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A psicossomática nos confins do sentido: problemas e reflexões ...

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estabeleceu durante um tempo uma grande interlocução. O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s sintomas<br />

histéricos – que nessa época constituíam principal objeto de investigação para os <strong>do</strong>is<br />

pesquisa<strong>do</strong>res (BREUER & FREUD, 1893/1996) – se baseava em méto<strong>do</strong>s clínicos<br />

caracteriza<strong>do</strong>s pela hip<strong>nos</strong>e e pela catarse. Seus respectivos pacientes eram submeti<strong>do</strong>s<br />

ao esta<strong>do</strong> de hip<strong>nos</strong>e com objetivo de se alcançar “representações psíquicas” que<br />

estariam provocan<strong>do</strong> os sintomas, e com objetivo de liberar o “afeto estrangula<strong>do</strong>”<br />

liga<strong>do</strong> aos mesmos (ibid.). Nesse momento, a explicação <strong>do</strong>s sintomas histéricos se<br />

baseava num deslocamento <strong>do</strong> “afeto estrangula<strong>do</strong>” que, por conversão, levaria a<br />

“inervações somáticas” 3 . Diante de freqüentes fracassos com o méto<strong>do</strong> hipnótico,<br />

contu<strong>do</strong>, Freud (ibid.) viu-se impeli<strong>do</strong> a promover mudanças em sua técnica, que o<br />

levaram a a<strong>do</strong>tar o méto<strong>do</strong> peculiar da “pressão na testa”, através <strong>do</strong> qual persuadia<br />

seus pacientes a relatar as idéias que emergiam de sua mente no momento em que<br />

aplicava a pressão. A partir disso, chegava à conclusão de que os elementos ideativos<br />

estavam associa<strong>do</strong>s entre si e a fatores importantes da história <strong>do</strong> indivíduo. Tais<br />

fatores eram concebi<strong>do</strong>s como “representações patogênicas” (ibid.), lembranças<br />

traumáticas da infância ligadas a abusos sexuais realiza<strong>do</strong>s por parte de adultos. Com a<br />

denominação de núcleo patógeno, Freud (1893/1996) inferiu nesse momento a relação<br />

entre sintomas histéricos e traumas sexuais infantis, apontan<strong>do</strong> em direção ao elemento<br />

nuclear da neurose – representações incompatíveis na consciência por seu caráter<br />

sexual traumático (ibid.).<br />

Os estu<strong>do</strong>s iniciais das psiconeuroses foram assim realiza<strong>do</strong>s<br />

concomintantemente aos estu<strong>do</strong>s das neuroses atuais, estas tomadas por Freud<br />

(1923a/1996) como introdutoras da idéia de uma etiologia sexual global nas neuroses.<br />

As investigações de Freud (1898/1996) acerca da neurastenia, em paralelo aos estu<strong>do</strong>s<br />

da histeria e da neurose obsessiva, apontam para a importância de se centrar nas<br />

questões da sexualidade a explicação da sintomatologia apresentada pelas neuroses em<br />

geral. Fica claro no pensamento de Freud (1923a/1996) que os fatores sexuais<br />

trabalha<strong>do</strong>s nas neuroses atuais influenciaram com grande peso a inferência <strong>do</strong> caráter<br />

(esquizofrenia, paranóia), enquanto que as demais neuroses atuais (neurastenia, neurose de angústia)<br />

estariam relacionadas com as psiconeuroses de transferência (histeria, fobia, neurose obsessiva).<br />

3 As “inervações somáticas” na histeria não constituem modificações fisiológicas, de ordem bioestrutural.<br />

Esse é o principal diferencia<strong>do</strong>r em termos fenomenológicos entre as conversões histéricas e<br />

os fenôme<strong>nos</strong> psicossomáticos (estes constituin<strong>do</strong> lesões orgânicas concretas).

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