03.09.2014 Views

A psicossomática nos confins do sentido: problemas e reflexões ...

A psicossomática nos confins do sentido: problemas e reflexões ...

A psicossomática nos confins do sentido: problemas e reflexões ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

das conversões histéricas e <strong>do</strong>s sonhos a patologias que se circunscrevem nas vísceras<br />

corporais. As neuroses de órgão não são propriamente “neuroses atuais”, mas o modelo<br />

de descarga das últimas serviu indubitavelmente como ponto de partida para essa linha<br />

de pensamento.<br />

Alexander (1954), conjuntamente aos pesquisa<strong>do</strong>res da escola de Chicago,<br />

desenvolveu então essas idéias, entenden<strong>do</strong> as <strong>do</strong>enças psicossomáticas essencialmente<br />

como respostas a movimentos emocionais, e ampliou este ponto de vista definin<strong>do</strong> na<br />

raiz dessas afecções esta<strong>do</strong>s emocionais específicos, característicos de tipos de<br />

personalidade determina<strong>do</strong>s. Para ele, alguns tipos de personalidade estão predispostos<br />

a sofrer determinadas enfermidades. Alexander (ibid.) definiu, assim, esses tipos<br />

clínicos, como a “personalidade coronariana”, “a personalidade asmática”, “a<br />

ulcerosa”, “a hipertensiva”, etc. O ulceroso, por exemplo, é um sujeito esforça<strong>do</strong> em<br />

realizar ambições. Para essa corrente teórica:<br />

“(...) A síndrome ulcerosa se desenvolve como uma reação à frustração <strong>do</strong>s<br />

veementes desejos de dependência por meio <strong>do</strong> trabalho árduo e de aspirações.<br />

Não obstante, a maioria eram passivos e afemina<strong>do</strong>s e expressavam seus desejos<br />

orais de um mo<strong>do</strong> aberto” (ALEXANDER,1954, p. 77) 8 .<br />

As pesquisas de Dunbar (1948) tentaram nessa linha de pensamento definir, a<br />

partir de estu<strong>do</strong>s estatísticos, previsões por probabilidade de aumento das <strong>do</strong>enças nas<br />

décadas subsequentes e justificavam, com base nesses apontamentos, o<br />

aprofundamento das pesquisas em psicossomática e a definição de perfis de<br />

personalidade que predisporiam essas <strong>do</strong>enças. Exames psiquiátricos de rotina foram<br />

utiliza<strong>do</strong>s e implementa<strong>do</strong>s para verificar dificuldades emocionais que supostamente<br />

originavam o curso das <strong>do</strong>enças, bem como para estabelecer correspondência entre o<br />

tipo de perfil de personalidade em cada caso e as <strong>do</strong>enças que apareciam (DUNBAR,<br />

1948).<br />

Apesar de serem ainda aplicadas atualmente as idéias de Alexander em muitas<br />

pesquisas no meio médico, essa concepção personalista da psicossomática passa a ser<br />

repensada por parte de alguns psicanalistas que empenham-se com a questão, devi<strong>do</strong> à<br />

experiência clínica que torna muitas vezes questionáveis essas teorias. A constatação de<br />

que “(...) um mesmo traço ou um conjunto de fatores de personalidade pode ser<br />

8<br />

“(...) El síndrome ulcerorose desarrolla como una reación a la frustración de los vehementes<br />

deseos de dependencia por medio del trabaho arduo y de aspiraciones. Sin embargo, a maioria eran<br />

passivos y afemina<strong>do</strong>s y expressaban sus deseos orales de un mo<strong>do</strong> abierto” (Tradução <strong>nos</strong>sa).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!