Algumas considerações sobre a metapsicologia da melancolia, sua ...
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introjeção, que não se diferencia do narcísico, possibilita a apropriação do sentido, compondo<br />
as bases identificatórias e que mais tarde formará o aparato egóico como um todo:<br />
“construímos o edifício narcísico a fim de um dia aceitarmos a castração” (Pinheiro, 1999:32).<br />
Portanto, a capaci<strong>da</strong>de de se iludir, a montagem fantasmática, a capaci<strong>da</strong>de de se identificar, de<br />
representar o futuro e um passado sem falhas são dispositivos para fazer frente ao desamparo.<br />
Na <strong>melancolia</strong>, esse arsenal imaginário parece não ter consistência, a polissemia de<br />
sentido e de investimentos franquea<strong>da</strong>s pelo mecanismo de introjeção, ou seja, por uma<br />
constituição narcísica, não se faz.<br />
O modelo de identificação melancólico aponta para uma univoci<strong>da</strong>de de investimento,<br />
em um objeto maciço. Primeiramente, Ferenczi só contrapõe a introjeção ao modelo paranóico,<br />
que expulsaria para fora o que seria referido a si. No entanto, no final de <strong>sua</strong> obra, o autor<br />
apresenta concepções que parecem interessantes para entendermos o mecanismo de<br />
estabelecimento de relação com o mundo do melancólico. A noção de incorporação se torna de<br />
suma importância para pensarmos o modelo melancólico de identificação e a formação do eu e<br />
<strong>da</strong>s instâncias ideais na <strong>melancolia</strong>.<br />
Ferenczi nos fala de uma incorporação que seria uma fantasia de não introjeção, isto é,<br />
“para não engolir a per<strong>da</strong> se imagina engolir, ter engolido, o que está perdido, sob a forma de<br />
um objeto” (Torok, 1995:45). A incorporação se apresenta na subjetivi<strong>da</strong>de como algo maciço,