A psicossomática nos confins do sentido: problemas e reflexões ...
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das expressões e <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s, e <strong>do</strong>s des<strong>do</strong>bramentos que esses elementos produzem<br />
(ARRIVÉ, 2001). Nosso intento contu<strong>do</strong> tem, no momento presente, o objetivo de<br />
estabelecer uma confrontação consistente entre o pensamento freudiano e o martyniano,<br />
sem entretanto deixar desde já indicada a importância <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s da linguagem para a<br />
reflexão psicanalítica atual.<br />
Fica-<strong>nos</strong>, no conjunto das considerações aqui delineadas a respeito da<br />
abordagem <strong>do</strong> IPSO e das teorias de Marty, a constatação de que o modelo<br />
psicossomático dessa corrente de pensamento apresenta importantes <strong>problemas</strong> que<br />
devem sem dúvida ser coloca<strong>do</strong>s a termo e provocar uma revisão nas concepções <strong>do</strong><br />
campo psicanalítico sobre a psicossomática, já que P. Marty e o IPSO aparecem hoje<br />
como principal referência nesse campo de investigação. A concepção de Freud sobre<br />
representação dificulta para nós a idéia de uma carência ou déficit representacional.<br />
Essa dificuldade, somada às questões ligadas ao modelo da neurose atual, leva-<strong>nos</strong> a<br />
problematizar o modelo martyniano para a psicossomática na conjuntura de sua própria<br />
crucialidade teórica.<br />
Colocadas essas ponderações, temos como intuito avançar no tema da<br />
psicossomática de maneira diversa, levan<strong>do</strong> em consideração algumas questões de<br />
aprofundamento teórico referidas às minúcias das relações etiológicas entre as<br />
psiconeuroses e as neuroses atuais. Além disso, é preciso colocar em pauta a relação<br />
que se estabelece entre o princípio da neurose atual e a evolução <strong>do</strong> pensamento<br />
freudiano a respeito de conceitos que a este se relacionam, cujas teorias passaram por<br />
importantes revisões no percurso de Freud. Buscamos, sob estes termos, investigar de<br />
maneira mais profunda o problema das neuroses atuais, colocan<strong>do</strong> em perspectiva um<br />
possível remanejamento de sua localização na leitura da obra de Freud. Não<br />
objetivamos uma abordagem das neuroses atuais em si (neurastenia, neurose de<br />
angústia, hipocondria), mas um aprofundamento centra<strong>do</strong> no modelo de descarga<br />
corporal das excitações, bem como nas relações corpo-mente que podem aparecer como<br />
des<strong>do</strong>bramento dessas reflexões. Esse caminho se centra no desenvolvimento da obra<br />
de Freud onde ele tende gradativamente a intensificar a relação entre as psiconeuroses e<br />
as neuroses atuais, apesar de ter se debruça<strong>do</strong> intensamente nas questões da<br />
psiconeurose, deixan<strong>do</strong> numa certa “estase” a abordagem teórica da neurose atual.