Algumas considerações sobre a metapsicologia da melancolia, sua ...
Algumas considerações sobre a metapsicologia da melancolia, sua ...
Algumas considerações sobre a metapsicologia da melancolia, sua ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
46<br />
quadro de inibição, tal qual descrito no “Rascunho G” (1985), parece se apresentar neste<br />
discurso através de uma negação, como afirma Lambotte (1997):<br />
“Dizer que na<strong>da</strong> tem sentido e que, por consequência, na<strong>da</strong> vale a pena ser vivido, é<br />
negar que as coisas possam ter, por si mesmas, um sentido, reconhecendo não apenas <strong>sua</strong><br />
existência, mas também o interesse e o prazer que supostamente trazem aos outros. Além disso,<br />
o sujeito melancólico, defendendo-se de estabelecer qualquer relação com elas, faz incidir a<br />
negação não apenas <strong>sobre</strong> as coisas e <strong>sua</strong>s quali<strong>da</strong>des, mas, <strong>sobre</strong>tudo <strong>sobre</strong> si mesmo,<br />
entendido como o destinatário ou usuário em potencial”. Lambotte (1997:487) apud Grepe<br />
(1998:77).<br />
Segundo a psicanalista, o julgamento negativo que o melancólico dirige a reali<strong>da</strong>de<br />
origina-se de uma identificação ao na<strong>da</strong> primordial que caracteriza todo o desenvolvimento<br />
psíquico do sujeito (Lambotte,1997:501). Deste modo, a natureza do discurso melancólico<br />
procede inteiramente do na<strong>da</strong> e <strong>da</strong> morte, abstendo-se do afeto que é insuportável e proferindo<br />
um discurso que afirma a ver<strong>da</strong>de do na<strong>da</strong> em uma lógica puramente formal (Lambotte ,1997).<br />
Portanto, “se o sujeito melancólico se identifica ao na<strong>da</strong>, se ele se considera arruinado,<br />
desapossado de seus bens”. Lambotte (1997:503)<br />
Como ressalta Freud em Luto e <strong>melancolia</strong> (1917),<br />
a auto acusação é uma<br />
característica marcante do discurso melancólico. Ele se repreende, diz Freud , se envilece,