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Trinta anos depois de revolucionar os quadrinhos, Angeli faz ...

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REPORTAGEm | semana <strong>de</strong> arte mo<strong>de</strong>rna<br />

saga mo<strong>de</strong>rnista<br />

completa 90 <strong>an<strong>os</strong></strong><br />

I<strong>de</strong>ais da Semana <strong>de</strong> 22 ainda ecoam com força na arte atual<br />

TEXTO leonardo calvano<br />

foto: divulgação<br />

O ano era 1922. São Paulo ganhava status <strong>de</strong> metrópole<br />

ao atingir quase 1 milhão <strong>de</strong> habitantes. A aristocracia<br />

cafeeira e <strong>os</strong> imigrantes, que compunham<br />

gran<strong>de</strong> parte da população na época, assistiam à<br />

expansão territorial e ao crescimento vertical da<br />

cida<strong>de</strong>, representad<strong>os</strong> por edificações simbólicas<br />

como a Estação da Luz e as mansões da Avenida<br />

Paulista. O centro da cida<strong>de</strong> <strong>os</strong>tentava um ar europeu.<br />

Todo esse ambiente serviu <strong>de</strong> cenário para o<br />

primeiro movimento cultural coletivo da história<br />

brasileira: a Semana <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna, que marcaria,<br />

em <strong>de</strong>finitivo, o rumo das artes nacionais e a<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> c<strong>os</strong>mopolita e boêmia da capital.<br />

“Naquela época, a cida<strong>de</strong> era a que apresentava as<br />

melhores condições para a realização <strong>de</strong> um evento<br />

como esse. Era próspera, recebia gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

imigrantes europeus e se mo<strong>de</strong>rnizava rapidamente,<br />

com a implantação <strong>de</strong> indústrias e a urbanização”,<br />

afirma a historiadora e antropóloga Letícia Viana.<br />

Era também o ambiente perfeito para prop<strong>os</strong>tas<br />

artísticas transgressoras, diferentemente do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro – outro polo artístico, impregnado pelas<br />

i<strong>de</strong>ias da Escola Nacional <strong>de</strong> Belas-Artes –, que, por<br />

muit<strong>os</strong> <strong>an<strong>os</strong></strong> <strong><strong>de</strong>pois</strong> da Semana, ainda <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ria o<br />

aca<strong>de</strong>micismo. “Claro que existiam no Rio artistas<br />

disp<strong>os</strong>t<strong>os</strong> a renovar, mas o ambiente não lhes era<br />

propício, sendo mais fácil a<strong>de</strong>rir a um movimento<br />

que partisse da capital paulista”, completa.<br />

Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> (primeiro à esq., no alto), Rubens<br />

Borba <strong>de</strong> Moraes (sentado, segundo da esq. para<br />

a dir.) e outr<strong>os</strong> mo<strong>de</strong>rnistas em 1922, <strong>de</strong>ntre eles<br />

(não i<strong>de</strong>ntificad<strong>os</strong>) Tácito, Baby, Mário e Guilherme<br />

<strong>de</strong> Almeida e Yan <strong>de</strong> Almeida Prado<br />

Organizada por Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Oswald <strong>de</strong><br />

Andra<strong>de</strong>, Menotti <strong>de</strong>l Picchia, Manuel Ban<strong>de</strong>ira,<br />

Tarsila do Amaral, Heitor Villa-Lob<strong>os</strong> e muit<strong>os</strong><br />

outr<strong>os</strong>, a Semana, realizada no Teatro Municipal<br />

<strong>de</strong> São Paulo entre <strong>os</strong> dias 11 e 18 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong><br />

1922, marcou o surgimento do mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro,<br />

além <strong>de</strong> ser o ponto <strong>de</strong> encontro das várias<br />

tendências que vinham se firmando mundialmente<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).<br />

O evento marcou também as comemorações do<br />

primeiro centenário da in<strong>de</strong>pendência do Brasil.<br />

Reuniu cerca <strong>de</strong> cem obras e compreen<strong>de</strong>u três<br />

sessões literomusicais noturnas. Consolidou grup<strong>os</strong><br />

e i<strong>de</strong>ias, que passaram a ter espaço cativo em<br />

livr<strong>os</strong>, revistas e manifest<strong>os</strong>. As i<strong>de</strong>ias que disseminou<br />

foram legitimadas por completo após alguns<br />

<strong>an<strong>os</strong></strong>, quando chegariam a outr<strong>os</strong> estad<strong>os</strong> brasileir<strong>os</strong>:<br />

em Minas Gerais, foram acolhidas pel<strong>os</strong> poetas<br />

Carl<strong>os</strong> Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Pedro Nava,<br />

Emílio Moura, Abgar Renault e João Alphonsus;

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