03.09.2014 Views

A psicossomática nos confins do sentido: problemas e reflexões ...

A psicossomática nos confins do sentido: problemas e reflexões ...

A psicossomática nos confins do sentido: problemas e reflexões ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

VOLICH, 1997) os pacientes em questão encontram grandes dificuldades em aplicar a<br />

regra fundamental da livre-associação de idéias e não apresentam uma demanda de<br />

análise consistente que justifique esse tipo de tratamento. As conclusões teóricas <strong>do</strong>s<br />

pesquisa<strong>do</strong>res implica<strong>do</strong>s com essas questões foram alcançadas fundamentalmente<br />

segun<strong>do</strong> um méto<strong>do</strong> de entrevistas de molde ‘psicanalítico’ em centros de atendimento<br />

receptores de indivíduos com patologias somáticas, <strong>do</strong>nde se circunscreveu<br />

caracterizações típicas a esses pacientes, específicas à clínica psicanalítica,<br />

diferentemente contu<strong>do</strong> daquelas atestadas por Alexander acerca <strong>do</strong>s perfis de<br />

personalidade. Para Marty (1993), esses pacientes encaixam-se numa tipologia clínica<br />

de outra ordem. O paciente psicossomático é segun<strong>do</strong> Marty (ibid.) um sujeito afasta<strong>do</strong><br />

de experiências subjetivas e apresenta um discurso cola<strong>do</strong> à objetividade, a<br />

experiências concretas, deixan<strong>do</strong> pouco espaço para uma intervenção psicanalítica –<br />

“clássica” segun<strong>do</strong> Marty (ibid.). Os desenvolvimentos teóricos <strong>do</strong> IPSO inferem para<br />

esses pacientes um déficit psíquico constitucional que se faria notar pela precariedade<br />

discursiva e pela dificuldade desses pacientes em associar livremente. Marty concebe<br />

nesse plano um empobrecimento da atividade fantasmática e uma incapacidade de<br />

simbolização. Isso indicaria para o autor, uma “dificuldade para pensar” (ibid., 1993, p.<br />

13) <strong>do</strong>s pacientes psicossomáticos. Atividades como devaneios, auto-reflexões,<br />

construções fantasmáticas, seriam quase inexistentes. Essas características, que<br />

apareceram em diversas experiências de tentativas de aplicação <strong>do</strong> dispositivo analítico<br />

aos pacientes com <strong>do</strong>enças de nível somático, levaram Marty a supor uma carência<br />

constitucional de representações, relativas a uma falha no desenvolvimento <strong>do</strong> aparelho<br />

psíquico que impede esses pacientes de estabelecer defesas psíquicas e produção de<br />

sintomas psiconeuróticos, “clássicos” segun<strong>do</strong> Marty (1993). Haveria nesses pacientes<br />

uma pobreza de nível representativo (idem, 1998), acarretan<strong>do</strong>-se, devi<strong>do</strong> a isso, uma<br />

grande dificuldade de associação de idéias, fato que interfere fundamentalmente, para<br />

os analistas <strong>do</strong> IPSO, no curso de uma análise dita “clássica” (MARTY, 1993).<br />

Nessa medida, foram delimita<strong>do</strong>s tipos clínicos característicos daquilo que<br />

Marty (1963a) denominou “pensamento operatório”, ao qual se atribui a referida<br />

pobreza discursiva e a fala pouco articulada. Marty definiu como pensamento<br />

operatório um tipo de funcionamento psíquico que não põe em jogo a dinâmica afetiva<br />

e que se reduz a um efeito puramente objetivo das idéias, em que não se verifica a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!