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A psicossomática nos confins do sentido: problemas e reflexões ...

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Freud uma estrutura de representação desvinculada de suas características associativas,<br />

já que entende a função da linguagem atrelada a toda extensão cerebral. Freud (op. cit.)<br />

acentua:<br />

“Rejeitamos portanto as hipóteses segun<strong>do</strong> as quais o aparelho de linguagem é<br />

constituí<strong>do</strong> de centros distintos, separa<strong>do</strong>s por regiões corticais isentas de<br />

funções, e além disso as hipóteses segun<strong>do</strong> as quais as representações (imagens<br />

mnêmicas) que servem para a linguagem estejam acumuladas em determinadas<br />

áreas corticais denomináveis centros, ao passo que à sua associação procederiam<br />

exclusivamente as brancas massas fibrosas subcorticais. Só <strong>nos</strong> resta pois<br />

formular hipótese de que a região cortical da linguagem seja um articula<strong>do</strong><br />

teci<strong>do</strong> cortical dentro <strong>do</strong> qual as associações e as transmissões em que se apoiam<br />

as funções da linguagem procederiam com uma complexidade não propriamente<br />

compreensível” (p. 62).<br />

O que Freud <strong>nos</strong> demonstra é que a representação é um complexo de associações<br />

de diferentes níveis de elementos que alcançam toda a extensão cerebral, ligan<strong>do</strong><br />

imagens acústicas e motoras a impressões visuais, táteis, cinestésicas, etc. Essas últimas<br />

constituem as associações de objeto que, por sua vez, designarão as representações de<br />

coisa, ligadas às representações de palavra por meio <strong>do</strong> elemento acústico. Assim, uma<br />

representação não pode ser concebida como uma simples reprodução das coisas<br />

percebidas. Por ser um complexo associativo, as representações de coisa (ou objectual)<br />

não se reduzem à simples impressão. Segun<strong>do</strong> Garcia-Roza (1991a), “(...) a<br />

representação é entendida por Freud não como representação de um objeto, mas como a<br />

diferença entre duas séries de associações (p. 35). Cabe lembrar que, para Freud<br />

(1891/1977), a associação é imediata à impressão. Numa perspectiva aprofundada, isso<br />

significa dizer que a representação é algo da ordem de um complexo, e faz parte de um<br />

processo que o próprio Freud pondera nesse momento como incompreensível.<br />

Assim, as relações que Freud estabelece entre as duas categorias de<br />

representação <strong>nos</strong> revelam seu caráter intrínseco. No texto “O Inconsciente”<br />

(1915b/1996) Freud acentua, como vimos, a importante característica das<br />

representações de coisa, de que ela se constitui como traço deriva<strong>do</strong> da imagem da coisa<br />

o qual, segun<strong>do</strong> a leitura <strong>do</strong> texto das afasias, está mais liga<strong>do</strong> à representação da<br />

palavra <strong>do</strong> que à impressão direta da coisa. Em 1915 ele aborda o inconsciente como um<br />

complexo de representações de coisa e o pré-consciente como uma restauração de sua<br />

associação com as representações de palavra que lhes correspondem. Freud (ibid.)<br />

enfatiza que “o sistema pré-consciente ocorre quan<strong>do</strong> essa representação de coisa é<br />

hiperinvestida através da ligação com as representações de palavra que lhe

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