Nepso PR-3 (Parte 1) - Instituto Paulo Montenegro
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NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />
VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />
35<br />
O ensino da história pode favorecer a compreensão dos alunos sobre a sociedade em que<br />
estão inseridos, fomentando o questionamento sobre o presente e desenvolvendo capacidades<br />
de interpretação. É também no ensino da história que se pode facilitar a apropriação de<br />
instrumentos que permitam apurar juízos individuais e coletivos. É na história – entendida<br />
como pesquisa e análise – que se pode perceber o papel de cada um como sujeito individual<br />
e coletivo dos fatos.<br />
HISTÓRIA ORAL, MEMÓRIA COLETIVA E CONSTRUÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA<br />
As principais experiências de uso pedagógico da pesquisa no ensino de história têm se<br />
desenvolvido com a chamada história oral, utilizada para essa finalidade especialmente em<br />
projetos de educação de adultos.<br />
A história oral, com a técnica de entrevistas abertas orientadas por tópicos de interesse, utiliza<br />
as memórias de pessoas que vivenciaram uma determinada época como fontes de construção<br />
do conhecimento histórico.<br />
Essa metodologia tem sido importantíssima para o resgate da noção de que as pessoas<br />
comuns desempenham um papel ativo no processo histórico. A história oral mostra que as<br />
pessoas desenvolvem uma compreensão de seu tempo e de sua experiência de vida – tudo<br />
isso vale tanto quanto o relato de documentos oficiais.<br />
OPINIÃO E LEMBRANÇAS<br />
É claro que o relato das pessoas sobre o passado não se constitui em uma reconstrução<br />
neutra e completa do que realmente aconteceu. Assim como ocorre com outros tipos de fontes<br />
históricas, as narrativas orais reconstituem uma determinada apreensão e compreensão do<br />
passado a partir dos problemas, estímulos e indagações do presente.<br />
Dependendo da avaliação do entrevistado sobre aspectos da realidade ou da sua vida,<br />
algumas coisas poderão ser lembradas ou esquecidas, valorizadas ou desprezadas.<br />
Essa evocação seletiva já demonstra como é forte a presença de elementos opinativos na<br />
própria constituição dos depoimentos. Com muita freqüência, ao indagarmos sobre a<br />
trajetória de vida de um entrevistado, percebemos, por exemplo, que ele ou ela:<br />
• Compara condições de vida, hábitos, experiências passadas e presentes;<br />
• Emite juízos sobre processos e personalidades históricos locais, nacionais e internacionais.<br />
No primeiro caso, temos manifestações do tipo: “Hoje está tudo pela hora da morte. Naquela<br />
época se comprava 10 quilos de carne por quinhentos réis.” – Ou então, ao contrário: “Agora<br />
é tudo mais fácil, quando eu cheguei aqui não havia água encanada nem luz elétrica.”<br />
Já no segundo caso, podemos classificar frases como: “Nunca houve um político tão bom<br />
para este bairro como o prefeito Fulano.” – Ou então: “A melhor coisa que aconteceu aqui foi