Introdução aos Processos QuÃmicos - Escola de QuÃmica / UFRJ
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Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Departamento <strong>de</strong> Engenharia Química<br />
<strong>Escola</strong> <strong>de</strong> Química/<strong>UFRJ</strong><br />
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
APOSTILA<br />
Fernando Luiz Pellegrini Pessoa<br />
Eduardo Mach Queiroz<br />
André Hemerly Costa<br />
2001/1<br />
1
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Capítulo 1 - INTRODUÇÃO<br />
1.1 – Primeiros Conceitos<br />
• Processo Químico:<br />
Conjunto <strong>de</strong> equipamentos, escolhidos pelas suas funções específicas, interligados <strong>de</strong><br />
modo a possibilitar a transformação <strong>de</strong> uma matéria-prima em um produto <strong>de</strong> interesse, <strong>de</strong><br />
forma econômica, segura e em escala comercial.<br />
De uma forma geral, a estrutura dos processos químicos e bioquímicos po<strong>de</strong> ser<br />
dividida em etapas mostradas no diagrama a seguir:<br />
Diagrama geral <strong>de</strong> um processo:<br />
Tratamento<br />
MP<br />
Reação<br />
MP<br />
P<br />
SP<br />
R<br />
MP<br />
Separação<br />
R<br />
P<br />
R<br />
P<br />
Purificação<br />
R<br />
SP<br />
Note que ao analisar um processo é sempre possível i<strong>de</strong>ntificar as etapas <strong>de</strong><br />
tratamento, reação, separação e purificação. Estas etapas po<strong>de</strong>m ser formadas por mais <strong>de</strong> um<br />
equipamento. A etapa <strong>de</strong> reação é consi<strong>de</strong>rada o núcleo do processo, a partir do qual a<br />
estrutura e existência das outras etapas são <strong>de</strong>finidas.<br />
2
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Sistema:<br />
Denominação genérica atribuída a todo conjunto <strong>de</strong> elementos, dotados <strong>de</strong> funções<br />
específicas e interligadas <strong>de</strong> forma conveniente para a consecução <strong>de</strong> um dado conjunto <strong>de</strong><br />
objetivos.<br />
A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> sistemas nos traz um novo conceito, o conceito <strong>de</strong> elementos. Os<br />
elementos <strong>de</strong>finem as sub-tarefas que compõem o sistema. E, associada à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />
elementos vem a <strong>de</strong> estrutura, que é a forma como os elementos estão interligados. Po<strong>de</strong>mos<br />
citar como exemplos <strong>de</strong> sistemas: o corpo humano e processos químicos.<br />
• Engenharia <strong>de</strong> <strong>Processos</strong><br />
A área da Engenharia Química que se preocupa com a visão sistemática dos <strong>Processos</strong><br />
Químicos é a chamada Engenharia <strong>de</strong> <strong>Processos</strong>, que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida da seguinte forma:<br />
“Conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que incluem a concepção, o dimensionamento e a avaliação <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sempenho do processo para obter um produto <strong>de</strong>sejado.”<br />
Definido o produto <strong>de</strong>sejado, informações quanto as possíveis matérias-primas, o seu<br />
preço no mercado, a sua <strong>de</strong>manda e a qualida<strong>de</strong> requerida pelo mercado <strong>de</strong>vem ser conhecidas<br />
<strong>de</strong> modo que sejam iniciadas as ativida<strong>de</strong>s da Engenharia <strong>de</strong> <strong>Processos</strong>. Estas ativida<strong>de</strong>s são<br />
normalmente realizadas em equipes multidisciplinares e po<strong>de</strong>m ser divididas em três níveis:<br />
nível tecnológico (NT), nível estrutural (NE) e nível <strong>de</strong> processos (NP).<br />
NT<br />
<br />
NE NP<br />
<br />
P<br />
• NT - Nível Tecnológico – <strong>de</strong>finição da rota química a ser utilizada. Com esta<br />
<strong>de</strong>finição fica <strong>de</strong>cidido o tipo <strong>de</strong> matéria-prima a utilizada, bem como a natureza<br />
da reação química, quando presente, ou do processo físico prepon<strong>de</strong>rante.<br />
3
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
• NE - Nível Estrutural – <strong>de</strong>finição da estrutura do processo, ou seja, escolha dos<br />
principais equipamentos a serem utilizados bem como especificação da forma <strong>de</strong><br />
interligá-los.<br />
A seguir são apresentadas duas possíveis estruturas para a produção <strong>de</strong> P a partir <strong>de</strong> A<br />
e B. Nesta etapa uma estrutura <strong>de</strong>ve ser escolhida.<br />
A<br />
B<br />
A, B<br />
C,P<br />
R S P<br />
A, B, C, P<br />
C<br />
P<br />
B<br />
A<br />
R<br />
A, B,<br />
C, P<br />
A<br />
B,<br />
C,<br />
P<br />
C<br />
B,<br />
P<br />
B<br />
P<br />
• NP – Nível <strong>de</strong> Processo - neste nível, conhecida a estrutura do processo, <strong>de</strong>ve-se<br />
<strong>de</strong>finir os valores dos principais parâmetros operacionais, <strong>de</strong> modo que a operações<br />
ocorra <strong>de</strong> forma segura e maximizando o lucro.<br />
Chama-se <strong>de</strong> Síntese <strong>de</strong> <strong>Processos</strong> as ativida<strong>de</strong>s relacionadas <strong>aos</strong> níveis tecnológico e<br />
estrutural. Em relação ao nível tecnológico não há procedimentos sistemáticos para direcionar<br />
suas ativida<strong>de</strong>s. Enciclopédias como a editada por Kirk & Othmer (Kirk,R.E. e<br />
Othmer,D.F.(ed.) “Encyclopedia of Chemical Technology”, The Interscience Encyclopedia,<br />
Inc., New York) são locais on<strong>de</strong> informações importantes estão disponíveis.<br />
No nível estrutural estão disponíveis várias procedimentos sistemáticos para a síntese<br />
<strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reatores, <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> separação e <strong>de</strong> trocadores <strong>de</strong> calor, entre outros, os quais<br />
4
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
vocês tomarão conhecimento ao longo do curso na medida em que forem estudados mais<br />
<strong>de</strong>talhadamente os princípios <strong>de</strong> funcionamento dos equipamentos presentes nestas re<strong>de</strong>s. Em<br />
resumo, neste primeiro contato com a Engenharia <strong>de</strong> <strong>Processos</strong>, ainda não temos<br />
conhecimentos acumulados que nos permitam trabalhar neste nível.<br />
A Análise <strong>de</strong> <strong>Processos</strong> fornece os procedimentos sistemáticos para o trabalho no<br />
Nível <strong>de</strong> Processo. Neste nível <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>finir os valores dos parâmetros operacionais nos<br />
quais há uma operação segura e otimizada do processo. Nesta etapa é indispensável a<br />
utilização <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los matemáticos que permitam a simulação, em regimes estacionário e<br />
transiente, da operação do processo. O conhecimento <strong>de</strong> resultados mais <strong>de</strong>talhados sobre o<br />
dimensionamento dos equipamentos permite uma avaliação mais precisa dos custos que<br />
normalmente têm a sua minimização como critério que norteia a otimização dos parâmetros<br />
operacionais.<br />
1.2 - Histórico da Engenharia Química<br />
Segue uma breve lista cronológica <strong>de</strong> fatos que po<strong>de</strong>m ser relacionados à implantação<br />
<strong>de</strong> hábitos/costumes <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> produtos/substâncias obtidas através <strong>de</strong> processos<br />
químicos e bioquímicos, ao longo da história.<br />
➫ 2500 A.C.<br />
! pigmentos para pare<strong>de</strong>s # negro <strong>de</strong> fumo<br />
! tingimento em roupas, cosméticos<br />
! tecnologia para a produção <strong>de</strong> ferro<br />
! avanços tecnológicos: egípcios, persas, sumérios, babilônios<br />
uso <strong>de</strong> papiro e pergaminho # uso <strong>de</strong> tintas<br />
remédios<br />
ouro, prata e bronze<br />
produção <strong>de</strong> vinho, cerveja em gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s<br />
cerâmica <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong><br />
! os gregos assimilaram todas as técnicas<br />
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Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
filósofos # busca da essência <strong>de</strong> tudo o que os cercava # com isto surgiram<br />
as Teorias<br />
➫ em torno <strong>de</strong> 1 A.C.<br />
! conjunto <strong>de</strong> preparações e manipulações<br />
experimentação com técnicas <strong>de</strong> banho-maria<br />
perfumes <strong>de</strong> flores<br />
estudo da fusão, sublimação e <strong>de</strong>stilação<br />
equipamentos rudimentares<br />
! primeiras escolas <strong>de</strong> experimentação<br />
Egito e Bizâncio # <strong>de</strong>senvolveram e batizaram a Alquimia<br />
Alquimia<br />
obtenção do ouro usando outros metais com uma substância chamada<br />
pedra filosofal<br />
obtenção da água milagrosa # elixir da longa vida<br />
Conseqüências<br />
estudaram minerais;<br />
<strong>de</strong>scobriram um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> substâncias (H 2 SO 4 , HCl, HNO 3 );<br />
melhoraram os processos <strong>de</strong> dissolução, secagem, evaporação<br />
usaram cerâmicas<br />
! chineses inventaram o papel e a pólvora<br />
! árabes introduziram a cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />
criaram os primeiros engenhos <strong>de</strong> açúcar<br />
juntavam ao suco <strong>de</strong> cana, o leite e <strong>de</strong>cantavam a mistura # impurezas<br />
no leite.<br />
! egípcios <strong>de</strong>scobriram que podiam tratar o suco com cal e cinzas # filtrar #<br />
evaporar # cristalizar # açúcar (século XI)<br />
! combustão da pólvora<br />
➫ Ida<strong>de</strong> Média<br />
! novas indústrias químicas<br />
! vidro comum e colorido<br />
6
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
! <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong> aguar<strong>de</strong>nte e essências<br />
! pigmentos<br />
➫ Renascimento<br />
! impulso na metalurgia<br />
ácido e outras substâncias para a obtenção <strong>de</strong> metais<br />
! estudo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s terapêuticas <strong>de</strong> substâncias # Paracelso<br />
! Primeira gran<strong>de</strong> teoria química<br />
Teoria do Flogisto (quando uma substância queima, o flogisto sai em forma <strong>de</strong><br />
chama) # <strong>de</strong>scobriu o O 2 , N 2 e H 2<br />
➫ Século XVI<br />
experimento e indução<br />
➫ Século XVII<br />
! avanço na Matemática<br />
Alfred North Whitehead<br />
“Quando o século terminar, a matemática será uma ferramenta para a<br />
aplicação em problemas físicos ...”<br />
! várias hipóteses e experimentos juntos criaram relações que foram analisadas<br />
através da matemática<br />
! nesta época existiam as indústrias <strong>de</strong> açúcar, vidro, pigmentos<br />
quem trabalhava nestas indústrias<br />
alquimistas<br />
capatazes # primeiros Engenheiros Químicos<br />
➫ Revolução Industrial - Século XVIII<br />
! química # ciência respeitável<br />
aliou-se a outras técnicas<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da Indústria<br />
! vários nomes surgiram<br />
Boyle, Watt, Lavoisier<br />
novas substâncias<br />
Lei da Conservação da Massa<br />
Química Mo<strong>de</strong>rna<br />
7
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Jonh Smeaton # Engenheiro civil presta serviços à socieda<strong>de</strong>, diferentemente<br />
do engenheiro militar<br />
➫ Século XIX<br />
! Instituto <strong>de</strong> Engenharia Civil - 1818<br />
! <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Engenharia<br />
“A arte <strong>de</strong> utilizar as forças da natureza para uso e conveniência do homem “<br />
! Instituto <strong>de</strong> Engenharia Mecânica - 1847<br />
! gran<strong>de</strong>s contribuções neste século<br />
Dalton # Teoria Química; Bercelius # Notação Química<br />
Lei periódica dos elementos; Experimentos <strong>de</strong> Faraday #eletroquímica<br />
! crescimento da indústria<br />
Desenvolvimento da máquina a vapor, utilização <strong>de</strong> processos catalíticos,<br />
processo Solvay (NaOH), síntese da uréia.<br />
! As indústrias empregavam<br />
Químicos # controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
Engenheiro Mecânico ou Civil # construção e dimensionamento dos<br />
equipamentos<br />
! surgiram as <strong>Escola</strong>s <strong>de</strong> Engenharia e Tecnologia na Alemanha e nos EUA<br />
EUA # método <strong>de</strong>scritivo # sem preocupação para custo e substâncias<br />
Europa # preocupação <strong>de</strong> produzir <strong>de</strong> forma econômica<br />
$<br />
gran<strong>de</strong> concentração nos fundamentos<br />
$<br />
melhoria na técnica <strong>de</strong> produção<br />
# necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenheiros que soubessem química e que pu<strong>de</strong>ssem<br />
dimensionar plantas químicas mais eficientes e econômicas<br />
➫ em torno <strong>de</strong> 1880<br />
! discussão sobre uma nova carreira # Engenharia Química<br />
➫ 1887 # George Davis # Manchester Technical College<br />
! várias conferências sobre o tema, escreveu um livro em 1901.<br />
8
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
➫ 1888 # Lewis Norton # Professor <strong>de</strong> Química Industrial no MIT (Massachusetts Institute<br />
of Technology) criou o Curso <strong>de</strong> Engenharia Química # “Fundamentos em Química e<br />
Física, reforçados com Engenharia Mecânica e <strong>de</strong>scrição dos equipamentos e processos<br />
industriais.”<br />
Com o avanço das indústrias <strong>de</strong> processos químicos, verificou-se a complexida<strong>de</strong> na<br />
concepção e condução <strong>de</strong> sua operação:<br />
Varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições + Limitações <strong>de</strong> material <strong>de</strong> construção + Imposição<br />
das características físico-químicas das substâncias sobre o projeto<br />
$<br />
Método <strong>de</strong>scritivo não era suficiente para a formação do Engenheiro Químico<br />
$<br />
Rediscussão da carreira<br />
$<br />
Conceito <strong>de</strong> Operações Unitárias (primeiro paradigma)<br />
No lugar <strong>de</strong> estudar processos, estudar operações comuns <strong>aos</strong> processos:<br />
escoamento <strong>de</strong> fluidos; transferência <strong>de</strong> calor e <strong>de</strong> massa; <strong>de</strong>stilação; filtração; etc.<br />
$<br />
Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dados físico-químicos para os projetos<br />
➫ Atualmente # aplicação racional do método experimental e fundamentos científicos para<br />
transformação da matéria<br />
! Física e Química # fornecem os fundamentos: Termodinâmica, Cinética,<br />
Fenômenos <strong>de</strong> Transporte<br />
! Matemática e Computação # expressar fundamentos em termos matemáticos e<br />
estudá-los<br />
! Administração, Sociologia e Economia # conhecer o homem e influência social e<br />
econômica <strong>de</strong> seu trabalho<br />
! Engenharia # dimensionar equipamentos e processos<br />
9
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
1.3 – Dimensões e Unida<strong>de</strong>s<br />
A Engenharia <strong>de</strong> <strong>Processos</strong> lida com cálculos envolvendo processos ou operações, que<br />
têm como objetivo a transformação <strong>de</strong> matérias-primas em produtos. Estes cálculos permitem<br />
relacionar parâmetros que <strong>de</strong>screvem a quantida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma matéria-prima<br />
(entrada no processo) com a quantida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> do produto formado (saída do<br />
processo). Estes cálculos envolvem dados relativos às correntes <strong>de</strong> processo (elos <strong>de</strong> ligação<br />
entre equipamentos e pontos <strong>de</strong> entrada e saída <strong>de</strong> substâncias no processo) e <strong>aos</strong><br />
equipamentos (tamanho, forma, tipo e condições <strong>de</strong> operação).<br />
Assim, antes <strong>de</strong> mais nada, precisamos <strong>de</strong> saber como representar <strong>de</strong> forma correta e<br />
coerente estes dados. Aparecem então os conceitos <strong>de</strong> dimensão e unida<strong>de</strong>s.<br />
Dimensão: conceito básico <strong>de</strong> medida, como comprimento (L), tempo (t), massa (M) e<br />
temperatura (T). Estes são exemplos <strong>de</strong> dimensões básicas. Essas dimensões po<strong>de</strong>m ser<br />
combinadas, através da multiplicação e/ou da divisão, gerando dimensões que combinam os<br />
conceitos básicos. Por exemplo, o conceito <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> combina a idéia <strong>de</strong> um<br />
comprimento percorrido durante um certo intervalo <strong>de</strong> tempo, assim sua dimensão é<br />
comprimento por tempo (L/t). Para expressarmos um volume necessitamos <strong>de</strong> indicar mais <strong>de</strong><br />
um comprimento, <strong>de</strong>sta forma a sua dimensões é comprimento ao cubo (L 3 ).<br />
Unida<strong>de</strong>s: valores específicos, <strong>de</strong>finidos por convenção (arbitrariamente), que<br />
permitem quantificar as dimensões. Exemplos são: metro, polegada e pé para comprimento;<br />
quilograma (kg), grama (g), libra (lb) e slug para massa; kelvin (K) e grau Celsius (°C) para<br />
temperatura; e segundo (s) e hora (h) para o tempo.<br />
Os cálculos envolvendo processos químicos e bioquímicos são realizados usando<br />
quantida<strong>de</strong>s cujas gran<strong>de</strong>zas são expressas em termos <strong>de</strong> um certo número <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua<br />
dimensão. Assim, o valor numérico representa o número <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s contidas na quantida<strong>de</strong><br />
medida. Uma gran<strong>de</strong>za muito utilizada é a vazão mássica. Ela representa a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
massa que escoa através <strong>de</strong> um condutor qualquer em um certo intervalo <strong>de</strong> tempo. Desta<br />
forma, sua dimensão é massa por tempo (M/t) e algumas unida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m ser utilizadas<br />
para expressá-la são: kg/s; kg/min; lb/s; slug/min; etc.<br />
10
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
1.3.1 – Consistência Dimensional<br />
Com as gran<strong>de</strong>zas bem <strong>de</strong>finidas, parte-se para as regras utilizadas nos cálculos que as<br />
envolvem. Aparece então o conceito <strong>de</strong> consistência dimensional ou homogeneida<strong>de</strong><br />
dimensional. A consistência dimensional organiza os procedimentos nos quais são efetuados<br />
cálculos envolvendo as gran<strong>de</strong>zas dimensionais ou adimensionais. Ela dita que:<br />
“Toda equação que representa um sistema físico só é válida se for dimensionalmente<br />
consistente (homogênea), isto é, se todos os seus termos que são somados, subtraídos ou<br />
igualados, tiverem as mesmas dimensões e estiverem representados na mesma unida<strong>de</strong>.”<br />
Note que a recíproca não é verda<strong>de</strong>ira, ou seja, não necessariamente uma equação<br />
dimensionalmente consistente tem significado físico. Analise cuidadosamente os exemplos a<br />
seguir:<br />
i) V (m/s) = V 0 (m/s) + g (m/s 2 ) * t(s) → é dimensionalmente consistente<br />
ii) V (m/s) = V 0 (m/s) + g (m/s 2 ) → não é dimensionalmente consistente<br />
iii) Sendo m a massa <strong>de</strong> um corpo expressa em quilos, a equação<br />
m = 2.m<br />
é dimensionalmente consistente, mas não tem significado físico.<br />
Uma observação cuidadosa das dimensões das gran<strong>de</strong>zas envolvidas em um problema<br />
po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia em sua solução. As dimensões conferem significado físico <strong>aos</strong><br />
números fornecidos e po<strong>de</strong>m indicar a solução através <strong>de</strong> uma simples análise dimensional.<br />
Por outro lado, <strong>de</strong>scuidos levam a resultados sem qualquer significado.<br />
São as seguintes as regras envolvendo operações com gran<strong>de</strong>zas dimensionais:<br />
➫ adição / subtração:<br />
% quantida<strong>de</strong>s expressas na mesma unida<strong>de</strong> fornecem o resultado nesta mesma<br />
unida<strong>de</strong>. Assim, se a operação for efetuada com quantida<strong>de</strong>s expressas em<br />
diferentes unida<strong>de</strong>s o seu resultado não terá significado físico.<br />
11
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
multiplicação / divisão:<br />
% o resultado tem como unida<strong>de</strong> a multiplicação/divisão/potenciação das unida<strong>de</strong>s<br />
das gran<strong>de</strong>zas envolvidas na operação;<br />
% a divisão envolvendo mesmas unida<strong>de</strong>s fornece uma gran<strong>de</strong>za sem dimensão<br />
(gran<strong>de</strong>za adimensional).<br />
➫ expoentes e argumentos <strong>de</strong> funções:<br />
% os argumentos e expoentes <strong>de</strong> funções exponenciais, logarítmicas ou<br />
trigonométricas <strong>de</strong>vem sempre ser adimensionais, ou seja, <strong>de</strong>vem possuir<br />
representação dimensional unitária e não ter unida<strong>de</strong>s.<br />
Estas regras po<strong>de</strong>m ser facilmente entendidas com o auxílio dos exemplos a seguir:<br />
a)<br />
kg kg kg<br />
10 + 20 = 30 ou ainda, 10 kg/h + 20 kg/h = 30 kg/h → OK!<br />
h h h<br />
kg kg<br />
b) 10 − 7200 = não tem um resultado com significado físico!<br />
s h<br />
3<br />
c) 20 m *10 m * 5 m = 1000 m → OK!<br />
d)<br />
kg s kg s kg<br />
10 * 3600 = 36000 * = 36000 → OK!<br />
s h s h h<br />
e)<br />
15 m kg<br />
* 4<br />
3<br />
h m m kg 1 m<br />
3 1 mol m<br />
= 15 * 4 * * = 12 → OK!<br />
3<br />
mol kg h m 10 mol 25 kg h<br />
10 * 25<br />
3<br />
m mol<br />
1.3.1 – Conversão <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s<br />
Já vimos que para utilizarmos uma equação todos as suas parcelas <strong>de</strong>vem possuir a<br />
mesma dimensão e <strong>de</strong>vem estar expressas nas mesmas unida<strong>de</strong>s. Na prática, em função dos<br />
diversos tipos <strong>de</strong> instrumentos utilizados (fabricação, princípio utilizado para a medição e<br />
calibração), é comum o recebimento <strong>de</strong> informações expressas em unida<strong>de</strong>s não coerentes.<br />
Assim, para que estes valores possam ser utilizados em cálculos, suas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser<br />
12
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
transformadas para um conjunto coerente, tornando possível satisfazer o conceito da<br />
consistência dimensional. Esta transformação é feita com a utilização dos chamados fatores <strong>de</strong><br />
conversão.<br />
Com os fatores <strong>de</strong> conversão, problemas como o encontrado na equação<br />
kg kg<br />
10 − 7200 = <br />
s h<br />
po<strong>de</strong>m ser eliminados. Nessa equação as duas parcelas têm dimensão <strong>de</strong> massa/tempo, porém<br />
expressas em unida<strong>de</strong>s diferentes. Para que a operação possa ser efetuada e resulte em uma<br />
gran<strong>de</strong>za com significado físico as duas unida<strong>de</strong>s também tem que ser iguais. Assim, ao se<br />
escolher a unida<strong>de</strong> kg/s como referência, a gran<strong>de</strong>za 7200 kg/h <strong>de</strong>ve ser expressa também em<br />
kg/s. O fator <strong>de</strong> conversão a ser utilizado é retirado da relação entre os tamanhos das unida<strong>de</strong>s<br />
envolvidas:<br />
1 h ≡ 3600 s ⇒ fator <strong>de</strong> conversão =<br />
1 h<br />
3600<br />
s<br />
≡ 1.<br />
Note que, como o fator <strong>de</strong> conversão é originado <strong>de</strong> uma razão entre duas gran<strong>de</strong>zas que<br />
representam exatamente a mesma coisa, ele po<strong>de</strong> ser multiplicado em qualquer parcela <strong>de</strong><br />
uma equação sem interferir no valor relativo entre estas parcelas. Usando a fator <strong>de</strong> conversão<br />
pertinente, tem-se:<br />
kg kg kg kg 1h kg kg<br />
10 − 7200 = 10 − 7200 * = 10 − 2 =<br />
s h s h 3600s s s<br />
8<br />
kg<br />
s<br />
Leia cuidadosamente os exemplos a seguir. Eles mostram como lidar com equações<br />
dimensionais (equação cujas parcelas possuem unida<strong>de</strong>s) e como utilizar os fatores <strong>de</strong><br />
conversão para escrevê-las <strong>de</strong> forma conveniente para um <strong>de</strong>terminado uso.<br />
• Exemplo 1.3.1.1:<br />
Seja um experimento <strong>de</strong> queda livre no qual se quer saber a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um corpo<br />
após uma queda <strong>de</strong> 1,5 min. No instante inicial este corpo está a uma velocida<strong>de</strong> V 0 . A<br />
equação a ser utilizada é:<br />
V (m/s) = V 0 (m/s) + g (m/s 2 ) . t(s) ,<br />
13
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
mas como o tempo foi fornecido em minutos há duas alternativas <strong>de</strong> procedimento:<br />
(i) transformar o valor obtido em segundos e entrar na equação original para <strong>de</strong>terminar a<br />
velocida<strong>de</strong> requerida:<br />
t = 1,5 min (60 s / 1 min) = 90 s ⇒ V (m/s) = V 0 (m/s) + g (m/s 2 ) . 90 s<br />
(ii)<br />
transformar a equação original <strong>de</strong> tal forma que o tempo possa ser colocado em<br />
minutos e ela continue consistente:<br />
Como na equação original o tempo <strong>de</strong>ve ser expresso em segundos, para po<strong>de</strong>rmos<br />
entrar com o tempo em minutos é necessário que o fator <strong>de</strong> conversão seja inserido na<br />
equação <strong>de</strong> tal forma a manter a consistência dimensional:<br />
V (m/s) = V 0 (m/s) + g (m/s 2 ) . t(min).(60 s / 1 min)<br />
⇒<br />
V (m/s) = V 0 (m/s) + g (m/s 2 ) . t(min) . 60<br />
Esta é a equação transformada para colocarmos o t em minutos diretamente. Note que<br />
o termo em negrito é equivalente ao t(s) – tempo expresso em segundos – da equação original.<br />
Entrando com t = 1,5 min, tem-se:<br />
V (m/s) = V 0 (m/s) + g (m/s 2 ) . 1,5 x 60 ⇒ V (m/s) = V 0 (m/s) + g (m/s 2 ) . 90 ;<br />
equação que irá fornecer um resultado igual ao obtido no item (i).<br />
A escolha entre os procedimentos (i) e (ii) em problemas é uma função do problema e<br />
das circunstâncias. O mais comum é no início <strong>de</strong> um procedimento <strong>de</strong> cálculo passar todos os<br />
parâmetros envolvidos para as unida<strong>de</strong>s pertinentes é então fazer os cálculos (opção (i)).<br />
Entretanto, quando há a previsão <strong>de</strong> cálculos repetitivos, a opção (ii) acaba sendo mais prática.<br />
14
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Exemplos 1.3.1.2:<br />
Consi<strong>de</strong>re a equação D (ft) = 3 t (s) + 4 .<br />
i) Se a equação é válida, quais são as unida<strong>de</strong>s das constantes 3 e 4<br />
Para a equação ser consistente (homogênea), suas três parcelas <strong>de</strong>vem ter a mesma dimensão<br />
(L) e estar expressas na mesma unida<strong>de</strong> (ft). Assim: 3 ft/s e 4 ft .<br />
ii) Obtenha uma equação equivalente na qual a distância percorrida seja calculada em metros<br />
e o tempo seja introduzido em minutos.<br />
I<strong>de</strong>ntificando as novas variáveis na forma: D’(m) e t’(min), <strong>de</strong>ve-se obter a relação entre<br />
elas e as variáveis correspon<strong>de</strong>ntes na equação original:<br />
3,2808 ft<br />
D(ft) = D ′(m)<br />
.<br />
= 3,2808 D ′(m)<br />
1 m<br />
t(s)<br />
=<br />
t′<br />
(min)<br />
.<br />
60 s<br />
1 min<br />
=<br />
60<br />
t′<br />
(min)<br />
Substituindo as relações na equação original:<br />
3,2808 D ′(m)<br />
= 3 × 60 t′<br />
(min)<br />
+<br />
4<br />
D ′(m)<br />
=<br />
54,9<br />
t′<br />
(min)<br />
+<br />
1,2<br />
• Exemplo 1.3.1.3:<br />
A velocida<strong>de</strong> específica <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada reação química (k) varia com a temperatura<br />
(T) segundo a equação:<br />
k<br />
⎡ 20000 ⎤<br />
⎢ -<br />
⎡ ⎤<br />
⎥<br />
= ×<br />
5 20000 −<br />
5 ⎣ 1,987* T ⎦<br />
1,2 10 exp<br />
= 1,2 × 10 . e<br />
⎢<br />
⎣<br />
1,987 * T<br />
⎥<br />
⎦<br />
mol<br />
cal<br />
on<strong>de</strong>, k [ = ] ; T [ = ] K ; 20000 [ = ] .<br />
3<br />
cm s<br />
mol<br />
Quais as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 1,2 x 10 5 e 1,987 <br />
15
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
A equação <strong>de</strong>ve ser dimensionalmente consistente. Assim, as duas parcelas <strong>de</strong>vem<br />
estar expressas na mesma unida<strong>de</strong> e a função exponencial (exp) <strong>de</strong>ve ter o argumento<br />
adimensional. Então 1,2 x 10 5 mol<br />
<strong>de</strong>ve ter a mesma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> k, ou seja, , e, para o<br />
3<br />
cm s<br />
argumento da exp ser adimensional, tem-se que:<br />
cal<br />
mol<br />
1 1<br />
cal<br />
× × = 1 ⇒ [1,987] = .<br />
K [1,987]<br />
mol K<br />
Nota: A equação que aparece neste exemplo é conhecida como equação <strong>de</strong> Arrhenius. Esta<br />
equação representa, para a maioria das reações químicas, a <strong>de</strong>pendência da taxa <strong>de</strong> reação com<br />
a temperatura. De uma forma geral, ela é escrita:<br />
⎡ E ⎤<br />
k = k<br />
0<br />
exp<br />
⎢ −<br />
R T ⎥<br />
⎣ ⎦<br />
on<strong>de</strong> E é a energia <strong>de</strong> ativação da reação química e R é a constante dos gases i<strong>de</strong>ais. Cada<br />
reação química terá um valor específico <strong>de</strong> k 0 e E.<br />
1.4 – Sistemas <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s<br />
Os sistemas <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s são conjuntos <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s utilizados para representar as<br />
diversas gran<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> uma forma uniforme. Eles foram <strong>de</strong>finidos a partir da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
uma uniformização das formas <strong>de</strong> expressar as diversas gran<strong>de</strong>zas que apareceu,<br />
principalmente, com o incremento do comércio na Europa da ida<strong>de</strong> média.<br />
Um sistema <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> ser dividido em três sub-conjuntos:<br />
• Unida<strong>de</strong>s básicas: são as unida<strong>de</strong>s das dimensões básicas, que não são necessariamente<br />
as mesmas nos diversos sistemas.<br />
• Unida<strong>de</strong>s suplementares: são as unida<strong>de</strong>s utilizadas para expressar ângulos no plano e<br />
no espaço.<br />
• Unida<strong>de</strong>s Derivadas: são obtidas a partir <strong>de</strong> relações envolvendo as unida<strong>de</strong>s básicas.<br />
16
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Em alguns sistemas, algumas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>rivadas possuem unida<strong>de</strong>s equivalentes, ou<br />
seja, unida<strong>de</strong>s que representam, <strong>de</strong> forma resumida, as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>rivadas. Exemplos <strong>de</strong>stas<br />
unida<strong>de</strong>s são:<br />
1 erg ≡ 1g cm 2 /s 2 (unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia);<br />
1 N ≡ 1 kg m / s (newton, unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> força);<br />
1 dina ≡ 1 g cm / s (unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> força)<br />
1 Pa ≡ 1 N/m 2 ≡ 1 kg / (m s 2 ) (pascal, unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressão).<br />
No ano <strong>de</strong> 1960, ocorreu uma conferência internacional que <strong>de</strong>finiu um dos sistemas<br />
como referência, sendo ele chamado <strong>de</strong> Sistema Internacional. O início das tentativas <strong>de</strong><br />
unificação datam <strong>de</strong> 1790, quando a França, recém saída da revolução, reconhece a<br />
necessida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s que facilitasse as relações<br />
comerciais. A Inglaterra foi procurada, mas como já tinha um sistema em uso na ilha em em<br />
suas colônias, não participou com interesse da iniciativa francesa. Da iniciativa francesa<br />
originou-se o Sistema Internacional, que mesmo hoje ainda convive, <strong>de</strong>ntro dos processos<br />
químicos, com sistemas <strong>de</strong> origem inglesa, principalmente o americano <strong>de</strong> engenharia.<br />
Os sistemas são divididos em:<br />
• Sistemas Absolutos: nos sistemas absolutos as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> força são <strong>de</strong>rivadas das<br />
unida<strong>de</strong>s básicas. Os mais comuns são o CGS, o absoluto inglês e o SI.<br />
• Sistemas Gravitacionais: nestes sistemas, a dimensão <strong>de</strong> força e a sua unida<strong>de</strong> são<br />
consi<strong>de</strong>radas básicas. Os mais comuns são o britânico <strong>de</strong> engenharia e o americano<br />
<strong>de</strong> engenharia.<br />
O sistema CGS fui durante muito tempo o mais utilizado nos trabalhos científicos. O<br />
americano <strong>de</strong> engenharia é muito utilizado na indústria química, e particularmente na <strong>de</strong><br />
petróleo, nos Estados Unidos. Assim, mesmo com a <strong>de</strong>finição do Sistema Internacional como<br />
o sistema universal, ainda convivemos com muitos dados e informações provenientes dos<br />
processos expressos em outros sistemas <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s.<br />
A tabela 1.4.1 apresenta as unida<strong>de</strong>s das dimensões mais utilizadas nos cálculos<br />
envolvendo os processos químicos e bioquímicos, nos três sistemas mais comuns. As<br />
unida<strong>de</strong>s em campos com fundo marcado são unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>rivadas.<br />
17
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Tabela 1.4.1 – Sistemas <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s – Algumas Unida<strong>de</strong>s<br />
Dimensões Compri-<br />
Quantida<strong>de</strong><br />
Tempo Massa Força Temperatura<br />
↓ Sistemas mento<br />
<strong>de</strong> Matéria<br />
SI m s kg N (newton) K ou °C mol<br />
CGS cm s g dina K ou °C mol<br />
Amer.<br />
Eng.<br />
ft (pé)<br />
s<br />
lb m (libra<br />
massa)<br />
lb f<br />
(libra<br />
força)<br />
°R ou °F<br />
lb mol<br />
(libra mol)<br />
Os sistemas <strong>de</strong>cimais, como o SI e o CGS, têm a vantagem <strong>de</strong> trabalhar com múltiplos<br />
e divisões <strong>de</strong>cimais (exceção para as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tempo), fato que não ocorre com os sistemas<br />
inglês e americano.<br />
Outra característica importante, típica dos sistemas gravitacionais, é a utilização da<br />
força como dimensão básica. Desta forma, no Sistema Americano <strong>de</strong> Engenharia a libra-força<br />
é uma unida<strong>de</strong> básica, sendo <strong>de</strong>finida da seguinte forma:<br />
“O valor numérico da força (lb f ) e da massa (lb m ) são iguais na superfície terrestre, ao<br />
nível do mar e a 45 o <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong>.”<br />
Isto é: 1 lb m ao nível do mar ⇒ peso igual a 1 lb f .<br />
Esta <strong>de</strong>finição leva a uma inconsistência no sistema, representada pelo fato que 1 lb f é<br />
diferente <strong>de</strong> 1 lb m ft / s 2 . Ao nível do mar na latitu<strong>de</strong> indicada, a aceleração da gravida<strong>de</strong> local<br />
é igual a 32,174 ft/s 2 . Assim, utilizando-se a lei <strong>de</strong> Newton, tem-se:<br />
P = m . g = 1 (lb m ) . 32,174 (ft/s 2 ) = 32,174 (lb m . ft / s 2 )<br />
Como a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> libra-força impõe que este resultado seja igual a 1 (lb f ), há a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> utilizarmos um fator <strong>de</strong> conversão na lei <strong>de</strong> Newton, chamado <strong>de</strong> g c . Tem-se então:<br />
P = m . g / g c ⇒ 1 lbf = 32,174 (lb m .ft/s 2 ) / g c ⇒ g c = 32,174 (lb m .ft/s 2 )/(lb f )<br />
18
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Vemos então que g c nada mais é do que um fator <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s, que permite a<br />
passagem <strong>de</strong> lb m .ft/s 2 para lb f . Em sistemas consistentes, como o SI e o CGS, o valor <strong>de</strong> g c é<br />
unitário.<br />
g<br />
c<br />
m<br />
kg ×<br />
2<br />
= 1<br />
s<br />
N<br />
cm<br />
g ×<br />
lb<br />
2<br />
= 1<br />
s<br />
= 32,174<br />
dina<br />
m<br />
lb<br />
×<br />
f<br />
ft<br />
s<br />
2<br />
• Exemplo 1.4.1:<br />
100 lb <strong>de</strong> água escoam pelo interior <strong>de</strong> uma tubulação a uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10 ft/s.<br />
Qual é a energia cinética da água em ft.lb f <br />
Solução:<br />
on<strong>de</strong> m = 100 lb m e v = 10 ft/s . Assim,<br />
E<br />
c<br />
=<br />
mv<br />
2<br />
2<br />
E<br />
c<br />
=<br />
1<br />
2<br />
× 100<br />
lb<br />
m<br />
2<br />
⎛ ft ⎞<br />
× 10 ⎜ ⎟<br />
⎝ s ⎠<br />
=<br />
5000<br />
lb<br />
m<br />
ft<br />
s<br />
2<br />
2<br />
Como :<br />
1<br />
lb<br />
f<br />
=<br />
32,174<br />
lb<br />
m<br />
2<br />
s<br />
.ft<br />
E<br />
c<br />
=<br />
5000<br />
lb<br />
m<br />
ft<br />
s<br />
2<br />
2<br />
×<br />
32,174<br />
lb<br />
f<br />
lb<br />
m<br />
ft<br />
.<br />
2<br />
s<br />
=<br />
155,4<br />
lb<br />
f<br />
. ft<br />
• Exemplo 1.4.2:<br />
Qual é a energia potencial, em ft . lb f , em relação à superfície da terra, <strong>de</strong> um tambor<br />
<strong>de</strong> 100 lb colocado 10 ft acima da superfície terrestre <br />
Solução:<br />
E p<br />
= m g h<br />
on<strong>de</strong>: m = 100 lb m , h = 10 ft e g = 32,2 ft/s 2 . Assim,<br />
19
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
E<br />
E<br />
p<br />
p<br />
= 100<br />
lb<br />
= 1000,8<br />
m<br />
lb<br />
× 32,2<br />
f<br />
.ft<br />
ft<br />
s<br />
2<br />
× 10 ft<br />
1 lb<br />
×<br />
32,174 lb<br />
f<br />
m<br />
×<br />
ft<br />
s<br />
2<br />
• Exemplo 1.4.3:<br />
A água tem <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> igual a 62,4 lb m /ft 3 . Qual é o peso <strong>de</strong> 2000 ft 3 <strong>de</strong> água, ao nível<br />
do mar e a 45 o <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> Qual será o peso em uma cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> g = 32,1 ft/s 2 <br />
Solução:<br />
P = m g<br />
on<strong>de</strong>: m = e g é uma função do local. Assim, a massa da água é:<br />
ρ ≡<br />
m<br />
V<br />
⇒<br />
m = ρ<br />
. V<br />
=<br />
62,4<br />
lbm<br />
ft<br />
3<br />
× 2000 ft = 124800 lb<br />
3 m<br />
a) Peso ao nível do mar, no local especificado (g = 32,174 ft / s 2 ):<br />
f<br />
P = 124800 lb<br />
m<br />
× 32,174 ×<br />
=<br />
2<br />
b) No local on<strong>de</strong> g = 32,1 ft/s 2 :<br />
ft<br />
ft<br />
s<br />
32,174<br />
lb<br />
lb<br />
m<br />
m<br />
ft<br />
×<br />
2<br />
s<br />
f<br />
P = 124800 lb<br />
m<br />
× 32,1 ×<br />
=<br />
2<br />
s<br />
32,174<br />
lb<br />
lb<br />
×<br />
ft<br />
s<br />
2<br />
124800<br />
124513<br />
lb<br />
lb<br />
f<br />
f<br />
1.4.1 – Sistema Internacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s<br />
Neste item são apresentadas algumas características do SI. Na tabela 1.4.1.1 são<br />
listadas suas sete unida<strong>de</strong>s básicas.<br />
O SI possui duas unida<strong>de</strong>s complementares: (i) o radiano (rad) para medida <strong>de</strong> ângulos<br />
planos; (ii) o esterradiano (sr) para medida <strong>de</strong> ângulos sólidos.<br />
Várias unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>rivadas do SI possuem nomes específicos em homenagem a alguns<br />
cientistas. Elas certamente serão utilizadas por você nessa disciplina e/ou em outras ao longo<br />
do seu curso. Na tabela 1.4.1.2 são apresentadas algumas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>rivadas pertencentes ao<br />
SI.<br />
20
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Tabela 1.4.1.1 – Unida<strong>de</strong>s Básicas do SI<br />
Gran<strong>de</strong>za Nome da Unida<strong>de</strong> Símbolo<br />
comprimento metro m<br />
massa quilograma * kg<br />
tempo segundo s<br />
corrente elétrica ampère A<br />
temperatura kelvin K<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria mol mol<br />
intensida<strong>de</strong> luminosa can<strong>de</strong>la cd<br />
* A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa excepcionalmente é precedida por um prefixo. Por convenção,<br />
os múltiplos e submúltiplos são formados pelos prefixos SI acrescidos à palavra grama<br />
(símbolo g).<br />
Tabela 1.4.1.2 – Unida<strong>de</strong>s Derivadas do SI<br />
Nome da Unida<strong>de</strong> Símbolo Representação com<br />
Gran<strong>de</strong>za<br />
Unida<strong>de</strong>s Básicas<br />
freqüência hertz Hz 1/s<br />
força newton N kg.m / s 2<br />
pressão pascal Pa kg / (m.s 2 )<br />
energia e trabalho joule J kg.m 2 / s 2<br />
potência watt W kg.m 2 / s 3<br />
Existe um conjunto <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s que são aceitas para uso com o SI, sem restrição <strong>de</strong><br />
prazo. Nesse conjunto, com utilização na indústria <strong>de</strong> processos químicos, tem-se: o litro (l); o<br />
grau (°), o minuto(‘) e o segundo(“), para ângulo plano; a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa atômica (u); a<br />
tonelada (t); o minuto (min), a hora (h) e o dia (d); e a rotação por minuto (rpm).<br />
Há ainda um outro conjunto formados por unida<strong>de</strong>s fora do SI, mas que continuam<br />
admitidas temporariamente. Entre elas, com importância na indústria <strong>de</strong> processos químicos,<br />
po<strong>de</strong>-se listar: a atmosfera (atm), o bar (bar) e o milímetro <strong>de</strong> mercúrio (mm Hg), para<br />
pressão; o quilograma-força (kgf) para força; a caloria (cal) para energia; e o cavalo-vapor<br />
(cv) para potência. Lembre-se que a utilização do quilograma-força torna o sistema não<br />
21
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
coerente, sendo assim o g c é diferente da unida<strong>de</strong> como foi mostrado no item 1.4. Apesar <strong>de</strong><br />
admitidas, há uma recomendação para se evitar o uso da caloria, do cavalo-vapor, do<br />
quilograma-força e do milímetro <strong>de</strong> mercúrio.<br />
Na tabela 1.4.1.3 são apresentados os prefixos do SI.<br />
Tabela 1.4.1.3 – Prefixos SI<br />
Nome Símbolo Fator <strong>de</strong> Multiplicação<br />
exa E 10 18<br />
peta P 10 15<br />
tera T 10 12<br />
giga G 10 9<br />
mega M 10 6<br />
quilo k 10 3<br />
hecto h 10 2<br />
<strong>de</strong>ca da 10<br />
<strong>de</strong>ci d 10 -1<br />
centi c 10 -2<br />
mili m 10 -3<br />
micro µ 10 -6<br />
nano n 10 -9<br />
pico p 10 -12<br />
22
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
1.5 – Principais Parâmetros na Descrição das Correntes <strong>de</strong> Processo<br />
Neste item são apresentados os principais parâmetros utilizados para <strong>de</strong>screver as<br />
condições operacionais das correntes <strong>de</strong> processo, principalmente objetivando a realização <strong>de</strong><br />
balanços <strong>de</strong> massa.<br />
1.5.1 – Densida<strong>de</strong> (ρ)<br />
A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um material é <strong>de</strong>finida como a relação entre a sua massa e o volume<br />
por ela ocupado. Seja um material A:<br />
ρ<br />
A<br />
massa<br />
=<br />
volume<br />
A<br />
A<br />
kg g<br />
[ = ] ,<br />
3<br />
m cm<br />
3<br />
lb<br />
,<br />
ft<br />
massa por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume: ρ = ρ (P, T)<br />
m<br />
3<br />
O índice representa o material, po<strong>de</strong>ndo ser omitido quando não necessário. A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
gases é função da pressão (P) e da temperatura (T). Líquidos e sólidos têm ρ variando também<br />
com P e T, mas esta variação é bem menos importante do que a observada nos gases. Na<br />
prática, para líquidos e sólidos po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> somente varia com a<br />
temperatura, ou seja, estes estados po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados incompressíveis. Em misturas, a<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> varia com P, T e a composição.<br />
A relação entre a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e a P, a T e a composição será estudada em outras<br />
disciplinas no <strong>de</strong>correr do seu curso. Um exemplo <strong>de</strong>sta relação que você já conhece é a<br />
válida para gases que se comportam como gases i<strong>de</strong>ais:<br />
P M<br />
ρ =<br />
R T<br />
on<strong>de</strong> P é a pressão, M a massa molar da substância, R a constante universal dos gases e T a<br />
temperatura. Estas equações que representam esta relação são conhecidas como equações <strong>de</strong><br />
estado.<br />
23
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
1.5.2 – Volume Específico (v e )<br />
gases.<br />
O volume específico é o inverso da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Este parâmetro é mais utilizado para<br />
1<br />
v<br />
e<br />
= [ = ]<br />
ρ<br />
3<br />
m<br />
kg<br />
cm<br />
;<br />
g<br />
3<br />
ft<br />
;<br />
lb<br />
3<br />
m<br />
A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e/ou o volume específico po<strong>de</strong>m ser usados como fatores <strong>de</strong> conversão<br />
para relacionar a massa com o volume.<br />
• Exemplo 1.5.2.1:<br />
Sabendo-se que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do tetracloreto <strong>de</strong> carbono é igual a 1,595 g/cm 3 , qual a<br />
massa <strong>de</strong> 20 cm 3 <strong>de</strong> tetracloreto E o volume <strong>de</strong> 6,2 lb m <br />
Solução:<br />
e<br />
m<br />
g<br />
3<br />
= ρ . V = 1,595 × 20 cm = 31,9 g = 0,0319 kg<br />
3<br />
cm<br />
3<br />
m ⎛ 454 g ⎞ 1 cm<br />
V = =<br />
⎜6,2<br />
lb<br />
m<br />
× ×<br />
=<br />
1lb<br />
⎟<br />
ρ ⎝<br />
m ⎠ 1,595 g<br />
1765 cm<br />
3<br />
1.5.3 – Densida<strong>de</strong> Relativa (ρ r )<br />
É a razão entre a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (ρ) e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma substância <strong>de</strong> referência em uma<br />
condição específica <strong>de</strong> T e P (ρ ref ). Seja uma substância A, sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa é <strong>de</strong>finida<br />
por:<br />
ρ<br />
A<br />
ρ<br />
r A<br />
= [ = ] 1<br />
ρ<br />
Note que, como mostrado a equação, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa é adimensional. O fluido <strong>de</strong><br />
referência normalmente utilizado é uma função do estado físico do meio do qual se expressa a<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa.<br />
• para sólidos e líquidos ⇒ referência é a H 2 O a 4 o C;<br />
• para gases ⇒ referência é o ar.<br />
ref<br />
24
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da água a 4°C é:<br />
ρ<br />
g<br />
kg<br />
o<br />
H O<br />
(4 C) = 1 = 1000 =<br />
2 3<br />
3<br />
cm<br />
m<br />
62,43<br />
lb<br />
ft<br />
m<br />
3<br />
Como a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sólidos e líquidos varia principalmente com a temperatura,<br />
quando há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se especificar em qual temperatura a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa está<br />
apresentada é utilizada a seguinte relação:<br />
o<br />
⎡20<br />
C⎤<br />
ρ<br />
r<br />
= 0,6<br />
⎢ ⎥ ,<br />
o<br />
⎣ 4 C ⎦<br />
que significa que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> 0,6 foi obtida através da relação entre a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da<br />
substância a 20 o C e a da H 2 O a 4 o C.<br />
Em equações normalmente aparece a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> na sua forma dimensional. Note que<br />
esta forma dimensional é facilmente obtida da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa através da multiplicação<br />
<strong>de</strong>sta última pela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> utilizada como referência.<br />
Há outras formas <strong>de</strong> se representar a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, que são originadas em procedimentos<br />
<strong>de</strong> medições tradicionalmente utilizados em setores específicos da indústria química. Um<br />
exemplo clássico é o grau API, muito utilizado na indústria do petróleo. Outros exemplos são<br />
o grau Baumè ( o Be) e o grau Twad<strong>de</strong>ll ( o Tw). Essas formas prática <strong>de</strong> expressar a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />
estão relacionadas diretamente com a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa através <strong>de</strong> relações específicas. Um<br />
exemplo <strong>de</strong>stas relações é:<br />
o<br />
API =<br />
141,<br />
5<br />
− 1315 ,<br />
o<br />
⎡60<br />
F⎤<br />
ρr<br />
⎢ o ⎥<br />
⎣60<br />
F⎦<br />
on<strong>de</strong> a referência para a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da água a 60°F (15,6°C). Relações<br />
análogas para os outros graus po<strong>de</strong>m ser encontradas em Perry et all.<br />
• Exemplo 1.5.3.1:<br />
Solução:<br />
O valor da ρ r <strong>de</strong> um líquido A é igual a 2. Qual é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (ρ) <strong>de</strong>ste líquido <br />
25
portanto:<br />
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
ρ<br />
Sabe-se que: ρ = A<br />
rA ρ<br />
e o g kg lb<br />
m<br />
ρ<br />
ref<br />
= ρ<br />
H O<br />
(4 C) = 1 = 1000 = 62,43<br />
2 3<br />
3<br />
3<br />
cm m ft<br />
ρ<br />
ρ<br />
A<br />
ref<br />
ref<br />
g g kg<br />
= 2 ⇒ ρ<br />
A<br />
= 2 × ρ<br />
ref<br />
= 2 × 1 = 2 = 2000 = 124,86<br />
3<br />
3<br />
3<br />
cm cm m<br />
lbm<br />
ft<br />
3<br />
• Exemplo 1.5.3.2:<br />
Calcular os valores <strong>de</strong> ρ do mercúrio, em lbm/ft 3 , e do volume V <strong>de</strong> 200 kg <strong>de</strong> mercúrio,<br />
a 20°C, sabendo-se que ρ rHg = 13,546 @ 20 o C.<br />
Solução:<br />
Como:<br />
ρ<br />
rHg<br />
ρ<br />
=<br />
ρ<br />
Hg<br />
H2O<br />
[20<br />
[4<br />
o<br />
o<br />
C]<br />
C]<br />
e<br />
V = m<br />
×<br />
ρ<br />
Tente resolver.<br />
<strong>Processos</strong> contínuos envolvem a movimentação <strong>de</strong> matéria <strong>de</strong> um ponto para outro do<br />
processo. A taxa na qual esta matéria é transportada através <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> processo chamase<br />
vazão. A vazão po<strong>de</strong> ser expressa como vazão mássica (massa/tempo), vazão volumétrica<br />
(volume/tempo) ou vazão molar (mols/tempo). As respectivas unida<strong>de</strong>s no SI são: kg/s, m 3 /s e<br />
mol/s.<br />
Note que as vazões mássica (m) e volumétrica (V) estão relacionadas da mesma forma<br />
na qual a massa está relacionada com o volume, ou seja, através da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. ( ρ = m/V ).<br />
1.5.4 – Molécula-Grama (mol)<br />
Neste item, antes <strong>de</strong> apresentar cálculos envolvendo a molécula-grama, são recordados<br />
alguns conceitos importantes:<br />
• Massa atômica: é a massa <strong>de</strong> um átomo expressa em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> massa atômica<br />
(u). Nesta unida<strong>de</strong> o 12 C tem massa atômica exatamente igual a 12 u. Seu valor está<br />
tabelado para os diversos átomos.<br />
26
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
• Átomo-grama: é a massa atômica <strong>de</strong> um elemento expressa em gramas. Um átomograma<br />
<strong>de</strong> um elemento contém um número <strong>de</strong> átomos igual ao número <strong>de</strong> Avogadro<br />
(6,02x10 23 átomos).<br />
• Massa Molecular: expressa em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> massa atômica, é igual a soma das<br />
massas atômicas dos átomos que formam a molécula.<br />
• Molécula-grama (mol): quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substância cuja massa, medida em gramas, é<br />
igual a sua massa molecular. Um mol <strong>de</strong> qualquer substância contém 6,02*10 23<br />
moléculas.<br />
Como visto, 1 mol <strong>de</strong> uma substância é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta substância que contém o<br />
número <strong>de</strong> Avogadro (NA) <strong>de</strong> moléculas. Como há outras formas <strong>de</strong> se referir a unida<strong>de</strong> mol,<br />
para evitar confusão o mol muitas vezes é chamado <strong>de</strong> grama-mol (mol ≡ gmol). Outras<br />
unida<strong>de</strong>s muito utilizadas são o kgmol, correspon<strong>de</strong>nte a 1000 mols, e o lb-mol, nos sitesmas<br />
que utilizam a libra como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa.<br />
Note que 1 kgmol contém 1000 x NA moléculas e, conseqüentemente tem uma massa<br />
1000 vezes maior do que o mol. Analogamente, 1 lb-mol tem uma massa 453,5 vezes maior<br />
do que um mol (lembre-se que 1 lb = 453,5 g). Assim, os fatores <strong>de</strong> conversão entre as<br />
unida<strong>de</strong>s envolvendo o mol são os mesmos dos análogos envolvendo unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> massa.<br />
Outro fato importante, que <strong>de</strong>ve estar claro para você é que, tomando por exemplo o<br />
monóxido <strong>de</strong> carbono (CO - massa molecular igual a 28 u), tem-se pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> mol:<br />
1 mol CO ≡ 28 g <strong>de</strong> CO<br />
1 lb-mol CO ≡ 28 lbm <strong>de</strong> CO<br />
1 kgmol <strong>de</strong> CO ≡ 28 kg <strong>de</strong> CO<br />
1 ton-mol CO ≡ 28 ton <strong>de</strong> CO<br />
Vê-se então que, se a massa molecular <strong>de</strong> uma substância é M u, existem M g/mol, M<br />
kg/kgmol, M lbm/lbmol etc <strong>de</strong>sta substância. Esta forma <strong>de</strong> representar a massa molecular é<br />
muito conveniente nos cálculos envolvendo parâmetros <strong>de</strong> processo e facilita a operação com<br />
as unida<strong>de</strong>s. Assim, a partir <strong>de</strong> agora, usares unida<strong>de</strong>s da forma g/mol para as massas<br />
moleculares.<br />
A massa molecular po<strong>de</strong> ser usada como fator <strong>de</strong> conversão, que relaciona massa e<br />
número <strong>de</strong> moles (n).<br />
27
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
m<br />
m<br />
n = ⇒ M = [ = ]<br />
M<br />
n<br />
g<br />
gmol<br />
;<br />
kg<br />
kgmol<br />
;<br />
lbm<br />
lbmol<br />
;<br />
...<br />
De forma análoga, a massa molecular é utilizada para transformar vazões molares em<br />
mássicas e vice-versa.<br />
• Exemplo 1.5.4.1:<br />
Seja a amônia (NH 3 ), que possui massa molecular igual a M = 17 g/mol. Quantos<br />
moles <strong>de</strong> amônia há em 34 kg da substância Qual a massa <strong>de</strong> 4 lb-mol <strong>de</strong> amônia<br />
n, para m=34 kg:<br />
1 kgmol<br />
n = 34kg × = 2 kgmol = 2000 mol<br />
17 kg<br />
m, para 4 lbmols:<br />
m = 4 lbmol<br />
× 17<br />
lb<br />
m<br />
lbmol<br />
=<br />
68 lb<br />
m<br />
=<br />
30.838<br />
g<br />
• Exemplo 1.5.4.2:<br />
Sejam 100g <strong>de</strong> CO 2 (MM = 44 g/mol). Pergunta-se:<br />
i) Qual o número <strong>de</strong> moles <strong>de</strong> CO 2 nesta massa<br />
1gmol<br />
n = 100 g × =<br />
44 g<br />
2,3<br />
mol<br />
<strong>de</strong><br />
CO 2<br />
ii) Qual o número <strong>de</strong> libra-moles <strong>de</strong> CO 2 nesta massa<br />
n<br />
=<br />
2,3<br />
gmol<br />
×<br />
1 lbmol<br />
454 gmol<br />
=<br />
5 × 10<br />
−3<br />
lbmol<br />
<strong>de</strong><br />
CO<br />
2<br />
iii) Qual o número <strong>de</strong> moles <strong>de</strong> carbono nesta massa (Note que o termo átomo-grama não é<br />
normalmente utilizado)<br />
1 molécula <strong>de</strong> CO 2 ⇒ 1 átomo <strong>de</strong> C<br />
1 mol <strong>de</strong> CO 2 ≡ 6,02x10 23 moléculas <strong>de</strong> CO 2 ⇒ 6,02x10 23 átomos <strong>de</strong> C ≡ 1 mol <strong>de</strong> C<br />
2,3<br />
mol <strong>de</strong> CO<br />
1mol C<br />
2<br />
×<br />
= 2,3 mol <strong>de</strong> C ≡<br />
1mol CO<br />
iv) Qual o número <strong>de</strong> moles <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong> oxigênio nessa massa<br />
2<br />
2,3 gmol <strong>de</strong> C<br />
28
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
1 molécula <strong>de</strong> CO 2 ⇒ 2 átomos <strong>de</strong> O<br />
1 mol <strong>de</strong> CO 2 ≡ 6,02x10 23 moléculas <strong>de</strong> CO 2 ⇒ 12,04x10 23 átomos <strong>de</strong> O ≡ 2 mol <strong>de</strong> O<br />
2,3 mol<br />
CO<br />
2 mol O<br />
1 mol CO<br />
2<br />
×<br />
=<br />
2<br />
4,6 mol <strong>de</strong> O<br />
v) Qual o número <strong>de</strong> moles <strong>de</strong> O 2 na massa<br />
1 molécula <strong>de</strong> CO 2 ⇒ 1 molécula <strong>de</strong> O 2<br />
1 mol <strong>de</strong> CO 2 ≡ 6,02x10 23 moléculas <strong>de</strong> CO 2 ⇒ 6,02x10 23 moléculas <strong>de</strong> O 2 ≡ 1 mol <strong>de</strong> O 2<br />
1 mol O<br />
2 ,3 gmol CO<br />
=<br />
2<br />
2<br />
×<br />
2,3 gmol O<br />
2<br />
1 mol CO<br />
2<br />
vi) Quantas gramas <strong>de</strong> O há na massa<br />
16 g <strong>de</strong> O<br />
4 ,6 mol O × =<br />
mol <strong>de</strong> O<br />
73,6<br />
g <strong>de</strong> O<br />
vii)Quantas gramas <strong>de</strong> O 2 há na massa<br />
32 g O<br />
2 ,3 mol O<br />
=<br />
2<br />
2<br />
×<br />
73,6 g <strong>de</strong> O<br />
2<br />
1 mol O<br />
2<br />
viii) Quantas moléculas <strong>de</strong> CO 2 há na massa<br />
23<br />
6,02 × 10 moléculas<br />
2,3 mol CO<br />
2<br />
×<br />
= 13,846 × 10<br />
mol CO<br />
2<br />
23<br />
moléculas<br />
• Exemplo 1.5.4.3:<br />
A vazão mássica <strong>de</strong> CO 2 em uma tubulação é igual a 100 kg/h (MM = 44 g/mol). Qual<br />
é então a vazão molar<br />
Solução:<br />
100<br />
kg<br />
h<br />
×<br />
1kgmol CO<br />
44 kg CO<br />
2<br />
2<br />
=<br />
2,27<br />
kgmol<br />
h<br />
29
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
1.5.5 – Caracterização <strong>de</strong> Misturas<br />
As correntes <strong>de</strong> processo contêm, geralmente, mais <strong>de</strong> uma substância (mais <strong>de</strong> um<br />
componente ou espécie química: A, B, C, ...). Quando isto ocorre elas são chamadas <strong>de</strong><br />
multicomponentes ou multicompostas. Nesse caso, na caracterização da corrente, além da<br />
informação <strong>de</strong> que espécies estão presentes, há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se informar a quantida<strong>de</strong> em<br />
que cada uma está presente. Este tipo <strong>de</strong> informação po<strong>de</strong>r ser fornecido em termos absolutos,<br />
através das chamadas concentrações, ou em termos relativos através das chamadas frações.<br />
Neste item são apresentadas as formas <strong>de</strong> representar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada substância<br />
em mistura, como também são relembradas as formas <strong>de</strong> relacionar estas representações.<br />
1.5.5.1 – Frações e Porcentagens<br />
São três as frações normalmente utilizadas:<br />
i) Fração Molar: a fração molar z A <strong>de</strong> um componente A <strong>de</strong> uma mistura é <strong>de</strong>finida na<br />
forma:<br />
n<br />
A<br />
z<br />
A<br />
=<br />
n<br />
n = n + n<br />
A<br />
B<br />
+ ...<br />
on<strong>de</strong> n é o número total <strong>de</strong> moles na mistura e n i o número <strong>de</strong> moles da substância i.<br />
ii) Fração Mássica ou Pon<strong>de</strong>ral:<br />
m<br />
A<br />
w<br />
A<br />
=<br />
m<br />
m = m + m<br />
A<br />
B<br />
+ ...<br />
iii) Fração Volumétrica:<br />
v<br />
V<br />
A<br />
total<br />
V<br />
=<br />
V<br />
A<br />
total<br />
= V<br />
A<br />
+ V<br />
B<br />
+ ...<br />
Note que em função da <strong>de</strong>finição das frações, o seu somatório em relação à todos os<br />
componentes <strong>de</strong> uma mistura é igual a um. Assim, em uma mistura com n componentes, temse<br />
para as frações molares (z i ), mássicas (w i ) e volumétricas (v i ):<br />
30
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
n<br />
n<br />
n<br />
i<br />
v<br />
i<br />
= 1<br />
i= 1 i= 1 i=<br />
1<br />
∑ z = ∑ w<br />
i<br />
= ∑<br />
As frações po<strong>de</strong>m ser apresentadas na forma <strong>de</strong> porcentagens:<br />
Porcentagem = fração x 100.<br />
1.5.5.2 – Massa Molecular Média ( M)<br />
O conceito <strong>de</strong> massa molecular po<strong>de</strong> ser estendido para misturas, <strong>de</strong>finindo-se o que se<br />
chama massa molecular média da mistura:<br />
M =<br />
massa<br />
moles totais<br />
∑<br />
moliM<br />
i<br />
i<br />
=<br />
=<br />
moles totais<br />
∑<br />
i<br />
z<br />
i<br />
M<br />
i<br />
Este parâmetro tem o mesmo significado ao se trabalhar com misturas do que a massa<br />
molecular tem ao se lidar com substâncias puras.<br />
• Exemplo 1.5.5.2.1:<br />
Uma solução qualquer contém 15% <strong>de</strong> A, em massa, e 20% em base molar <strong>de</strong> B. Com<br />
base nestas informações, calcule:<br />
a) A massa <strong>de</strong> A em 175 kg <strong>de</strong> solução:<br />
% <strong>de</strong> A<br />
0,15 kg <strong>de</strong> A<br />
w A<br />
= = 0,15 ⇒<br />
100<br />
1kg <strong>de</strong> sol.<br />
15 kg A<br />
⇒ 175 kg sol. ×<br />
= 26 kg A<br />
100 kg sol.<br />
15 kg A<br />
=<br />
100 kg sol.<br />
Ou ainda, utilizando diretamente a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> fração mássica:<br />
m<br />
A<br />
w<br />
A<br />
= ⇒ m<br />
A<br />
= 0,15×<br />
175 kg sol. = 26 kg A<br />
m<br />
b) A vazão mássica <strong>de</strong> A em uma corrente da solução que escoa com uma vazão <strong>de</strong> 53 lb m /h.<br />
lb<br />
m<br />
sol ⎛ lb<br />
m<br />
A ⎞ lb<br />
m<br />
A<br />
m<br />
A<br />
= 53 × 0,15 = 8<br />
h<br />
⎜<br />
lb<br />
m<br />
sol<br />
⎟<br />
⎝ ⎠ h<br />
c) Vazão molar <strong>de</strong> B em uma corrente escoando com vazão total igual à 1000 mol/min.<br />
31
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
mol sol ⎛ mol B ⎞<br />
n B<br />
= 1000 × 0,20 ⎜ ⎟ =<br />
min ⎝ mol sol ⎠<br />
d) Vazão molar da solução quando n B = 28 kgmol B/s.<br />
200<br />
mol B<br />
min<br />
kg mol B 1 ⎛ kgmol sol ⎞<br />
n = 28 × ⎜ ⎟ = 140<br />
s 0,20 ⎝ kgmol B ⎠<br />
e) A massa da solução que contém 300 lb m <strong>de</strong> A.<br />
1<br />
300 lb<br />
m<br />
A × = 2000 lb<br />
m<br />
sol<br />
0,15<br />
kgmol sol<br />
s<br />
• Exemplo 1.5.5.2.2:<br />
Uma mistura <strong>de</strong> gases tem a seguinte composição mássica:<br />
Composto %<br />
O 2 16<br />
CO 4<br />
CO 2 17<br />
N 2 63<br />
a) Determine a composição <strong>de</strong>sta mistura em termos das frações molares<br />
b) Determine a massa molecular média ( M ) da mistura<br />
c) Qual é a fração volumétrica do monóxido <strong>de</strong> carbono na mistura<br />
Solução:<br />
a) Para facilitar os cálculos que permitem a passagem <strong>de</strong> frações mássicas para<br />
molares, <strong>de</strong>fini-se uma base <strong>de</strong> cálculo, ou seja, uma massa qualquer da mistura na qual os<br />
cálculos são efetuados. Por conveniência serão utilizados 100 g da mistura como base <strong>de</strong><br />
cálculo. Os resultados dos cálculos em seqüência são mostrados na tabela 1.5.5.2.<br />
b) Aproveitando os resultados, a massa molecular média da mistura também está<br />
calculada na referida tabela.<br />
c) Em misturas gasosas, as frações molares são iguais as frações volumétricas. Assim a<br />
fração volumétrica do CO é igual a 0,044.<br />
32
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
comp. % w m i<br />
(g)<br />
Tabela 1.5.5.2 – Resultados Exemplo 1.5.5.2<br />
M i<br />
(g/gmol) (gmol)<br />
n i = m i /M i z i = n i /n z i M i<br />
O 2 16 16 32 0,5 0,152 4,86<br />
CO 4 4 28 0,143 0,044 1,23<br />
CO 2 17 17 44 0,386 0,118 5,19<br />
N 2 63 63 28 2,25 0,686 19,21<br />
n = Σ n i = 3,279 gmol M = Σ z i M i = 30,49<br />
on<strong>de</strong>: m i são as massas contidas <strong>de</strong> cada componente na base <strong>de</strong> cálculo; M i são as<br />
massas moleculares dos componentes, n i são os números <strong>de</strong> moles <strong>de</strong> cada componente na<br />
base <strong>de</strong> cálculo, n é o número total <strong>de</strong> moles na base <strong>de</strong> cálculo, e z i são as frações molares<br />
dos componentes na base <strong>de</strong> cálculo e, conseqüentemente, na mistura.<br />
1.5.5.3 – Concentrações<br />
As concentrações são parâmetros também utilizados na <strong>de</strong>finição da composição <strong>de</strong><br />
misturas multicomponentes. De forma distinta das frações, as concentração são parâmetros<br />
dimensionais. De uma forma geral elas representam quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um componente por<br />
quantida<strong>de</strong> fixa <strong>de</strong> solvente ou <strong>de</strong> solução em uma mistura.<br />
i) Concentração Mássica:<br />
massa <strong>de</strong> A<br />
volume <strong>de</strong> solução<br />
[ = ]<br />
g <strong>de</strong> A ⎛<br />
⎜ ≡<br />
l <strong>de</strong> sol. ⎝<br />
g ⎞ ⎟<br />
l ⎠<br />
;<br />
kg <strong>de</strong> A ⎛ kg ⎞<br />
⎜<br />
3 ≡ ⎟<br />
3<br />
m <strong>de</strong> sol. ⎝ m ⎠<br />
;<br />
...<br />
ii) Concentração Molar:<br />
mol <strong>de</strong> A<br />
volume <strong>de</strong> sol.<br />
[ = ]<br />
gmol <strong>de</strong> soluto<br />
l <strong>de</strong> sol.<br />
⎛<br />
⎜ ≡<br />
⎝<br />
gmol ⎞<br />
⎟ ;<br />
l ⎠<br />
lbmol<br />
ft<br />
3<br />
;...<br />
A concentração molar em gmol/l (grama-mol <strong>de</strong> soluto por litro <strong>de</strong> solução) é chamada<br />
<strong>de</strong> molarida<strong>de</strong>. Assim, uma solução 2 molar <strong>de</strong> A é uma solução com 2 mol <strong>de</strong> A/l <strong>de</strong> sol..<br />
33
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
iii) Molalida<strong>de</strong>:<br />
A molalida<strong>de</strong> é uma forma <strong>de</strong> expressar a concentração que usa, em conjunto,<br />
informações mássicas e molares. Por <strong>de</strong>finição, ela representa o número <strong>de</strong> moles do soluto<br />
existente em 1000 g do solvente.<br />
mol <strong>de</strong> A<br />
Molalida<strong>de</strong> =<br />
[ = ]<br />
kg solvente<br />
gmol <strong>de</strong> soluto<br />
1kg <strong>de</strong> solvente<br />
É importante notar que a molalida<strong>de</strong> é uma forma <strong>de</strong> expressar a concentração muito pouco<br />
utilizada em cálculos da engenharia <strong>de</strong> processos.<br />
iv) Partes por milhão: (ppm)<br />
O ppm representa 1 parte em massa do soluto em 1 milhão <strong>de</strong> partes da solução, em<br />
massa. É usado para representar concentrações em soluções muito diluídas.<br />
• Exemplo 1.5.5.3.1:<br />
Uma solução aquosa <strong>de</strong> H 2 SO 4 com concentração 0,5 molar escoa em um processo<br />
com uma vazão <strong>de</strong> 1,25 m 3 /min. A ρ r da solução é 1,03. Calcule:<br />
a) A concentração mássica <strong>de</strong> H 2 SO 4 em kg/m 3 ;<br />
b) A vazão mássica <strong>de</strong> H 2 SO 4 em kg/s;<br />
c) A fração mássica <strong>de</strong> H 2 SO 4 .<br />
Solução:<br />
a) 05 3<br />
, molA 98gA<br />
1kg<br />
10 l<br />
* * *<br />
3<br />
1lsol.<br />
1molA<br />
10 g m<br />
b)<br />
c) w<br />
kgA<br />
= 49<br />
msol.<br />
3 3<br />
3<br />
125 , msol. 49kgA<br />
1 * 102<br />
3<br />
1 . * min<br />
=<br />
min msol 60s<br />
,<br />
A =<br />
kgA<br />
kgtotal<br />
kgA<br />
s<br />
ρ rsolução = 1,03 ρ H2O = 1g/cm 3<br />
1g<br />
1kg<br />
10 cm<br />
ρ solução = 103 , * * *<br />
3 3<br />
cm 10 g 1m<br />
6 3<br />
kg<br />
= 1030<br />
m<br />
3 3<br />
3<br />
kg 125m<br />
1min<br />
kg<br />
Q = 1030 * , * = 21,<br />
46<br />
3<br />
m min 60s<br />
s<br />
34
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
w A =<br />
102 ,<br />
kgA<br />
s<br />
21,<br />
46<br />
kgsol.<br />
s<br />
=<br />
kgA<br />
0.<br />
048<br />
kgsol.<br />
• Exemplo 1.5.5.3.2:<br />
Na fabricação <strong>de</strong> um produto A com massa molar <strong>de</strong> 192, a corrente <strong>de</strong> saída <strong>de</strong> um<br />
reator flui a uma vazão <strong>de</strong> 10,3 l/min. Esta corrente contém A e H 2 O. A porcentagem mássica<br />
<strong>de</strong> A é <strong>de</strong> 41,2 % e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativa da solução (ρ rsol ) é <strong>de</strong> 1,025. Calcule a concentração<br />
<strong>de</strong> A em kg/l nesta corrente e a vazão molar <strong>de</strong> A, em kgmol/min.<br />
Solução :<br />
41,2% p/pA<br />
Reator<br />
58,8% p/pH 2 O<br />
Base: 1 kg <strong>de</strong> solução ⇒ 0,412 kg A e 0,588 kg H 2 O<br />
ρ ref = ρ ref (H 2 O,4 o C) = 1 g/cm 3 e ρ rsol = 1,025<br />
ρ solução = ρ rsol * ρ ref = 1,025 * 1 = 1,025 g solução/cm 3<br />
3 3<br />
gsol. 1kg<br />
10 cm 0,<br />
412kgA<br />
kgA<br />
1,<br />
025<br />
0 422<br />
3 *<br />
3 * * = ,<br />
cm 10 g 1 litro 1kgsol.<br />
litro sol.<br />
litro sol. kgA 1<br />
10,<br />
3 * 0 , 422 0 0226<br />
min 1 . * kgmolA<br />
192kgA<br />
, kgmol<br />
=<br />
itro sol<br />
min<br />
1.5.6 – Pressão (P)<br />
Razão entre a força (F), na direção normal, e a área sobre a qual ela atua (A).<br />
P<br />
=<br />
F<br />
A<br />
[ = ]<br />
N<br />
m<br />
2<br />
≡ Pa ;<br />
dina<br />
cm<br />
2<br />
;<br />
lb<br />
in<br />
f<br />
2<br />
≡ psi<br />
No<br />
SI<br />
⇒<br />
N<br />
m<br />
2<br />
=<br />
Pa<br />
(pascal)<br />
Seja um fluido escoando no interior <strong>de</strong> uma tubulação. A sua pressão em um<br />
<strong>de</strong>terminado ponto po<strong>de</strong> ser medida através da abertura <strong>de</strong> um orifício na pare<strong>de</strong> do tubo. Na<br />
35
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
figura esta abertura é representada por um pequeno tubo lateral. Para que não haja vazamento<br />
por este tubo <strong>de</strong>vemos exercer uma <strong>de</strong>terminada força em um dispositivo que obstrua esta<br />
abertura. Esta força é equilibrada pela força que o fluido que está escoando exerce pelo lado<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro. Assim, a pressão do fluido em escoamento é dada pela razão entre esta força e a<br />
área da seção reta <strong>de</strong>ste tubo lateral.<br />
A(m 2 )<br />
P(N/m 2 )<br />
F(N)<br />
A pressão no ponto da abertura é dada por: P(Pa) = F(N) / A(m 2 ) .<br />
Na prática a medição <strong>de</strong> pressão é feita através <strong>de</strong> um procedimento análogo. Somente,<br />
como é difícil uma medição direta da força exercida, são utilizados dispositivos (manômetros)<br />
que <strong>de</strong>terminam a pressão através <strong>de</strong> medições indiretas, ou seja, <strong>de</strong> outros parâmetros que<br />
estão relacionados com a pressão. Estes parâmetros, que serão discutidos com maior<br />
<strong>de</strong>talhamento adiante, po<strong>de</strong>m ser: altura <strong>de</strong> uma coluna <strong>de</strong> líquido, giro <strong>de</strong> um ponteiro<br />
acoplado à um dispositivo mecânico que transforma diferenciais <strong>de</strong> pressão em movimento<br />
giratório, etc.<br />
36
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
1.5.6.1 – A Coluna <strong>de</strong> Fluido (P)<br />
Seja uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluido (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ρ) no interior <strong>de</strong> um recipiente cilíndrico. A<br />
força que este fluido exerce sobre o fundo <strong>de</strong>ste recipiente po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada pela soma da<br />
força que a atmosfera exerce sobre a sua superfície e o peso do fluido no interior do<br />
recipiente. Esta conta po<strong>de</strong> ser efetuada dividindo-se todas as parcelas pela área da seção do<br />
recipiente, ou seja, em termos <strong>de</strong> pressão:<br />
P 0 (N/m 2 )<br />
A (m 2 )<br />
h<br />
(m)<br />
ρ (kg/m 3 )<br />
P (N/m 2 )<br />
P 0 - Pressão exercida pela atmosfera na superfície superior do fluido;<br />
Pressão <strong>de</strong>vido a coluna líquida =<br />
Finalmente:<br />
m g<br />
A<br />
×<br />
V<br />
V<br />
= ρ g h<br />
P = P 0 + ρ g h<br />
Note que A não aparece na fórmula, indicando que o diâmetro do tanque, e<br />
conseqüentemente a massa no seu interior, não tem influência direta na pressão exercida no<br />
fundo do tanque. O parâmetro <strong>de</strong>terminante é a altura do líquido no interior do tanque. Po<strong>de</strong>se<br />
também observar que o diferencial <strong>de</strong> pressão (P = P 0 ) está diretamente relacionado à<br />
altura do líquido no recipiente. Isso justifica a utilização <strong>de</strong> alturas <strong>de</strong> colunas <strong>de</strong> líquidos<br />
como medições , ou mesmo unida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> pressão. Fatores para a conversão <strong>de</strong>stas unida<strong>de</strong>s<br />
37
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
(mmHg, mH 2 O, etc) para as unida<strong>de</strong>s tradicionais <strong>de</strong> pressão (Pa, dina/cm 2 , etc) são<br />
normalmente achados em tabelas, e a sua <strong>de</strong>terminação está baseada na relação:<br />
P = ρ g h<br />
• Exemplo 1.5.6.1.1:<br />
Calcule a pressão, em N/m 2 , 30 m abaixo da superfície <strong>de</strong> um lago, sabendo-se que a<br />
pressão atmosférica, isto é, a pressão na superfície do lago é <strong>de</strong> 10,4 mH 2 O e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da<br />
H 2 O é igual a 1000 kg/m 3 . Consi<strong>de</strong>re g = 9,8 m/s 2 .<br />
Solução:<br />
P= P 0 + ρ g h<br />
P (N/m 2 5 2<br />
1,013×<br />
10 N m kg m<br />
5 N<br />
) = 10 ,4 mH<br />
2O<br />
×<br />
+ 1000 × 9,8 × 30 m = 3,96 × 10<br />
3<br />
2<br />
2<br />
10,33 mH O m s<br />
m<br />
2<br />
1.5.6.2 – Pressão Atmosférica (P atm )<br />
Também chamada <strong>de</strong> pressão barométrica, é a pressão exercida pela atmosfera sobre<br />
os corpos. Po<strong>de</strong> também ser visualizada como a pressão exercida pela coluna <strong>de</strong> ar<br />
atmosférico sobre uma superfície.<br />
Valor padrão ao nível do ar:<br />
P atm = 760 mmHg = 10,33 mH 2 O = 1,013 x 10 5 N/m 2 = 1 atm<br />
De forma análoga à temperatura e em função dos equipamentos normalmente<br />
utilizados para medir pressão, que na realida<strong>de</strong> me<strong>de</strong>m a diferença da pressão <strong>de</strong> interesse<br />
para a atmosférica local, há dois referenciais para indicar valores <strong>de</strong> pressão:<br />
1.5.6.3 – Formas <strong>de</strong> Expressar a Pressão<br />
Existem formas distintas <strong>de</strong> se expressar a pressão, funções do referencial utilizado.<br />
Basicamente, são duas estas formas:<br />
• Pressões Absolutas: P abs<br />
Medidas em relação ao vácuo absoluto, para o qual: P abs = 0.<br />
• Pressões Relativas: P rel<br />
38
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Também chamadas <strong>de</strong> pressões manométricas. São valores referenciados pelo valor<br />
local da pressão atmosférica. Assim, a relação entre a P abs e P rel é dada por:<br />
P abs = P rel + P atm<br />
Note que, se P rel = 0, então P abs = P atm . Quando P rel < 0, então P abs < P atm , e diz-se que<br />
há vácuo no local on<strong>de</strong> a pressão esta sendo medida.<br />
Nos cálculos, a pressão <strong>de</strong>ve sempre ser expressa no referencial absoluto (P abs ). Porém,<br />
quando a gran<strong>de</strong>za envolve diferenciais <strong>de</strong> pressão não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se utilizar pressões<br />
absolutas, pois o tamanho das unida<strong>de</strong>s é o mesmo:<br />
∆P abs = ∆P rel<br />
No Sistema Americano <strong>de</strong> Engenharia é comum a indicação na representação da<br />
unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressão do seu referencial. Assim, tem-se:<br />
P(psia) = P(psig) + P atm<br />
on<strong>de</strong>,<br />
psia é a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressão absoluta e<br />
psig é a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressão relativa.<br />
1.5.7 – Temperatura (T)<br />
Em um estado particular <strong>de</strong> agregação (sólido, líquido ou gás), a temperatura é uma<br />
medida da energia cinética média das moléculas <strong>de</strong> uma substância.<br />
Temperatura:<br />
• É um conceito originado da sensibilida<strong>de</strong> ao frio e ao calor;<br />
• Po<strong>de</strong> ser rigorosamente <strong>de</strong>finida através da Termodinâmica;<br />
• Definição <strong>de</strong> Maxwell para a temperatura:<br />
“ A temperatura <strong>de</strong> um corpo é uma medida <strong>de</strong> um estado térmico consi<strong>de</strong>rado em<br />
referência ao seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> transferir calor para outros corpos.“<br />
39
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
A temperatura é medida em diferentes escalas, que são <strong>de</strong>finidas em relação a<br />
fenômenos físicos envolvendo substâncias puras, tais como: ebulição e fusão, que, para uma<br />
<strong>de</strong>terminada pressão, ocorrem em temperaturas fixas.<br />
As escalas são divididas em:<br />
% relativas ⇒ on<strong>de</strong> os zeros são arbitrados.<br />
Exemplos: Celsius ( o C) e Fahrenheit ( o F).<br />
% absolutas ⇒ o zero é a temperatura mais baixa que existe, o chamado zero<br />
absoluto, caracterizado pela ausência <strong>de</strong> movimentação das moléculas que formam<br />
a substância.<br />
Exemplos: Kelvin (K) e Rankine ( o R)<br />
• Na escala Celsius (ou Centígrada), para a H 2 O à pressão atmosférica padrão, temos que:<br />
O zero absoluto equivale a -273,15 o C.<br />
T f = 0 o C e T eb = 100 o C<br />
• Na escala Fahrenheit, para a água na mesma condição, temos que:<br />
O zero absoluto equivale a -459,67 o F.<br />
T f = 32 o F e T eb = 212 o F<br />
As escalas Kelvin (K) e Rankine ( o R) têm a sua origem (valor zero) no zero absoluto, e<br />
os tamanhos dos graus são os mesmos do Celsius e Fahrenheit, respectivamente.<br />
Relação entre temperaturas nas quatro escalas:<br />
o R<br />
o F<br />
o C K @ 1 atm, H 2 O<br />
672 212 100 373 ebulição<br />
492 32 0 273 congelamento<br />
420 -40 -40 233<br />
o C = o F<br />
0 -460 -273 0 zero absoluto<br />
40
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Expressões para transformações <strong>de</strong> valores entre as escalas:<br />
Ex: T (K) = a * T ( o C) + b<br />
0 = -273 a +b<br />
273 = b<br />
a = 1<br />
T (K) = T ( o C) + 273<br />
Ex: T ( o R) = a * T ( o F) + b<br />
0 = -460 a +b<br />
460 = b<br />
a = 1<br />
T ( o R) = T ( o F) + 460<br />
Ex: T ( o F) = a * T ( o C) + b<br />
212 = 100 a +b<br />
32 = b<br />
a = 1,8<br />
T ( o F) = 1,8T ( o C) +32<br />
As expressões acima são utilizadas para transformar leituras <strong>de</strong> temperaturas <strong>de</strong> uma<br />
escala para outra. Muitas vezes porém, estamos interessados em transformar diferenças <strong>de</strong><br />
temperatura, que não mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos referenciais utilizados nas escolas. Dessa forma, os<br />
valores dos diferenciais <strong>de</strong> temperaturas somente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do tamanho do grau e estão<br />
relacionados pelas expressões:<br />
41
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
o o o<br />
∆ ( C) ∆ ( K) ∆ ( F) ∆ ( R)<br />
= = =<br />
5 5 9 9<br />
Note que estas expressões também representam uma relação entre os tamanhos dos graus nas<br />
escalas. Consi<strong>de</strong>re por exemplo o intervalo <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> 0 o C para 5 o C. Neste intervalo<br />
existem 5 o C. Na escala Fahrenheit tem-se para o mesmo intervalo 32 o F (0 o C) e 41 o F (5 o C),<br />
o que significa um intervalo <strong>de</strong> 9 o F. Assim aparecem os fatores <strong>de</strong> conversão para os<br />
intervalos <strong>de</strong> temperatura:<br />
1 ∆ o C = 1,8 ∆ o F<br />
1,8 ∆ o F = 1 ∆K<br />
1 ∆ o F = 1 ∆ o R<br />
1 ∆ o C = 1 ∆K<br />
que, como não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, são as mesmas expressões <strong>de</strong>finidas para a conversão<br />
dos diferenciais <strong>de</strong> temperaturas.<br />
Ex: Encontre o intervalo em o C entre 32 o F e 212 o F.<br />
Solução:<br />
∆T ( o C) = (212 - 32) o F * 1 o<br />
C<br />
o<br />
18 , F<br />
= 100 o C<br />
Ex: Consi<strong>de</strong>re o intervalo <strong>de</strong> 20 o F até 80 o F.<br />
a) Calcule as temperaturas equivalentes em o C e o intervalo entre elas.<br />
b) Calcule diretamente o intervalo em o C entre as temperaturas.<br />
Solução<br />
a) 1,8 T( o C) = T( o F) - 32<br />
20 o F → -6,7 o C<br />
80 o F → 26,6 o C<br />
T 2 - T 1 = 26,6 - (-6,7) = 33,3<br />
42
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
b) ∆T( o C) = ∆T( o F) * 1 o<br />
C<br />
o<br />
18 , F<br />
= (80-20) o F* 1 o<br />
C<br />
o<br />
18 , F<br />
∆T( o C) = 33,3 o C<br />
Outro fato importante diz respeito às unida<strong>de</strong>s compostas que contêm unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
temperatura. Por exemplo, quando representamos a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor específico na forma<br />
J/(kg.°C), estamos nos referindo ao fato <strong>de</strong> que necessitamos <strong>de</strong> 1 J <strong>de</strong> energia para elevar <strong>de</strong><br />
1°C a temperatura <strong>de</strong> 1 kg <strong>de</strong> água. Ou seja, o °C que aparece no <strong>de</strong>nominador na realida<strong>de</strong><br />
significa um ∆°C (diferença unitária <strong>de</strong> temperaturas - a unida<strong>de</strong> é então: joules por quilo por<br />
diferença unitária <strong>de</strong> graus Celcius) e a sua passagem para outra escala é feita pelos fatores <strong>de</strong><br />
conversão das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> grau.<br />
Ex: A condutivida<strong>de</strong> térmica do alumínio à 32 o F é igual a 117<br />
Btu<br />
2⎛<br />
hft . ⎜<br />
⎝<br />
o<br />
F<br />
ft<br />
⎞<br />
⎟<br />
⎠<br />
. Encontre o valor<br />
equivalente à 0 o Btu<br />
C nas unida<strong>de</strong>s:<br />
.<br />
K<br />
hft .<br />
2⎛ ⎞<br />
⎜ ⎟<br />
⎝ ft ⎠<br />
Solução:<br />
Note que 0°C = 32°F, assim não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> correção em relação à variação <strong>de</strong><br />
temperatura. Desta forma, o problema se resume a uma simples correção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s:<br />
Btu<br />
117 = 117<br />
⎛ o<br />
2 F ⎞<br />
hft .<br />
⎜<br />
⎝ ft ⎟<br />
⎠<br />
Btu.<br />
ft ⎛18<br />
, F⎞<br />
211<br />
2 o ⎜<br />
hft . F⎝<br />
1 K ⎟<br />
⎠<br />
=<br />
o<br />
hft .<br />
Btu<br />
2<br />
⎛ K ⎞<br />
⎜ ⎟<br />
⎝ ft ⎠<br />
Ex: A variação com a temperatura do calor específico, na base molar (em cal/(gmol.°C), do<br />
H 2 SO 4 po<strong>de</strong> ser representada pela equação:<br />
C = + −<br />
p<br />
33, 25 3, 727 * 10 2 T<br />
43
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
on<strong>de</strong> T[=] o C. Modifique a equação <strong>de</strong> modo que a expressão resultante forneça o C p nas<br />
Btu<br />
unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> , com T[=] o R.<br />
gmol o R<br />
Solução:<br />
C = + −<br />
p<br />
33, 25 3, 727 * 10 2 T<br />
T( o F) = 1,8*T( o C) + 32 e<br />
T( o R) = T( o F) + 460 ==> T( o R) - 460 = 1,8*T( o o<br />
C) + 32 ==> T( C)<br />
=<br />
o<br />
T( R)<br />
− 492<br />
18 ,<br />
Então:<br />
C<br />
p<br />
= 33, 25 + 3, 727 * 10<br />
−2<br />
o<br />
⎛ T( R)<br />
− 492⎞<br />
⎜<br />
⎟<br />
⎝ 18 , ⎠<br />
;<br />
fazendo a conta:<br />
C<br />
p<br />
⎛ cal ⎞<br />
− o<br />
⎜<br />
T( R<br />
o ⎟ = 23, 063 + 2, 071* 10 2 ) (A)<br />
⎝ mol C⎠<br />
Definindo, agora:<br />
Btu<br />
C′<br />
p[ = ]<br />
o<br />
mol R<br />
C<br />
o o<br />
⎡ cal ⎤ Btu cal R F<br />
C<br />
o o<br />
⎣<br />
⎢mol C⎦<br />
⎥ = ′ ⎡ ⎣ ⎢ ⎤<br />
mol R⎦<br />
⎥ * 252<br />
Btu<br />
* 1<br />
F<br />
* 18 ,<br />
1 1 1 C<br />
p o p o<br />
substituindo na expressão (A):<br />
−2<br />
o<br />
C′ * 252 * 1, 8 = 23, 063 + 2, 071* 10 T( R)<br />
p<br />
−2<br />
o<br />
C′ = 0, 051+<br />
4, 566 * 10 T( R)<br />
p<br />
44
Introdução <strong>aos</strong> <strong>Processos</strong> Químicos<br />
Ex: O calor específico à pressão constante da amônia, <strong>de</strong>finido como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor<br />
necessária para aumentar a temperatura <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> amônia <strong>de</strong> 1 o à pressão<br />
constante, é, em uma faixa limitada <strong>de</strong> temperatura, dado pela expressão:<br />
C<br />
p<br />
⎡ Btu ⎤<br />
o<br />
T F<br />
o<br />
⎣<br />
⎢lbm F⎦<br />
⎥ = + −<br />
0, 487 2, 29 * 10 4 [ ]<br />
Determine a expressão para C p em J , com a temperatura entrando em T( o C).<br />
gC<br />
o<br />
Solução:<br />
T( o F) = 1,8*T( o C) + 32<br />
Definindo: ′ ⎛ ⎝ ⎜ J ⎞<br />
Cp o ⎟<br />
gC⎠<br />
C<br />
o<br />
⎛ Btu ⎞ J C<br />
Btu g<br />
⎜ ⎟ = C′ ⎛ −<br />
o<br />
⎝ lbm F⎠<br />
⎝ ⎜ ⎞<br />
⎟ * * , * 4<br />
1 9 486 10 454<br />
*<br />
gC⎠<br />
18 , F 1J<br />
1lbm<br />
p o p o<br />
substituindo na expressão fornecida:<br />
− o<br />
C′ = 2, 06 + 1, 72 * 10 3 T[ C]<br />
p<br />
45