great interest in the utilization of these<br />

proteins as a promising food ingredient.<br />

In this work, five different aqueous mixtures of pea proteins (PE) and hake recovered proteins<br />

(PRP) were used:1. 20 % of pea protein (100PE); 2. 16 % of pea protein + 4 % of hake<br />

recovered proteins (80PE+20PRS); 3. 10 % of pea proteins + 10 % of hake recovered proteins<br />

(50PE+50PRS); 4. 4 % of pea proteins + 16 % of hake recovered proteins (20PE+80PRS) and 5.<br />

20 % of hake recovered proteins (100PRP).<br />

The colour parameters, lightness (L*), redness (a*), yellowness (b*) and Whiteness (W) of gels,<br />

prepared with the different protein mixtures were evaluated. All gels presented high whiteness<br />

W values and gels prepared with the mixture 50PE+50PRP had the lower values for redness and<br />

yellowness.<br />

The measurement of gel texture properties was fundamental for un<strong>de</strong>rstanding the importance of<br />

PRP in gel characteristics. In this work, only firmness and adhesivity were consi<strong>de</strong>red from the<br />

TPA results. The firmness of gels increased with increasing levels of PRP in mixtures.<br />

Adhesivity seems to be an important parameter in the characterization of gel texture. However,<br />

the results obtained presented consi<strong>de</strong>rable variability, showing higher standard <strong>de</strong>viations.<br />

iii


Thus, in contrast to firmness, it seems to have no relationship between PE percentage in<br />

mixtures and adhesivity of gels.<br />

The rheological studies revealed that a gel network was rapidly formed upon heating from 20 to<br />

90 ºC, and when cooling down to 5 ºC, the gel structure was reinforced as interactions between<br />

the proteins were strengthened. Mechanical spectra obtained for gels with different mixtures<br />

showed typical patterns of weak gels. Storage modulus (G’) and loss modulus (G’’) are higher<br />

for higher concentrations of PRP which corresponds to more structured systems. Gels prepared<br />

with different mixtures showed a thermo-reversible behaviour with G´ obtained after the 2 nd<br />

heating/cooling cycle very similar to that after the 1 st heating/cooling cycle. Nevertheless, the<br />

gel prepared with 100PRP showed a typical pattern of myofibrillar protein networks with a clear<br />

thermo-reversible behaviour.<br />

Emulsions prepared with different protein mixtures at pH 7,0 and 3,8 showed high W values.<br />

The stress sweep tests of the emulsions prepared at pH 7,0 and 3,8 indicated that G´ and G´´ are<br />

stress in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt (linear viscoelasticity region) in the range of 0,5-10 Pa.<br />

The linear viscoelastic behaviour shown by the emulsions prepared with protein mixtures at pH<br />

7,0 and 3,8 is typical of protein-stabilized emulsions in which an elastic network <strong>de</strong>velops due<br />

to the occurrence of an extensive flocculation process. G´ is higher than G´´ in the frequency<br />

range studied and the evolution of G´ with increased frequency shows a ten<strong>de</strong>ncy to the<br />

<strong>de</strong>velopment of a plateau region, followed by a minimum G´´. The Plateau modulus (G 0 N) was<br />

studied as a characteristic parameter of the plateau region and has been related to the formation<br />

of a structural network in oil-in-water emulsions due to the extension of entanglements among<br />

protein molecules located at the oil-in-water interface. At pH 7,0 there was no relation between<br />

the percentage of PE and G 0 N, but at pH 3,8, a markedly increase of G 0 N with percentage of PE<br />

(0-50 %) was observed. From mechanical spectra it can be also un<strong>de</strong>rline that the shape of<br />

frequency <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce of G´ and G´´ is slightly different for the emulsions studied.<br />

Steady-state flow curves, and the respective zero-shear-rate limiting viscosity, 0 , for the<br />

emulsions with different protein mixtures, were studied. For all emulsions a clear shear-thinning<br />

behaviour was noticed. The emulsion that presents a higher 0 at pH 7,0 was the emulsion<br />

prepared with the mixture 20PE+80PRP and at pH 3,8 the higher 0 was obtained with the<br />

mixture 100PRP.<br />

Another objective of this work was the <strong>de</strong>velopment of a product with the protein mixtures<br />

evaluated. Thus, 2 salad dressings with mixtures 50PE+50PRP and 20PE+80PRP were<br />

prepared with herbs and vinegar. The overall assessment of these two salad dressings was quite<br />

satisfactory. 58,3 % of the panelists preferred the salad dressing prepared with protein mixture<br />

20PE+80 PRP and 16 % the one prepared with 50PE+50 PRP.<br />

iv


ÍNDICE<br />

1. Introdução geral..................................................................................................................... 1<br />

2. Revisão bibliográfica................................................................................................................. 2<br />

2.1. Proteínas ............................................................................................................................ 2<br />

2.2. Proteínas do Músculo do Pescado ............................................................................. 3<br />

2.3. Proteínas Vegetais ..................................................................................................... 4<br />

2.3.1. Proteína <strong>de</strong> ervilha ............................................................................................. 4<br />

2.4. Subprodutos <strong>de</strong> pescada e as suas utilizações ............................................................... 6<br />

2.4.1. Processos <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> proteínas por solubilização ácida ou alcalina .......... 7<br />

2.5. Géis alimentares ............................................................................................................ 8<br />

2.6. Emulsões alimentares .................................................................................................... 9<br />

2.6.1. Emulsionantes ..................................................................................................... 10<br />

2.6.2. Caracterização reológica <strong>das</strong> emulsões ............................................................... 11<br />

2.7. Principais métodos analíticos utilizados........................................................................... 12<br />

2.7.1. Análise dos parâmetros da textura ............................................................................. 12<br />

2.7.1.1. Análise <strong>de</strong> perfil <strong>de</strong> textura (T.P.A.) .............................................................. 13<br />

2.7.2. Análise do comportamento reológico ........................................................................ 15<br />

2.7.2.1. Testes oscilatórios .............................................................................................. 16<br />

3. Materiais e métodos ............................................................................................................ 18<br />

3.1. Materiais ........................................................................................................................... 18<br />

3.2. Métodos ............................................................................................................................ 18<br />

3.2.1. Recuperação <strong>de</strong> proteínas por solubilização alcalina .......................................... 18<br />

3.2.2. Composição química ................................................................................................. 19<br />

3.2.2.1. Relação Proteína bruta/Proteína total ................................................................. 19<br />

3.2.2.2. Matéria gorda livre ............................................................................................. 19<br />

3.2.2.3. Humida<strong>de</strong> ........................................................................................................... 20<br />

3.2.2.4. Cinza total .......................................................................................................... 20<br />

3.3.2. Géis alimentares ........................................................................................................ 20<br />

v


3.3.2.1. Preparação dos géis ............................................................................................ 20<br />

3.2.3.3. <strong>Avaliação</strong> da textura ........................................................................................... 22<br />

3.2.3.4. Comportamento viscoelástico linear dos géis .................................................... 22<br />

3.2.4. Emulsões alimentares ................................................................................................ 24<br />

3.2.4.1. Preparação <strong>das</strong> emulsões óleo-em-água ............................................................. 24<br />

3.2.4.2. Determinação da cor <strong>das</strong> emulsões .................................................................... 24<br />

3.2.4.3. Textura <strong>das</strong> emulsões ......................................................................................... 25<br />

3.2.4.4. Medições reológicas <strong>das</strong> emulsões ..................................................................... 25<br />

3.2.5. Preparação dos “molhos para salada” ....................................................................... 26<br />

3.2.5.1. Análise sensorial ................................................................................................ 26<br />

3.2.6. Tratamento estatístico ............................................................................................... 27<br />

4. Resultados e discussão ........................................................................................................ 28<br />

4.1. Composição química ........................................................................................................ 28<br />

4.2. Géis <strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> pescada e proteína <strong>de</strong> ervilha ........................................ 29<br />

4.2.1. Caraterização da cor dos géis .................................................................................... 29<br />

4.2.2. Textura dos géis ........................................................................................................ 31<br />

4.2.3. Proprieda<strong>de</strong>s viscoelásticas dos géis ......................................................................... 34<br />

4.2.4. Termoreversibilida<strong>de</strong> dos géis................................................................................... 42<br />

4.3. Emulsões <strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> pescada e proteína <strong>de</strong> ervilha a pH 7..................... 44<br />

4.3.1. Caraterização da cor <strong>das</strong> emulsões ............................................................................ 44<br />

4.3.2. Textura <strong>das</strong> emulsões ................................................................................................ 46<br />

4.3.3. Proprieda<strong>de</strong>s viscolásticas <strong>das</strong> emulsões ................................................................... 47<br />

4.4. Emulsões <strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> pescada e proteína <strong>de</strong> ervilha a pH 3,8.................. 51<br />

4.4.1. Caraterização da cor <strong>das</strong> emulsões ............................................................................ 51<br />

4.4.2. Textura <strong>das</strong> emulsões ................................................................................................ 52<br />

4.4.3. Proprieda<strong>de</strong>s viscoelásticas <strong>das</strong> emulsões ................................................................. 54<br />

4.5. Análise sensorial dos “molhos para salada” ..................................................................... 59<br />

5. Conclusão………………………………………………………………………………...…..63<br />

6. Referências bibliográficas……………………………………………………………………65<br />

vi


Anexos…………………………………………………………………………………………..70<br />

Anexo I – Diagrama da recuperação proteica por solubilização alcalina……………………….71<br />

Anexo II – Folha <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> avaliação sensorial (“Molhos para sala<strong>das</strong>”)……………......…..72<br />

Anexo III – Fotografias da prova <strong>de</strong> avaliação sensorial…………………………………….....75<br />

vii


ÍNDICE DE FIGURAS<br />

Figura 1 - Curva <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> típica <strong>de</strong> uma emulsão e respetivas mudanças estruturais<br />

características do fluido reofluidificante. .................................................................................... 11<br />

Figura 2 - Texturómetro TA-XT2 (Stable Micro System, UK) .................................................. 13<br />

Figura 3 – Exemplo <strong>de</strong> um texturograma <strong>de</strong> um teste <strong>de</strong> perfil <strong>de</strong> textura ................................. 14<br />

Figura 4 - Reometro <strong>de</strong> tensão controlada RheoStress 300 (RS-300 ThermoHaake, Alemanha)<br />

..................................................................................................................................................... 16<br />

Figura 5 - Proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong> pescada liofiliza<strong>das</strong> ............................................................ 19<br />

Figura 6 - Representação esquemática do espaço da cor segundo o sistema L*, a* e b*. .......... 22<br />

Figura 7 - Amostra B - emulsão da mistura 20PE+80PRP e amostra A- emulsão da mistura<br />

50PE+50PRP. .............................................................................................................................. 27<br />

Figura 8 - Brancura dos géis obtidos a partir <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP;<br />

50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras diferentes significam médias estatisticamente<br />

diferentes (p < 0,05). ................................................................................................................... 30<br />

Figura 9 - Valores <strong>de</strong> firmeza (a) e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> (b) dos géis obtidos a partir <strong>das</strong> seguintes<br />

misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras diferentes<br />

significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05). ........................................................... 32<br />

Figura 10 - Correlação existente entre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha e a firmeza dos géis.<br />

..................................................................................................................................................... 33<br />

Figura 11 - A: Curva <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 100PE. B: Curva <strong>de</strong><br />

aquecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 80PE+20PRP. C: Curva <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC<br />

da mistura <strong>de</strong> 50PE+50PRP; D: Curva <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong><br />

20PE+80PRP. E: Curva <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 100PRP. G’ (Símbolo<br />

cheio), G’’ (Símbolo aberto). ...................................................................................................... 34<br />

Figura 12 - A: Aquecimento durante 30 min da mistura <strong>de</strong> 100PE. B: Aquecimento durante 30<br />

min da mistura <strong>de</strong> 80PE+20PRP. C: Aquecimento durante 30 min da mistura <strong>de</strong> 50PE+50PRP;<br />

D: Aquecimento durante 30 min da mistura <strong>de</strong> 20PE+80PRP. E: Aquecimento durante 30 min<br />

da mistura <strong>de</strong> 100PRP. G’ (Símbolo cheio), G’’ (Símbolo aberto)............................................. 36<br />

Figura 13 - A: Curva <strong>de</strong> arrefecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 100PE. B: Curva <strong>de</strong><br />

arrefecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 80PE+20PRP. C: Curva <strong>de</strong> arrefecimento <strong>de</strong> 20 a 90<br />

ºC da mistura <strong>de</strong> 50PE+50PRP; D: Curva <strong>de</strong> arrefecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong><br />

20PE+80PRP. E: Curva <strong>de</strong> arrefecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 100PRP. G’ (Símbolo<br />

cheio), G’’ (Símbolo aberto). ...................................................................................................... 37<br />

Figura 14 - A: Cinéticas <strong>de</strong> maturação a 3 ºC, durante 600 min da mistura <strong>de</strong> 100PE. B:<br />

Cinéticas <strong>de</strong> maturação a 3 ºC, durante 600 min da mistura <strong>de</strong> 80PE+20PRP. C: Cinéticas <strong>de</strong><br />

maturação a 3 ºC, durante 600 min da mistura <strong>de</strong> 50 PE+50PRP; D: Cinéticas <strong>de</strong> maturação a 3<br />

viii


ºC, durante 600 min da mistura <strong>de</strong> 20PE+80PRP. E: Cinéticas <strong>de</strong> maturação a 3 ºC, durante 600<br />

min da mistura <strong>de</strong> 100PRP. G’ (Símbolo cheio), G’’ (Símbolo aberto). .................................... 39<br />

Figura 15 - A: Espetro mecânico da mistura <strong>de</strong> 100PE. B: Espetro mecânico da mistura <strong>de</strong><br />

80PE+20PRP. C: Espetro mecânico da mistura <strong>de</strong> 50PE+50PRP; D: Espetro mecânico da<br />

mistura <strong>de</strong> 20PE+80PRP. E: Espetro mecânico da mistura <strong>de</strong> 100PRP. G’ (Símbolo cheio), G’’<br />

(Símbolo aberto). ......................................................................................................................... 41<br />

Figura 16 - 1º aquecimento <strong>de</strong> 20 ºC a 90 ºC (♦) ; 1º arrefecimento <strong>de</strong> 90 ºC a 5 ºC (●) ; 2º<br />

aquecimento <strong>de</strong> 5 ºC a 90 ºC (■), seguido do 2º arrefecimento imediato <strong>de</strong> 90 ºC a 5 ºC (▲).A:<br />

Mistura 100PE; B:Mistura 80PE+20PRP; C: Mistura 50PE+50PRP; D: 20PE+80PRP; E:<br />

100PRP. G’ (Símbolo cheio), G’’ (Símbolo aberto). .................................................................. 43<br />

Figura 17 - Valores da brancura <strong>das</strong> emulsões a pH 7 prepara<strong>das</strong> com as misturas 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras diferentes significam médias<br />

estatisticamente diferentes (p < 0,05). ......................................................................................... 45<br />

Figura 18 - Valores <strong>de</strong> firmeza (a) e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> (a) <strong>das</strong> emulsões prepara<strong>das</strong> com as<br />

seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras<br />

diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05). .......................................... 46<br />

Figura 19 - Varrimentos <strong>de</strong> tensão <strong>das</strong> emulsões a pH 7 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. .............................................................. 47<br />

Figura 20 - Espetros mecânicos <strong>das</strong> emulsões a pH 7 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. .............................................................. 48<br />

Figura 21 - Curvas <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões a pH 7 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. .............................................................. 49<br />

Figura 22 - Viscosida<strong>de</strong> limite Newtoniana para a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação nula <strong>das</strong> emulsões a pH 7<br />

obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP.<br />

Letras diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05) ................................ 50<br />

Figura 23 - Valores da brancura <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 prepara<strong>das</strong> com as misturas 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras diferentes significam médias<br />

estatisticamente diferentes (p < 0,05). ......................................................................................... 52<br />

Figura 24 - Valores <strong>de</strong> firmeza (a) e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sevida<strong>de</strong> (b) <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong><br />

seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras<br />

diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05). .......................................... 53<br />

Figura 25 - Varrimentos <strong>de</strong> tensão <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas:<br />

100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. .................................................. 54<br />

Figura 26 - Espetros mecânicos <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. .............................................................. 55<br />

Figura 27 - Curvas <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas:<br />

100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. .................................................. 56<br />

ix


Figura 28 - Viscosida<strong>de</strong> limite Newtoniana para a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação nula <strong>das</strong> emulsões a pH<br />

3,8 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP;<br />

100PRP. Letras diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05). ................ 57<br />

Figura 29 - Valores <strong>de</strong> G 0 N <strong>das</strong> emulsões a pH7 e a pH 3,8, <strong>das</strong> 5 misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha<br />

e proteína recuperada <strong>de</strong> pescada em estudo. .............................................................................. 58<br />

Figura 30 - Atributos do cheiro dos dois tipos <strong>de</strong> emulsões: 50 % proteína <strong>de</strong> ervilha e 50 % <strong>de</strong><br />

proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (50PE+50PRP); 20 % proteína <strong>de</strong> ervilha e 80 % <strong>de</strong> proteína<br />

recuperada <strong>de</strong> pescada (20PE+80PRP). ...................................................................................... 59<br />

Figura 31 - Atributos da textura e <strong>de</strong> aspecto dos dois tipos <strong>de</strong> emulsões: 50 % proteína <strong>de</strong><br />

ervilha e 50 % <strong>de</strong> proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (50PE+50PRP); 20 % proteína <strong>de</strong> ervilha e 80<br />

% <strong>de</strong> proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (20PE+80PRP). ............................................................... 60<br />

Figura 32 - Atributos do sabor dos dois tipos <strong>de</strong> emulsões: 50 % proteína <strong>de</strong> ervilha e 50 % <strong>de</strong><br />

proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (50PE+50PRP); 20 % proteína <strong>de</strong> ervilha e 80 % <strong>de</strong> proteína<br />

recuperada <strong>de</strong> pescada (20PE+80PRP). ...................................................................................... 61<br />

Figura 33 - Apreciação global do painel <strong>de</strong> provadores, numa escala <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 0 a 10. 61<br />

Figura 34 - Preferência do painel <strong>de</strong> provadores pela amostra A ou amostra B ......................... 62<br />

Figura 35 - Amostra B - emulsão da mistura 20PE+80PRP e amostra A- emulsão da mistura<br />

50PE+50PRP. .............................................................................................................................. 75<br />

Figura 36 - Mesa <strong>de</strong> prova sensorial ........................................................................................... 75<br />

Figura 37 - Painel <strong>de</strong> provadores durante a prova sensorial ........................................................ 75<br />

x


ÍNDICE DE TABELAS<br />

Tabela 1 - Valores da composição química dos subprodutos <strong>de</strong> pescada, proteínas recupera<strong>das</strong>,<br />

proteínas recupera<strong>das</strong> secas e proteínas <strong>de</strong> ervilha. Os valores apresentados correspon<strong>de</strong>m à<br />

média e <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong>terminações. Valores na mesma coluna com letras diferentes<br />

significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05). ........................................................... 28<br />

Tabela 2 - Determinação instrumental da cor – Coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> L*, a* e b* para os géis obtidos a<br />

partir <strong>de</strong> 5 misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> pescada e <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha. Os valores apresentados<br />

correspon<strong>de</strong>m à média e <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong>terminações. Valores na mesma coluna com<br />

letras diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05). ................................ 29<br />

Tabela 3 – Determinação instrumental da cor – Coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> L*, a* e b* <strong>das</strong> emulsões a pH 7<br />

prepara<strong>das</strong> com as misturas 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP.<br />

Valores na mesma coluna com letras diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p<br />

< 0,05). ........................................................................................................................................ 44<br />

Tabela 4 - Determinação instrumental da cor – Coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> L*, a* e b* <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8<br />

prepara<strong>das</strong> com as seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP;<br />

100PRP. Valores na mesma coluna com letras diferentes significam médias estatisticamente<br />

diferentes (p < 0,05). ................................................................................................................... 51<br />

xi


Introdução geral<br />

1. Introdução geral<br />

Os subprodutos gerados no processamento do pescado são normalmente subaproveitados, o que<br />

é consi<strong>de</strong>rada uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem na medida em que estes têm uma composição em<br />

aminoácidos que os torna uma excelente fonte <strong>de</strong> proteínas facilmente digestíveis e nutritivas.<br />

As proteínas <strong>de</strong> peixe apresentam boas <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> funcionais, nomeadamente elevada<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção da água, gelificação, ligação <strong>de</strong> gordura, solubilida<strong>de</strong>, viscosida<strong>de</strong>,<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gelificação, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emulsificação, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> espuma,<br />

retenção <strong>de</strong> aromas, absorção <strong>de</strong> gordura.<br />

Como tal, neste trabalho prático preten<strong>de</strong>u-se valorizar os subprodutos da pescada-do-Cabo<br />

(Merluccius capensis) fornecidos pela empresa Gelpeixe (Loures, Portugal), recuperando a<br />

proteína dos mesmos. Esta recuperação proteica foi realizada através <strong>de</strong> um processo que<br />

envolve a solubilização alcalina e a precipitação isoeléctrica <strong>das</strong> proteínas <strong>de</strong> pescada<br />

proveniente <strong>de</strong>stes subprodutos. Este processo permite obter um isolado proteico estável e com<br />

elevada funcionalida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser usado na produção <strong>de</strong> géis e emulsões <strong>de</strong> elevada<br />

qualida<strong>de</strong>.<br />

Após esta recuperação, preten<strong>de</strong>u-se igualmente preparar géis e emulsões a partir <strong>de</strong> cinco<br />

misturas distintas, com diferentes proporções <strong>das</strong> proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong> pescada e <strong>de</strong><br />

proteínas <strong>de</strong> ervilha. Para tal, utilizou-se um isolado proteico <strong>de</strong> ervilha, o Pisane HD da<br />

Cosucra SA (Warcoing, Bélgica), gentilmente cedido pela empresa Induxtria De Suministros<br />

Portuguesa Lda. Estas proteínas apresentam também uma composição equilibrada em<br />

aminoácidos, especialmente em lisina, um aminoácido essencial. Apresentam ainda boas<br />

<strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> funcionais, como a gelificação, a emulsificação e a formação <strong>de</strong> espumas.<br />

Foi também objetivo <strong>de</strong>ste trabalho estudar os parâmetros da cor, as <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> textura<br />

(utilizando a análise <strong>de</strong> perfil <strong>de</strong> textura-TAP) e as <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> viscoelásticas (realizando<br />

varrimentos <strong>de</strong> tempo, temperatura e frequência) dos géis e emulsões (a pH 7 e 3,8) preparados<br />

com as cinco misturas.<br />

Com base nestes resultados, preten<strong>de</strong>u-se também <strong>de</strong>senvolver um molho para sala<strong>das</strong> com base<br />

nas mesmas proteínas preparado com <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> texturais e sensoriais <strong>de</strong>sejáveis ao<br />

consumidor. Para isso, foram avaliados os atributos <strong>de</strong> cheiro, sabor, textura e aspeto <strong>de</strong>stes<br />

molhos <strong>de</strong> salada por um painel <strong>de</strong> provadores não treinados.<br />

1


Revisão bibliográfica<br />

2. Revisão bibliográfica<br />

2.1. Proteínas<br />

As proteínas são macromoléculas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância em certos alimentos, apresentando um<br />

valor nutricional elevado, uma vez que é uma importante fonte <strong>de</strong> aminoácidos essenciais e<br />

apresentando igualmente uma elevada relevância a nível tecnológico, <strong>de</strong>vido às suas<br />

<strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> funcionais. Deste modo são utiliza<strong>das</strong> também como agentes <strong>gelificantes</strong> e<br />

<strong>emulsionantes</strong>.<br />

As proteínas são constituí<strong>das</strong> por ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> aminoácidos unidos por ligações peptídicas<br />

(ligação amida), constituindo ca<strong>de</strong>ias polipeptídicas que diferem umas <strong>das</strong> outras pelo número e<br />

sequência dos resíduos <strong>de</strong> aminoácidos presentes na molécula (Sikorski, 2001).<br />

A estrutura <strong>das</strong> proteínas é consi<strong>de</strong>rada a diversos níveis, sendo o primeiro <strong>de</strong>les, o nível <strong>de</strong><br />

estrutura primária, que correspon<strong>de</strong> à composição e sequência <strong>de</strong> aminoácidos que formam<br />

ca<strong>de</strong>ias polipeptídicas, sem consi<strong>de</strong>rar o arranjo espacial. O nível <strong>de</strong> estrutura secundária está<br />

relacionado com o arranjo espacial dos átomos da ca<strong>de</strong>ia principal. Este arranjo provoca a<br />

formação <strong>de</strong> estruturas secundárias, como hélices e folhas preguea<strong>das</strong>, mas sem ter em conta a<br />

conformação <strong>das</strong> suas ca<strong>de</strong>ias laterais ou as suas relações com outros segmentos <strong>de</strong> proteínas. A<br />

conformida<strong>de</strong> tridimensional <strong>das</strong> proteínas correspon<strong>de</strong>, por sua vez ao arranjo espacial dos<br />

átomos da molécula proteica ou da subunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> molécula proteica (ca<strong>de</strong>ia polipeptídica). Esta<br />

conformida<strong>de</strong> tridimensional dá então origem ao nível <strong>de</strong> estrutura terciária da proteína. Na<br />

formação da estrutura terciária <strong>das</strong> proteínas estão envolvi<strong>das</strong> ligações iónicas (ou<br />

electrostáticas), ligações <strong>de</strong> hidrogénio, forças <strong>de</strong> Van Der Waals e ligações covalentes, sendo<br />

as ligações covalentes <strong>de</strong> enxofre (pontes <strong>de</strong> enxofre) particularmente importantes na<br />

estabilização da estrutura terciária. A maior parte <strong>das</strong> proteínas adquirem funcionalida<strong>de</strong> com<br />

este nível <strong>de</strong> estrutura, como seja o caso da maioria <strong>das</strong> proteínas com activida<strong>de</strong> enzimática<br />

(Damodaran, 1997). No caso em que as subunida<strong>de</strong>s proteicas interagem entre si, as proteínas<br />

adquirem uma estrutura quaternária (nível quaternário <strong>de</strong> organização). As interações que as<br />

ca<strong>de</strong>ias peptídicas po<strong>de</strong>m estabelecer entre si são normalmente interações electrostáticas e<br />

ligações <strong>de</strong> enxofre que permitem a estabilização <strong>de</strong>ste nível <strong>de</strong> estrutura que <strong>de</strong>termina a sua<br />

funcionalida<strong>de</strong> (Damodaran, 1997).<br />

As <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> funcionais da proteína po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>fini<strong>das</strong> como as características <strong>de</strong>stes<br />

biopolímeros que contribuem para a sua própria estrutura, para as suas <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> mecânicas<br />

e para as suas <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> físico-químicas e afetam o comportamento <strong>das</strong> proteínas num<br />

sistema alimentar, durante a sua preparação, o seu processamento, armazenamento e consumo.<br />

2


Revisão bibliográfica<br />

Influenciam, portanto as características sensoriais, texturais e nutricionais dos produtos<br />

alimentares, o que faz com que as <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> funcionais sejam um dos parâmetros <strong>de</strong> maior<br />

relevância na aceitabilida<strong>de</strong> do produto final pelo consumidor (Nunes, 2003).<br />

Estas <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> resultam da sua estrutura química (composição, sequência <strong>de</strong> aminoácidos e<br />

conformação), <strong>das</strong> interacções com outros componentes do alimento (água, polissacáridos,<br />

lípidos, compostos responsáveis pelo aroma e iões) e <strong>das</strong> condições do meio (temperatura, pH e<br />

teor em sais) (Sikorski, 2002).<br />

As <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> funcionais típicas <strong>das</strong> proteínas <strong>de</strong> sistemas alimentares, são as seguintes<br />

(Damodaran, 1997): solubilida<strong>de</strong>, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> água, viscosida<strong>de</strong>, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

gelificação, <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> <strong>emulsionantes</strong>, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> espuma, retenção <strong>de</strong><br />

aromas, absorção <strong>de</strong> gordura, coesão-a<strong>de</strong>são e a elasticida<strong>de</strong>.<br />

Neste trabalho vamos dar maior ênfase, posteriormente, apenas às <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> gelificação e <strong>de</strong> emulsificação.<br />

2.2. Proteínas do Músculo do Pescado<br />

As proteínas do músculo classificam-se geralmente em sarcoplasmáticas ou solúveis,<br />

miofibrilares ou contrácteis e do estroma ou insolúveis. A fração sarcoplasmática correspon<strong>de</strong><br />

aproximadamente a 18-30 % do total <strong>das</strong> proteínas musculares, a fração miofibrilar constitui<br />

cerca <strong>de</strong> 66 a 77%, pertencendo as restantes proteínas ao estroma. Após as operações <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scabeçamento, evisceração, <strong>de</strong>spelagem e filetagem, a proporção <strong>de</strong>stas proteínas é <strong>de</strong> 30 %<br />

<strong>de</strong> proteínas sarcoplasmáticas e 70% <strong>de</strong> proteínas miofibrilares (Men<strong>de</strong>s, 2001).<br />

As proteínas miofibrilares formam as miofibrilas e incluem a miosina, a actina e proteínas<br />

reguladoras como a tropomiosina, troponina e actinina. Este tipo <strong>de</strong> proteínas po<strong>de</strong> ser<br />

igualmente <strong>de</strong>signado por proteínas contrácteis, uma vez que estão envolvi<strong>das</strong> no mecanismo <strong>de</strong><br />

contração do músculo do pescado (Sikorski, 2001).<br />

Estas proteínas apresentam uma elevada importância no processamento <strong>de</strong> polpas <strong>de</strong> pescado,<br />

uma vez que são responsáveis pela coagulação e gelificação dos produtos que po<strong>de</strong>m ser<br />

produzidos com base nessas mesmas polpas.<br />

Esta fracção proteica localiza-se no sarcoplasma e é constituída por cerca <strong>de</strong> 100 proteínas<br />

distintas, que apresentam como principais características comuns, o facto <strong>de</strong> serem solúveis em<br />

água e terem pesos moleculares relativamente baixos. Esta fração <strong>de</strong> proteínas é também<br />

<strong>de</strong>signada por miogénio (Suzuki, 1987).<br />

3


Revisão bibliográfica<br />

Este conjunto <strong>de</strong> proteínas é eliminado no processo tradicional <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> surimi,<br />

juntamente com a água utilizada nas etapas <strong>de</strong> lavagem. Visto que estas proteínas apresentam<br />

um valor nutricional semelhante ao <strong>das</strong> proteínas miofibrilares, têm sido realizados diversos<br />

estudos com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar as per<strong>das</strong> <strong>de</strong>stas proteínas solúveis e recuperá-las <strong>de</strong> modo a<br />

serem utiliza<strong>das</strong> com diferentes fins.<br />

2.3. Proteínas Vegetais<br />

O uso <strong>de</strong> proteínas vegetais nos produtos alimentares como alternativa às proteínas animais tem<br />

vindo a ganhar bastante interesse ao longo dos últimos anos. O preço relativamente baixo <strong>das</strong><br />

proteínas vegetais proporcionou um elevado impulso para a sua utilização em produtos<br />

alimentares como por exemplo, em produtos à base <strong>de</strong> surimi (Luo et al., 2004).<br />

A proteína <strong>de</strong> soja é a mais usada, contudo este cultivar não é muito adaptável ao clima Europeu<br />

e para a reduzir o impacto económico e ambiental negativo da <strong>de</strong>pendência <strong>das</strong> importações <strong>de</strong><br />

soja da Europa, as proteínas <strong>de</strong> outras leguminosas, como por exemplo ervilha, feijão ou<br />

tremoço (Raymundo et. al., 2002) começaram a ser produzi<strong>das</strong> na Europa.<br />

2.3.1. Proteína <strong>de</strong> ervilha<br />

As proteínas maioritariamente presentes nas sementes <strong>de</strong> ervilha (Pisum sativum L.) são as<br />

globulinas e as albuminas.<br />

Os isolados proteicos <strong>de</strong> ervilha comercialmente disponíveis são ricos principalmente em<br />

globulinas que são heterogeneamente compostas por leguminas e vicilinas.<br />

As sementes <strong>de</strong> ervilha têm 20-30% <strong>de</strong> proteína, maioritariamente correspon<strong>de</strong>nte a proteínas <strong>de</strong><br />

armazenamento. As duas principais proteínas, a legumina (7S) e a vicilina (11S), são globulinas<br />

e representam 65-80% <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as proteínas extraíveis (Schroe<strong>de</strong>r, 1982). Estas têm uma<br />

estrutura quaternária regular que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do pH e da concentração <strong>de</strong> sal (Gharsallaoui et al.,<br />

2009).<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista nutricional, a proteína <strong>de</strong> ervilha tem a vantagem <strong>de</strong> apresentar uma<br />

composição equilibrada em aminoácidos, especialmente em lisina, um aminoácido essencial<br />

(Schnei<strong>de</strong>r and Lacampagne, 2000). Tal como as características nutricionais, as suas boas<br />

<strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> funcionais, como a gelificação, a emulsificação e a formação <strong>de</strong> espumas têm<br />

4


Revisão bibliográfica<br />

levado a um gran<strong>de</strong> interesse na utilização <strong>de</strong>stas proteínas como um ingrediente alimentar<br />

promissor (Raymundo et al, 2005).<br />

Quando submetida a uma <strong>de</strong>snaturação térmica controlada, as globulinas <strong>de</strong> ervilha po<strong>de</strong>m<br />

formar géis (Bora et al.,1994; O`Kane, 2004; O`Kane et al., 2005). Bacon et al. (1990)<br />

verificaram que foram obtidos géis transparentes <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> submeti<strong>das</strong> a um tratamento térmico,<br />

sob condições áci<strong>das</strong>, permitindo o uso da proteína <strong>de</strong> ervilha como um substituto gelatinoso em<br />

produtos vegetais. Bora et al. (1994) <strong>de</strong>terminaram que as condições ótimas para a gelificação<br />

da globulina <strong>de</strong> ervilha correspon<strong>de</strong>m a um pH <strong>de</strong> 7,1 e um tratamento térmico <strong>de</strong> 87 ºC durante<br />

20 min, enquanto que a adição <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> sódio (NaCl) a concentrações acima <strong>de</strong> 0,05 M<br />

reduzem a firmeza do gel. Estes autores também observaram que a legumina não forma géis e<br />

que a firmeza do gel é inversamente proporcional à proporção <strong>de</strong> mistura <strong>de</strong> legumina/vicilina.<br />

Foi igualmente <strong>de</strong>monstrado que a formação do gel é fortemente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ligações<br />

hidrofóbicas e <strong>de</strong> hidrogénio, enquanto que as ligações <strong>de</strong> bissulfureto (ou pontes <strong>de</strong> enxofre)<br />

não são essenciais. No entanto, estas ligações contribuem para um aumento da estrutura e da<br />

estabilida<strong>de</strong> do gel (Nunes et al, 2003). Ao contrário da glicina <strong>de</strong> soja, as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gel da<br />

legumina <strong>de</strong> ervilha foram susceptíveis a reorganizações que causaram géis que se tornaram<br />

mais fortes <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um reaquecimento/rearrefecimento (O`Kane et al., 2004). A concentração<br />

mínima <strong>de</strong> gelificação <strong>de</strong> isolados <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha a partir <strong>de</strong> cinco cultivares diferentes<br />

foi <strong>de</strong> 16%, em todos os casos. Foi igualmente <strong>de</strong>monstrado que os isolados obtidos a partir <strong>de</strong><br />

cultivares com altos teores da -subunida<strong>de</strong> formam géis muito fracos a pH neutro,<br />

possivelmente <strong>de</strong>vido às repulsões electroestáticas entre as regiões terminais N carrega<strong>das</strong><br />

negativamente (O`Kane et al., 2005).<br />

A produção <strong>de</strong> emulsões óleo em água usando emulsificantes vegetais alternativos para<br />

substituir totalmente ou parcialmente a gema <strong>de</strong> ovo, oferece diversas vantagens dietéticas, tais<br />

como a diminuição do teor <strong>de</strong> colesterol e gordura, bem como o aumento da estabilida<strong>de</strong><br />

microbiológica (Franco et al.,1998b; Raymundo et al., 2005).<br />

A proteína <strong>de</strong> ervilha tem uma boa capacida<strong>de</strong> emulsificante, que tem sido <strong>de</strong>monstrada por<br />

diversos autores, tal como referido anteriormente. Dagorn-Scaviner et al. (1986; 1987)<br />

mostraram que as globulinas <strong>de</strong> ervilha aparentam ser proteínas eficientes como agentes activos<br />

<strong>de</strong> superfície, especialmente a vicilina, que apresenta geralmente maiores taxas constantes <strong>de</strong><br />

adsorção. A vicilina também apresenta melhores <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> emulsificantes que a legumina e<br />

algumas interações inibitórias ocorreram entre as duas globulinas, sendo a adsorção <strong>de</strong> legumina<br />

mais afetada pela vicilina que o oposto (Gharsallcovi et al., 2009). Franco et al. (2000)<br />

estudaram a influência do pH e do tratamento térmico na reologia <strong>das</strong> emulsões óleo-em-água<br />

<strong>de</strong> proteína estabilizada <strong>de</strong> ervilha e verificaram que a viscosida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões aumentava e<br />

5


Revisão bibliográfica<br />

que o tamanho <strong>das</strong> gotículas diminuia com o aumento <strong>de</strong> temperatura, do tempo <strong>de</strong> aquecimento<br />

e valores <strong>de</strong> pH próximos do ponto isoeléctrico (pI).<br />

2.4. Subprodutos <strong>de</strong> pescada e as suas utilizações<br />

O pescado tem uma composição em aminoácidos que o torna uma excelente fonte <strong>de</strong> proteínas<br />

facilmente digestíveis e nutritivas. As proteínas <strong>de</strong> pescado apresentam por sua vez, elevada<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção da água, gelificação, ligação <strong>de</strong> gordura, emulsificação e formação <strong>de</strong><br />

espuma (Xiong, 1997).<br />

Nas operações da pesca ocorre um elevado <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> espécies, sendo<br />

este material lançado ao mar e consequentemente, sem qualquer aproveitamento. Este material<br />

representa uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> elevada qualida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ria ser utilizada<br />

para o consumo humano e como tal, criar um valor acrescentado substancial para a indústria <strong>das</strong><br />

pescas (Kristinsson and Rasco, 2000).<br />

Os subprodutos gerados no processamento do pescado, ricos em proteínas e lípidos são<br />

frequentemente subaproveitados (Kristinsson and Rasco, 2002). A utilização <strong>de</strong>stes produtos<br />

tem tido um sucesso limitado pela dificulda<strong>de</strong> em <strong>de</strong>senvolver produtos funcionais e aceitáveis<br />

pelos consumidores.<br />

O uso <strong>de</strong> tecnologias convencionais para processar o pescado e criar valor acrescentado aos<br />

produtos <strong>de</strong> pescado geralmente leva a uma utilização limitada do animal. Muitos subprodutos<br />

ricos em proteína e lípidos são perdidos e <strong>de</strong>ste modo não são recuperados para o uso humano<br />

(Kristinsson and Rasco, 2002). Embora um uso mais eficiente <strong>de</strong>sse material tenha <strong>de</strong>spertado<br />

gran<strong>de</strong> interesse, esse facto tem sido dificultado pelo sucesso limitado no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

produtos funcionais e aceitáveis para os consumidores finais.<br />

A produção <strong>de</strong> surimi constitui uma técnica que permite obter um concentrado <strong>de</strong> proteínas.<br />

Porém, o produto obtido a partir <strong>de</strong> espécies pelágicas apresenta baixa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido à<br />

presença <strong>de</strong> lípidos oxidáveis e <strong>de</strong> agentes pró-oxidantes (Okada, 1980; Hultin and Kelleher,<br />

2000). Além disso, durante o processamento registam-se muitas per<strong>das</strong> <strong>de</strong> proteínas que<br />

diminuem o rendimento global do processo.<br />

6


Revisão bibliográfica<br />

2.4.1. Processos <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> proteínas por solubilização ácida ou alcalina<br />

Para ultrapassar o problema da utilização <strong>de</strong> matérias-primas não convencionais, foi<br />

<strong>de</strong>senvolvido um processo <strong>de</strong> modo a produzir, economicamente, isolados <strong>de</strong> proteína<br />

funcionais, a partir <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> pescado <strong>de</strong> baixo valor comercial. Este processo usa as<br />

<strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> solubilida<strong>de</strong> (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do pH) <strong>das</strong> proteínas musculares <strong>de</strong> pescado, para a<br />

sua separação (e posterior recuperação) <strong>de</strong> outras componentes do músculo, que não são<br />

<strong>de</strong>sejáveis no produto final (Kristinsson et al., 2005).<br />

Este processo tem sido aplicado em diversos trabalhos <strong>de</strong> recuperação <strong>das</strong> proteínas e envolve a<br />

solubilização ácida ou alcalina e a precipitação isoeléctrica <strong>das</strong> proteínas do pescado<br />

subutilizado <strong>de</strong> baixo valor e provenientes <strong>de</strong> subprodutos. Permite obter um isolado proteico<br />

estável e com elevada funcionalida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser usado na produção <strong>de</strong> géis e emulsões <strong>de</strong><br />

elevada qualida<strong>de</strong>.<br />

Neste processo a massa <strong>de</strong> pescado é misturada com água numa proporção <strong>de</strong> 1:9. O tecido<br />

muscular <strong>de</strong> pescado é homogeneizado a um pH baixo (pH 2 a 3,5) ou alto (pH 10,5 a 11,5).<br />

Estes valores <strong>de</strong> pH permitem que as proteínas do músculo sejam solubiliza<strong>das</strong>, porque nestes<br />

valores <strong>de</strong> pH as proteínas ficam com uma carga global positiva (a pH ácido) ou negativa (a pH<br />

alcalino) que leva à repulsão <strong>das</strong> ca<strong>de</strong>ias proteicas e à interação com a água levando à sua<br />

solubilização (Batista et al., 2007).<br />

As condições áci<strong>das</strong> e alcalinas usa<strong>das</strong> no processo estão longe o suficiente do ponto<br />

isoeléctrico <strong>das</strong> proteínas do músculo (aproximadamente a um pH <strong>de</strong> 5 a 6). O rompimento <strong>das</strong><br />

células musculares e a solubilização <strong>das</strong> proteínas causa uma elevada diminuição na viscosida<strong>de</strong><br />

da solução, o suficiente para permitir que as membranas celulares sejam separa<strong>das</strong> <strong>das</strong> proteínas<br />

solúveis, por centrifugação (Hultin and Kelleher, 2000), ao mesmo tempo que são removidos<br />

sólidos como as espinhas, escamas e gordura neutra. De seguida, as proteínas solúveis livres da<br />

membrana e dos lípidos são então recupera<strong>das</strong> por precipitação isoeléctrica, ajustando o pH para<br />

cerca <strong>de</strong> 5,5 e o isolado proteico resultante po<strong>de</strong> ser utilizado para diversos fins, tais como<br />

ingredientes funcionais ou po<strong>de</strong> ser utilizado diretamente para produzir produtos <strong>de</strong> pescado <strong>de</strong><br />

valor acrescentado, tais como o surimi.<br />

Este processo oferece uma nova tecnologia para recuperar e usar proteína proveniente <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> 50 milhões <strong>de</strong> tonela<strong>das</strong> <strong>de</strong> espécies aquáticas subutiliza<strong>das</strong> para transformar os subprodutos<br />

usados na alimentação animal em produtos para consumo humano. Além disso, o seu<br />

rendimento é substancialmente maior que o rendimento do processo convencional <strong>de</strong> surimi e<br />

como tal a matéria-prima po<strong>de</strong> ser utilizada <strong>de</strong> um modo mais eficiente.<br />

7


Revisão bibliográfica<br />

O processo <strong>de</strong> solubilização e recuperação <strong>das</strong> proteínas permite obter rendimentos superiores<br />

aos atingidos no processo clássico <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong> surimi. Além disso, é aplicável a uma<br />

gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies o que abre perspetivas para a valorização <strong>de</strong> muitas espécies<br />

presentemente subvaloriza<strong>das</strong>. Além disso, alguns estudos têm mostrado que as proteínas<br />

recupera<strong>das</strong> através <strong>de</strong>ste processo têm gran<strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong> e em alguns casos melhores<br />

<strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> gelificação que as proteínas recupera<strong>das</strong> pelo processamento convencional <strong>de</strong><br />

surimi (Hultin and Kelleher, 2000; Un<strong>de</strong>land et al. 2002; Kristinsson and Hultin 2003;<br />

Kristinsson and Demir, 2003). Deste modo, os géis preparados à base <strong>de</strong>stes isolados proteicos<br />

apresentam <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> gelificação tão boas ou melhores comparativamente aos géis<br />

preparados à base <strong>de</strong> isolados proteicos provenientes do processo <strong>de</strong> surimi, como Un<strong>de</strong>rland et<br />

al. (2002) e Choi e Park (2002) verificaram. Kristinsson e Hultin (2003) observaram igualmente<br />

um aumento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emulsificação e gelificação da miosina e outras proteínas<br />

miofibrilares recupera<strong>das</strong> por solubilização alcalina.<br />

2.5. Géis alimentares<br />

Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>finir um gel como um sistema bifásico, constituído por uma re<strong>de</strong> macromolecular<br />

tridimensional sólida, formada pelas proteínas, que retém na sua malha uma fase líquida. Esta<br />

re<strong>de</strong> tridimensional tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reter moléculas <strong>de</strong> água e outros compostos <strong>de</strong> baixo<br />

peso molecular. Visto que o gel é um material viscoelástico, po<strong>de</strong> ser ainda consi<strong>de</strong>rado como<br />

um estado intermédio entre um sólido e um líquido (Nunes, 2003a).<br />

Existem diversos fatores que influenciam as características do gel, como o pH, a força iónica, a<br />

concentração proteica e as taxas <strong>de</strong> aquecimento e arrefecimento (Xiong et al.,1994). A<br />

qualida<strong>de</strong> dos géis <strong>de</strong> proteínas <strong>de</strong> pescado é maioritariamente afetada pelo pH e pela força<br />

iónica. Assim sendo, é importante conhecer o pH óptimo para a gelificação <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong><br />

proteínas, o qual se encontra entre os valores <strong>de</strong> 5,5 e 7,0, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da própria espécie <strong>de</strong><br />

pescado, da concentração <strong>de</strong> sal e da concentração proteica. Um outro fator <strong>de</strong> extrema<br />

importância na qualida<strong>de</strong> dos géis é o tratamento térmico realizado na formação dos mesmos.<br />

Deste modo, na preparação dos géis é necessário estabelecer o melhor esquema <strong>de</strong><br />

aquecimento/arrefecimento, <strong>de</strong> modo a obter um gel final com boas características. As proteínas<br />

miofibrilares são consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> as proteínas do músculo com um papel fulcral na formação do<br />

gel, nomeadamente a actina e a actomiosina, apesar <strong>de</strong> esta última apresentar uma importância<br />

menor do que a primeira (Pires, 2008).<br />

A formação <strong>de</strong> um gel confere estrutura e estabilida<strong>de</strong> a diversos alimentos, daí a sua<br />

importância em aplicações alimentares, na medida em que constitui uma matriz estrutural <strong>de</strong><br />

8


Revisão bibliográfica<br />

retenção da água e <strong>de</strong> outros ingredientes alimentares, como açúcares, gordura e compostos<br />

aromáticos.<br />

No caso dos géis proteícos, proce<strong>de</strong>-se inicialmente à <strong>de</strong>snaturação <strong>das</strong> proteínas através do seu<br />

aquecimento. De seguida, efetua-se um arrefecimento, on<strong>de</strong> se verifica o estabelecimento <strong>de</strong><br />

ligações entre as ca<strong>de</strong>ias peptídicas <strong>das</strong> proteínas e a formação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> tridimensional.<br />

Nesta associação estão envolvi<strong>das</strong> ligações covalentes e não covalentes: ligações <strong>de</strong> enxofre,<br />

interações hidrofóbicas, ligações por pontes <strong>de</strong> hidrogénio e ligações iónicas (Pomeranz, 1991).<br />

A formação do gel passa por uma etapa anterior <strong>de</strong>signada por sol que, em termos físicos,<br />

correspon<strong>de</strong> a uma suspensão coloidal e que, por arrefecimento vai passar a gel através <strong>de</strong> uma<br />

associação <strong>das</strong> ca<strong>de</strong>ias proteicas. (Nunes, 2003b).<br />

Quando as ca<strong>de</strong>ias estão suficientemente organiza<strong>das</strong>, <strong>de</strong> modo a formarem a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> gel e à<br />

medida que a organização <strong>das</strong> re<strong>de</strong>s se vai intensificando, o gel torna-se rígido e ocorre<br />

geralmente o fenómeno <strong>de</strong> sinérese, ou seja, o gel contrai-se e exsuda uma parte da fase líquida<br />

(Nunes, 2003a). O estado <strong>de</strong> gel é um estado <strong>de</strong> equilíbrio, no sentido em que evolui com o<br />

tempo e representa um compromisso entre as interações polímero-polímero e polímero-solvente<br />

(Nunes, 2003b).<br />

2.6. Emulsões alimentares<br />

Uma emulsão é uma dispersão coloidal formada por dois líquidos imiscíveis, geralmente óleo e<br />

água, com um dos líquidos dispersos no outro sob a forma <strong>de</strong> gotas <strong>de</strong> dimensões entre 0,1 e<br />

100 µm (Dickinson e Stainsby, 1988; Rahalkar, 1992). A substância que está contida nas gotas<br />

<strong>de</strong>signa-se por fase dispersa ou interna e a substância que constitui o meio envolvente <strong>de</strong>signase<br />

por fase contínua ou exterior (McClements, 1999).<br />

As emulsões são classifica<strong>das</strong> <strong>de</strong> acordo com a distribuição <strong>das</strong> duas fases (óleo e água) e como<br />

tal existem dois tipos <strong>de</strong> emulsões. Quando as gotas <strong>de</strong> óleo estão dispersas na fase aquosa,<br />

como nas maioneses e nos molhos para sala<strong>das</strong>, estamos perante uma emulsão óleo/água (o/a).<br />

Caso as gotas <strong>de</strong> água estejam dispersas na fase oleosa, a emulsão é classificada como água/óleo<br />

(a/o), tendo como exemplo as margarinas e manteigas. Para além <strong>de</strong>stes dois tipos <strong>de</strong> emulsões,<br />

existem ainda as <strong>de</strong>signa<strong>das</strong> emulsões múltiplas o/a/o ou a/o/a, que têm sido estuda<strong>das</strong> com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir o teor <strong>de</strong> óleo nas emulsões ou mesmo provi<strong>de</strong>nciar um meio <strong>de</strong> isolar um<br />

ingrediente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outro (Dickinson e Stainsby, 1987).<br />

As emulsões são sistemas termodinamicamente instáveis (McClements, 1999) porque as fases<br />

não se misturam e na medida em que existe uma diferença <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s entre as duas fases, há<br />

9


Revisão bibliográfica<br />

formação <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> óleo superior (menos <strong>de</strong>nsa) e uma camada aquosa inferior (mais<br />

<strong>de</strong>nsa).<br />

2.6.1. Emulsionantes<br />

Devido a esta instabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões, é necessário o uso <strong>de</strong> <strong>emulsionantes</strong> e/ou ou agentes<br />

tensioactivos, <strong>de</strong> modo a que se obtenham emulsões cineticamente estáveis por períodos <strong>de</strong><br />

tempo relativamente elevados (Atkins, 1994).<br />

Os <strong>emulsionantes</strong>, são moléculas com activida<strong>de</strong> superficial que são adsorvi<strong>das</strong> à superficie <strong>das</strong><br />

gotas, impedindo-as <strong>de</strong>ste modo <strong>de</strong> aproximarem umas <strong>das</strong> outras e, consequentemente,<br />

impedindo os fenómenos <strong>de</strong> floculação excessiva ou <strong>de</strong> coalescência (Phillip et al., 1994).<br />

Relativamente aos estabilizantes, geralmente espessantes, estes provocam um aumento da<br />

viscosida<strong>de</strong> da fase contínua, dificultando os movimentos <strong>das</strong> gotas e levando a uma maior<br />

estabilida<strong>de</strong> da emulsão.<br />

Os <strong>emulsionantes</strong> mais utilizados na indústria alimentar são principalmente as proteínas, na<br />

medida em que diminuem a tensão interfacial, garantindo a estabilida<strong>de</strong> da emulsão ao longo do<br />

tempo (Dickinson e Stainsby, 1988). A capacida<strong>de</strong> emulsionante <strong>de</strong> uma proteína é <strong>de</strong>finida<br />

como a quantida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> óleo que po<strong>de</strong> ser dispersa por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fase aquosa, para uma<br />

<strong>de</strong>terminada quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteína, sob condições experimentais controla<strong>das</strong> (Phillip et al.,<br />

1994).<br />

Devido às suas <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> anfifílicas e à sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senrolamento, as proteínas<br />

possuem tanto uma afinida<strong>de</strong> para a fase aquosa com uma afinida<strong>de</strong> para a fase oleosa. Esta<br />

característica <strong>das</strong> proteínas leva a uma redução da tensão superficial entre estas duas fases,<br />

formando filmes intefaciais mais ou menos coesos que, por sua vez, envolvem as gotas <strong>de</strong> óleo.<br />

Como estes filmes interfaciais possuem grupos carregados, provocam repulsões eletrostáticas<br />

entre as gotas vizinhas, o que impe<strong>de</strong> a aproximação <strong>das</strong> mesmas, evitando assim os fenómenos<br />

<strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões, como a coalescência (Phillip et al., 1994).<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma proteína formar e estabilizar uma emulsão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>mente <strong>das</strong> suas<br />

<strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> intrínsecas, tais como a estrutura primária, secundária e terciária, a solubilida<strong>de</strong>, a<br />

hidrofobicida<strong>de</strong> superficial e a flexibilida<strong>de</strong>. Estes últimos três parâmetros são particularmente<br />

relevantes no caso <strong>de</strong> se preten<strong>de</strong>r utilizar uma proteína como emulsionante.<br />

10


Revisão bibliográfica<br />

2.6.2. Caracterização reológica <strong>das</strong> emulsões<br />

Alguns produtos alimentares não po<strong>de</strong>m ser classificados nem como líquidos simples nem como<br />

soluções verda<strong>de</strong>iras. Po<strong>de</strong>m ser classificados como suspensões coloidais <strong>de</strong> partículas com<br />

tamanhos, flexibilida<strong>de</strong>s e formas diversas que po<strong>de</strong>m formar entre si ligações temporárias ou<br />

estruturas internas mais ou menos complexas, chegando ao estabelecimento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s mais ou<br />

menos organiza<strong>das</strong> sob a forma <strong>de</strong> emulsão.<br />

Existem dois tipos <strong>de</strong> comportamentos que se <strong>de</strong>sviam do comportamento viscoso simples ou<br />

Newtoniano: o comportamento reofluidificante e o comportamento reoespessante. O primeiro é<br />

o tipo mais frequente nos produtos alimentares, como por exemplo, as maioneses, os molhos<br />

para sala<strong>das</strong>, patês, entre outros e é caracterizado pela diminuição da viscosida<strong>de</strong> aparente à<br />

medida que aumenta a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação em corte (Raymundo, 1999). Esse comportamento<br />

po<strong>de</strong> ser expresso por uma <strong>de</strong>pendência da viscosida<strong>de</strong> em relação à velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

ou por uma <strong>de</strong>pendência em relação ao tempo. Esta viscosida<strong>de</strong>, quer <strong>de</strong>penda da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação quer <strong>de</strong>penda do tempo, é <strong>de</strong>signada por viscosida<strong>de</strong> aparente. Esta variação <strong>de</strong><br />

viscosida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>vida à existência <strong>de</strong> uma estrutura no interior do líquido (Sousa, 2001a).<br />

Na figura 1 está representada a curva <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> típica <strong>de</strong> uma emulsão.<br />

Figura 1 - Curva <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> típica <strong>de</strong> uma emulsão e respetivas mudanças estruturais<br />

características do fluido reofluidificante.<br />

Fonte: Raymundo, 1999.<br />

11


Revisão bibliográfica<br />

Nesta curva po<strong>de</strong>-se observar três zonas bastante distintas. Na zona I, em que a <strong>de</strong>formação é<br />

baixa a emulsão apresenta um comportamento Newtoniano e uma viscosida<strong>de</strong> constante. Neste<br />

primeiro patamar Newtoniano, o valor da viscosida<strong>de</strong> é o máximo que o sistema po<strong>de</strong> tomar em<br />

<strong>de</strong>termina<strong>das</strong> condições <strong>de</strong> pressão e temperatura: Ƞ 0 e <strong>de</strong>signa-se por viscosida<strong>de</strong> limite.<br />

Na zona II, a emulsão apresenta um comportamento reofluidificante e à medida que a<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação aumenta, a viscosida<strong>de</strong> vai diminuindo, por haver <strong>de</strong>struição<br />

sucessiva da estrutura interna.<br />

Na última zona, a zona III, o material volta a apresentar um comportamento Newtoniano tal<br />

como na primeira zona. Este segundo patamar Newtoniano correspon<strong>de</strong> à segunda viscosida<strong>de</strong><br />

limite ou Ƞ ∞ e é o valor mínimo <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> do sistema àquela temperatura (Raymundo,<br />

1999).<br />

2.7. Principais métodos analíticos utilizados<br />

2.7.1. Análise dos parâmetros da textura<br />

O texturómetro é um equipamento constituído essencialmente por um dinamómetro que fornece<br />

energia mecânica a velocida<strong>de</strong> constante. O seu principal objetivo é o contacto da sonda com a<br />

amostra a analisar, aplicando uma <strong>de</strong>terminada força, provocando <strong>de</strong>ste modo, uma <strong>de</strong>formação<br />

nessa mesma amostra. Daí obtêm-se curvas força versus tempo ou força versus distância, em<br />

que se regista a resposta do material a uma <strong>de</strong>terminada solicitação (corte, perfuração ou<br />

compressão) permitindo retirar medições <strong>de</strong> parâmetros relacionados diretamente com a sua<br />

textura (Sousa, 2001b).<br />

Os testes realizados neste equipamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>das</strong> condições <strong>de</strong> cada teste, uma vez que se<br />

tratam <strong>de</strong> testes empíricos e como tal a resposta da amostra não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> só da sua composição e<br />

textura. Os parâmetros a consi<strong>de</strong>rar são o tipo <strong>de</strong> sonda utilizada, a velocida<strong>de</strong> da mesma, a<br />

distância e a geometria da amostra (Mitchell, 2004).<br />

12


Revisão bibliográfica<br />

Figura 2 - Texturómetro TA-XT2 (Stable Micro System, UK)<br />

2.7.1.1. Análise <strong>de</strong> perfil <strong>de</strong> textura (T.P.A.)<br />

O teste <strong>de</strong> perfil <strong>de</strong> textura é um teste imitativo que envolve duas penetrações ou compressões<br />

pela sonda na amostra com uma pausa entre elas (recuperação do material) para <strong>de</strong>ste modo se<br />

simular a ação <strong>de</strong> duas <strong>de</strong>nta<strong>das</strong> nos alimentos. Como tal, este teste é igualmente <strong>de</strong>signado por<br />

teste <strong>das</strong> duas <strong>de</strong>nta<strong>das</strong> (two bites). É <strong>de</strong> bastante interesse quando se preten<strong>de</strong> avaliar diferenças<br />

<strong>de</strong> textura sem recorrer à análise sensorial e a um painel <strong>de</strong> provadores, na medida em que os<br />

parâmetros <strong>de</strong> textura obtidos estão bem correlacionados com a avaliação sensorial dos produtos<br />

analisados (Sousa, 2001b).<br />

Com base no texturograma obtido e consoante o material a analisar é possivel obter cinco<br />

parâmetros <strong>de</strong> textura (firmeza, fracturabilida<strong>de</strong>, a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong>, elasticida<strong>de</strong> e coesivida<strong>de</strong>) e<br />

calcular dois parâmetros secundários a partir dos anteriores (gomosida<strong>de</strong> e mastigabilida<strong>de</strong>)<br />

(Nunes, 2005).<br />

13


Revisão bibliográfica<br />

O traçado resultante <strong>de</strong>ste teste está representado na figura 3.<br />

Figura 3 – Exemplo <strong>de</strong> um texturograma <strong>de</strong> um teste <strong>de</strong> perfil <strong>de</strong> textura<br />

A firmeza representa a resistência máxima oferecida pelo material à sonda nas condições<br />

menciona<strong>das</strong>, o que no texturograma correspon<strong>de</strong> à força máxima correspon<strong>de</strong>nte ao primeiro<br />

pico. É expressa em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> força (N).<br />

A a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> é uma proprieda<strong>de</strong> característica <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados materiais a<strong>de</strong>rentes e po<strong>de</strong>rá<br />

ser <strong>de</strong>finida como a resistência do material ao retrocesso da sonda. Este parâmetro é dado pela<br />

área negativa do texturograma (A 3 ) e representa o trabalho necessário para remover a sonda do<br />

interior da amostra (Raymundo, 2003). Este parâmetro tem unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho ou energia<br />

(N.s) e é calculado por integração da área negativa.<br />

A fracturabilida<strong>de</strong> (N) <strong>de</strong>fine-se como a força à qual se verifica a fratura da amostra e<br />

correspon<strong>de</strong> à força do primeiro pico significativo do primeiro ciclo <strong>de</strong> penetração.<br />

A elasticida<strong>de</strong> é obtida pelo quociente comprimento 1/comprimento 2, sendo um parâmetro<br />

adimensional e me<strong>de</strong> a distância que o alimento recupera em altura durante o tempo entre o final<br />

do primeiro ciclo e o início do segundo ciclo. Po<strong>de</strong> ser igualmente <strong>de</strong>finida como uma medida<br />

<strong>de</strong> quanto a estrutura inicial da amostra é quebrada durante o primeiro ciclo.<br />

A coesivida<strong>de</strong> é um parâmetro adimensional e obtém-se dividindo o trabalho realizado no<br />

segundo ciclo (área A 2 ) pelo trabalho realizado no primeiro ciclo (área A 1 ). As amostras que são<br />

muito coesas são percebi<strong>das</strong> na boca como duras e difíceis <strong>de</strong> quebrar (Nunes, 2003).<br />

14


Revisão bibliográfica<br />

Relativamente aos parâmetros secundários são calculados a partir dos parâmetros anteriores. A<br />

gomosida<strong>de</strong> obtém-se a partir do produto da firmeza pela coesivida<strong>de</strong> e a mastigabilida<strong>de</strong> a<br />

partir do produto da gomosida<strong>de</strong> pela elasticida<strong>de</strong> (Sousa, 2001b).<br />

2.7.2. Análise do comportamento reológico<br />

A reologia é uma ciência exata, na medida em que é consi<strong>de</strong>rada um ramo da física (Sousa,<br />

2001) e estuda a <strong>de</strong>formação e o escoamento dos materiais.<br />

O comportamento dos materiais é do tipo sólidos moles (geles, emulsões, espumas) apresenta<br />

características <strong>de</strong> fluido viscoso e <strong>de</strong> sólido elástico simultaneamente. É então caracterizado<br />

pelo módulo complexo dinâmico (G*) expresso como a razão entre uma tensão sinusoidal e a<br />

respetiva <strong>de</strong>formação. Este módulo complexo tem duas componentes: G’ e G’’. G’ é<br />

<strong>de</strong>nominado módulo <strong>de</strong> conservação e me<strong>de</strong> a energia que é conservada e posteriormente<br />

utilizada na recuperação da <strong>de</strong>formação quando a tensão é removida, refletindo a contribuição<br />

elástica do material. O G’’ é <strong>de</strong>nominado módulo <strong>de</strong> dissipação e me<strong>de</strong> a energia que é<br />

dissipada no escoamento para vencer o atrito interno, reflectindo <strong>de</strong>ste modo a contribuição<br />

viscosa (Sousa, 2001a).<br />

Os testes <strong>de</strong> reologia fundamental po<strong>de</strong>m ser efetuados num reómetro <strong>de</strong> tensão ou <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação controlada (figura 4), que tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuar nos modos estacionário e<br />

oscilatório, controlando a tensão ou <strong>de</strong>formação aplicada. Po<strong>de</strong>m ser utilizados vários sistemas<br />

<strong>de</strong> medida.<br />

15


Revisão bibliográfica<br />

Figura 4 - Reometro <strong>de</strong> tensão controlada RheoStress 300 (RS-300 ThermoHaake, Alemanha)<br />

São essencialmente dois os testes reológicos utilizados na avaliação do comportamento<br />

reológico: os testes oscilatórios e os testes estáticos. Nesta seção apenas se faz referência aos<br />

testes reológicos fundamentais utilizados no estudo apresentado nesta tese: os testes<br />

oscilatórios.<br />

2.7.2.1. Testes oscilatórios<br />

A essência da análise oscilatória consiste em testar a amostra <strong>de</strong> uma forma não <strong>de</strong>strutiva.<br />

Neste tipo <strong>de</strong> ensaios é aplicada à amostra a estudar uma tensão (ou <strong>de</strong>formação), que é uma<br />

função sinusoidal do tempo e regista-se a <strong>de</strong>formação (ou tensão) resultante. A <strong>de</strong>signação <strong>de</strong>ste<br />

tipo <strong>de</strong> análise é SAOS (small amplitu<strong>de</strong> oscilatory system) e são usa<strong>das</strong> tensões e <strong>de</strong>formações<br />

<strong>de</strong> baixa amplitu<strong>de</strong>.<br />

É possível realizar vários tipos <strong>de</strong> testes oscilatórios consoante o varrimento é realizado em<br />

tensão, frequência, tempo ou temperatura.<br />

O varrimento <strong>de</strong> tensão é usualmente utilizado na <strong>de</strong>terminação do intervalo <strong>de</strong><br />

viscoelasticida<strong>de</strong> linear, ou seja, na <strong>de</strong>terminação da região on<strong>de</strong> G’ e G’’ se mantêm constantes<br />

à medida que a amplitu<strong>de</strong> da tensão ou <strong>de</strong>formação é aumentada, para uma dada frequência.<br />

16


Revisão bibliográfica<br />

Com este teste preten<strong>de</strong>-se, assim, <strong>de</strong>terminar a máxima tensão ou <strong>de</strong>formação que é possível<br />

aplicar ao material, sem que ocorra ruptura da estrutura interna do material (Raymundo, 1999;<br />

Alves, 2003).<br />

17


Materiais e métodos<br />

3. Materiais e métodos<br />

3.1. Materiais<br />

A matéria-prima utilizada neste estudo foi um subproduto <strong>de</strong> pescada do Cabo <strong>de</strong>signado<br />

correntemente por “serradura”, uma vez que este subproduto é o conjunto <strong>das</strong> várias aparas<br />

resultantes da operação <strong>de</strong> corte da pescada em postas, pelas serras <strong>de</strong> fita. Esta “serradura” foi<br />

gentilmente cedida pela empresa <strong>de</strong> indústria e comércio <strong>de</strong> alimentos congelados “Gelpeixe”<br />

(Loures, Portugal). Foi conservada em temperaturas <strong>de</strong> congelação (cerca <strong>de</strong> -12 ºC) no<br />

IPIMAR até se proce<strong>de</strong>r à sua utilização no método <strong>de</strong> recuperação <strong>das</strong> proteínas por<br />

solubilização alcalina.<br />

O isolado <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha (Pervilha) Pisane HD da Cosucra SA (Warcoing, Bélgica) foi<br />

gentilmente cedido pela empresa Induxtria De Suministros Portuguesa Lda.<br />

3.2. Métodos<br />

3.2.1. Recuperação <strong>de</strong> proteínas por solubilização alcalina<br />

Os isolados <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> pescada foram produzidos usando o processo <strong>de</strong> solubilização<br />

alcalina <strong>de</strong> acordo com o método <strong>de</strong> Hultin e Kelleher (2000).<br />

O processo envolveu a homogenização subprodutos <strong>de</strong> pescada numa proporção <strong>de</strong> 1 kg para 9<br />

L <strong>de</strong> água fria/gelo, durante cerca <strong>de</strong> 1 minuto.<br />

De seguida, colocou-se o homogeneizado num tanque <strong>de</strong> agitação e adicionou-se lentamente<br />

hidróxido <strong>de</strong> sódio (NaOH) 2 M ao homogeneizado, provocando a subida do pH até ao valor <strong>de</strong><br />

11. O homogeneizado foi seguidamente bombeado para uma centrífuga contínua (Westfalia<br />

Separator) e então centrifugado a 8500 x g. Desta etapa, resulta a separação <strong>das</strong> proteínas<br />

solúveis do restante material, um sedimento que é rejeitado.<br />

A solução <strong>das</strong> proteínas solubiliza<strong>das</strong> foi colocada novamente no tanque <strong>de</strong> agitação on<strong>de</strong> se<br />

adicionou, lentamente, ácido clorídrico (HCl) 2 M até a solução atingir um pH <strong>de</strong> 5,5 para<br />

ocorrer a agregação <strong>das</strong> proteínas e a sua posterior precipitação. Esta solução foi, por sua vez,<br />

novamente bombeada para a centrífuga contínua Westfalia (GEA, Nuremberg, Germany) e<br />

centrifugada a 10000 x g. Nesta segunda centrifugação obteve-se um sobrenadante final, que é<br />

igualmente rejeitado e um sedimento, constituído pelas proteínas recupera<strong>das</strong>/isolado proteico.<br />

Este processo <strong>de</strong> recuperação <strong>das</strong> proteínas do músculo <strong>de</strong> pescada, através da solubilização<br />

alcalina está representado pelo esquema do Anexo 1.<br />

18


Materiais e métodos<br />

Seguidamente, as proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong> pescada foram secas por um processo <strong>de</strong> liofilização<br />

(figura 5).<br />

Figura 5 - Proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong> pescada liofiliza<strong>das</strong><br />

3.2.2. Composição química<br />

3.2.2.1. Relação Proteína bruta/Proteína total<br />

A proteína bruta <strong>das</strong> amostras <strong>de</strong> “serradura”, <strong>de</strong> proteína recuperada, <strong>de</strong> proteína recuperada<br />

liofilizada e <strong>de</strong> isolados proteicos <strong>de</strong> ervilha foi <strong>de</strong>terminada pelo método <strong>de</strong> Dumas no<br />

equipamento mo<strong>de</strong>lo, LECO protein/nitrogen analyser FP-528 (LECO Corp., St. Joseph, USA).<br />

Neste método o azoto total foi <strong>de</strong>terminado pelo método <strong>de</strong> combustão no sistema da LECO,<br />

sendo o teor em proteína bruta, o resultado do azoto multiplicado pelo factor <strong>de</strong> conversão 6,25.<br />

3.2.2.2. Matéria gorda livre<br />

Os teores em matéria gorda livre <strong>das</strong> amostras <strong>de</strong> “serradura”, <strong>de</strong> proteína recuperada, <strong>de</strong><br />

proteína recuperada liofilizada e <strong>de</strong> isolados proteicos <strong>de</strong> ervilha foram <strong>de</strong>terminados segundo o<br />

procedimento técnico/analítico interno do IPIMAR, baseado na norma portuguesa NP 1972<br />

(2009) (método <strong>de</strong> Soxhlet modificado).<br />

19


Materiais e métodos<br />

3.2.2.3. Humida<strong>de</strong><br />

A <strong>de</strong>terminação da humida<strong>de</strong> <strong>das</strong> amostras <strong>de</strong> “serradura”, <strong>de</strong> proteína recuperada, <strong>de</strong> proteína<br />

recuperada liofilizada e <strong>de</strong> isolados proteicos <strong>de</strong> ervilha foi efectuada por diferença <strong>de</strong> peso <strong>de</strong><br />

acordo com o procedimento técnico/analítico utilizado no IPIMAR, baseado na norma<br />

portuguesa NP 2282 (2009) (método gravimétrico em estuda a 105 ºC).<br />

3.2.2.4. Cinza total<br />

O doseamento da cinza total <strong>das</strong> amostras <strong>de</strong> “serradura”, <strong>de</strong> proteína recuperada, <strong>de</strong> proteína<br />

recuperada liofilizada e <strong>de</strong> isolados proteicos <strong>de</strong> ervilha foi realizado por mineralização a 550 ºC<br />

em mufla, segundo o procedimento técnico/analítico utilizado no IPIMAR, baseado na norma<br />

portuguesa NP 2032 (2009).<br />

3.3.2. Géis alimentares<br />

3.3.2.1. Preparação dos géis<br />

O procedimento para a preparação dos géis tipo kamaboko com as proteínas recupera<strong>das</strong> da<br />

serradura <strong>de</strong> pescada e as proteínas <strong>de</strong> ervilha realizou-se do modo seguidamente <strong>de</strong>scrito.<br />

Inicialmente pesaram-se as diferentes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> pescada e <strong>de</strong> ervilha, para as<br />

diferentes proporções a estudar, bem como os restantes ingredientes, como a água e o sal,<br />

essenciais para a formação dos géis. Em todos os ensaios, o teor total <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> foi fixado<br />

em 77,5 %, o teor total <strong>de</strong> proteína em 20 % e o <strong>de</strong> sal em 2,5%. As percentagens relativas <strong>das</strong><br />

proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong> pescada (PRP) e <strong>das</strong> proteínas <strong>de</strong> ervilha (PE) nas diferentes misturas<br />

foram as seguintes: 20 % <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha (100PE); 16% <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha + 4 % <strong>de</strong><br />

proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (80PE+20PRS); 10 % <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha + 10 % <strong>de</strong> proteína<br />

recuperada <strong>de</strong> pescada (50PE+50PRS); 4 % <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha + 16 % <strong>de</strong> proteína<br />

recuperada <strong>de</strong> pescada (20PE+80PRS); 20 % <strong>de</strong> proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (100PRP).<br />

Proce<strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> seguida à homogeneização em agitador com barra magnética <strong>das</strong> proteínas <strong>de</strong><br />

pescada e <strong>de</strong> ervilha, juntamente com a água e o sal. Esta pasta ficou a hidratar durante 30 min.<br />

O pH da mesma foi então ajustado a um valor <strong>de</strong> 7,0, medido por potenciómetro, com<br />

bicarbonato <strong>de</strong> sódio e seguidamente colocada em 3 frascos <strong>de</strong> vidro cilíndricos (altura: 5 cm;<br />

diâmetro: 4 cm), que foram colocados num banho-maria a 90 ºC durante 30 min.<br />

20


Materiais e métodos<br />

Depois <strong>de</strong>ste aquecimento térmico os frascos foram colocados na refrigeração durante 24 h.<br />

Após esta maturação dos géis, as <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> físicas dos mesmos foram medi<strong>das</strong> à temperatura<br />

controlada <strong>de</strong> 20±1 ºC e sala climatizada, no texturômetro TA-XT2 (Stable Micro System, UK).<br />

Realizou-se uma <strong>de</strong>terminação em cada frasco (replica) e portanto para cada amostra inicial<br />

obteve-se 3 réplicas. Para cada proporção <strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> proteínas, realizou-se este<br />

procedimento três vezes e como tal para cada proporção obteve-se assim 9 réplicas.<br />

3.2.3.2. Determinação da cor dos géis<br />

A cor dos géis foi analisada num colorímetro Minolta Chroma Meter CR-300 (Minolta, Japão),<br />

usando uma fonte <strong>de</strong> iluminação padrão D65 e os resultados foram avaliados pelo sistema <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> Lab*, também referido como sistema CIELAB. Neste sistema foram medidos os<br />

seguintes parâmetros: L*, a* e b*. A coor<strong>de</strong>nada L* me<strong>de</strong> a luminosida<strong>de</strong> da amostra em<br />

estudo, variando entre 0% (escuro) e 100% (claro). A componente a* varia por sua vez, entre -<br />

60 e +60. O valor <strong>de</strong> -60 correspon<strong>de</strong> ao ver<strong>de</strong> e o +60 ao vermelho. Finalmente, a componente<br />

b* varia igualmente entre os valores <strong>de</strong> -60 (azul) e +60 (amarelo).<br />

To<strong>das</strong> as <strong>de</strong>terminações foram efectua<strong>das</strong> usando para calibração um padrão branco.<br />

Para cada amostra foram efectua<strong>das</strong> seis medições/<strong>de</strong>terminações em diferentes pontos da<br />

mesma, a partir <strong>das</strong> quais se calculou a média, o <strong>de</strong>svio padrão e a percentagem <strong>de</strong> erro. Estes<br />

resultados apresentados foram obtidos à temperatura ambiente.<br />

A partir <strong>de</strong>stes três parâmetros foi calculado o valor <strong>de</strong> Whiteness (Pires, 2008) (brancura) para<br />

cada <strong>de</strong>terminação efectuada, correndo à seguinte fórmula:<br />

Whiteness = 100 – [(100 – L*) 2 + a* 2 + b* 2 ] 1/2<br />

21


Materiais e métodos<br />

Figura 6 - Representação esquemática do espaço da cor segundo o sistema L*, a* e b*.<br />

O valor <strong>de</strong> Whiteness representa o <strong>de</strong>svio em relação ao branco.<br />

3.2.3.3. <strong>Avaliação</strong> da textura<br />

As variáveis <strong>de</strong> textura foram obti<strong>das</strong> a partir da análise do perfil <strong>de</strong> textura realiza<strong>das</strong> num<br />

texturómetro TA-XT2 (Stable Micro System, UK) on<strong>de</strong> as amostras foram coloca<strong>das</strong> em frascos<br />

<strong>de</strong> vidro cilíndricos (altura: 5 cm; diâmetro: 4 cm). Realizou-se um teste <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> perfil<br />

<strong>de</strong> textura, em penetrometria, usando uma sonda <strong>de</strong> 10 mm <strong>de</strong> diâmetro (10 mm <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong>, 5 s <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> espera e 1 mm/s <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>).<br />

Os ensaios foram realizados 24 h <strong>de</strong>pois da preparação dos géis, como referenciado<br />

anteriormente e to<strong>das</strong> as medições foram efetua<strong>das</strong> numa sala com temperatura controlada a<br />

20±2ºC, tendo-se colocado os géis na sala 3 h antes <strong>das</strong> <strong>de</strong>terminações para estabelização da<br />

temperatura. As medições para cada amostra foram realiza<strong>das</strong> em triplicado.<br />

3.2.3.4. Comportamento viscoelástico linear dos géis<br />

A pasta obtida em cada formulação foi colocada no reómetro <strong>de</strong> tensão controlada RheoStress<br />

300 (RS-300 ThermoHaake, Alemanha), em que se proce<strong>de</strong>u à gelificação in situ. Com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se realizar os testes reológicos, utilizou-se um sistema sensor <strong>de</strong> pratos paralelos<br />

serrados (PP20- 20 mm <strong>de</strong> diâmetro) para prevenir o <strong>de</strong>slizamento da amostra e cobriu-se a<br />

22


Materiais e métodos<br />

amostra com parafina líquida (Rie<strong>de</strong>l-<strong>de</strong> Haen, d 20º C = 0,827-0,890 g/mL) para evitar a sua<br />

secagem, ao longo do ensaio.<br />

Efetuaram-se previamente testes <strong>de</strong> varrimentos em tensão <strong>de</strong> modo a garantir que todos os<br />

testes eram realizados em zonas <strong>de</strong> viscoelasticida<strong>de</strong> linear. Nestes testes <strong>de</strong> varrimento em<br />

tensão utilizou-se um intervalo <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> 1 Pa a 1000 Pa a uma frequência <strong>de</strong> 1 Hz e a uma<br />

temperatura <strong>de</strong> 20 ºC. Para a mistura 100PPR utilizou-se uma tensão <strong>de</strong> 100 Pa e para as<br />

restantes misturas utilizou-se uma tensão <strong>de</strong> 10 Pa.<br />

Após cerca <strong>de</strong> 5 min <strong>de</strong> espera a 20 ºC, para estabilização da temperatura <strong>das</strong> amostras,<br />

realizaram-se, sequencialmente, os seguintes testes:<br />

Varrimento em temperatura <strong>de</strong> 20 ºC a 90 ºC: proce<strong>de</strong>u-se a um ciclo <strong>de</strong> aquecimento da pasta<br />

<strong>de</strong> 20º C a 90º C <strong>de</strong> modo contínuo e automático no reómetro, a uma frequência constante <strong>de</strong> 1<br />

Hz.<br />

Varrimento em tempo a 90 ºC: realizou-se uma <strong>de</strong>snaturação proteica a 90 ºC durante 30<br />

minutos e a uma frequência constante <strong>de</strong> 1 Hz.<br />

Varrimento em temperatura <strong>de</strong> 90 ºC a 5 ºC: realizou-se posteriormente um ciclo <strong>de</strong><br />

arrefecimento <strong>de</strong> 90º C a 5º C <strong>de</strong> modo contínuo e automático pelo reómetro, a uma frequência<br />

constante <strong>de</strong> 1 Hz.<br />

Varrimento em tempo a 3 ºC: o <strong>de</strong>senvolvimento da estrutura <strong>das</strong> amostras foi acompanhado<br />

através <strong>de</strong> varrimentos em tempo a 3 ± 2 ºC, vulgarmente <strong>de</strong>signados por cinéticas <strong>de</strong><br />

maturação, registando os modulos <strong>de</strong> conservação e dissipação ao longo <strong>de</strong> 600 min. O teste<br />

realizou-se a uma frequência constante <strong>de</strong> 1 Hz.<br />

Varrimento em frequência a 3 ºC: Após esta maturação, efectuaram-se testes <strong>de</strong> varrimento em<br />

frequência a 3±2 ºC, com o objetivo <strong>de</strong> se obter um espectro mecânico <strong>de</strong> cada amostra em<br />

estudo, utilizando um intervalo <strong>de</strong> frequências <strong>de</strong> 0,001592 Hz – 23,87 Hz.<br />

Com o objectivo <strong>de</strong> se estudar a termoreversibilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> diferentes misturas, realizaram-se<br />

ainda os dois seguintes testes:<br />

Varrimento em temperatura <strong>de</strong> 5 ºC a 90 ºC: após os procedimentos anteriores, proce<strong>de</strong>u-se a<br />

um novo aquecimento <strong>de</strong> 5 ºC a 90 ºC, a uma frequência constante <strong>de</strong> 1 Hz.<br />

Varrimento em temperatura <strong>de</strong> 90 ºC a 5 ºC: finalmente, proce<strong>de</strong>u-se a um novo arrefecimento<br />

<strong>de</strong> 90 ºC a 5 ºC, a uma frequência constante <strong>de</strong> 1 Hz.<br />

23


Materiais e métodos<br />

A estrutura foi medida em termos <strong>de</strong> parâmetros reológicos: o módulo <strong>de</strong> conservação (G’), que<br />

contabiliza a componente elástica do material e o módulo <strong>de</strong> dissipação (G’’), que <strong>de</strong>screve a<br />

componente viscosa.<br />

3.2.4. Emulsões alimentares<br />

3.2.4.1. Preparação <strong>das</strong> emulsões óleo-em-água<br />

As emulsões óleo-em-água foram prepara<strong>das</strong> com 65 % (w/w) <strong>de</strong> óleo vegetal, 32 % (w/w) <strong>de</strong><br />

água <strong>de</strong>stilada e 3 % (w/w) <strong>de</strong> proteína. Foram estuda<strong>das</strong> 5 misturas diferentes <strong>das</strong> proteínas: 3<br />

% (w/w) <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha (100PE); 2,4% (w/w) proteína <strong>de</strong> ervilha + 0,6 % (w/w) proteína<br />

recuperada <strong>de</strong> pescada (80PE+20PRP); 1,5 % (w/w) <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha + 1,5 % <strong>de</strong> proteína<br />

recuperada <strong>de</strong> pescada (50PE+50PRP); 0,6 % (w/w) <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha + 2,4 (w/w) %<br />

proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (20PE+80PRP); 3 % (w/w) <strong>de</strong> proteína recuperada <strong>de</strong> pescada<br />

(100PRP). As misturas proteicas foram dispersas na água sob agitação magnética, durante 30<br />

min à temperatura ambiente. A emulsificação foi realizada a 13,000 rpm durante 5 min, usando<br />

um homogeneizador Ultra Torrax T-25 (IKA, Alemanha).<br />

As emulsões foram coloca<strong>das</strong> em recipientes <strong>de</strong> vidro cilíndricos, com 6 cm <strong>de</strong> diâmetro e 4,5<br />

cm <strong>de</strong> altura, a uma temperatura <strong>de</strong> 4 ºC durante 24 h.<br />

Como Raymundo (1999) mostrou, o pH <strong>das</strong> emulsões afeta as suas <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> físicas, como<br />

as <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> textura e as <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> viscoelásticas. Raymundo (1999) verificou que os<br />

molhos para salada comerciais apresentam um pH <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3,8 (em média) e como tal foi<br />

importante analisar os mesmos parâmetros estudados nas emulsões <strong>de</strong> pH 7 num pH 3,8, pois as<br />

emulsões em pH 7 po<strong>de</strong>m apresentar boas caraterísticas mas alterando o pH para 3,8, as mesmas<br />

po<strong>de</strong>m ser altera<strong>das</strong>. Por este motivo, neste trabalho prático prepararam-se emulsões segundo o<br />

método acima <strong>de</strong>scrito, ajustando o pH quer a 7 quer a 3,8. O pH <strong>das</strong> soluções proteicas foi<br />

ajustado com bicarbonato <strong>de</strong> sódio e ácido cítrico.<br />

Todos os ensaios foram realizados em duplicado.<br />

3.2.4.2. Determinação da cor <strong>das</strong> emulsões<br />

A <strong>de</strong>terminação <strong>das</strong> coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> da cor, L*, a*, b*, <strong>das</strong> emulsões prepara<strong>das</strong> a pH 7 e pH 3,8<br />

foi realizada tal como <strong>de</strong>scrito no ponto 3.2.3.2.<br />

24


Materiais e métodos<br />

3.2.4.3. Textura <strong>das</strong> emulsões<br />

As variáveis <strong>de</strong> textura <strong>das</strong> emulsões foram obti<strong>das</strong> a partir da análise do perfil <strong>de</strong> textura<br />

realiza<strong>das</strong> num texturómetro TA-XT2 (Stable Micro System, UK) on<strong>de</strong> as amostras foram<br />

coloca<strong>das</strong> em frascos <strong>de</strong> vidro cilíndricos (altura: 4,5 cm; diâmetro: 6 cm). Realizou-se um teste<br />

<strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> perfil <strong>de</strong> textura, em penetrometria, usando uma sonda <strong>de</strong> 25 mm <strong>de</strong> diâmetro<br />

(10 mm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, 5 s <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> espera e 2 mm/s <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>).<br />

Os ensaios foram realizados 24 h <strong>de</strong>pois da preparação <strong>das</strong> emulsões e to<strong>das</strong> as medições foram<br />

efetua<strong>das</strong> numa sala com temperatura controlada a 20 ± 2ºC, tendo-se colocado os na sala 3 h<br />

antes <strong>das</strong> <strong>de</strong>terminações para estabilização da temperatura. As medições para cada amostra<br />

foram realiza<strong>das</strong> em triplicado.<br />

3.2.4.4. Medições reológicas <strong>das</strong> emulsões<br />

Os testes viscoelásticos dinâmicos e a obtenção <strong>das</strong> curvas <strong>de</strong> escoamento foram realizados num<br />

reómetro <strong>de</strong> tensão controlada RheoStress 300 (RS-300 ThermoHaake, Alemanha), a 20±1 ºC.<br />

Realizou-se inicialmente um teste <strong>de</strong> varrimento <strong>de</strong> tensão para cada formulação, on<strong>de</strong> se<br />

registaram os valores <strong>de</strong> G’ e G’’ obtidos em função da tensão aplicada. Preten<strong>de</strong>-se com este<br />

teste <strong>de</strong>terminar previamente o intervalo <strong>de</strong> tensões no qual os módulos <strong>de</strong> conservação e <strong>de</strong><br />

dissipação são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da tensão aplicada e <strong>de</strong>ste modo, <strong>de</strong>terminar a tensão máxima que<br />

é possível aplicar ao material sem que ocorra ruptura da sua estrutura interna.<br />

Testes oscilatórios:<br />

Uma vez <strong>de</strong>finida a zona viscoelástica linear, efectuaram-se os testes <strong>de</strong> varrimento <strong>de</strong><br />

frequência ou testes oscilatórios, <strong>de</strong> modo a obter os espetros mecânicos <strong>de</strong> cada formulação em<br />

estudo. Para tal utilizou-se uma tensão <strong>de</strong> 1 Pa e um sistema sensor do tipo cone-prato, com 35<br />

mm <strong>de</strong> diâmetro e 2º <strong>de</strong> ângulo (C35/2), num intervalo <strong>de</strong> frequências entre 0,001000 Hz –<br />

100,0 Hz.<br />

Testes reológicos a diferentes velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação:<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> se obter as curvas <strong>de</strong> escoamento <strong>das</strong> diversas misturas em estudo,<br />

realizaram-se testes reológicos a diferentes velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação. Utilizaram-se<br />

velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação muito baixas que estão <strong>de</strong>ntro da zona <strong>de</strong> comportamento linear e<br />

<strong>de</strong>formações mais eleva<strong>das</strong> em que o comportamento do material é altamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação aplicada. Utilizou-se para tal, um sistema sensor do tipo prato-prato,<br />

com paralelos serrados <strong>de</strong> 20 mm <strong>de</strong> diâmetro (PP20) para impedir o <strong>de</strong>slizamento da amostra,<br />

25


Materiais e métodos<br />

como foi recomendado por Franco et al (1998b) para o caso <strong>de</strong> emulsões <strong>de</strong> isolados proteicos<br />

<strong>de</strong> ervilha.<br />

3.2.5. Preparação dos “molhos para salada”<br />

As emulsões óleo-em-água “molhos pra salada” foram prepara<strong>das</strong> com 65 % (w/w) <strong>de</strong> óleo<br />

vegetal, 29,8 % (w/w) <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada e 3 % (w/w) <strong>de</strong> proteína, 1% (w/w) <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> sódio<br />

(NaCl), 0,7 % (w/w) <strong>de</strong> ácido cítrico e 0,5 % (w/w) <strong>de</strong> vinagre. Foram estuda<strong>das</strong> as duas<br />

misturas que apresentaram parâmetros <strong>de</strong> textura semelhantes aos <strong>das</strong> maioneses comerciais<br />

(Raymundo, 1999): 0,6 % (w/w) <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha + 2,4 (w/w) % proteína <strong>de</strong> pescada e 1,5<br />

% (w/w) <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha + 1,5 % <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> pescada. Após a preparação <strong>de</strong>sta<br />

formulação, juntou-se 0,5 g <strong>de</strong> ervas “provence”a cada uma <strong>das</strong> misturas. Estas ervas<br />

“provence” são uma mistura francesa <strong>de</strong> ervas tais como tomilho, alecrim, segurelha, oregãos e<br />

alfazema. Este conjunto <strong>de</strong> ervas foi apenas adicionado nas emulsões utiliza<strong>das</strong> para a avaliação<br />

sensorial (às emulsões utliza<strong>das</strong> para a avaliação <strong>das</strong> <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> cor, textura e <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong><br />

viscoelásticas não foram adiciona<strong>das</strong> ervas “provence”).<br />

As misturas proteicas foram dispersas na água sob agitação magnética, durante 30 minutos à<br />

temperatura ambiente. A emulsificação foi realizada a 13,000 rpm durante 5 min, usando um<br />

homogeneizador Ultra Torrax T-25 (IKA, Alemanha). As emulsões foram coloca<strong>das</strong> em<br />

recipientes <strong>de</strong> plástico, com 5 cm <strong>de</strong> diâmetro e 7 cm <strong>de</strong> altura, a uma temperatura <strong>de</strong> 4 ºC<br />

durante 6 h.<br />

3.2.5.1. Análise sensorial<br />

A análise sensorial consistiu na avaliação <strong>de</strong> uma ou várias caraterísticas <strong>de</strong> um alimento por<br />

apreciação direta.<br />

A avaliação sensorial <strong>das</strong> emulsões <strong>das</strong> misturas <strong>de</strong> proteínas enriqueci<strong>das</strong> com ervas<br />

“provence” foi realizada por 12 provadores não treinados e para tal utilizou-se uma folha <strong>de</strong><br />

prova, adaptada <strong>de</strong> Raymundo (1999), com uma escala <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 0 a 10 (Anexo 2). A<br />

análise sensorial foi efectuada após cerca <strong>de</strong> 7 horas <strong>de</strong> refrigeração após a preparação <strong>das</strong><br />

emulsões. Utilizou-se um código formado por uma letra (A e B) para cada uma <strong>das</strong> 2 emulsões<br />

em estudo. As duas amostras foram apresenta<strong>das</strong> em pequenos recipientes <strong>de</strong> plástico, cada um<br />

com a respetiva i<strong>de</strong>ntificação: A (correspondia à emulsão da mistura 50PE+50PRP) e B<br />

(correspondia à emulsão da mistura 20PE+80PRP) (figura 7) e foram prova<strong>das</strong> aleatoriamente.<br />

26


Materiais e métodos<br />

Figura 7 - Amostra B - emulsão da mistura 20PE+80PRP e amostra A- emulsão da mistura<br />

50PE+50PRP.<br />

Foi pedido aos provadores que avaliassem os diversos parâmetros presentes na folha <strong>de</strong> prova,<br />

tais como os parâmetros do aspecto (cor), cheiro (ranço, vinagre, especiarias, estranho), textura<br />

(consistência, espalhabilida<strong>de</strong>, a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong>, granulosida<strong>de</strong>) e sabor (ácido, salgado, especiarias,<br />

estranho) e indicassem igualmente a apreciação global do produto.<br />

3.2.6. Tratamento estatístico<br />

O tratamento estatístico foi realizado no software Statistica (StatSoft, Inc., Tulsa, OK 74104,<br />

USA) versao 7, <strong>de</strong> 2004. Nos estudos em que se efetuaram tratamentos a diferentes níveis,<br />

recorreu-se à análise <strong>de</strong> variância (One-Way ANOVA) e a verificação dos prossupostos <strong>de</strong>ste<br />

teste, normalida<strong>de</strong> e homogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variâncias, foi efetuada através da aplicação dos testes<br />

<strong>de</strong> Kolmogorov-Smirnov e <strong>de</strong> Levene. Em geral, não se verificaram violações graves <strong>de</strong>stes<br />

pressupostos, pelo que se aplicaram métodos paramétricos: T-Stu<strong>de</strong>nt (comparação <strong>de</strong> dois<br />

grupos) e a análise <strong>de</strong> variância. Na comparação múltipla <strong>de</strong> grupos aplicou-se o teste <strong>de</strong><br />

Scheffé. Todos os testes foram realizados ao nível <strong>de</strong> significância α=0,05. Consi<strong>de</strong>rou-se<br />

significativa a diferença entre grupos sempre que p


Resultados e discussão<br />

4. Resultados e discussão<br />

4.1. Composição química<br />

Na tabela 1 são apresentados os valores da composição química dos subprodutos <strong>de</strong> pescada,<br />

<strong>das</strong> proteínas recupera<strong>das</strong> (PRP) antes e <strong>de</strong>pois da sua liofilização e <strong>das</strong> proteínas <strong>de</strong> ervilha<br />

(PE).<br />

Tabela 1 - Valores da composição química dos subprodutos <strong>de</strong> pescada, proteínas recupera<strong>das</strong>,<br />

proteínas recupera<strong>das</strong> secas e proteínas <strong>de</strong> ervilha. Os valores apresentados correspon<strong>de</strong>m à<br />

média e <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong>terminações. Valores na mesma coluna com letras diferentes<br />

significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05).<br />

Amostra (g) Proteína (%) Humida<strong>de</strong> (%) Gordura (%) Cinza (%)<br />

Subprodutos <strong>de</strong><br />

pescada 18,57 ± 0,2 a 80,03 ± 0,2 c 1,19 ± 0,1 a 2,3 ± 0,01 c<br />

Proteínas<br />

recupera<strong>das</strong> 19,18 ± 0,2 a 81,81 ± 0,4 d 1,13 ± 0,1 a 0,38 ± 0,08 a<br />

Proteínas<br />

recupera<strong>das</strong> secas 92,80 ± 1,2 b 6,57 ± 0,7 a 3,12 ± 0,2 b 1,03 ± 0,05 b<br />

Proteínas <strong>de</strong><br />

ervilha 80,87 ± 1,2 c 8,6 ± 0,1 b 2,00 ± 0,6 a 4,47 ± 0,02 d<br />

Pela observação da tabela, po<strong>de</strong>mos afirmar que as proteínas recupera<strong>das</strong> secas apresentam um<br />

teor <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> 92,8 %, valor este bastante maior que o teor em proteína dos subprodutos <strong>de</strong><br />

pescada e <strong>das</strong> proteínas recupera<strong>das</strong>. Este facto <strong>de</strong>ve-se ao processo <strong>de</strong> liofilização que permitiu<br />

a secagem <strong>das</strong> proteínas recupera<strong>das</strong>, diminuindo assim o seu teor em Humida<strong>de</strong> e aumentando<br />

proporcionalmente o teor em proteína.<br />

As proteínas recupera<strong>das</strong> secas apresentam um elevado teor <strong>de</strong> proteína (92,8 ± 1,2) e valores<br />

bastante reduzidos relativamente aos teores <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> (6,57 ± 0,7), gordura (3,12 ± 0,2) e<br />

cinza (1,03 ± 0,05).<br />

Num estudo semelhante, Pires (2008) obteve resultados idênticos relativamente aos teores <strong>de</strong><br />

proteína, humida<strong>de</strong>, gordura e cinza dos subprodutos <strong>de</strong> pescada, <strong>das</strong> proteínas recupera<strong>das</strong><br />

secas e <strong>das</strong> proteínas <strong>de</strong> ervilha.<br />

28


Resultados e discussão<br />

O isolado proteico <strong>de</strong> ervilha apresentava um teor <strong>de</strong> proteína significativamente inferior (p <<br />

0,05) (80,87 ± 1,2) ao <strong>das</strong> proteínas recupera<strong>das</strong> secas <strong>de</strong> pescado. Isto po<strong>de</strong> indicar a presença<br />

<strong>de</strong> fibras e hidratos <strong>de</strong> carbono no isolado <strong>de</strong> origem vegetal. Para além disso, o teor em cinza<br />

era também mais baixo no caso <strong>das</strong> proteínas <strong>de</strong> pescada o que parece mostrar que a maior parte<br />

dos sais são eliminados no sobrenadante obtido após a precipitação <strong>das</strong> proteínas. Alguma da<br />

gordura presente nos subprodutos <strong>de</strong> pescada é também eliminada durante o processo. Os<br />

valores da composição <strong>das</strong> proteínas recupera<strong>das</strong> por solubilização alcalina seguida <strong>de</strong><br />

precipitação a partir dos subprodutos <strong>de</strong> pescada são semelhantes aos <strong>de</strong>scritos para outros<br />

isolados proteicos <strong>de</strong> pescado obtidos a partir <strong>de</strong> diferentes matérias- primas (Sathivel et al.,<br />

2004, 2005, 2006; Sathivel e Bechtel, 2006; Shaviklo et al., 2011).<br />

4.2. Géis <strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> pescada e proteína <strong>de</strong> ervilha<br />

4.2.1. Caraterização da cor dos géis<br />

Os valores <strong>das</strong> coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> da cor, L*, a* e b* dos géis <strong>das</strong> misturas <strong>de</strong> PRP e <strong>de</strong> PE nas cinco<br />

proporções são apresentados na tabela 2.<br />

L* a* b*<br />

100PE 61,40 ± 1,74 d 1,72 ± 0,15 d 14,46 ± 0,75 c<br />

80PE+20PRP 62,24 ± 0,97 d 1,21 ± 0,15 c 13,56 ± 0,15 c<br />

50PE+50PRP 55,75 ± 3,83 b -0,14 ± 0,71 a 9,77 ± 2,84 a<br />

20PE+80PRP 53,26 ± 2,86 a 0,34 ± 0,74 b 10,68 ± 1,15 b<br />

100PRP 58,40 ± 2,37 c 1,12 ± 0,18 c 13,94 ± 0,92 c<br />

Tabela 2 - Determinação instrumental da cor – Coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> L*, a* e b* para os géis obtidos a<br />

partir <strong>de</strong> 5 misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> pescada e <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha. Os valores apresentados<br />

correspon<strong>de</strong>m à média e <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong>terminações. Valores na mesma coluna com<br />

letras diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05).<br />

29


W<br />

Resultados e discussão<br />

Os valores <strong>de</strong> L* (luminosida<strong>de</strong>) dos géis preparados com as diferentes misturas encontram-se<br />

no intervalo <strong>de</strong> 53 a 63. Este parâmetro dá conta da variação escuro – claro da cor, o que<br />

significa que, em termos <strong>de</strong> componente L*, todos os géis estudados apresentam uma tonalida<strong>de</strong><br />

clara, sendo o gel preparado com a mistura 20PE+80PRP o mais escuro. Para este parâmetro os<br />

géis <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as misturas em estudo são significativamente diferentes (p < 0,05) uns dos outros,<br />

à exceção dos géis <strong>das</strong> misturas 100PE e 80PE+20PRP.<br />

Relativamente aos valores <strong>de</strong> a* (ver<strong>de</strong>-vermelho), constatou-se igualmente que os géis <strong>de</strong> to<strong>das</strong><br />

as misturas são significativamente diferentes (p < 0,05) à exceção dos géis <strong>das</strong> misturas 100PRP<br />

e 80PE+20PRP. O gel que apresenta uma tonalida<strong>de</strong> mais avermelhada é o gel relativo à<br />

mistura 100PE (1,72 ± 0,15) e o que apresenta uma tonalida<strong>de</strong> mais esver<strong>de</strong>ada é o gel relativo<br />

à mistura 50PE+50PRP (-0,14 ± 0,71).<br />

Verifica-se que em relação à coor<strong>de</strong>nada da cor b* (azul-amarelo) os géis da mistura<br />

50PE+50PRP (9,77 ± 2,84) apresentam uma tonalida<strong>de</strong> menos amarela. Os géis da mistura<br />

100PE (14,46 ± 0,75) são os que apresentam uma tonalida<strong>de</strong> mais amarelada.<br />

Os géis preparados com a mistura 50PE+50PRP apresentam em simultâneo os valores mais<br />

baixos <strong>de</strong> a* e b* e, por isso, são os menos amarelos e menos vermelhos.<br />

100<br />

80<br />

60<br />

d d b a c<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

Figura 8 - Brancura dos géis obtidos a partir <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP;<br />

50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras diferentes significam médias estatisticamente<br />

diferentes (p < 0,05).<br />

30


Resultados e discussão<br />

Analisando os valores da brancura (W) na figura 8 verifica-se que todos os géis apresentam uma<br />

tonalida<strong>de</strong> bastante clara (o valor <strong>de</strong> W varia entre 52,03 e 59,86), contudo todos eles são<br />

significativamente diferentes entre si com exceção dos géis <strong>das</strong> misturas 100PE e 80PE+20PRP.<br />

4.2.2. Textura dos géis<br />

A partir do T.P.A realizado, obteve-se os diversos parâmetros <strong>de</strong> textura referenciados no ponto<br />

2.5.1.1.1. Contudo, na figura 9 apresentam-se apenas os valores da firmeza e da a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> dos<br />

géis preparados com as diferentes misturas <strong>de</strong> proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong> pescada e o isolado<br />

proteico <strong>de</strong> ervilha.<br />

Só a firmeza se mostra coerente, isto é, com tendência <strong>de</strong>finida e com baixos valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio<br />

padrão, para a <strong>de</strong>scrição <strong>das</strong> características <strong>de</strong> textura do gel.<br />

A a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> parecia ser um parâmetro interessante na caracterização da textura dos géis,<br />

contudo, como se po<strong>de</strong> observar na figura 9, este parâmetro apresenta uma gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong>,<br />

exibindo <strong>de</strong>svios padrão bastante elevados, o que faz com que não existam diferenças<br />

significativas (p ≥ 0,05) entre os géis avaliados. Como tal, parece não existir nenhuma relação<br />

entre a percentagem <strong>de</strong> proteínas <strong>de</strong> ervilha e a a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> dos géis.<br />

31


A<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> (N.s)<br />

Firmeza (N)<br />

Resultados e discussão<br />

8,00<br />

d<br />

6,00<br />

4,00<br />

2,00<br />

a<br />

a<br />

b<br />

c<br />

0,00<br />

100PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

(a)<br />

1,50<br />

1,00<br />

ab<br />

b<br />

ab<br />

(b)<br />

0,50<br />

a<br />

a<br />

0,00<br />

-0,50<br />

100PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

Figura 9 - Valores <strong>de</strong> firmeza (a) e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> (b) dos géis obtidos a partir <strong>das</strong> seguintes<br />

misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras diferentes<br />

significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05).<br />

A firmeza dos géis aumenta à medida que a percentagem <strong>de</strong> PPR aumenta nas misturas, sendo<br />

os géis preparados só com proteínas <strong>de</strong> pescada os mais firmes (valor da firmeza). No entanto, a<br />

firmeza dos géis preparados a partir <strong>das</strong> misturas 100PE e 80 PE+20PRP não são<br />

significativamente diferente (p ≥ 0,05).<br />

Com base nestes resultados, po<strong>de</strong> ser estudada a correlação entre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong><br />

pescada adicionada às misturas e a firmeza dos géis. A figura seguinte apresenta essa<br />

correlação.<br />

32


Firmeza (N)<br />

Resultados e discussão<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

y = 6,0578e -0,0275x<br />

R 2 = 0,9814<br />

0 20 40 60 80 100 120<br />

% proteína <strong>de</strong> ervilha<br />

Figura 10 - Correlação existente entre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha e a firmeza dos géis.<br />

Verifica-se que existe um <strong>de</strong>caimento exponencial da firmeza dos géis com o aumento do teor<br />

<strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha (ou a diminuição do teor <strong>de</strong> proteína recuperada <strong>de</strong> pescada). O<br />

coeficiente <strong>de</strong> correlação, R 2 é bastante elevado (0,9814) e como tal a equação obtida,<br />

Y=6,0578e -0,0275X , é a<strong>de</strong>quada para <strong>de</strong>screver a correlação entre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong><br />

ervilha adicionada e a firmeza dos géis.<br />

Com base nestes resultados e <strong>de</strong> acordo com Ziegler e Foegeding (1990) po<strong>de</strong>mos dizer que<br />

estamos perante um sistema incompatível <strong>de</strong> proteínas. Estes autores classificam os sistemas <strong>de</strong><br />

misturas <strong>de</strong> proteínas em compatíveis, semicompatíveis ou incompatíveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da<br />

interação entre os dois tipos diferentes <strong>de</strong> proteína. Este tipo <strong>de</strong> interacção afeta posteriormente<br />

as <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> do gel formado pelas proteínas. Neste estudo, as proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong><br />

pescada formam entre si uma re<strong>de</strong> proteica forte e como tal, os valores <strong>de</strong> firmeza dos geís da<br />

mistura 100PRP são elevados, como se po<strong>de</strong> observar na figura 9. Contudo, ao adicionarmos<br />

proteína <strong>de</strong> ervilha, verifica-se um <strong>de</strong>caimento exponencial da firmeza dos géis, cuja correlação<br />

é bastante explícita na figura 10. Este <strong>de</strong>caimento po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>vido ao facto da proteína <strong>de</strong><br />

ervilha actuar como um agente perturbador da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> gel <strong>das</strong> proteínas <strong>de</strong> pescada nestas<br />

misturas, perturbando <strong>de</strong>ste modo a re<strong>de</strong> formada pelas proteínas <strong>de</strong> pescada. Para esta<br />

diminuição dos valores <strong>de</strong> firmeza com o aumento do teor <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha, sugerida pelos<br />

mesmos autores, é o facto <strong>de</strong> estes dois diferentes tipos <strong>de</strong> proteínas po<strong>de</strong>rem formar re<strong>de</strong>s<br />

proteicas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e termodinamicamente incompatíveis.<br />

33


G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

4.2.3. Proprieda<strong>de</strong>s viscoelásticas dos géis<br />

Na figura seguinte estão representa<strong>das</strong> as curvas <strong>de</strong> aquecimento <strong>das</strong> 5 misturas <strong>de</strong> proteínas<br />

estuda<strong>das</strong>, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> observar a evolução dos módulos <strong>de</strong> conservação (G’) e dissipação<br />

(G’’) em função da temperatura <strong>de</strong> aquecimento (20 a 90 ºC).<br />

A<br />

B<br />

8,0E+03<br />

6,0E+03<br />

100PE<br />

1,0E+04<br />

8,0E+03<br />

80PE+20PRP<br />

4,0E+03<br />

6,0E+03<br />

4,0E+03<br />

2,0E+03<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

C<br />

2,0E+03<br />

0,0E+00<br />

100 % PRP<br />

0 20 40 60 80 100<br />

D<br />

T (ºC)<br />

3,0E+04<br />

50PE+50PRP<br />

4,0E+04<br />

20PE+80PRP<br />

2,0E+04<br />

3,0E+04<br />

2,0E+04<br />

1,0E+04<br />

1,0E+04<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

5,0E+04<br />

4,0E+04<br />

E<br />

100PRP<br />

3,0E+04<br />

2,0E+04<br />

1,0E+04<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

Figura 11 - A: Curva <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 100PE. B: Curva <strong>de</strong><br />

aquecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 80PE+20PRP. C: Curva <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC<br />

da mistura <strong>de</strong> 50PE+50PRP; D: Curva <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong><br />

20PE+80PRP. E: Curva <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 100PRP. G’ (Símbolo<br />

cheio), G’’ (Símbolo aberto).<br />

34


Resultados e discussão<br />

Durante o aquecimento, verifica-se um <strong>de</strong>créscimo inicial do valor <strong>de</strong> G’ até à temperatura <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 75 ºC, nas misturas <strong>de</strong> 100PE, 80PE+20PRP e 50PE+50PRP. Nestas 3 misturas e após<br />

esta temperatura, o <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> G´ torna-se ainda mais acentuado. Nas outras misturas<br />

(20PE+80PRP e 100PRP) ocorre um <strong>de</strong>créscimo acentuado no valor <strong>de</strong> G’ até cerca dos 35 ºC e<br />

a partir <strong>de</strong>sta temperatura regista-se um ligeiro aumento do valor <strong>de</strong> G’ até cerca dos 50 º C.<br />

Des<strong>de</strong> esta temperatura e até aos 90 ºC o valor <strong>de</strong> G’ manteve-se praticamente constante.<br />

Os valores dos módulos G’ e G’’ são mais elevados à medida que a percentagem <strong>de</strong> PE diminui<br />

nas misturas e consequentemente a percentagem <strong>de</strong> PPR aumenta.<br />

Pires et al. (2012) estudaram as <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> reológicas <strong>de</strong> proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong><br />

subprodutos <strong>de</strong> pescada secas com diferentes percentagens <strong>de</strong> proteína (17,5 %, 10 % e 5 %) e<br />

obtiveram curvas <strong>de</strong> aquecimento semelhantes às obti<strong>das</strong> neste estudo com a mistura 100PRP.<br />

A curva <strong>de</strong> aquecimento correspon<strong>de</strong>nte à mistura 100PRP apresenta um comportamento típico<br />

<strong>das</strong> proteínas miofibrilares, uma vez que se regista uma diminuição acentuada do valor <strong>de</strong> G’ até<br />

uma temperatura <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 35 ºC, seguida <strong>de</strong> um aumento do mesmo à medida que a<br />

temperatura aumenta. Este comportamento vai sendo atenuado à medida que se adicionam na<br />

mistura as proteínas <strong>de</strong> ervilha. Este comportamento do módulo <strong>de</strong> conservação típico <strong>das</strong><br />

proteínas miofibrilares foi também verificado por outros autores como Romero et al. (2009). No<br />

início do tratamento térmico (T


G'; G'' (pa)<br />

G';G'' (Pa)<br />

G';G'' (Pa)<br />

G';G'' (Pa)<br />

G';G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

A<br />

B<br />

4,0E+03<br />

3,0E+03<br />

4,0E+03<br />

100PE % PE 80PE+20PRP<br />

3,0E+03<br />

2,0E+03<br />

2,0E+03<br />

1,0E+03<br />

1,0E+03<br />

0,0E+00<br />

0 5 10 15 20 25 30 35<br />

t (min)<br />

0,0E+00<br />

0 5 10 15 20 25 30 35<br />

t (min)<br />

C<br />

D<br />

1,2E+04<br />

50PE+50PRP<br />

3,0E+04<br />

20PE+80PRP<br />

8,0E+03<br />

2,0E+04<br />

4,0E+03<br />

1,0E+04<br />

0,0E+00<br />

0 5 10 15 20 25 30 35<br />

t (min)<br />

5,0E+04<br />

E<br />

0,0E+00<br />

0 5 10 15 20 25 30 35<br />

t (min)<br />

100PRP<br />

4,0E+04<br />

3,0E+04<br />

2,0E+04<br />

1,0E+04<br />

0,0E+00<br />

0 5 10 15 20 25 30 35<br />

t (min)<br />

Figura 12 - A: Aquecimento durante 30 min da mistura <strong>de</strong> 100PE. B: Aquecimento durante 30<br />

min da mistura <strong>de</strong> 80PE+20PRP. C: Aquecimento durante 30 min da mistura <strong>de</strong> 50PE+50PRP;<br />

D: Aquecimento durante 30 min da mistura <strong>de</strong> 20PE+80PRP. E: Aquecimento durante 30 min<br />

da mistura <strong>de</strong> 100PRP. G’ (Símbolo cheio), G’’ (Símbolo aberto).<br />

Na figura 12 estão presentes os módulos G’ e G’’ obtidos durante o aquecimento <strong>das</strong> proteínas,<br />

durante 30 min. As proteínas estão praticamente <strong>de</strong>snatura<strong>das</strong> após 10 min a 90 ºC, uma vez que<br />

a partir <strong>de</strong>ste tempo as 5 misturas em estudo apresentam valores <strong>de</strong> G’ e G’’ praticamente<br />

constantes até ao final <strong>de</strong>sta etapa. Assim, parece que a maior <strong>de</strong>snaturação <strong>das</strong> proteínas ocorre<br />

durante o processo <strong>de</strong> aquecimento, on<strong>de</strong> ocorre uma maior variação do valor <strong>de</strong> G’.<br />

36


G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

A<br />

B<br />

1,2E+04<br />

100PE<br />

1,2E+04<br />

80PE+20PRP<br />

9,0E+03<br />

8,0E+03<br />

6,0E+03<br />

3,0E+03<br />

4,0E+03<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

C<br />

D<br />

3,0E+04<br />

50PE+50PRP<br />

8,0E+04<br />

20PE+80PRP<br />

2,0E+04<br />

6,0E+04<br />

4,0E+04<br />

1,0E+04<br />

2,0E+04<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

E<br />

2,0E+05<br />

1,6E+05<br />

100PRP<br />

1,2E+05<br />

8,0E+04<br />

4,0E+04<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

Figura 13 - A: Curva <strong>de</strong> arrefecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 100PE. B: Curva <strong>de</strong><br />

arrefecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 80PE+20PRP. C: Curva <strong>de</strong> arrefecimento <strong>de</strong> 20 a 90<br />

ºC da mistura <strong>de</strong> 50PE+50PRP; D: Curva <strong>de</strong> arrefecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong><br />

20PE+80PRP. E: Curva <strong>de</strong> arrefecimento <strong>de</strong> 20 a 90 ºC da mistura <strong>de</strong> 100PRP. G’ (Símbolo<br />

cheio), G’’ (Símbolo aberto).<br />

37


Resultados e discussão<br />

A evolução dos valores <strong>de</strong> G’ e G’’ em função da temperatura durante o arrefecimento <strong>de</strong> 90 ºC<br />

a 5 ºC, está representada na figura 13. Em to<strong>das</strong> as misturas ocorre um aumento gradual dos<br />

módulos viscoelásticos com o arrefecimento <strong>de</strong> 90 a 5 ºC e G’ é maior do que G’’, ou seja,<br />

to<strong>das</strong> as amostras apresentam uma maior componente elástica. Este aumento dos dois módulos<br />

viscoelásticos ocorre <strong>de</strong>vido a interacções físicas, principalmente ligações <strong>de</strong> hidrogénio, já que<br />

o gel é termoreversível (como se mostra no ponto 4.2.4.). Estas ligações <strong>de</strong> hidrogénio entre os<br />

aminoácidos e as moléculas <strong>de</strong> água, forma<strong>das</strong> maioritariamente durante o arrefecimento,<br />

po<strong>de</strong>m ser importantes na estabilização do sistema proteico. Além disso, estas ligações<br />

contribuem também para imobilizar a água na re<strong>de</strong> <strong>das</strong> moléculas proteicas (Lanier et al., 2005).<br />

Comparando estes resultados com o estudo efetuado por Pires et al. (2012) mencionado<br />

anteriormente, as curvas <strong>de</strong> arrefecimento da mistura 100PRP e a obtida por estes autores são<br />

bastante semelhantes, uma vez que em ambas suce<strong>de</strong> um aumento gradual dos valores <strong>de</strong> G’ e<br />

G’’ com a diminuição <strong>de</strong> temperatura.<br />

Nunes (2005) estudou o efeito <strong>de</strong> três diferentes concentrações (12 %, 12 % e 16 %) <strong>de</strong> proteína<br />

<strong>de</strong> ervilha nas <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> reológicas <strong>de</strong> géis. Comparando as curvas <strong>de</strong> arrefecimento da<br />

concentração <strong>de</strong> 16 % <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha obtida por Nunes (2005) com a curva <strong>de</strong><br />

arrefecimento da mistura 100PE, verifica-se uma semelhança no comportamento que o G’ e G’’<br />

tomam, uma vez que, em ambas as curvas se observa um aumento gradual dos módulos<br />

viscoelásticos com a diminuição da temperatura. Este comportamento é característico <strong>das</strong><br />

proteínas globulares. Contudo, o valor <strong>de</strong> G’ correspon<strong>de</strong>nte à temperatura final <strong>de</strong><br />

arrefecimento (5 ºC) mistura 100PE obtida neste trabalho prático, é mais elevado nas misturas<br />

00PE (cerca <strong>de</strong> 1100 Pa) do que nos geís simples <strong>de</strong> ervilha obtidos por Nunes (2005) (cerca <strong>de</strong><br />

525). Esta diferença é por certo <strong>de</strong>vida à diferença da composição dos isolados proteicos<br />

utilizados nos diferentes estudos.<br />

Este aumento gradual do módulo <strong>de</strong> conservação (G’) resulta <strong>de</strong> uma contínua reorganização da<br />

re<strong>de</strong> do gel, já que as partículas poliméricas po<strong>de</strong>m juntar-se dando origem a ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>nsas e<br />

ao aumento <strong>das</strong> interações proteína/proteína (van Vliet et al., 2002).<br />

38


G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

A<br />

B<br />

1,6E+04<br />

100PE<br />

1,6E+04<br />

80PE+20PRP<br />

1,2E+04<br />

1,2E+04<br />

8,0E+03<br />

4,0E+03<br />

0,0E+00<br />

0 100 200 300 400 500 600 700<br />

t (min)<br />

8,0E+03<br />

4,0E+03<br />

0,0E+00<br />

0 100 200 300 400 500 600 700<br />

t (min)<br />

E<br />

C<br />

4,0E+04<br />

50PE+50PRP<br />

8,0E+04<br />

80PE+20PRP 20PE+80PRP<br />

3,0E+04<br />

6,0E+04<br />

2,0E+04<br />

4,0E+04<br />

1,0E+04<br />

2,0E+04<br />

0,0E+00<br />

0 100 200 300 400 500 600 700<br />

t (min)<br />

0,0E+00<br />

0 100 200 300 400 500 600 700<br />

t (min)<br />

B<br />

3,0E+05<br />

100PRP 100PRP<br />

2,0E+05<br />

1,0E+05<br />

0,0E+00<br />

0 100 200 300 400 500 600 700<br />

t (min)<br />

Figura 14 - A: Cinéticas <strong>de</strong> maturação a 3 ºC, durante 600 min da mistura <strong>de</strong> 100PE. B:<br />

Cinéticas <strong>de</strong> maturação a 3 ºC, durante 600 min da mistura <strong>de</strong> 80PE+20PRP. C: Cinéticas <strong>de</strong><br />

maturação a 3 ºC, durante 600 min da mistura <strong>de</strong> 50 PE+50PRP; D: Cinéticas <strong>de</strong> maturação a 3<br />

ºC, durante 600 min da mistura <strong>de</strong> 20PE+80PRP. E: Cinéticas <strong>de</strong> maturação a 3 ºC, durante 600<br />

min da mistura <strong>de</strong> 100PRP. G’ (Símbolo cheio), G’’ (Símbolo aberto).<br />

Na figura 14 estão apresenta<strong>das</strong> as cinéticas <strong>de</strong> maturação dos géis <strong>das</strong> 5 misturas <strong>de</strong> proteína<br />

recuperada <strong>de</strong> pescada e <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha. Em to<strong>das</strong> as misturas o valor <strong>de</strong> G’ mantém-se<br />

39


Resultados e discussão<br />

praticamente constante ao longo dos 600 min <strong>de</strong> maturação. Este facto permite afirmar que<br />

nestas 4 misturas, os géis já estão praticamente formados no início da maturação. À medida que<br />

a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PE diminui (e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PRP aumenta) na mistura, o valor <strong>de</strong> G’ vai<br />

aumentando. Como tal, o aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PRP na proporção da mistura resulta em<br />

géis mais estruturados <strong>de</strong>vido à formação <strong>de</strong> uma estrutura mais forte da actina e da miosina<br />

(Pires et al., 2012). Relativamente à mistura 80PE+20PRP, esta apresenta um comportamento<br />

diferente <strong>das</strong> restantes. O comportamento do módulo <strong>de</strong> conservação (G’) é caraterizado por um<br />

ligeiro <strong>de</strong>créscimo até cerca <strong>de</strong> 500 min <strong>de</strong> maturação e apenas nos últimos 100 min da mesma é<br />

que se observa um ligeiro aumento no valor <strong>de</strong> G’. Tal po<strong>de</strong> ser explicado pela<br />

incompatibilida<strong>de</strong> entre os dois tipos <strong>de</strong> proteínas, que nestas proporções tornam este<br />

comportamento mais evi<strong>de</strong>nte.<br />

Nunes (2005) verificou que nas cinéticas <strong>de</strong> maturação dos géis <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha com uma<br />

concentração <strong>de</strong> 16 % <strong>de</strong> proteína, o comportamento do módulo <strong>de</strong> conservação (G’) é<br />

caracterizado por uma subida rápida nas primeiras horas, seguida <strong>de</strong> uma evolução mais lenta.<br />

Este comportamento não ocorre na cinética <strong>de</strong> maturação da mistura <strong>de</strong> 100PE, uma vez que<br />

este gel tem 20 % <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha e observa-se que o valor <strong>de</strong> G’ é praticamente constante<br />

(variando apenas <strong>de</strong> 12000 a 12500 Pa) ao longo dos 600 min da maturação, o que indica que a<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> gel já está reorganizada.<br />

Pires et al. (2012) num estudo com proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong> subprodutos <strong>de</strong> pescada obtiveram<br />

uma curva <strong>de</strong> maturação muito semelhante à obtida neste estudo. Outros autores (Yongwatdigul<br />

e Park, 2004) referem valores <strong>de</strong> G´<strong>de</strong>ntro da gama dos encontrados neste estudo.<br />

40


G';G'' (Pa)<br />

G';G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

G';G'' (Pa)<br />

G';G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

A<br />

B<br />

1,00E+05<br />

100PE<br />

100PE<br />

1,00E+05<br />

80PE+20PRP<br />

20PE+80PRP<br />

1,00E+04<br />

1,00E+04<br />

1,00E+03<br />

1,00E+03<br />

1,00E+02<br />

1,00E-04 1,00E-03 1,00E-02 1,00E-01 1,00E+00 1,00E+01 1,00E+02<br />

f (Hz)<br />

1,00E+02<br />

1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02<br />

f (Hz)<br />

C<br />

D<br />

1,0E+05<br />

50PE+50PRP<br />

1,0E+06<br />

80PE+20PRP<br />

20PE+80PRP<br />

1,0E+05<br />

1,0E+04<br />

1,0E+04<br />

1,0E+03<br />

1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02<br />

f (Hz)<br />

1,0E+06<br />

E<br />

1,0E+03<br />

1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02<br />

f (Hz)<br />

100PRP<br />

1,0E+05<br />

1,0E+04<br />

1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02<br />

f (Hz)<br />

Figura 15 - A: Espetro mecânico da mistura <strong>de</strong> 100PE. B: Espetro mecânico da mistura <strong>de</strong><br />

80PE+20PRP. C: Espetro mecânico da mistura <strong>de</strong> 50PE+50PRP; D: Espetro mecânico da<br />

mistura <strong>de</strong> 20PE+80PRP. E: Espetro mecânico da mistura <strong>de</strong> 100PRP. G’ (Símbolo cheio), G’’<br />

(Símbolo aberto).<br />

Na figura 15 estão representados os espetros mecânicos obtidos a 3 ºC, para as 5 misturas em<br />

estudo. O módulo <strong>de</strong> conservação (G’) apresenta sempre valores superiores ao módulo <strong>de</strong><br />

dissipação (G’’) na gama <strong>de</strong> frequências utiliza<strong>das</strong> e ambos são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da frequência um<br />

comportamento característico <strong>de</strong> um gel fraco. Este comportamento foi igualmente verificado<br />

41


G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

por outros autores como Nunes (2005), Romero et al. (2009) e Pires et al. (2012). Nas 5<br />

misturas, o valor <strong>de</strong> G’ é praticamente superior em uma década ao valor <strong>de</strong> G’’, o que significa<br />

que to<strong>das</strong> as misturas apresentam um comportamento <strong>de</strong> gel, on<strong>de</strong> um melhoramento<br />

significativo da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> gel é claramente induzido pelo processamento térmico (Romero et al.,<br />

2009). À medida que se diminui a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PE na formulação dos géis (ou se aumenta a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PRP), os mesmos apresentam valores <strong>de</strong> G’ e G’’ cada vez maiores, o que indica<br />

que quanto maior for a percentagem <strong>de</strong> PRP na mistura, mais consistente será o gel formado.<br />

4.2.4. Termoreversibilida<strong>de</strong> dos géis<br />

De modo a estudar a termoreversibilida<strong>de</strong> dos géis preparados com as 5 misturas, foi realizado<br />

um 2º ciclo <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 5 ºC a 90 ºC, seguido <strong>de</strong> um arrefecimento imediato <strong>de</strong> 90 ºC a 5<br />

ºC (Figura 16).<br />

1,6E+04<br />

1,2E+04<br />

A<br />

100PE<br />

8,0E+03<br />

4,0E+03<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

1,2E+04<br />

8,0E+03<br />

B<br />

8PE+20PR<br />

P<br />

4,0E+03<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

42


G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

G'; G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

C<br />

4,0E+04<br />

3,0E+04<br />

50PE+50PR<br />

P<br />

2,0E+04<br />

1,0E+04<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

D<br />

9,0E+04<br />

20PE+80PRP<br />

6,0E+04<br />

3,0E+04<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

3,0E+05<br />

E<br />

100PRP<br />

2,0E+05<br />

1,0E+05<br />

0,0E+00<br />

0 20 40 60 80 100<br />

T (ºC)<br />

Figura 16 - 1º aquecimento <strong>de</strong> 20 ºC a 90 ºC (♦) ; 1º arrefecimento <strong>de</strong> 90 ºC a 5 ºC (●) ; 2º<br />

aquecimento <strong>de</strong> 5 ºC a 90 ºC (■), seguido do 2º arrefecimento imediato <strong>de</strong> 90 ºC a 5 ºC (▲).A:<br />

Mistura 100PE; B:Mistura 80PE+20PRP; C: Mistura 50PE+50PRP; D: 20PE+80PRP; E:<br />

100PRP. G’ (Símbolo cheio), G’’ (Símbolo aberto).<br />

43


Resultados e discussão<br />

Analisando a figura anterior, verifica-se que todos os géis são praticamente termoreversíveis,<br />

isto é, recuperam quase totalmente do ciclo <strong>de</strong> aquecimento-arrefecimento, sendo o valor <strong>de</strong> G’<br />

no final do 2º ciclo <strong>de</strong> aquecimento/arrefecimento bastante semelhante ao valor do G’ no final<br />

do 1º ciclo <strong>de</strong> aquecimento/arrefecimento. Como se po<strong>de</strong> observar na figura 16, o gel mais<br />

termoreversível é o gel correspon<strong>de</strong>nte à mistura <strong>de</strong> 100PRP, à qual correspon<strong>de</strong> 20 % <strong>de</strong><br />

proteína <strong>de</strong> pescada. Estes resultados vão ao encontro com os resultados obtidos por Pires et al.<br />

(2012). Estes autores constataram que géis preparados com teores <strong>de</strong> proteína recuperada <strong>de</strong><br />

pescada <strong>de</strong> 17,5 %, 12,5 % e 10 % são igualmente termoreversíveis.<br />

4.3. Emulsões <strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> pescada e proteína <strong>de</strong> ervilha a pH 7<br />

4.3.1. Caraterização da cor <strong>das</strong> emulsões<br />

Na tabela 4 estão representa<strong>das</strong> as coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> <strong>de</strong> cor, L*, a* e b* <strong>das</strong> emulsões a pH 7<br />

prepara<strong>das</strong> a partir <strong>das</strong> 5 misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha e proteína recuperada <strong>de</strong> pescada<br />

estuda<strong>das</strong>.<br />

Tabela 3 – Determinação instrumental da cor – Coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> L*, a* e b* <strong>das</strong> emulsões a pH 7<br />

prepara<strong>das</strong> com as misturas 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP.<br />

Valores na mesma coluna com letras diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p<br />

< 0,05).<br />

L* a* b*<br />

100PE 88,21 ± 0,70 ab -0,24 ± 0,25 bd 7,88 ± 0,30 cd<br />

80PE+20PRP 91,90 ± 7,20 bc 0,12 ± 0,65 cd 5,13 ± 3,01 ab<br />

50PE+50PRP 87,74 ± 0,33 a -0,55 ± 0,08 ab 6,50 ± 0,04 bc<br />

20PE+80PRP 92,64 ± 6,40 c -0,28 ± 0,95 bc 4,16 ± 2,85 a<br />

100PRP 86,72 ± 0,12 a -1,01 ± 0,07 a 6,64 ± 0,12 bd<br />

As 5 emulsões a pH 7 <strong>das</strong> diferentes misturas em estudo neste trabalho prático apresentam um<br />

valor <strong>de</strong> L* elevado, encontrando-se no intervalo <strong>de</strong> 86 a 93 (tabela 3). Este parâmetro dá conta<br />

da variação escuro-claro da cor, o que significa que to<strong>das</strong> as emulsões a pH 7 apresentam uma<br />

44


W<br />

Resultados e discussão<br />

tonalida<strong>de</strong> bastante clara. A emulsão da mistura 20PE+80PRP é a emulsão mais clara em termos<br />

<strong>de</strong> componente <strong>de</strong> L*, uma vez que apresenta o maior valor <strong>de</strong>ste parâmetro (92,64 ± 6,40) e a<br />

emulsão da mistura 100PRP é a emulsão mais escura, apresentando obviamente o valor mais<br />

baixo (86,72 ± 0,12).<br />

Relativamente à componente a*, que correspon<strong>de</strong> à variação ver<strong>de</strong>-vermelho, constata-se que<br />

to<strong>das</strong> as emulsões apresentam valores negativos <strong>de</strong> a*, sendo a emulsão com uma tonalida<strong>de</strong><br />

mais avermelhada a da mistura 80PE+20PRP (0,12 ± 0,65) e a emulsão com uma tonalida<strong>de</strong><br />

mais esver<strong>de</strong>ada a da mistura 100PRP (-1,01 ± 0,07).<br />

Em relação à coor<strong>de</strong>nada b*, constata-se que as 5 emulsões <strong>das</strong> diferentes misturas em estudo<br />

neste trabalho prático apresentam valores <strong>de</strong> b* baixos, variando os mesmos entre 4 e 8. Estes<br />

resultados correspon<strong>de</strong>m a uma tonalida<strong>de</strong> amarelada <strong>das</strong> 5 emulsões em estudo. Verifica-se<br />

também que a emulsão que apresenta uma tonalida<strong>de</strong> significativamente mais amarelada (p <<br />

0,05) é a emulsão preparada a partir da mistura 100PE e a emulsão que apresenta uma<br />

tonalida<strong>de</strong> menos amarela é a emulsão obtida a partir da mistura 20PE+80PRP.<br />

100<br />

80<br />

a<br />

bc<br />

ab<br />

c<br />

a<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

Figura 17 - Valores da brancura <strong>das</strong> emulsões a pH 7 prepara<strong>das</strong> com as misturas 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras diferentes significam médias<br />

estatisticamente diferentes (p < 0,05).<br />

Por observação da figura 17, verifica-se que to<strong>das</strong> as emulsões prepara<strong>das</strong> a partir <strong>das</strong> cinco<br />

diferentes misturas apresentam valores <strong>de</strong> brancura elevados. Para além disso, parece não existir<br />

nenhuma relação entre a percentagem <strong>de</strong> proteína e este parâmetro.<br />

45


A<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> (N.s)<br />

Firmeza (N)<br />

Resultados e discussão<br />

4.3.2. Textura <strong>das</strong> emulsões<br />

Relativamente aos parâmetros <strong>de</strong> textura <strong>das</strong> emulsões (a pH7 e a pH 3,8), tal como no ponto<br />

4.2.2., apenas são apresentados os parâmetros <strong>de</strong> firmeza e a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> visto que neste tipo <strong>de</strong><br />

produtos, estes dois parâmetros são os mais importantes na sua caracterização.<br />

1,00<br />

0,80<br />

0,60<br />

0,40<br />

0,20<br />

a<br />

ab<br />

c<br />

c<br />

b<br />

0,00<br />

100PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

(a)<br />

2,50<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

a<br />

ab<br />

bc<br />

c<br />

ab<br />

(b)<br />

0,00<br />

100PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

Figura 18 - Valores <strong>de</strong> firmeza (a) e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> (a) <strong>das</strong> emulsões prepara<strong>das</strong> com as<br />

seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras<br />

diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05).<br />

Os valores <strong>de</strong> firmeza e a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> <strong>das</strong> 5 emulsões em estudo obtidos a partir dos testes<br />

empíricos <strong>de</strong> perfil <strong>de</strong> textura (T.P.A.) encontram-se representados na figura 18. As emulsões<br />

prepara<strong>das</strong> com as misturas 50PE+50PRP e 20PE+80PRP são significativamente mais firmes (p<br />

46


G'; G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

< 0,05) do que as restantes. Pelo contrário, as emulsões prepara<strong>das</strong> só com proteína <strong>de</strong> ervilha<br />

são significativamente menos firmes (p < 0.05).<br />

A a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões prepara<strong>das</strong> com as diferentes misturas apresenta uma tendência<br />

semelhante à firmeza com o aumento da percentagem <strong>de</strong> proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong> pescada.<br />

Assim, é a emulsão preparada com 100PE que apresenta um valor <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong><br />

significativamente inferior (p < 0,05) ao <strong>das</strong> restantes. Pelo contrário, a emulsão que apresenta<br />

uma maior a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> é a emulsão da mistura 20PE+80PRP.<br />

4.3.3. Proprieda<strong>de</strong>s viscolásticas <strong>das</strong> emulsões<br />

Na Figura seguinte (figura 19) po<strong>de</strong> avaliar-se os varrimentos <strong>de</strong> tensão <strong>das</strong> emulsões a pH 7<br />

em função <strong>das</strong> diferentes proporcões mássicas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha e proteína recuperada <strong>de</strong><br />

pescada.<br />

1,0E+04<br />

1,0E+03<br />

1,0E+02<br />

1,0E+01<br />

1,0E+00<br />

1,0E-01<br />

1,0E-02<br />

1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02 1,0E+03 1,0E+04<br />

t (Pa)<br />

G' 100PE G' 100PE G'' 80PE+20PRP G'' 80PE+20PRP G' 50PE+50PRP G'' 50PE+50PRP<br />

G' 20PE+80PRP G'' 20PE+80PRP G' 100PRP G'' 100PRP<br />

Figura 19 - Varrimentos <strong>de</strong> tensão <strong>das</strong> emulsões a pH 7 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP.<br />

Em to<strong>das</strong> as misturas, o intervalo <strong>de</strong> tensões no qual os módulos <strong>de</strong> conservação e <strong>de</strong> dissipação<br />

são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da tensão aplicada (zona <strong>de</strong> viscoelasticida<strong>de</strong> linear) situa-se sensivelmente<br />

entre os 0,5 e 10 Pa e, como tal, <strong>de</strong>ste último valor, qualquer tensão aplicada po<strong>de</strong>rá<br />

eventualmente provocar uma ruptura da estrutura interna do material. O comportamento<br />

47


G'; G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

viscoelástico linear que estas emulsões apresentam é semelhante ao comportamento caraterístico<br />

<strong>das</strong> emulsões flocula<strong>das</strong> (Franco et al, 1997; Franco et al, 1998a; Raymundo et al, 2002).<br />

Na figura seguinte (figura 20) estão representados os espetros mecânicos <strong>das</strong> 5 misturas dos<br />

dois tipos <strong>de</strong> proteína. Os espectros mecânicos apresentados na figura anterior mostram que as<br />

amostras <strong>das</strong> misturas 50PE+50PRP e 20PE+80PRP são as emulsões mais estrutura<strong>das</strong><br />

apresentando valores <strong>de</strong> G’e G’’ mais elevados que as restantes. Parece existir um efeito<br />

sinergético nestas duas misturas o que leva à estabilização da estrutura. Em todos os casos, G’ ><br />

G’’, isto é, to<strong>das</strong> as amostras apresentam sistemas estruturados com a componente elástica<br />

superior à componente viscosa. To<strong>das</strong> estas emulsões apresentam espetros mecânicos típicos <strong>de</strong><br />

emulsões proteicas estabiliza<strong>das</strong> nas quais uma re<strong>de</strong> proteica é <strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong>vido à ocorrência<br />

<strong>de</strong> um extenso processo <strong>de</strong> floculação em ponte (Franco et al., 1998a). De acordo com os<br />

resultados obtidos a mistura 100PE é a mistura que dá origem a emulsões menos estrutura<strong>das</strong>,<br />

uma vez que apresenta valores <strong>de</strong> G’ e G’’ mais baixos que as restantes.<br />

1,0E+04<br />

1,0E+03<br />

1,0E+02<br />

1,0E+01<br />

1,0E+00<br />

1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02<br />

f (Hz)<br />

G' 100PE G'' 100PE G' 80PE+20PRP G'' 80PE+20PRP G' 50PE+50PRP G'' 50PE+50PRP<br />

G' 20PE+80PRP G'' 20PE+80PRP G' 100PRP G'' 100PRP<br />

Figura 20 - Espetros mecânicos <strong>das</strong> emulsões a pH 7 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP.<br />

48


Eta (Pa.s)<br />

Resultados e discussão<br />

Raymundo et al. (2005) estudaram as <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> reológicas e <strong>de</strong> textura <strong>de</strong> emulsões<br />

prepara<strong>das</strong> com proteínas <strong>de</strong> ervilha. Neste estudo apresentam um espectro mecânico com<br />

comportamento dos módulos viscoelásticos semelhante, uma vez que o valor <strong>de</strong> G’ é sempre<br />

superior ao valor <strong>de</strong> G’’ na faixa <strong>de</strong> frequência utilizada e a evolução do valor do módulo <strong>de</strong><br />

conservação com a frequência mostra uma tendência para o <strong>de</strong>senvolvimento da região <strong>de</strong><br />

plateau.<br />

1,0E+06<br />

1,0E+05<br />

1,0E+04<br />

1,0E+03<br />

1,0E+02<br />

1,0E+01<br />

1,0E+00<br />

1,0E-01<br />

1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02 1,0E+03 1,0E+04<br />

Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação (s -1 )<br />

Eta 100PE Eta 80PE+20PRP Eta 50PE+50PRP Eta 20PE+80PRP Eta 100PRP<br />

Figura 21 - Curvas <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões a pH 7 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP.<br />

Na figura 21 são apresenta<strong>das</strong> as curvas <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> obti<strong>das</strong> paras as emulsões<br />

correspon<strong>de</strong>ntes às cinco misturas <strong>de</strong> proteínas. To<strong>das</strong> as emulsões estuda<strong>das</strong> apresentam um<br />

comportamento reofluidificante, isto é, para baixas taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação observa-se uma zona<br />

Newtoniana (Ƞ 0 ), enquanto que para taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação eleva<strong>das</strong>, a viscosida<strong>de</strong> aparente<br />

diminui à medida que a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação aumenta.<br />

O mo<strong>de</strong>lo Carreau é o mo<strong>de</strong>lo mais a<strong>de</strong>quado para <strong>de</strong>screver o comportamento reológico dos<br />

polissacáridos e como tal foi este o mo<strong>de</strong>lo utilizado neste trabalho prático (Raymundo, 1999).<br />

É caraterizado pela seguinte equação:<br />

Ƞ ap = Ƞ ∞ + (Ƞ 0 - Ƞ ∞ )/<br />

1 +<br />

,<br />

2<br />

s<br />

c<br />

49


Eta0 (Pa.s)<br />

Resultados e discussão<br />

On<strong>de</strong> Ƞ ap é a viscosida<strong>de</strong> aparente, Ƞ 0 a viscosida<strong>de</strong> limite Newtoniana para taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

nula, Ƞ ∞ a viscosida<strong>de</strong> limite para a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação infinita, c o valor da taxa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação crítica e “s” um parâmetro adimensional relacionado com a zona intermédia e dado<br />

pelo <strong>de</strong>clive da zona reofluidificante.<br />

O mo<strong>de</strong>lo foi ajustado às curvas experimentais e a partir <strong>de</strong>sse ajuste obteve-se o parâmetreo<br />

ETA 0 (viscosida<strong>de</strong> limite para a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação nula) para as diferentes misturas em estudo.<br />

Na figura seguinte (figura 22) estão representa<strong>das</strong> as viscosida<strong>de</strong>s limite Newtoniana para a taxa<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>formação nula <strong>das</strong> emulsões a pH 7 correspon<strong>de</strong>ntes às misturas <strong>de</strong> 100PE, 80PE+20PRP,<br />

50PE+50PRP, 20PE+80PRP, 100PRP.<br />

8,0E+05<br />

6,0E+05<br />

bc<br />

c<br />

4,0E+05<br />

2,0E+05<br />

a<br />

a<br />

ab<br />

0,0E+00<br />

100PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

Figura 22 - Viscosida<strong>de</strong> limite Newtoniana para a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação nula <strong>das</strong> emulsões a pH 7<br />

obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP.<br />

Letras diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05)<br />

As emulsões <strong>das</strong> misturas 20PE+80PRP e 50PR+50PRP são as que apresentam os valores <strong>de</strong><br />

viscosida<strong>de</strong> limite Newtoniana para a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação nula significativamente mais elevados<br />

(p < 0,05).<br />

50


Resultados e discussão<br />

4.4. Emulsões <strong>de</strong> misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> pescada e proteína <strong>de</strong> ervilha a pH 3,8<br />

4.4.1. Caraterização da cor <strong>das</strong> emulsões<br />

Na tabela 4 estão representa<strong>das</strong> as coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> <strong>de</strong> cor, L*, a* e b* <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8<br />

prepara<strong>das</strong> a partir <strong>das</strong> 5 misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha e proteína recuperada <strong>de</strong> pescada<br />

estuda<strong>das</strong>.<br />

Tabela 4 - Determinação instrumental da cor – Coor<strong>de</strong>na<strong>das</strong> L*, a* e b* <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8<br />

prepara<strong>das</strong> com as seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP;<br />

100PRP. Valores na mesma coluna com letras diferentes significam médias estatisticamente<br />

diferentes (p < 0,05).<br />

L* a* b*<br />

100PE 81,53 ± 0,41 b -0,37 ± 0,12 d 10,89 ± 0,22 e<br />

80PE+20PRP 73,95 ± 2,92 a -0,51 ± 0,05 b 10,56 ± 0,02 c<br />

50PE+50PRP 82,39 ± 0,08 c -0,44 ± 0,05 c 10,72 ± 0,18 d<br />

20PE+80PRP 84,89 ± 0,89 d -0,87 ± 0,01 a 8,69 ± 0,37 b<br />

100PRP 84,53 ± 1,39 d -0,95 ± 0,14 a 7,90 ± 0,18 a<br />

Verifica-se que as 5 emulsões <strong>das</strong> diferentes misturas em estudo neste trabalho prático<br />

apresentam um valor <strong>de</strong> L* elevado, encontrando-se no intervalo <strong>de</strong> 73 a 85. Como tal to<strong>das</strong> as<br />

emulsões a pH 3,8 apresentam uma tonalida<strong>de</strong> bastante clara, sendo a emulsão reparada com a<br />

mistura 20PE+80PRP a mais clara (84,89 ± 0,89). Para além disso, to<strong>das</strong> as 5 emulsões<br />

apresentam valores negativos <strong>de</strong> a*, variando este parâmetro entre -0,37 e -0,95, o que significa<br />

que as emulsões em estudo apresentam uma tonalida<strong>de</strong> ligeiramente avermelhada. As emulsões<br />

prepara<strong>das</strong> com as misturas 100PRP e 20PE+80PRP são significativamente mais avermelha<strong>das</strong><br />

(p < 0,05) do que as restantes.<br />

Analisando a componente b*, observa-se que as 5 emulsões prepara<strong>das</strong> com as diferentes<br />

misturas em estudo neste trabalho apresentam uma tonalida<strong>de</strong> amarelada. Das 5 emulsões, a<br />

emulsão correspon<strong>de</strong>nte à mistura 100PE é a que apresenta uma tonalida<strong>de</strong> significativamente<br />

mais amarelada (p < 0.05). Verifica-se ainda que que to<strong>das</strong> as emulsões obti<strong>das</strong> a partir <strong>das</strong> 5<br />

diferentes misturas são significativamente diferentes (p


W<br />

Resultados e discussão<br />

100<br />

80<br />

b<br />

a<br />

c d d<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

Figura 23 - Valores da brancura <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 prepara<strong>das</strong> com as misturas 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras diferentes significam médias<br />

estatisticamente diferentes (p < 0,05).<br />

Por observação da figura anterior, verifica-se que o valor da brancura <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as emulsões é<br />

elevado. As emulsões correspon<strong>de</strong>ntes às misturas <strong>de</strong> 20PE+80PRP (82,54 ± 0,95) e 100PRP<br />

(82,59 ± 1,14) são significativamente mais esbranquiça<strong>das</strong> (p < 0,05) que as restantes.<br />

4.4.2. Textura <strong>das</strong> emulsões<br />

A figura 24 apresenta os valores da firmeza e a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões em estudo neste<br />

trabalho. As emulsões <strong>das</strong> misturas 20PE+80PRP e 100PRP apresentam um valor <strong>de</strong> firmeza e<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> significativamente superior às prepara<strong>das</strong> só com PE, com 20% e 50 % <strong>de</strong> PE.<br />

Em oposição, as emulsões que apresentam um valor <strong>de</strong> firmeza e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong><br />

significativamente mais baixo (p < 0,05) são as emulsões prepara<strong>das</strong> a partir <strong>das</strong> mistura<br />

80PE+20PRP e 100PE.<br />

52


A<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> (N.s)<br />

Firmeza (N)<br />

Resultados e discussão<br />

1,00<br />

0,80<br />

0,60<br />

0,40<br />

0,20<br />

ab<br />

a<br />

b<br />

c<br />

c<br />

0,00<br />

100 PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

(a)<br />

2,00<br />

1,50<br />

1,00<br />

0,50<br />

0,00<br />

ab<br />

a<br />

bc<br />

c<br />

c<br />

(b)<br />

100 PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

Figura 24 - Valores <strong>de</strong> firmeza (a) e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sevida<strong>de</strong> (b) <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong><br />

seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP. Letras<br />

diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05).<br />

Batista et al. (2006) estudaram o efeito da adição <strong>de</strong> pigmentos naturais, nomeadamente luteína<br />

e ficocianina, em emulsões estabiliza<strong>das</strong> <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha. Estes autores obtiveram valores<br />

<strong>de</strong> firmeza para as diferentes concentrações <strong>de</strong> luteína adiciona<strong>das</strong> bastante superiores aos<br />

valores <strong>de</strong> firmeza <strong>de</strong> qualquer uma <strong>das</strong> misturas que contêm PE.<br />

53


G' ;G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

4.4.3. Proprieda<strong>de</strong>s viscoelásticas <strong>das</strong> emulsões<br />

A partir da Figura 25 po<strong>de</strong> avaliar-se os varrimentos <strong>de</strong> tensão <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 em função<br />

<strong>das</strong> diferentes proporcões mássicas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha e proteína recuperada <strong>de</strong> pescada.<br />

1,0E+04<br />

1,0E+03<br />

1,0E+02<br />

1,0E+01<br />

1,0E+00<br />

1,0E-01<br />

1,0E-02<br />

1,0E-03<br />

1,0E-04<br />

1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02 1,0E+03 1,0E+04<br />

t (Pa)<br />

G' 100PE G'' 100PE G' 80PE+20PRP G'' 80PE+20PRP G' 50PE+50PRP<br />

G'' 50PE+50PRP G' 20PE+80PRP G'' 20PE+80PRP G' 100PRP G'' 100PRP<br />

Figura 25 - Varrimentos <strong>de</strong> tensão <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas:<br />

100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP.<br />

Como se po<strong>de</strong> observar na figura anterior o intervalo <strong>de</strong> tensões no qual os módulos <strong>de</strong><br />

conservação e <strong>de</strong> dissipação são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da tensão aplicada (zona <strong>de</strong> viscoelasticida<strong>de</strong><br />

linear) situa-se sensivelmente entre os 0,5 e 10 Pa e, como tal, a partir <strong>de</strong>ste último valor,<br />

qualquer tensão aplicada po<strong>de</strong>rá eventualmente provocar uma ruptura da estrutura interna do<br />

material. O mesmo acontece com as emulsões prepara<strong>das</strong> a pH 7, o que significa que o ajuste do<br />

pH a um valor mais ácido não afeta a zona <strong>de</strong> viscoelasticida<strong>de</strong> linear.<br />

54


G'; G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

1,0E+04<br />

1,0E+03<br />

1,0E+02<br />

1,0E+01<br />

1,0E+00<br />

1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02<br />

f (Hz)<br />

G' 100PE G'' 100PE G' 80PE+20PRP G'' 80PE+20PRP G' 50PE+50PRP<br />

G''' 50PE+50RPRP G' 20PE+80PRP G'' 20PE+80PRP G' 100PRP G'' 100PRP<br />

Figura 26 - Espetros mecânicos <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE;<br />

80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP.<br />

Na figura 26 estão representados os espetros mecânicos <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 prepara<strong>das</strong> a<br />

partir <strong>das</strong> cinco diferentes misturas em estudo. Pela observação dos espetros mecânicos<br />

presentes nesta figura, constata-se que a este pH o efeito sinergético <strong>de</strong>stas duas proteínas não é<br />

tão evi<strong>de</strong>nte como a pH 7, uma vez que o espetro mecânico da mistura 100PRP é idêntico ao<br />

<strong>das</strong> misturas 20PE+80PRP e 50PE+50PRP. Em todos os casos, G’ > G’’, isto é, to<strong>das</strong> as<br />

amostras apresentam sistemas estruturados com a componente elástica superior à componente<br />

viscosa. Estas emulsões apresentam espetros mecânicos típicos <strong>de</strong> emulsões proteicas estáveis<br />

nas quais ocorre um <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> elástica <strong>de</strong>vido à ocorrência <strong>de</strong> um processo<br />

<strong>de</strong> floculação. Estes resultados são semelhantes aos resultados obtidos com as emulsões a pH 7,<br />

o que é positivo para este trabalho prático, uma vez que o objetivo é que as emulsões a pH 3,8<br />

tenham <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> viscoelásticas semelhantes às <strong>das</strong> emulsóes a pH 7, na medida em que os<br />

molhos para sala<strong>das</strong> apresentam um pH <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3,8 como já foi dito anteriormente.<br />

55


G'; G'' (Pa)<br />

Resultados e discussão<br />

1,0E+06<br />

1,0E+05<br />

1,0E+04<br />

1,0E+03<br />

1,0E+02<br />

1,0E+01<br />

1,0E+00<br />

1,0E-01<br />

1,0E-06 1,0E-05 1,0E-04 1,0E-03 1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01 1,0E+02 1,0E+03 1,0E+04<br />

Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação (s -1 )<br />

Eta 100PE Eta 80PE+20PRP Eta 50PE+50PRP Eta 20PE+80PRP Eta 100PRP<br />

Figura 27 - Curvas <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas:<br />

100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP; 100PRP.<br />

Na figura anterior (figura 27) estão respresenta<strong>das</strong> as curvas <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões a pH<br />

3,8 obti<strong>das</strong> a partir <strong>das</strong> cinco misturas. Tal como as curvas <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões a pH 7,<br />

as curvas <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 representa<strong>das</strong> na figura 27 apresentam um<br />

comportamento reofluidificante. Constate-se, assim, que a mudança <strong>de</strong> pH <strong>das</strong> emulsões para<br />

3,8 não afeta o comportamento <strong>das</strong> curvas <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong>.<br />

Na figura seguinte (figura 28) estão representa<strong>das</strong> as viscosida<strong>de</strong>s limite Newtoniana (Ƞ 0 ) para a<br />

taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação nula <strong>das</strong> emulsões a pH 3,8 correspon<strong>de</strong>ntes às misturas <strong>de</strong> 100PE,<br />

80PE+20PRP, 50PE+50PRP, 20PE+80PRP, 100PRP.<br />

56


Eta0 (Pa.s)<br />

Resultados e discussão<br />

4,0E+05<br />

c<br />

3,0E+05<br />

bc<br />

2,0E+05<br />

1,0E+05<br />

a<br />

a<br />

ab<br />

0,0E+00<br />

100PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

Figura 28 - Viscosida<strong>de</strong> limite Newtoniana para a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação nula <strong>das</strong> emulsões a pH<br />

3,8 obti<strong>das</strong> <strong>das</strong> seguintes misturas: 100PE; 80PE+20PRP; 50PE+50PRP; 20PE+80PRP;<br />

100PRP. Letras diferentes significam médias estatisticamente diferentes (p < 0,05).<br />

Verifica-se que as emulsões <strong>das</strong> misturas 100PRP e 20PE+80PRP são as que apresentam<br />

valores <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> limite Newtoniana significativamente maiores (p < 0,05) e como tal estas<br />

três misturas possuem uma maior consistência. Este parâmetro representa a viscosida<strong>de</strong> quando<br />

a estrutura interna não é danificada pela tensão aplicada e me<strong>de</strong> a resistência máxima, a partir da<br />

qual o sistema começa a fluir (Raymundo et al., 2005).<br />

4.4.4. Módulo plateau <strong>das</strong> emulsões a pH 7 e a pH 3,8<br />

Um parâmetro caraterístico <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> emulsões é o módulo plateau, G 0 N, que traduz a<br />

contribuição dos entrelaçamentos entre os filmes proteicos que revestem as gotas para a<br />

estrutura do sistema, correspon<strong>de</strong>ndo ao valor do módulo elástico obtido quando a tanδ atinge<br />

um mínimo. Em termos <strong>de</strong> Ciência <strong>de</strong> Polímeros, o módulo plateau tem sido relacionado com a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> dos entrelaçamentos que se <strong>de</strong>senvolvem entre as moléculas poliméricas. Por<br />

anologia, no estudo <strong>das</strong> emulsões, este parâmetro (G 0 N) tem sido relacionado com a formação <strong>de</strong><br />

uma malha <strong>de</strong> entrelaçamentos entre as moléculas proteicas adsorvi<strong>das</strong> e não adsorvi<strong>das</strong> na<br />

interface, resultante <strong>de</strong> uma extensa floculação <strong>das</strong> gotas <strong>de</strong> óleo (Raymundo, 1999). O módulo<br />

plateau po<strong>de</strong> ser facilmente estimado, a partir do valor <strong>de</strong> G’, para o qual tanδ (G’’/G’)<br />

apresenta um valor mínimo, ou seja:<br />

57


Resultados e discussão<br />

3000<br />

2500<br />

y<br />

y<br />

y<br />

G 0 N<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

a<br />

x<br />

ab<br />

x<br />

bc<br />

c<br />

ab<br />

0<br />

100PE<br />

80PE+20PRP<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

100PRP<br />

pH7 pH 3,8<br />

Figura 29 - Valores <strong>de</strong> G 0 N <strong>das</strong> emulsões a pH7 e a pH 3,8, <strong>das</strong> 5 misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha<br />

e proteína recuperada <strong>de</strong> pescada em estudo.<br />

Na figura 29 estão apresentados os valores <strong>de</strong> G 0 N <strong>das</strong> emulsões a pH 7 e a pH 3,8 <strong>das</strong> 5<br />

misturas <strong>de</strong> PE e PRP.<br />

Da análise dos resultados relativos ao pH 7, constata-se que parece não existir nenhuma relação<br />

entre a percentagem <strong>de</strong> PE e os valores <strong>de</strong> G 0 N.<br />

A pH 3,8 verifica-se que à medida que a percentagem <strong>de</strong> PE aumenta, os valores <strong>de</strong> aumentam<br />

G 0 N igualmente. Contudo, as misturas 50PE+50PRP, 20PE+80PRP e 100PRP não apresentam<br />

valores <strong>de</strong> G 0 N significativamente diferentes (p ≥ 0,05), o que significa que a partir da mistura<br />

50PE+50PRP <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ocorrer um aumento significativo do valor <strong>de</strong> G 0 N.<br />

Como se po<strong>de</strong> observar na figura 29, os valores <strong>de</strong> G 0 N vão aumentando à medida que a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PRP na proporção da mistura vai aumentando, para o pH a 3,8. Resultados<br />

semelhantes foram obtidos por outros autores como Pires et al. (2012), cujos verificaram que os<br />

valores <strong>de</strong> G 0 N também aumentavam com o aumento do teor <strong>de</strong> proteína recuperada seca <strong>de</strong><br />

pescada utilizado na preparação <strong>das</strong> emulsões. Este comportamento po<strong>de</strong> ser explicado pelo<br />

aumento da viscosida<strong>de</strong> da fase contínua da emulsão. A possível interação da proteína <strong>de</strong><br />

ervilha e da proteína recuperada <strong>de</strong> pescada po<strong>de</strong> também contribuir para o reforço da estrutura<br />

58


Resultados e discussão<br />

da emulsão através da formação <strong>de</strong> entrelaçamentos físicos (Raymundo et al., 2005; Pires et al.,<br />

2012).<br />

4.5. Análise sensorial dos “molhos para salada”<br />

A figura seguinte (figura 30) apresenta a intensida<strong>de</strong> dos atributos do cheiro avaliados para os<br />

molhos preparados com as misturas <strong>de</strong> proteínas 50PE+50PRP e 20PE+80PRP.<br />

Ranço<br />

10<br />

Estranho<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Vinagre<br />

Especiarias<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

Figura 30 - Atributos do cheiro dos dois tipos <strong>de</strong> emulsões: 50 % proteína <strong>de</strong> ervilha e 50 % <strong>de</strong><br />

proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (50PE+50PRP); 20 % proteína <strong>de</strong> ervilha e 80 % <strong>de</strong> proteína<br />

recuperada <strong>de</strong> pescada (20PE+80PRP).<br />

Como se po<strong>de</strong> verificar os provadores caraterizam a amostra 50PE+50PRP como sendo uma<br />

amostra que apresenta um cheiro mais avinagrado do que a amostra 20PE+80PRP.<br />

Relativamente à amostra 20PE+80PRP, esta manifesta um cheiro a especiarias mais intenso do<br />

que a amostra 50PE+50PRP. Quer na amostra 50PE+50PRP como na amostra 20PE+80PRP os<br />

provadores não i<strong>de</strong>ntificaram a presença <strong>de</strong> nenhum cheiro estranho. No que diz respeito a estes<br />

4 atributos não se verificam diferenças significativas (p ≥ 0.05) entre os molhos preparados com<br />

50PE+50PRP e 20PE+80PRP.<br />

Na figura seguinte (figura 31) são apresentados os atributos da textura e <strong>de</strong> aspecto dos dois<br />

tipos <strong>de</strong> emulsões avaliados na prova sensorial.<br />

59


Resultados e discussão<br />

Cor<br />

Consistência<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Espalhabilida<strong>de</strong><br />

Granulosida<strong>de</strong><br />

A<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong><br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

Figura 31 - Atributos da textura e <strong>de</strong> aspecto dos dois tipos <strong>de</strong> emulsões: 50 % proteína <strong>de</strong><br />

ervilha e 50 % <strong>de</strong> proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (50PE+50PRP); 20 % proteína <strong>de</strong> ervilha e 80<br />

% <strong>de</strong> proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (20PE+80PRP).<br />

Por observação da figura 31, verifica-se que quer o molho preparado com a mistura<br />

50PE+80PRP, quer o preparado com a mistura 20PE+80PRP apresentam uma boa<br />

espalhabilida<strong>de</strong> (com uma intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 8,5), a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> (com uma intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 7) e uma cor típica <strong>de</strong>stes produtos (com uma intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 9).O molho da<br />

mistura 50PE+80PRP foi consi<strong>de</strong>rado ligeiramente mais consistente que o da mistura<br />

20PE+80PRP (mas ambas no intervalo <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 3 a 5) e esta última apresenta uma<br />

alguma granulosida<strong>de</strong> (com uma intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2). Contudo, o molho preparado com a<br />

mistura 50PE+50PRP não é significativamente diferente (p ≥ 0,05) do molho preparado com<br />

20PE+80PRP para todos os atributos avaliados.<br />

60


Intensida<strong>de</strong><br />

Resultados e discussão<br />

Estranho<br />

Ácido<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

Salgado<br />

Especiarias<br />

50PE+50PRP<br />

20PE+80PRP<br />

Figura 32 - Atributos do sabor dos dois tipos <strong>de</strong> emulsões: 50 % proteína <strong>de</strong> ervilha e 50 % <strong>de</strong><br />

proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (50PE+50PRP); 20 % proteína <strong>de</strong> ervilha e 80 % <strong>de</strong> proteína<br />

recuperada <strong>de</strong> pescada (20PE+80PRP).<br />

Na figura anterior (figura 32) apresentam-se os resultados relativos aos atributos do sabor dos<br />

dois molhos em estudo. Os provadores caraterizam ambos os molhos como tendo um sabor a<br />

salgado com uma intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 4 e um sabor a ácido com uma intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

7,5. Caracterizam igualmente o molho 20PE+80PRP como um sabor a especiarias mais intenso<br />

do que o preparado com a mistura 50PE+50PRP. Contudo analisando estatisticamente estes 4<br />

atributos do sabor, o molho 50PE+50PRP não é significativamente diferente (p ≥ 0,05) do <strong>de</strong><br />

20PE+80PRP, relativamente a todos eles.<br />

A apreciação global do conjunto <strong>de</strong> provadores utilizado é apresentado na figura 33.<br />

Apreciação global<br />

10<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

A<br />

Amostra<br />

B<br />

Figura 33 - Apreciação global do painel <strong>de</strong> provadores, numa escala <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 0 a 10.<br />

61


Resultados e discussão<br />

Como se po<strong>de</strong> observar na figura 33 verifica-se que relativamente à apreciação global dos<br />

provadores, a amostra 50PE+50PRP (A) não é significativamente diferente (p ≥ 0,05) da<br />

amostra 20PE+80PRP (B). Ambas as amostras foram avalia<strong>das</strong> com uma intensida<strong>de</strong> entre 5 e<br />

6.<br />

Figura 34 - Preferência do painel <strong>de</strong> provadores pela amostra A ou amostra B<br />

A figura 34 representa a percentagem <strong>de</strong> preferência pelos molhos em estudo neste trabalho. Do<br />

conjunto <strong>de</strong> provadores 58,3 % prefere a amostra B, 16,7 % prefere a amostra A e 25,0 % não<br />

tem preferência por nenhuma <strong>das</strong> amostras.<br />

62


Conclusão<br />

5. CONCLUSÃO<br />

Neste trabalho prático recuperaram-se as proteínas existente nos subprodutos <strong>de</strong> pescada-do-<br />

Cabo <strong>de</strong> modo a valorizar os mesmos. Esta recuperação proteica foi realizada com sucesso por<br />

solubilização proteica. A posterior liofilização levou à obtenção <strong>de</strong> proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong><br />

pescada secas com valores <strong>de</strong> proteína brutal/proteína total, matéria gorda livre, humida<strong>de</strong> e<br />

cinza total interessantes na sua utilização neste estudo prático.<br />

A análise da textura dos géis <strong>das</strong> misturas dos géis <strong>das</strong> misturas <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha (PE) e<br />

proteína recuperada <strong>de</strong> pescada (PRP) permitiu verificar que estes géis apresentam valores <strong>de</strong><br />

firmeza cada vez menores à medida que a percentagem <strong>de</strong> PRP na mistura diminui (ou a<br />

percentagem <strong>de</strong> PE aumenta). Este facto permitiu concluir que a adição <strong>de</strong> PE prejudica a<br />

firmeza dos géis resultantes. Estes resultados mostram que a PE po<strong>de</strong> funcionar como um<br />

agente perturbador <strong>de</strong> gelificação nestas misturas, prejudicando <strong>de</strong>ste modo a re<strong>de</strong> proteica<br />

formada pelas proteínas <strong>de</strong> pescada. Outro motivo para esta diminuição dos valores <strong>de</strong> firmeza<br />

com o aumento do teor <strong>de</strong> proteína <strong>de</strong> ervilha é o facto <strong>de</strong> estes dois diferentes tipos <strong>de</strong> proteínas<br />

pu<strong>de</strong>rem formar re<strong>de</strong>s proteicas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e termodinamicamente incompatíveis.<br />

Através da avaliação <strong>das</strong> <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> viscoelásticas dos géis resultantes <strong>das</strong> misturas concluise<br />

que os géis <strong>de</strong> to<strong>das</strong> as cinco diferentes misturas estão praticamente formados no final do 1º<br />

arrefecimento. A avaliação <strong>das</strong> cinéticas <strong>de</strong> maturação permite concluir que o teor <strong>de</strong> proteína<br />

<strong>das</strong> PRP utilizado neste trabalho foi um pouco elevado, uma vez que os géis <strong>das</strong> misturas que<br />

contêm PRP (80PRP+20PE, 50PRP+50PE, 20PE+80PRP) atingiram a maturação completa nos<br />

primeiros min da etapa da maturação. Ao longo do resto do tempo da maturação, os valores <strong>de</strong><br />

G’ e G’’ permanecem praticamente constantes. Relativamente aos espetros mecânicos, estes<br />

permitem concluir que os géis <strong>das</strong> cinco misturas são caraterizados como géis fracos e à medida<br />

que a percentagem <strong>de</strong> PRP na mistura é maior, os géis resultantes apresentavam uma maior<br />

estruturação, uma vez que os valores dos módulos <strong>de</strong> conservação e <strong>de</strong> dissipação são cada vez<br />

mais elevados.<br />

A avaliação <strong>das</strong> <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> viscoelásticas <strong>das</strong> emulsões prepara<strong>das</strong> a partir <strong>das</strong> cinco<br />

diferentes misturas mostram que a mudança <strong>de</strong> pH <strong>de</strong> 7 para 3,8 não alterou a zona <strong>de</strong><br />

viscoelasticida<strong>de</strong> linear nem o comportamento <strong>das</strong> curvas <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong>, que em ambos os<br />

casos em to<strong>das</strong> as misturas apresentam um comportamento reofluidificante. Contudo, a análise<br />

<strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação limite, permite concluir que a pH 7 a emulsão que apresenta uma<br />

maior velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação limite correspon<strong>de</strong> à mistura 20PE+80PRP, enquanto que a pH<br />

3,8 correspon<strong>de</strong> à mistura 100PRP. To<strong>das</strong> estas emulsões (quer a pH 7 ou a pH 3,8) apresentam<br />

espetros mecânicos típicos <strong>de</strong> emulsões proteicas estabiliza<strong>das</strong> nas quais uma re<strong>de</strong> proteica é<br />

<strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong>vido à ocorrência <strong>de</strong> um extenso processo <strong>de</strong> floculação em ponte e em que o<br />

63


Conclusão<br />

módulo <strong>de</strong> conservação (G’) é sempre superior que o módulo <strong>de</strong> dissipação (G’’) na faixa <strong>de</strong><br />

frequência estudada.<br />

Uma vez que um dos objetivos <strong>de</strong>ste trabalho é <strong>de</strong>senvolver e caraterizar sensorialmente um<br />

inovador “molho para salada”, conclui-se que as emulsões a pH 3,8 (pH <strong>das</strong> maioneses<br />

comerciais) que apresentavam valores <strong>de</strong> textura e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong> semelhantes aos <strong>das</strong><br />

maioneses comerciais são as emulsões correspon<strong>de</strong>ntes às misturas 50PE+50PRP e<br />

20PE+80PRP. Por este motivo, estas foram estas emulsões as escolhi<strong>das</strong> para <strong>de</strong>senvolver o<br />

“molho para salada”. Por análise <strong>das</strong> respostas da<strong>das</strong> pelo painel <strong>de</strong> provadores utilizado à<br />

pergunta “ Qual a amostra que prefere”, conclui-se que 58,3 % prefere correspon<strong>de</strong>nte à mistura<br />

20PE+80PRP, 16,7 % prefere a amostra correpon<strong>de</strong>nte à mistura 50PE+50PRP e 25,0 % não<br />

tem preferência por nenhuma <strong>das</strong> amostras.<br />

Aten<strong>de</strong>ndo aos resultados relativos à caraterização <strong>das</strong> <strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> cor, textura e <strong>das</strong><br />

<strong>proprieda<strong>de</strong>s</strong> viscoelásticas é possível propor outros estudos para complementar os resultados<br />

obtidos, como o estudo <strong>de</strong>stes mesmos parâmetros em géis preparados a partir <strong>de</strong> PRP com um<br />

teor <strong>de</strong> proteína mais baixo. Seria igualmente bastante interessante analisar posteriormente a<br />

distribuição do tamanho <strong>de</strong> gota <strong>das</strong> emulsões obti<strong>das</strong> a partir <strong>das</strong> 5 diferentes misturas <strong>de</strong><br />

proteínas. Para melhor compreen<strong>de</strong>r a relação/sinergia entre os dois tipos <strong>de</strong> proteína estudados<br />

neste trabalho (PE e PRP) na formação dos géis e <strong>das</strong> emulsões, a utilização da técnica <strong>de</strong><br />

microscopia confocal por varrimento laser num estudo posterior, seria fundamental para<br />

completar os resultados dos parâmetros <strong>de</strong> cor, textura e reologia obtidos neste trabalho prático.<br />

64


Referências bibliográficas<br />

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Alves, M. M. M. (2003). A Reologia. A Química e a Reologia no Processamento <strong>de</strong> Alimentos.<br />

Lisboa: Instituto Piaget – Ciência e Técnica.<br />

Atkins, P.W. 1994. Physical Chemistry, 5 th ed., Oxford University Press, Oxford.<br />

Batista, I.; Pires, C.; Nelhas, R. (2007), Extraction of Sardine Proteins by Acidic and Alkaline<br />

Solubilisation. Food Science and Technology International, vol 13 (3), 189-194.<br />

Batista, A. P.,; Raymundo, A.; Sousa, I.; Empis, J. (2006). Rheological characterization of<br />

coloured oil-in-water food emulsions with lutein and phycocyanin ad<strong>de</strong>d to the oil and aqueous<br />

phases. Food Hydrocolloids, 20: 44-52.<br />

Bora, P. S., Brekke, C. J.; Powers, J. R. (1994). Heat induced gelation of pea (Pisum sativum)<br />

mixed globulins, vicilinn and legumin. Journal of Food Science, 59 (3), 594-596.<br />

Choi, Y. J.; Park, J. W., 2002. Acid-ai<strong>de</strong>d protein recovery from enzyme-rich Pacific whiting. J.<br />

Food Sci., 67:2962 -2967.<br />

Damodaran, S. (1997). Food proteins: An overview. In: Food proteins and their applications.<br />

(Eds) Damodaran, S.; Paraf, A., Marcel Dekker Inc., New York, 1-21.<br />

Dickinson, E. & Stainsby, G. (1987). Food Technol. 41: 75-81.<br />

Dickinson, E. & Stainsby, G. (1988). Emulsion Stability. Advances in Food Emulsions and<br />

Foams. Eds Dickinson, E. & Stainsby, G., Elsevier Applied Science Publ., Londres, 1-41.<br />

Franco, J. M.; Berjano, M.; Gallegos, C. (1997). Linear viscoelasticity of salad dressing<br />

emulsions Journal of Agricultural and Food Chemistry, 45: 713-719.<br />

Franco, J. M.; Raymundo, A.; Sousa, I.; Gallegos, C. (1998a). Influence of processing variables<br />

on the rheological and textural properties of lupin protein-stabilized emulsions. Journal of<br />

Agricultural and Food Chemistry, 46, 3109-3115.<br />

Franco, J. M.; Gallegos, C.; Barnes, H. A. (1998b). On Slip Effects in Steady-State Flow<br />

Measurements of Oil-In-Water Food Emulsions. Jounal of Food Engineering, 36:89-102.<br />

Franco, J. M.M.; Partal, P.; Ruiz-Marquez, D.; Con<strong>de</strong>, B.; Gallegos, C. (2000). Influence of pH<br />

and protein thermal treatment on the rheology of pea protein-stabilized oil-in-water emulsions.<br />

Journal of Agricultural and Food Chemists´Society, 49: 1208-1212.<br />

65


Referências bibliográficas<br />

Gharsallaoui, A.; Cases, E.; Chambin, O.; Saurel, R. (2009). Interfacial and emulsifying<br />

characteristics of acid-treated pea protein. Food Biophysics, 4: 273-280.<br />

Hultin, H. O.; Kelleher, S. D. (2000). High efficiency alkaline protein extraction. U.S. patent<br />

6,136,959.<br />

Kilcast, D. 1999. Sensory techniques to study food texture. Food Texture: Measurement and<br />

perception. A. J. Rosethal (ed.), Aspen Publishers Inc., Maryland, 30-64.<br />

Kim, B. Y.; Park, J. W.; Yoon, W. B., (2005). Rheology and Texture properties of surimi gels.<br />

In: Surimi and Surimi Seafood., PARK, J. W. (Ed), Taylor & Francis Group, Boca Raton, 491-<br />

582.<br />

Kristinsson, H. G. & Rasco, B. A. (2000), Fish protein hydrolysates: Production, biochemical<br />

and functional properties. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, vol 40, 43-81.<br />

Kristinsson, H. G.; Hultin, H. O. (2003a). Effect of low and high pH treatment on the funcional<br />

properties of cod muscle proteins. Journal of agricultural and food chemistry, 51: 5103-5110.<br />

Kristinsson, H. G.; Demir, N. (2003b). Functional fish protein ingredients from fish species of<br />

warm and temperate waters: comparison of acid and alkali-ai<strong>de</strong>d processing vs. conventional<br />

surimi processing. In: Advances in seafood byproducts, Bechtel, P.; Fairbanks, A. K. (Eds),<br />

Univ. Alaska Press, 277-295.<br />

Kristinsson, H.; Theodore, A. E.; Demir, N.; Ingadottir, B. (2005). A Comparative Study<br />

between Acid-and Alkali-ai<strong>de</strong>d Processing and Surimi Processing for the Recovery of Proteins<br />

from Channel Catfish Muscle. Journal of Food Science, vol. 70, nº 4, 298-306.<br />

Kristinsson, H.; Theodore, A. E.; Ingadottir, B. (2007). In: Maximising the value of marine byproducts:Chemical<br />

processing methods for protein recovery from marine by-products and<br />

un<strong>de</strong>rutilized fish species. University of Florida, USA.<br />

Lanier, T. C.; Carvajal, P. (2005). Surimi Gelation Chemistry. In: Surimi and Surimi Seafood.,<br />

PARK, J. W. (Ed), Taylor & Francis Group, Boca Raton, 436-489.<br />

Luo, Y.; Kuwahara, R.; Kaneniwa, M.; Murata, Y; Yokoyama, M. (2004). Effect of soy protein<br />

isolate on gel properties of Alaska pollock and common carp surimi at different setting<br />

conditions. Journal of the Science of Food and Agriculture. 84: 663–671.<br />

McClements, D. J. (1999). Food Emulsions: Principles, practice and techniques. Eds. CRC<br />

Press USA.<br />

66


Referências bibliográficas<br />

Men<strong>de</strong>s, R. (2001). Polpas e surimi <strong>de</strong> pequenos pelágicos da costa portuguesa. Departamento<br />

<strong>de</strong> Inovação Tecnológica e Valorização dos produtos da pesca, Instituto <strong>de</strong> Investigação <strong>das</strong><br />

Pescas e do Mar, Lisboa, 97 pág.<br />

Mitchell, J. (2004). Measurement of gel characteristics. Gums and Stabilisers for the Food<br />

Industry (Vol. 12), P.A. Williams, Glyn O. Phillips (eds.), Royal Society of Chemistry, U.K.,<br />

336-345.<br />

Norma Portuguesa NP 1972 (2009). Determinação do teor <strong>de</strong> matéria gorda livre. Instituto<br />

Português da Qualida<strong>de</strong>, 7 pág.<br />

Norma Portuguesa NP 2032. (2009). Determinação do teor <strong>de</strong> cinza total. Instituto Português da<br />

Qualida<strong>de</strong>, 7 pág.<br />

Norma Portuguesa NP 2282 (2009). Determinação da humida<strong>de</strong>. Instituto Português da<br />

Qualida<strong>de</strong>, 7 pág.<br />

Nunes, M. C., (2003a). Proprieda<strong>de</strong>s Funcionais <strong>das</strong> Proteínas. A Química e a Reologia no<br />

Processamento <strong>de</strong> Alimentos. Lisboa: Instituto Piaget – Ciência e Técnica.<br />

Nunes, M. C.; Batista, A. P.; Raymundo, A.; Alves, M. M.; Sousa, I., (2003b). Vegetable<br />

proteins and milk puddings. Colloids and Surfaces. 31: 21-29.<br />

Nunes, M.C. (20005). Interacções Proteína/Polissacárido em Géis Proteicos <strong>de</strong> Origem Vegetal.<br />

Tese <strong>de</strong> Doutoramento em Engenharia Agro-Industrial. Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Lisboa-<br />

Instituto Superior <strong>de</strong> Agronomia, Lisboa, 210 pág.<br />

O´Kane, F. E. (2004). Molecular Characterisation and Heat-Induced Gelation of Pea Vicilin and<br />

Legumin. Ph.D. Thesis, Wageningen University, Wageningen, The Netherlands.<br />

O´Kane, F. E.; Vereijken, J. M., Gruppen, H., & van Boekel, M. A. J. S. (2005). Gelation<br />

behavior of protein isolates extracted from 5 cultivars of Pisum sativum L. Journal of Food<br />

Science, 70 (2): 132-137.<br />

Pearce, K. N.; Kinsella, J. E. (1978). Emulsifying properties of proteins: evaluation of a<br />

turbidimetria technique. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 26:716-723.<br />

Phillip, L., Whitehead, D., Kinsella, J. (1994). Proteins Films. Structure-Function Properties of<br />

Food Proteins. Eds. Phillips, L., Whitehead, D., Kinsella, J. Aca<strong>de</strong>mic Press, pp.111-130.<br />

Pires, C. M. F. (2008). Recuperação, caracterização e aplicações <strong>de</strong> proteínas recupera<strong>das</strong> <strong>de</strong><br />

subprodutos e espécies subaproveita<strong>das</strong>. Dissertação para provas <strong>de</strong> acesso à categoria <strong>de</strong><br />

67


Referências bibliográficas<br />

investigador auxiliar – Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> valorização dos produtos da pesca e da aquicultura. Instituto<br />

<strong>de</strong> investigação <strong>das</strong> pescas e do mar, Lisboa, 253 pág.<br />

Pires. C; Costa, S.; Batista, A.P.; Nunes, M. C.; Raymundo, A.; Batista, I. (2012). Properties of<br />

protein pow<strong>de</strong>r prepared from Cape hake by-produts. Jounal of Food Engineering, 108: 268-<br />

275.<br />

Pomeranz,Y. (1991). Functional Properties of Food Components. Aca<strong>de</strong>mic Press. 2ª ed.<br />

Londres<br />

Rahalkar, R. R. (1992). Viscoelastic properties of oil-water emulsions. Viscoelastic Properties<br />

of Foods. Eds. Rao M.A., Steffe J.D., Elsevier Applied Science Publ., London. pág. 317-354.<br />

Raymundo,A.; Franco, J., M.; Empis, J.; Sousa, I. (2002). Optimization of the Composition of<br />

Low-Fat Oil-in-Water Emulsions Stabilized by White Lupin Protein. JAOCS. vol. 79, no. 8.<br />

Raymundo, A. (2003). Emulsões Alimentares. A Química e a Reologia no Processamento <strong>de</strong><br />

Alimentos. Lisboa: Instituto Piaget – Ciência e Técnica.<br />

Raymundo,A.; Gouveia, L.; Batista, A. P.; Empis, J.; Sousa, I. (2005). Fat mimetic capacity of<br />

Chlorella vulgaris biomass in oil-in-water food emulsions stabilized by pea protein. Food<br />

Research International. 38: 961-965.<br />

Riscardo, M.A.; Franco, J. M.; Gallegos, C. (2003). Influence of composition of emulsifier<br />

blends on the rheological properties of salad dressing-type emulsions. Food Science and<br />

Technology International, 9: 53-63.<br />

Schroe<strong>de</strong>r, H. E. (1982). Quantitative studies on the cotyledonary proteins in the genus Pisum.<br />

Jounal of the Science of Food and Agriculture, 33, 623-633.<br />

Shei<strong>de</strong>r, A., & Lacampagne, J. P. (2000). Peas: a European production of protein-rich materials<br />

for feed and food. Industrial Proteins, 8 (1), 3-6.<br />

Sikorski, Z. (2001). Functional properties of proteins in food systems. In: Chemical &<br />

Functional properties of food proteins, Sikorski, Z. (Ed), Technomic Publishing Co, Inc.,<br />

Landcaster, USA, 113-132.<br />

Sikorski, Z. (2002). Chemical and functional properties of food components. Sikorski, Z. (Ed),<br />

CRC Press LCC, Boca Raton, Florida, USA, 367pág.<br />

Sousa, I. (2001a). Nocões básicas <strong>de</strong> Reologia. In A Reologia dos Produtos Alimentares.<br />

Lisboa: Instituto Piaget – Ciência e Técnica.<br />

68


Referências bibliográficas<br />

Sousa, I. (2001b). Reologia e as suas aplicações industriais. In A Reologia dos Produtos<br />

Alimentares. Lisboa: Instituto Piaget – Ciência e Técnica.<br />

Suzuki, T. (1987). Tecnologia <strong>de</strong> las proteínas <strong>de</strong> pescado y krill. Acribia, S.A., Zaragoza,<br />

España, 230p.<br />

Tejada, M; Bor<strong>de</strong>rias, A. J. (1987). Productos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong>l surimi. Rev. Agroquím. Technol.<br />

Alim., 27 (2): 161-172.<br />

Un<strong>de</strong>rland, I.; Kristinsson, H.; Hultin, H. O. (2002). Recovery of functional proteins from<br />

herring (Clupea harengus) light muscle by an acid or alkaline solubilization process. J. Agric.<br />

Food Chem., 50: 7371-7379.<br />

Van Vliet; T., Martin; A. H.; Bos, M. A. (2002). Gelation and interfacial behaviour of vegetable<br />

proteins. Current opinion in Colloid & Interface Science, 7, 462-468.<br />

Xiong, Y. L.; Blancnchard, S. P. (1994). Dynamic gelling properties of myofibrillar protein<br />

from skeletal muscles of different chicken parts. J. Agric. Food Chem., 42: 670-674.<br />

Xiong, Y. L. (1997). Structure-function relationships of muscle proteins. Food proteins and their<br />

applications, Damodaran S.; Paraf, A. (Eds), Marcel Dekker Inc., New York, 341- 392.<br />

Yongsawatdigul, J., Park, J. W. (2004). effects of alkali and acid solubilisation on gelation<br />

characteristics of rockfish muscle proteins. Journal of Food Science. 69 (7), 499-505.<br />

Zar, J. H. (1999). Biostatistical analysis, 4th edition. Prentice-Hall, Inc., Upper Saddle River,<br />

New Jersey, 663p.<br />

Ziegler, G. R., Foegreding, E.A. (1990). The gelation of proteins. Advances in Food and<br />

Nutrition Research, 34: 203-298.<br />

69


ANEXOS<br />

70


Anexos<br />

Anexo I – Diagrama da recuperação proteica por solubilização alcalina<br />

Restos <strong>de</strong> pescada (Serradura)<br />

Homogeneização (1 Serradura: 9 H 2 O)<br />

Solubilização Alcalina - Ajuste pH 11,0 (NaOH 2M)<br />

Centrifugação (Centrifuga continua)<br />

Proteínas solubiliza<strong>das</strong><br />

Precipitação - Ajuste pH 5,5 (HCL 2M)<br />

Centrifugação (Centrifuga continua)<br />

Isolado proteico<br />

Secagem (Liofilização)<br />

Proteínas recupera<strong>das</strong> secas<br />

71


Anexos<br />

Anexo II – Folha <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> avaliação sensorial (“Molhos para sala<strong>das</strong>”)<br />

FOLHA DE PROVA (Molhos para sala<strong>das</strong>)<br />

Nome:…………………………………………………………..…. Data: ……………..…….<br />

Código:……………..…………..<br />

ASPETO<br />

Cor<br />

Atípico<br />

Típico<br />

CHEIRO<br />

Ranço<br />

Ausente<br />

Muito intenso<br />

Vinagre<br />

Ausente<br />

Muito intenso<br />

Especiarias<br />

Ausente<br />

Muito intenso<br />

Estranho<br />

Ausente<br />

(Típico)<br />

Muito intenso<br />

(Atípico)<br />

TEXTURA<br />

Consistência<br />

Mole (muito fluída)<br />

Dura (muito consistente)<br />

72


Anexos<br />

Espalhabilida<strong>de</strong><br />

Difícil <strong>de</strong> espalhar<br />

Fácil <strong>de</strong> espalhar<br />

A<strong>de</strong>sivida<strong>de</strong><br />

Pouco a<strong>de</strong>sivo<br />

Muito a<strong>de</strong>sivo<br />

Granulosida<strong>de</strong><br />

Sem grânulos<br />

Com muitos grânulos<br />

SABOR<br />

Ácido<br />

Ausente<br />

Muito intenso<br />

Salgado<br />

Ausente<br />

Muito intenso<br />

Especiarias<br />

Ausente<br />

Muito intenso<br />

Estranho<br />

Ausente<br />

(Típico)<br />

Muito intenso<br />

(Atípico)<br />

APRECIAÇÃO GLOBAL<br />

Péssimo<br />

Muito bom<br />

73


Anexos<br />

Qual a amostra que prefere?<br />

A____ B____ Nenhuma____<br />

Observações<br />

Muito obrigado pela sua colaboração!<br />

74


Anexos<br />

Anexo III – Fotografias da prova <strong>de</strong> avaliação sensorial<br />

Figura 35 - Amostra B - emulsão da mistura 20PE+80PRP e amostra A- emulsão da mistura<br />

50PE+50PRP.<br />

Figura 36 - Mesa <strong>de</strong> prova sensorial<br />

Figura 37 - Painel <strong>de</strong> provadores durante a prova sensorial<br />

75

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!