universidade feevale raquel oliveira de leão as blogueiras de moda ...

UNIVERSIDADE FEEVALE
RAQUEL OLIVEIRA DE LEÃO
AS BLOGUEIRAS DE MODA E SUAS INFLUÊNCIAS NO
COMPORTAMENTO DE CONSUMO
NOVO HAMBURGO
2011

RAQUEL OLIVEIRA DE LEÃO
AS BLOGUEIRAS DE MODA E SUAS INFLUÊNCIAS NO
COMPORTAMENTO DE CONSUMO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Design
pela Universidade Feevale.
Orientadora: Prof a Me. Emanuele Biolo Magnus
Novo Hamburgo
2011

RAQUEL OLIVEIRA DE LEÃO
Trabalho de Conclusão do Curso de Design, com título “AS BLOGUEIRAS DE
MODA E SUAS INFLUÊNCIAS NO COMPORTAMENTO DE CONSUMO”,
submetido ao corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário
para obtenção do Grau de Bacharel em Design.
Aprovado por:
____________________________
Prof a . Me. Emanuele Biolo Magnus
Professora Orientadora
____________________________
Prof a . Me. Marina Seibert Cezar
Banca Examinadora
____________________________
Prof a . Me. Ronise Ferreira dos Santos
Banca Examinadora
Novo Hamburgo, novembro de 2011.

AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha mãe
Tania, por ela ter dedicado uma vida
inteira, a mim e ao meu irmão.
Ao meu namorado Rodrigo, pelo total
apoio em importantes momentos durante
tantos anos.
E a minha orientadora Emanuele, por me
mostrar o caminho correto e pela
paciência.

"Noventa por cento do sucesso se baseia
simplesmente em insistir”.
Woody Allen

RESUMO
Com a evolução das redes sociais e dos canais de comunicação na internet através
da transição da Web de 1.0 para 2.0, o modo como a sociedade se comunica tem se
transformado. Estas ferramentas têm possibilitado que o usuário interaja e
compartilhe informações. Os blogs de moda mais especificadamente, além de uma
acessível tecnologia de comunicação, têm se tornado uma importante ferramenta de
pesquisa, influente na decisão de compra de alguns consumidores. A partir da
pesquisa bibliográfica, o presente trabalho visa investigar a influência que as
blogueiras de moda, que publicam fotos das suas roupas em blogs pessoais,
exercem sobre o comportamento das suas leitoras. Pretende-se ainda salientar a
importância que os blogs têm como disseminadores de informação de moda e como
esta comunicação é realizada. Com a finalidade de identificar qual a importância das
blogueiras nos canais de comunicação de moda e quais são as consideradas mais
influentes no Brasil, foi realizada uma pesquisa de campo. Posteriormente, a partir
dos dados primários recolhidos, um estudo acerca dos estilos destas blogueiras é
efetivado, a fim de se encontrar elementos na personalidade de cada uma, que
possam servir de inspiração na criação de uma coleção de calçados e acessórios.
Em seguida, estes elementos são aliados as pesquisas de tendências para o
Outono/Inverno 2012, e são base de criação da coleção, que visa atender o público
leitor de blogs de moda, e que desejam se identificar com estas blogueiras.
Palavras chave: Blogs de moda. Comportamento de consumo. Desenvolvimento de
coleções.

ABSTRACT
By the evolution of social networks and communication channels on the Internet
through the transition from Web 1.0 to 2.0, the way society communicates has
changing. Those tools have allowed the user to interact and share information. The
fashion blogs more specifically, in addition to an affordable communication
technology, have become an important research tool, influential in purchasing
decisions of some consumers. From the bibliographical research, this study aims to
investigate the influence of fashion bloggers who publish pictures of your clothes in
personal blogs, have on the behavior of their readers. It is intended to emphasize the
importance that blogs have as disseminators of fashion information and how this
communication is done. In order to identify what is the importance of bloggers in the
channels of communication for fashion and what are considered more influential in
Brazil, a field research was conducted. Subsequently, based on primary data
collected a study of their styles will be effected in order to find elements on the
personality of each one, which could serve of inspiration in creating a collection of
shoes and accessories. Then these elements are allies of the research trends for
autumn / winter 2012, and are the basis for creating the collection, which aims at
serving the readers of fashion blogs, and who wish to identify with these bloggers.
Keywords: Fashion Blogs. Consumption Behavior. Collection Development.

LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Página inicial do portal WGSN ................................................................. 27
Figura 2 – Efeito Trickle-Down .................................................................................. 29
Figura 3 – Efeito Bubble-up ....................................................................................... 30
Figura 4 – Gabrielle Chanel....................................................................................... 33
Figura 5 – Post do Blog Chata de Galocha ............................................................... 43
Figura 6 – Look do Dia Nati Vozza ............................................................................ 50
Figura 7 – Campanha Corello com Mariah Bernardes .............................................. 54
Figura 8 – Fervo da Moda no blog Le Mousse .......................................................... 55
Figura 9 - Painel de Interesses do público-alvo......................................................... 67
Figura 10 – WGSN Macrotendência (Geração JPEG) .............................................. 71
Figura 11 – Elementos de estilo de Camila Coutinho ................................................ 73
Figura 12 – Elementos de estilo de Júlia Petit........................................................... 75
Figura 13 – Elementos de estilo de Mariah Bernardes .............................................. 76
Figura 14 – Elementos de estilo de Lalá Rudge ........................................................ 78
Figura 15 - Lady Like ................................................................................................. 80
Figura 16 - Masculino ................................................................................................ 81
Figura 17 - Tendências em cabedais ........................................................................ 82
Figura 18 - Tendências em saltos ............................................................................. 83
Figura 19 - Tendências em materiais ........................................................................ 84
Figura 20 - Tendências em detalhes ......................................................................... 85
Figura 21 - Tendências em cores .............................................................................. 86
Figura 22 - Tendências em Bolsas (Peças-Chave) ................................................... 88
Figura 23 - Tendências em Bolsas (Detalhes) .......................................................... 89
Figura 24 - Tendências em bolsas (materiais) .......................................................... 90
Figura 25 - Elementos Camila ................................................................................... 91
Figura 26 – Elementos Júlia ...................................................................................... 92
Figura 27 - Elementos Mariah ................................................................................... 92
Figura 28 - Elementos Lalá ....................................................................................... 93
Figura 29 - Esboços ................................................................................................ 101
Figura 30 - Fôrma 1 ................................................................................................. 102
Figura 31 - Fôrma 2 ................................................................................................. 102
Figura 32 - Fôrma 3 ................................................................................................. 103
Figura 33 - Modelo E01 – Linha Elegante ............................................................... 105
Figura 34 - Modelo E02 - Linha elegante ................................................................ 106
Figura 35 - Modelo E03 - Linha Elegante ................................................................ 107
Figura 36 - Modelo E03 - Linha Elegante ................................................................ 108
Figura 37 - Modelo C01 - Linha Criativa .................................................................. 109
Figura 38 - Modelo C02 - Linha Criativa .................................................................. 110
Figura 39 - Modelo C03 - Linha Criativa .................................................................. 111
Figura 40 - Modelo C04 - Linha Criativa .................................................................. 112
Figura 41 - Modelo R01 - Linha Retrô ..................................................................... 113
Figura 42 - Modelo R02 - Linha Retrô ..................................................................... 114
Figura 43 - Modelo R03 - Linha Retrô ..................................................................... 115
Figura 44 - Modelo R04 - Linha Retrô ..................................................................... 116
Figura 45 - Modelo S01 - Linha Sensual ................................................................. 117
Figura 46 - Modelo S02 - Linha Sensual ................................................................. 118
Figura 47 - Modelo S03 - Linha Sensual ................................................................. 119

Figura 48 - Modelo S04 - Linha Sensual ................................................................. 120
Figura 49 - Post Lançamento (Garotas Estúpidas) ................................................. 126

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Blogs pelo mundo ................................................................................... 37
Gráfico 2 – Audiência dos blogs no Brasil ................................................................. 37
Gráfico 3 – Faixa etária dos leitores de blogs no Brasil ............................................ 38
Gráfico 4 – Sexo ........................................................................................................ 59
Gráfico 5 – Idade ....................................................................................................... 59
Gráfico 6 – Com que frequência você acessa blogs de moda .................................. 60
Gráfico 7 – Você acompanha as postagens sobre o look do dia das blogueiras
nacionais? ................................................................................................................. 61
Gráfico 8 – Você acredita que as blogueiras ditam tendências de moda? ................ 61
Gráfico 9 – Antes de comprar algum produto relacionado à moda, você consulta
blogs específicos do assunto, buscando a opinião das blogueiras? ......................... 62
Gráfico 10 – Você já comprou algum produto por influência de alguma blogueira?.. 63
Gráfico 11 – Qual tipo de produto você comprou ou desejou comprar influenciada
por uma blogueira? ................................................................................................... 63
Gráfico 12 – O que você acha de coleções que são inspiradas no estilo das
blogueiras de moda? ................................................................................................. 64
Gráfico 13 – Quais são os três blogs de moda nacionais que você acessa com maior
frequência?................................................................................................................ 65

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Metodologia Projetual ............................................................................... 70
Tabela 2 - Tipos de Estilo .......................................................................................... 73
Tabela 3 - Mix de Produto ......................................................................................... 95
Tabela 4 - Mix de Moda ............................................................................................. 95
Tabela 5 - Tabela de Parâmetro ................................................................................ 96
Tabela 6 - Cartela de Cores ...................................................................................... 97
Tabela 7 - Cartela de Materiais (Couros) .................................................................. 98
Tabela 8 - Cartela de Materiais (Tecidos) ................................................................. 99
Tabela 9 - Cartela de Aviamentos ........................................................................... 100
Tabela 10 - Quadro de coleção ............................................................................... 121

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14
1 MODA ........................................................................................................ 18
1.1 O CONCEITO DE MODA ATRAVÉS DA SUA RELAÇÃO NA SOCIEDADE ............... 18
1.2 CONCEITOS DE TENDÊNCIAS DE MODA ...................................................... 22
1.2.1 Como surgem as tendências de moda ......................................... 25
1.2.2 As teorias de difusão e os trendsetters ........................................ 28
1.3 ESTILO: DEFINIÇÃO E COMO IDENTIFICÁ-LO ............................................... 32
2 BLOGS: CONTEXTUALIZAÇÃO ATRAVÉS DA EVOLUÇÃO ................ 34
2.1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DOS BLOGS ........................................................ 34
2.1.1 A Web 2.0 e o impacto nos blogs ................................................. 38
2.2 CONCEITOS BALIZADORES DOS BLOGS ..................................................... 40
2.2.1 A categorização dos blogs através dos tipos ................................ 45
3 OS BLOGS E A MODA ............................................................................. 48
3.1 OS BLOGS DE MODA E SUAS CARACTERÍSTICAS ......................................... 48
3.2 AS BLOGUEIRAS E A DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÃO ................................ 51
3.2.1 As blogueiras como personagens no sistema da moda ............... 53
4 PÚBLICO-ALVO ....................................................................................... 58
4.2 RESULTADOS E ANÁLISES ........................................................................ 58
4.3 DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO .................................... 66
5 PROPOSTA DE COLEÇÃO ..................................................................... 68
5.1 OBJETIVOS DA COLEÇÃO ......................................................................... 68
5.2 METODOLOGIA PROJETUAL ...................................................................... 69
5.3 INSPIRAÇÃO ........................................................................................... 70
5.3.1 Camila Coutinho, Garotas Estúpidas ............................................ 73
5.3.2 Júlia Petit, Petiscos ...................................................................... 74
5.3.3 Mariah Bernardes, Blog da Mariah ............................................... 76
5.3.4 Lalá Rudge, Blog da Lalá e Maria Rudge ..................................... 77

6 PESQUISA DE TENDÊNCIAS .................................................................. 79
6.1 TENDÊNCIAS DE CALÇADOS ..................................................................... 79
6.2.1 Cabedais ...................................................................................... 81
6.2.2 Saltos............................................................................................ 83
6.2.3 Materiais ....................................................................................... 84
6.2.4 Detalhes ....................................................................................... 85
6.2.5 Cores ............................................................................................ 86
6.2 TENDÊNCIAS DE BOLSAS ......................................................................... 87
6.2.1 Peças-chave ................................................................................. 87
6.2.2 Detalhes ....................................................................................... 88
6.2.3 Materiais ....................................................................................... 89
6.3 ANÁLISE E COLETA DE DADOS .................................................................. 90
7 APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO ............................................................ 94
7.1 PARÂMETROS DA COLEÇÃO ..................................................................... 94
7.1.1 Mix de Produtos ............................................................................ 94
7.1.2 Mix de Moda ................................................................................. 95
7.1.3 Tabela de Parâmetro .................................................................... 96
7.2 CARTELA DE CORES ................................................................................ 97
7.3 CARTELA DE MATERIAIS .......................................................................... 98
7.4 CARTELA DE AVIAMENTOS ....................................................................... 99
7.5 EXPERIMENTAÇÃO (GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS) .................................... 101
7.6 FÔRMAS .............................................................................................. 102
7.7 DESENHOS .......................................................................................... 104
7.7.1 Elegante ..................................................................................... 104
7.7.2 Criativa ....................................................................................... 108
7.7.3 Retrô ........................................................................................... 113
7.7.4 Sensual....................................................................................... 116
7.7.5 Quadro de Coleção .................................................................... 120
7.8 DETALHAMENTO TÉCNICO ..................................................................... 122
8. PROPOSTA DE LANÇAMENTO ........................................................... 126
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 128
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 132
APÊNDICES ............................................................................................... 139

14
INTRODUÇÃO
No mundo atual, é importante para os profissionais da área de design
estarem atentos aos acontecimentos sócio-culturais que os cercam, para que então
possam ter um panorama geral da sociedade e assim realizar um trabalho rico em
informação e destinado ao público correto.
Para ficarmos atualizados sobre estes acontecimentos, recorremos a fontes
externas, como os canais de comunicação. Dentre estes canais, temos a mídia
tradicional, composta por revistas, livros, artigos, filmes, entre outros. Mas, para se
obter informação de forma rápida e dinâmica, hoje em dia se recorre as novas
ferramentas, como as redes sociais.
As redes sociais, mais designadamente os blogs, trazem hoje informação de
moda com muita rapidez. Isso se deve ao fato de que estes canais dão a
possibilidade de feedback, ao contrário das mídias como revistas, jornais e livros,
consideradas one-way, em que a publicação não tem retorno imediato do leitor. Os
blogs dão retorno imediato através do sistema de comentários nas publicações, e
com isso a comunicação se torna acelerada, pois todos têm poder de opinião e
acesso a elas.
Essa socialização se tornou mais comum através da Geração Y, que nasceu
nos anos 80, e que hoje possui vinte e poucos anos. Para eles, que já foram criados
com os avanços da tecnologia, as redes sociais são ferramentas utilizadas no dia a
dia, e alguns destes jovens, antes de tomar a decisão de compra, podem pesquisar
nas redes sociais se determinado produto ou serviço foi aprovado pelas pessoas
que eles consideram influentes.
Com este tipo de comportamento, a disseminação de informação se tornou
mais fácil, ocasionando um aumento significativo na criação de blogs pessoais. Os
blogs de caráter pessoal possuem uma particularidade: os seus autores podem se
tornar formadores de opinião, conforme sua popularidade.
Há pessoas ao redor do mundo que possuem blogs pessoais, publicam
regularmente fotos com suas roupas e outros produtos que compram. Estas pessoas
criaram uma comunidade virtual de consumo, que faz com que milhões de outros
indivíduos, que lêem com frequência estes diários pessoais, possam ser

15
influenciados nas suas decisões ao adquirir certo tipo de produto, ou de alguma
marca específica.
A busca pelo “real” também pode ser um dos motivos para que as pessoas
sejam influenciadas pelas autoras de blogs. Hoje em dia, a moda de rua tem quase
tanta relevância quanto a moda da passarela. A passarela pode apontar uma
tendência, no entanto, o que vai definir se ela realmente vai virar moda, será
mostrado pelos trendsetters 1 nas ruas.
Considerando-se a definição de trendsetter, pode-se identificar que algumas
blogueiras pertencem a este grupo de pessoas. Muitas adquirem produtos logo que
são lançados no mercado, publicando fotos e comentários sobre os mesmos. Em
conseqüência desta atitude, os leitores que as consideram líderes de opinião,
mesmo que inconscientemente, procuram pelos mesmos produtos, na tentativa de
serem incluídos neste mesmo grupo social.
A relevância destas blogueiras no comportamento de consumo, já foi
observada por algumas empresas. Com isso, muitas autoras de blogs de moda são
convidadas para sentarem na primeira fila de desfiles relevantes das principais
semanas de moda do mundo. Além disso, algumas marcas já contam com
blogueiras no desenvolvimento ou divulgação de seus produtos, tamanha a
influência que elas podem exercer sobre os consumidores, por serem pessoas
acessíveis, similares e próximas da maioria dos indivíduos.
Desta forma, podemos considerar como hipótese para esta pesquisa, o fato
de, por estas pessoas, autoras dos blogs, terem fácil acesso a alguns artigos de
moda, podem ser avaliadas pela comunidade virtual, no caso os leitores, como uma
grande fonte de inspiração, o que pode transformá-las em líderes de opinião.
Com base nos fatos citados, o presente projeto tem como proposta
investigar a influência destas blogueiras na comunidade virtual de moda do Brasil, e
posteriormente, analisar o estilo pessoal das consideradas mais influentes. Serão
identificadas por meio da coleta de dados primários, através de questionário com
leitores de blogs. Posteriormente, serão analisadas com intuito de identificar
elementos que possam ser utilizados como inspiração no desenvolvimento de uma
coleção de calçados e acessórios.
1 O termo trendsetter 1 vem da união de duas palavras em inglês: trend (tendência) e setter
(compositor) e se refere aos formadores de opinião no mundo da moda. As pessoas mais influentes
nesse circuito ditam as novas tendências, entre críticos, estilistas, top models, designers, it girls,
fashionistas etc. (MODA SPOT, 2011).

16
O projeto inicia-se a partir da pesquisa básica, por meio de revisão
bibliográfica e documental, através de livros, internet, revistas, artigos, entre outros,
sendo definido como Trabalho de Conclusão I. Os dados secundários são
complementados pelos dados primários obtidos através da pesquisa de campo. Esta
primeira etapa será dividida em quatro capítulos, que seguirão uma ordem lógica
para o melhor entendimento dos fatos.
No primeiro capítulo, será abordado o conceito de moda. Métodos de
pesquisa, e como surgem as tendências de moda, também serão analisados a fim
de entender o processo das teorias de adoção como bubble up, trickle down e trickle
across. Será feito um aprofundamento teórico sobre elementos de estilo e a
identificação dos mesmos nas pessoas que disseminam tendências, como os
trendsetters, que também serão analisados.
No capítulo seguinte, será feito um estudo acerca dos blogs apresentando
seu histórico, bem como a categorização dos mesmos. Além disto, será exposto
como este canal mudou a forma de comunicação e sua importância na aceleração
de informação, devido aos avanços da Web 2.0.
No terceiro capítulo, será traçado um paralelo entre os blogs e a moda,
identificando quais são as blogueiras mais influentes, através de uma análise na
mídia online e offline. Nesta análise, serão apresentados os casos de empresas que
utilizam a imagem destas blogueiras para divulgação de marca.
Iniciando a segunda etapa deste projeto, intitulada Trabalho de Conclusão II,
no capítulo 4, é feita uma pesquisa campo com o público-alvo, os leitores dos blogs
em questão, analisando o comportamento de consumo destas pessoas através das
respostas obtidas nesta pesquisa quantitativa. Além disso, este público é analisado
e caracterizado através de um painel de interesses, que irá ajudar na identificação
destes indivíduos.
No capítulo 5, é apresentada a proposta de coleção, desenvolvida a partir da
pesquisa realizada, definindo assim os objetivos e a metodologia a ser utilizada, que
combina etapas descritas pelos autores Treptow (2005) e Munari (1983), com a
finalidade de facilitar o processo de criação. Também são analisados os estilos das
blogueiras mais influentes do Brasil, que são o objeto de inspiração da coleção, com
base na proposta de Aguiar (2003), identificando assim o estilo de cada uma delas.
O estilo de cada blogueira define cada linha desenvolvida na coleção, composta por

17
três calçados e uma bolsa cada uma delas. As linhas são definidas como: Elegante,
Criativa, Retrô e Sensual.
Determinados assim os estilos, é realizada no capítulo 6 uma pesquisa das
tendências de Outono/Inverno 2012, com base nas informações encontradas nos
portais Usefashion e WGSN, que definindo assim o que será utilizado nas categorias
de sapatos e bolsas para a estação escolhida.
Por fim, no último capítulo, é apresentada a coleção desenvolvida neste
projeto. Nesta etapa, são apresentados os parâmetros da coleção, as cartelas de
cores, materiais e aviamentos, bem como as experimentações realizadas durante o
processo. Em seguida, as linhas desenvolvidas são apresentadas separadamente, a
partir do desenho de cada modelo criado. Por último, são apresentados os
detalhamentos técnicos dos modelos que foram produzidos e assim designados
como os protótipos desta coleção.

18
1 MODA
Como início do presente projeto, será realizado primeiramente um estudo
acerca da moda como um sistema, a fim de definir o seu conceito através da sua
relação com a sociedade. Posteriormente, a partir desta definição, será efetuado um
estudo sobre as tendências de moda, como elas são pesquisadas e como são
adotadas pelos consumidores. Por último, a definição de estilo será o tópico de
análise, e também como identificá-lo nos indivíduos da sociedade.
1.1 O CONCEITO DE MODA ATRAVÉS DA SUA RELAÇÃO NA SOCIEDADE
Para começar a entender o que é a moda como um todo, devemos
primeiramente compreender o significado do termo. Segundo Palomino (2003, p.15),
“[...] a palavra „moda‟ vem do latim modus, significado de „modo‟, „maneira‟. Em
inglês, moda é fashion, corruptela da palavra francesa façon, que também quer dizer
„modo‟, „maneira‟.”
Barnard (2003) defende que a palavra fashion provém do latim faction, que
significa fazendo ou fabricando. O autor ainda indica a definição de fashion de
acordo com o dicionário Oxford, que identifica nove significados para a palavra.
Entre estes nove, os dois principais são definidos como verbo e substantivo. Como
substantivo, é usado como “maneira”, assim como definiu Palomino (2003), e como
verbo tem sentido de atividade, de fazer ou fabricar.
Com a definição de moda mencionada, podemos partir para a análise do
conceito de moda, estudando a sua relação com a sociedade e abrangendo de
forma breve sua história e evolução.
O conceito de moda, como um sistema diferenciador das classes sociais,
surgiu a partir século XV, na Idade Média, quando a alta burguesia começou a
copiar o que os nobres vestiam, a fim de se igualarem aos superiores. Com isso, os
nobres sentiram a necessidade de sempre buscar algo novo, na tentativa contrária
da burguesia, querendo ser o menos possível parecido com eles. Desta forma, a

19
moda nasce e suas engrenagens começam a funcionar (TREPTOW, 2005;
BARNARD, 2003). Segundo Lipovetsky (1987, p.34):
Antes de ser signo da desrazão vaidosa, a moda testemunha o poder dos
homens para mudar e inventar sua maneira de aparecer; é uma das faces
do artificialismo moderno, do empreendimento dos homens para se
tornarem senhores de sua condição de existência.
O fato de os burgueses quererem copiar os nobres da época já é uma
identificação da necessidade de inclusão dos indivíduos a um grupo social. Porém,
mesmo necessitando desta identificação, as pessoas não querem perder a sua
individualidade. De acordo com Simmel (1971 apud Barnard, 2003, p.28), “[...] as
pessoas parecem precisar ser ao mesmo tempo sociáveis e individualistas” e esse
individualismo é expresso através da maneira como nos vestimos.
A moda enquanto componente cultural determina os comportamentos
humanos, e torna-se um elemento de referência para as pessoas. Nesse
sentido, ao portar uma roupa, as pessoas constroem projeções idealizadas
que fazem delas personagens de uma cena não real, que implica hábitos de
vida (BARREIRA, 2006, p.161).
Dentro da sociedade, podemos identificar a moda como um fenômeno social
e efêmero, em que através dos hábitos, comportamento, profissão, orientação
política, gostos, entre outros, é possível assimilar a aceitação e disseminação de um
padrão ou estilo pelos consumidores (DORFLES, 1984; TREPTOW, 2005).
Conforme Gabriel de Tarde (apud LIPOVETSKY, 1987), primeiro a definir o conceito
de moda, a moda é uma forma de relação entre os seres e se caracteriza pela
imitação dos contemporâneos e amor as novidades estrangeiras.
[...] a moda é um fenômeno que, como poucos, é capaz de entrelaçar de
forma tão indissolúvel as esferas econômicas, do social, do cultural, do
organizacional, técnico, tecnológico e estético. Ela é, portanto, filha direta do
capitalismo, do qual extrai sua condição de possibilidade (WAJNMAN,
2006,p. 127).
Barnard (2003) também cita que a moda é fruto do capitalismo, e ainda
ressalta, afirmando que surge da necessidade das classes sociais se diferenciarem
uma das outras, por poder e status, em ordem hierárquica. Lipovetsky (1987, p.23)
complementa, citando que “[...] a moda é formação essencialmente sócio-histórica,
circunscrita a um tipo de sociedade”.

20
Porém, a evolução da moda através dos tempos se dá por meio de uma
situação histórica, retratando fatos e acontecimentos de cada época, modificando
assim a maneira das pessoas se expressarem no contexto social.
Moda é um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o
simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, social,
sociológico. [...] a moda serve como reflexo das sociedades à volta. É
possível entender um grupo, um país, o mundo naquele período pela moda
então praticada (PALOMINO, 2003, p.14).
Para complementar, Lipovetsky (1987, p.24) afirma que a moda é “[...] em
primeiro lugar, um dispositivo social caracterizado por uma temporalidade
particularmente breve, por reviravoltas mais ou menos fantasiosas, podendo, por
isso, afetar esferas muito diversas da vida coletiva”. Porém, com o passar dos anos,
ela virou democrática, e a mesma se tornou um fenômeno não apenas de distinção
social, como definido anteriormente, mas também um atrativo, prazer dos olhos e da
diferença.
Os signos efêmeros e estéticos da moda deixaram de aparecer, nas classes
populares, como um fenômeno inacessível reservado aos outros; tornaramse
uma exigência de massa, um cenário de vida decorrente de uma
sociedade que sacraliza a mudança, o prazer, as novidades (LIPOVETSKY,
1989, p. 115).
A moda pode ser um estilo de vida, pois ela pode ser encontrada em
diversas esferas da sociedade, não se limitando apenas ao vestir. Conseguimos
identificar a classe social ou “tribo” de um indivíduo quando a moda é incorporada ao
seu cotidiano (LIMA, 2008), caracterizando deste jeito a moda como um “[...]
fenômeno cultural, acidente de percurso, marcador de tempo. Tempo que pode
chegar de maneira inusitada ou ter estado sempre presente” (BARREIRA, 2005,
p.161).
Mas sabemos também que para que a moda aconteça de fato na sociedade
contemporânea, é imprescindível que haja curiosidade e gosto por novidades de
forma constante e irregular, vindas dos indivíduos. Assim, a moda preserva sua
característica de efêmera, mudando constantemente (LIPOVETSKY, 1987).
Conforme Mesquita (2006, p.45), “[...] a moda reflete claramente marcas
significativas de nosso tempo, assim como a velocidade de mudanças, o predomínio

21
da imagem e a compra e venda de estilo de vida ou „atitude‟”. De acordo com
Dorfles (1984, p.33):
Hoje, tal como ontem, a moda está ligada a motivações históricas,
sociológicas e artísticas que determinam – ainda que indiretamente – os
seus cânones: frágeis cânones que são, no entanto, os sintomas de um
gosto também artístico e, até, de uma situação econômica.
Partindo-se da ideia de que a moda é efêmera e distingue os indivíduos
dentro de uma sociedade, ela termina por completar o quadro histórico através da
sua evolução (PALOMINO, 2003). Com isto, os indivíduos presentes na sociedade
contemporânea têm necessidade de assemelhar-se aos demais por pressão do
sistema da moda, que causa certo constrangimento ao impor condições às pessoas
para que as mesmas possam “estar na moda” (LIPOVETSKY, 1987).
[...] todo mundo tem de vestir-se pela manhã e sair para realizar seus
afazeres cotidianos. O que todos vestem para fazer isto tem assumido
formas diferentes [...] e isto é o que a moda é, agora e sempre, e é o que
sempre quero dizer com o termo moda [...] A maior parte da moda no vestir
é dotada com o desejo consciente de não parecer estar na moda, mas sim
parecer corretamente vestido. “Estar na moda” é simplesmente uma
maneira conscienciosamente adotada de parecer estar na moda – isto é,
parecer correto – em qualquer instante ou lugar determinado (HOLLANDER,
1996, p. 23 apud HOLDERBAUM, 2010, p.16).
Para Dorfles (1984), o “estar na moda” não se aplica somente ao vestuário,
e sim a diversos setores, como decoração, organização e adoção de costumes.
Entretanto, é através da roupa que a maioria dos indivíduos expressa a sua vontade
de efetivamente “estar na moda”. A roupa é o meio pelo qual as pessoas transmitem
mensagens umas às outras, refletindo seu estilo de vida e atitude, sendo percebida,
através do modo como é usada, como uma forma de revelar a personalidade da
pessoa e também como ela deseja ser percebida pela sociedade (RYBALOWSKI,
2008; BARNARD, 2003).
A moda como significante se torna uma vivência compartilhada importante
no contemporâneo, onde o referente (o real) perde espaço para
significantes como a mídia. O real com a qual as pessoas interagem cada
vez mais é o referente, a imagem, e a moda é a manifestação clara deste
processo (WAJNMAN, 2005, p. 136).
Em relação à definição citada anteriormente, podemos identificar a moda e o
vestuário como um fenômeno cultural e comunicativo. São meios pelos quais grupos

22
sociais se comunicam transmitindo suas aflições, tanto para aqueles que são seus
membros, quanto para aqueles que não são (BARNARD, 2003).
Sendo assim, estas pessoas que possuem o desejo de serem identificadas
através das suas vestes e também de estarem na moda, seguem as tendências de
moda ditadas em cada época. Assim, estes indivíduos não se sentirão deslocados,
mas pertencentes a algum grupo ou movimento pertinente ao momento histórico em
que estão vivendo.
1.2 CONCEITOS DE TENDÊNCIAS DE MODA
Neste tópico, o objeto de estudo são as tendências de moda. Como objetivo,
será realizada uma análise para que se entenda o que são as tendências de moda,
como são pesquisadas e como são adotadas pela sociedade, divididas assim em
teorias de difusão.
Como definição literária, Ferreira (1975, p.1365), define: “Tendência. [...]1.
Inclinação, propensão [...] 4. Intenção, disposição”. Caldas (2006) cita que a palavra
provém do substantivo tendentia em latim, derivado do verbo tendere, que significa
“tender para” ou então “ser atraído por”.
Sobre o conceito de tendência, Caldas (2006) define como algo que está por
vir, e que aponta uma direção, não sendo necessariamente atingida, dando a
incerteza sobre o resultado a ser alcançado. Ainda em relação à palavra tendência,
o autor destaca que a mesma foi impressa a partir do desenvolvimento da
psicologia, a fim de expressar as necessidades individuais em relação aos objetos
que possam satisfazê-las.
Em contrapartida, Treptow (2005) afirma que a moda passa pelas seguintes
fases: lançamento, aceitação, cópia e desgaste. Mas para que isso aconteça, é
necessário um censo comum e que as pessoas acreditem, concordem e consumam
uma ideia para que ela se torne moda. Este consenso entre as pessoas é
denominado uma tendência de moda, que de acordo com Erner (2005), são
influenciadas por crenças comuns entre os indivíduos.

23
Para Caldas (2006, p. 22) “[...] o conceito de tendência que se generalizou
na sociedade contemporânea foi construído com base nas idéias de movimento,
mudança, representação do futuro, evolução [...]”. Erner (2005, p. 104), por sua vez:
Usualmente, designa-se sob o nome de tendência qualquer fenômeno de
polarização pelo qual um mesmo objeto – no sentido mais amplo da palavra
– seduz simultaneamente um grande número de pessoas.
Desta maneira, Carol Garcia (apud TREPTOW, 2005, p.29) ainda afirma que
a tendência de moda “[...] é um conjunto de itens do vestuário considerados como
conceito de bem vestir. A tendência de moda é caracterizada pela temporalidade e
pela massificação”. Entretanto, Erner (2005), afirma que as tendências não se
restringem apenas as roupas, mas sim a diversos produtos, lugares e até ideias.
Conforme Palomino (2003) pode-se dizer que tendência é o que está na
moda, sendo o seu denominador comum. Em relação a ideia de tendência ser o que
está na moda, muitas vezes faz com que os dois substantivos, moda e tendência,
sejam confundidos entre si, conforme cita Caldas (2006, p.50):
Frequentemente, os significados das palavras tendência e moda fundem-se,
podendo, no limite, ser empregadas uma pela outra, uma vez que o que é
apresentado como tendência pelos vários componentes da cadeia têxtil, via
de regra, é algo que já se transformou ou que se pretende transformar em
moda.
Em relação à definição de tendências de moda, Caldas (2006, p.34) afirma
que “[...] as tendências podem ser representadas pelo desdobramento „natural‟ do
presente” e são o “espírito do tempo” em que vivemos, denominado Zeigeist, que em
uso coloquial, significa o que é moderno. Erner (2005) ainda cita que quando não
existem mais motivos para preferirmos um objeto ao outro, pode-se identificar uma
tendência.
De acordo com Caldas (2006), o imaginário da mudança favorece os
interesses da sociedade, e muitos acontecimentos vêm mudando o modo como
enxergamos o mundo e nos relacionamos com ele. Treptow (2005, p.30)
complementa, afirmando que as tendências não têm pretensão de durar para
sempre, e possuem um período de existência limitado.
O período de existência de uma tendência vai do lançamento por grupos
considerados de vanguarda até a total absorção pelo mercado e

24
conseqüente massificação de consumo. Na etapa final, uma tendência de
moda que pode ter surgido como manifesto social de um determinado
grupo, perde a característica de discurso contestador, tornando-se apenas,
efêmero padrão de vestir.
A tendência de moda se torna existente através de processos miméticos, ou
seja, da necessidade de um indivíduo de se assemelhar a outro por meio da
imitação, mesmo que inconscientemente (ERNER, 2005). Lipovetsky (1987)
complementa, afirmando que nos dias de hoje não se copia mais os superiores, mas
sim o que se vê em torno de si, e que se veste moda para mudar, ser moderno e
exprimir individualidade. Para a indústria, o sistema de tendências de moda
representa o sucesso, pois obriga os indivíduos que querem estar na moda, a
adquirir novos produtos em períodos de tempo curtos (ERNER, 2005).
Conforme Hollander (1996, apud MESQUITA, 2006), com as diversas fontes
de inspiração disponíveis aos criadores e com o surgimento de inúmeros estilos
diferentes, que representam a moda em diversas manifestações, as tendências de
moda já não possuem a mesma força. Porém, pode-se afirmar que quando
elementos aparecem com freqüência em criações de diferentes estilistas, seguindo
para um mesmo caminho, este tende a tornar-se moda e ser aceito pelo mercado
(TREPTOW, 2005).
Tendência, em um sentido mais aprofundado e não tão momentâneo, como
explica Erner (2005), pode configurar o que é conhecido como uma macrotendência.
De acordo com Silva (2009), as macrotendências são entendidas como “[...]
tendências do contexto sociocultural, político e econômico global”, ou seja,
tendências comportamentais, e que são apontadas pelos Bureaux de Style, conceito
que veremos adiante.
Mas quem define estas tendências de moda na sua origem? Como elas
surgem e como são adotadas pela sociedade? Estas questões serão abordadas a
seguir, no decorrer do capítulo, enfocando como estas tendências são pesquisadas
pelas empresas, observadas pelos profissionais e adotadas pela sociedade, sendo
assim divididas em teorias de difusão.

25
1.2.1 Como surgem as tendências de moda
As tendências de moda são pesquisadas pelos Bureaux 2 de Style. Estes
bureaux são escritórios de pesquisa de tendências, compostos por diversos
profissionais de diferentes áreas, que têm como principal objetivo analisar a
sociedade como um todo, captando o que pode vir a ser uma tendência não só de
moda, mas de comportamento.
Genericamente, o trabalho consiste em fornecer análises precisas à
construção da imagem de um produto. Porém, existe um aspecto altamente
subjetivo que atua neste processo e que transcende o raciocínio lógico de
suas análises mercadológicas e sociológicas: a intuição. É esta a fonte
sensível que guia o espírito de cada um que trabalha nos “Bureaux de
Style”. Assim, todas as sensações, elementos ou observações que partem
do feeling serão transformados em matéria-prima elementar para a
composição dos temas propostos às tendências de moda (LEÃO, 2005, p.
63).
Para compor os temas das tendências de moda e realizar o seu trabalho
efetivamente, os profissionais dos escritórios de pesquisa viajam por todo o mundo a
fim de analisar tudo aquilo que possa ser convertido em moda. Com isso, eles
devem estar atentos ao mercado, sempre avaliando como satisfazer os futuros
consumidores, agregando novos produtos ao estilo de vida deles (LEÃO, 2005).
Durante este trabalho realizado pelos profissionais dos bureaux, são
coletados dados referentes às cores e materiais disponíveis no mercado, com uma
antecedência de até dois anos, dependendo do tipo de informação (VINCET-
RICARD, 2002). Conforme Caldas (2006, p. 41):
[...] um dos instrumentos metodológicos mais interessantes, criados para
dar conta da questão das tendências é a construção de cenários, que
permite lidar com a evolução de sistemas complexos sob diversas
hipóteses. A rigor, não se trata de previsão, mas de um exercício que ajuda
a avaliar as possíveis conseqüências acarretadas por cada tipo de escolha.
Todas estas informações são organizadas, de maneira para fácil percepção
visual, e são publicadas em caderno específicos, chamados Cadernos de
Tendências ou books 3 . Estes cadernos de tendências são comercializados a preços
2 Palavra francesa que significa escritório em português.
3 Palavra inglesa que significa livro

26
altos, para que designers e estilistas os utilizem como uma orientação buscando
referências na hora de criar suas coleções. Leão (2005) apresenta uma fórmula que
costuma ser utilizada na criação destes cadernos:
Influências + Cores + Materiais + Formas = Temas = Tendências de moda
Para Leão (2005, p. 67), “[...] estes ingredientes formarão a receita que cada
„Bureau‟ preparará, particularmente, para as suas tendências de moda, fator este
que expressará a personalidade de cada escritório”. Através destas informações o
estilista montará o seu próprio painel de tendências (TREPTOW, 2005; LEÃO,
2005). Complementando, Treptow (2005, pg. 83), afirma que:
É por intermédio do painel de tendências que o designer pode visualizar os
elementos de estilo a serem utilizados em sua coleção para que se
apresente contextualizada com os demais lançamentos.
Desta forma, Palomino (2003) afirma que quanto mais informado e influente
for o bureaux, maiores são as chances do cliente, no caso designer ou estilista, ter
sucesso nas vendas da sua coleção e assim lançar uma tendência. Entretanto,
Caldas (2006) complementa, citando que nem todas as tendências indicadas se
realizam.
Como exemplo de Bureaux de Style, podemos citar o escritório francês
PromoStyl 4 , que faz este tipo de pesquisa e fornece estes caderno de tendências,
segmentados entre: premiere (influências, cores, texturas), moda feminina, moda
masculina, moda infantil, esportes e ruas e sapatos e acessórios.
Além dos bureauxs, outros personagens da cadeia têxtil, como indústrias de
fios, tecelagens, confecções, entre outros, interagem e trocam informações, com o
objetivo de diminuir os riscos e estabelecer os padrões a serem seguidos pelos
produtores. Depois de estabelecidos estes padrões, a mídia especializada e o varejo
divulgam a previsão do que será moda por um período de uma a quatro estações
(CALDAS, 2006).
Outro exemplo de empresa que realiza o apontamento de tendências é o
portal WGSN 5 (Worth Global Style Network), onde as pesquisas são disponibilizadas
4 Disponível em
5 Disponível em

27
online para assinantes. O WGSN reúne em seu portal, além de informações de
moda, pesquisas sobre arte, viagens, mercado, comportamento e tudo que possa
servir de inspiração para criadores de diversas áreas.
Fonte: WGSN. Disponível em Acesso em 18 mai 2011.
Figura 1 – Página inicial do portal WGSN
Na figura 1 podemos visualizar a página inicial do portal, em que os
assuntos propostos pela empresa são divididos em categorias, sendo o conteúdo
apenas disponível para assinantes. Débora Pierro, gerente de Serviços da WGSN,
afirma que na América Latina existem apenas 200 assinantes (DA MODA, 2011).
Este processo de busca pelo que é interessante realizado pelo WGSN, é
denominado coolhunting, que em tradução podemos entender como “caçada ao
cool 6 ”, como define Gladwell (2001, apud FONTENELE, 2004). Os profissionais que
realizam este trabalho são os coolhunters.
[...] observe o que os consumidores alfas estão fazendo hoje e você poderá
prever o que a maioria estará fazendo amanhã. E, em uma época de
competição acelerada, com empresas obcecadas por inovações
6 Expressão inglesa utilizada para se referir ao que é interessante, legal ou vanguardista.

28
permanentes, informações que garantam um investimento seguro valem
muito dinheiro, o que gerou "uma indústria pequena, mas vigorosa,
completamente dedicada a colher informações desse tipo: os observadores
de tendências, que entendem o que é e o que não é cool". (FONTENELE,
2004, p.167)
Utilizando como base o processo de pesquisa realizado pelos Bureaux de
Style e pelos profissionais de coolhunting, definimos que estes indicam o que serão
as tendências comportamentais que virão, ou seja, as macrotendências que citamos
anteriormente. Quando o comportamento previsto por uma macrotendência se
reflete na moda através atributos ou familiaridades nos produtos criados pelos
profissionais que se apoderaram destas pesquisas, podemos assim identificar uma
microtendência.
Para identificarmos como as tendências de moda são adotadas pela
sociedade, devemos estudar o processo de difusão das mesmas, identificadas por
diferentes autores, e que explicam os tipos de teorias referentes à estes sistemas.
1.2.2 As teorias de difusão e os trendsetters
Para identificar como as tendências são lançadas dentro da sociedade, será
feito um estudo acerca das teorias de difusão das mesmas e quem são os
personagens responsáveis por este processo. De acordo com Treptow (2005, p.27),
a origem da moda “[...] pode estar na coleção de um estilista, num grupo de jovens,
num pormenor de vestimenta idealizado pelo figurinista de um filme ou novela”.
Jones (2005), também afirma que há diversas maneiras de se transmitir informação
de moda e influenciar o gosto das pessoas. São através destas origens que são
identificadas as teorias de difusão, que entre as mais conhecidas estão o trickledown
ou trickle-effect, o bubble up e o trickle-across. Para Caldas (2006, p.58), “[...]
a velocidade de produção de novas tendências é diretamente proporcional à
velocidade de sua difusão”.
Começamos então pelo efeito trickle-down, que na sua tradução para o
português significa “gotejar”, ou como define Jones (2005), é um efeito de
“desaguamento”. Este efeito traduz a ideia de que indivíduos de classes inferiores,
considerados passivos, copiam o que as classes mais altas costumam usar, ou seja,

29
a moda provém de uma elite social (BARNARD, 2003). De acordo com McCracken
(1985, p.42 apud BARNARD, 2003, p.187), “[...] é possível prever, a partir do
comportamento presente de um grupo das elites, o futuro comportamento de outros
grupos subservientes”.
Conforme Treptow (2005), o efeito começa pela elite da moda, como a altacostura
ou celebridades. Em seguida, pessoas próximas a estes indivíduos adotam
o mesmo estilo, e após ser notificado pela imprensa, marcas independentes
começam a reproduzir. Mas com a exposição massiva na mídia, redes e marcas
mais populares também copiam o estilo, adaptando materiais para que o preço seja
mais acessível, e por fim se chega à produção em larga escala e ao público em
geral.
Fonte: JONES, 2005, p.51
Figura 2 – Efeito Trickle-Down
Conforme podemos observar na figura 2, o efeito trickle-down refere-se a
uma tendência que começa na elite, no topo da pirâmide social, e depois vai
ganhado mais adeptos até chegar a massificação.
De acordo com Jones (2005), neste novo século, em decorrência das
mudanças culturais, também pode se identificar o surgimento de uma tendência
através de estilos vindos das ruas. Para este efeito, utiliza-se a denominação
bubble-up, ou borbulha em português. Seguindo o caminho contrário do efeito
trickle-down, este designa que um estilo surge primeiramente de grupos nas ruas e
depois é identificado e denominado pelo mercado. É no efeito bubble-up que
podemos identificar o trabalho dos coolhunters, citados anteriormente, em que estes
profissionais irão identificar tendências de um grupo nas ruas. Com a divulgação

30
pelos meios de comunicação, os formadores de opinião tomam conhecimento e
adotam uma versão mais sofisticada, e só então aparecem produtos inspirados
neste estilo em lojas de luxo e nas passarelas (TREPTOW, 2005).
Fonte: JONES, 2005, p.51
Figura 3 – Efeito Bubble-up
Como podemos observar na figura 3, a tendência surge na base da
pirâmide: primeiramente nas ruas ou em grupos específicos, em seguida são
observadas pelos coolhunters e adotadas pelos formadores de opinião. Por último,
são divulgadas pelos meios de comunicação e chegam aos conhecedores de moda
e lojas exclusivas.
A última teoria de difusão de tendências de moda que vamos citar é a trickleacross,
em que “[...] as pessoas vestem-se conforme os seus „pares‟ ou de modo a
ingressarem num determinado grupo” (MAGNUS, 2009, p.17). Conhecida também
como Fluxo Horizontal, esta teoria define que existem inúmeros formadores de
opinião em diferentes setores do mercado, e que estes influenciam a decisão de
compra dos demais membros do grupo a qual pertencem. Com isso, a moda é
difundida rapidamente a vários segmentos da população, entre diferentes classes
sociais (KAMLOT, 2010). Cabe ressaltar que uma teoria não neutraliza a outra, da
mesma forma que não existe uma mais correta ou importante, pois podem ocorrer
de maneira simultânea.
Por último, podemos citar não uma teoria, mas um fenômeno de difusão das
tendências: a propaganda boca a boca. Segundo Gladwell (2009), a informação

31
transmitida através do boca a boca continua sendo uma importante forma de
comunicação, e é a única maneira como muitos dos indivíduos respondem a
persuasão. Em seus textos, Gladwell (2009, p.38) utiliza a palavra epidemia (que
neste contexto podemos empregar como sinônimo de tendência), e afirma que “[...] o
sucesso de qualquer tipo de epidemia depende muito do desenvolvimento de
pessoas dotadas de um conjunto raro e particular de talentos sociais”.
Estas pessoas descritas pelo autor são divididas em três categorias, sendo a
primeira delas os Experts 7 , e que segundo características descritas pelo próprio
autor, são acumuladores de conhecimentos, responsáveis por conectar as pessoas
ao mercado e possuem maior motivação social.
Os Experts têm o conhecimento e as habilidades sociais para iniciar
epidemias de propaganda boca a boca. O que os distingue, porém, não é
tanto o que eles sabem, mas como passam adiante o que conhecem
(GLADWELL, 2009, p. 68).
No mundo da moda, também existem pessoas com habilidades e
conhecimento para difundir tendências: são os trendsetters. Estes são os que estão
dentro dos processos de difusão de tendências, indiferente do tipo de teoria, pois
são os responsáveis por influenciar outros indivíduos em determinado período do
processo de adoção de uma tendência. Para Caldas (2004 apud HOLDERBAUM,
2010, p.34), “[...] os trendsetters são pessoas de visão vanguardista, que percebem
as tendências antecipadamente”.
As outras duas categorias de pessoas descritas por Gladwell (2009) são os
Comunicadores e os Vendedores. Os Comunicadores diferem-se por conhecer um
grande número de pessoas e transitar em diferentes nichos e culturas, e os
Vendedores são as pessoas com grande poder de persuasão.
Numa epidemia social, os Experts são o banco de dados. Eles fornecem a
mensagem. Os Comunicadores são a cola social: eles a espalham.
Entretanto, existe também um conjunto seleto de indivíduos – os
Vendedores – capazes de nos convencer quando não acreditamos no que
estamos ouvindo; estes são tão importantes para a epidemia boca a boca
quanto os membros dos outros dois grupos (GLADWELL, 2009, p. 71)
Desta forma, podemos compreender que dentro do sistema da moda, os
trendsetters são os responsáveis pela difusão das tendências, sendo os primeiros a
7 Palavra inglesa que em português significa especialista.

32
adotá-las e que como consequência, serão copiados por outros, por terem um estilo
definido. A seguir, iremos entender a definição de estilo e de como podemos
identificá-lo nas pessoas.
1.3 ESTILO: DEFINIÇÃO E COMO IDENTIFICÁ-LO
Como analisamos anteriormente, as tendências de moda são difundidas na
sociedade e adotadas pelos indivíduos através do uso de roupas e objetos que são
considerados naquele momento, como algo que está na moda. Mas é a combinação
do uso de roupas e a atitude apresentada por estas pessoas, que podemos definir
como estilo, e que irão representar o modo de vida, ideologias e escolhas feitas por
estas pessoas (SALEH, 2008).
Segundo Caldas (2006, apud RORIZ, 2010, p.32), “[...] estilo é o que
enfatiza o pólo da distinção, da afirmação, da perenidade no tempo e da
individualidade”, ou seja, é através do estilo que podemos identificar a personalidade
de alguém em função das roupas e acessórios que a mesma utiliza. Como definição,
Pascolato (2009, p.36) afirma que “[...] estilo é identidade pura”.
Estilo é o que dá forma ao pensamento e mostra que você é de verdade.
Estilo distingue quem espelha de quem irradia. Estilo é conquista individual,
plena de autonomia. Ele nos dá sentido de competência, prazer e
segurança. Transcende tempo e gênero (PASCOLATO, 2009, p.29).
Complementando a colocação da escritora, citando estilo como autonomia,
Carol Garcia (2002, apud TREPTOW, 2005), afirma que estilo é uma busca pela
autenticidade, feita através da identidade do indivíduo.
A capacidade de filtrar as tendências e transformá-las, produzindo novas
propostas que manifestam características pessoais é o que Garcia descreve
como “Estilo”. O estilo não rompe abruptamente com o passado; antes,
busca ali referências que legitimem o novo como continuidade, como
identidade (TREPTOW, 2005, p.31).
Pascolato (2009) contribui afirmando que a construção de um estilo nada
mais é que o modo como queremos projetar a nossa imagem, e se torna assim a
melhor expressão do nosso caráter.

33
Como exemplo de estilo, podemos citar Gabrielle Chanel. A estilista difundiu
um estilo através de elementos que são reconhecidos até hoje, e que são
identificados pela expressão “estilo Chanel” (LIMA, 2008).
Fonte: Petiscos. Disponível em: Acesso em: 08
ago. 2011.
Figura 4 – Gabrielle Chanel
Entre os elementos reconhecidos como “estilo Chanel”, estão as pérolas, o
sapato bicolor, as bolsas matelassadas, as correntes, o tweed 8 , entre outros. Na
figura 4 é possível verificar alguns.
Desta forma, para que se possa definir o estilo de algum indivíduo, devemos
observar os elementos adotados por esta pessoa para a construção da sua imagem.
É este estudo de identificação de elementos de estilo que será feito acerca das
blogueiras de moda brasileiras no final deste projeto. Para dar continuidade ao
embasamento teórico, o próximo capítulo estuda os blogs e seus conceitos
inerentes.
8 Tecido de lã, com textura áspera, muito usado em casacos (MODASPOT, 2011).

34
2 BLOGS: CONTEXTUALIZAÇÃO ATRAVÉS DA EVOLUÇÃO
O presente capítulo possui como objetivo principal apresentar o conceito de
blog, mostrando seu histórico e sua evolução através dos anos, de forma breve.
Além disso, será apresentado como um blog é estruturado, os termos específicos
utilizados neste universo e também a categorização dos mesmos.
2.1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DOS BLOGS
Anteriormente ao surgimento dos blogs, houve a criação da internet, que
consiste em um sistema que interliga os computadores mundialmente. Ela foi criada
no final dos anos 60 pela agência americana APAR (Advanced Research Projects
Agency 9 ) como um meio de comunicação alternativa e segura entre os militares, e foi
chamada primeiramente de APARNET (FERREIRA,VIEIRA, 2007). Com o
desenvolvimento das tecnologias, em 1990 a rede se estendeu para outros locais,
como universidades e centro de pesquisa e finalmente em 1995 tomou maiores
proporções se estendendo ao público em geral, possibilitando o uso comercial
(MONTEIRO, 2001).
Antes de nos aprofundarmos nos acontecimentos que sucederam no
universo dos blogs, devemos compreender a procedência do termo. Para diversos
autores, o termo blog é de origem americana e resulta da abreviação de outro termo:
weblog. Este segundo, é proveniente da contração de duas palavras: web (página
na internet) e log (diário de navegação) (SCHITINE, 2004; HEWITT, 2007; ORDUÑA
et al., 2007).
O advento dos blogs decorreu ainda na década de 1990, e segundo Ordunã
et al. (2007, p.2), “[...] o primeiro blog foi a página What’s new in 92, publicada por
Tim-Berners Lee a partir de fevereiro de 1992, para divulgar as novidades do projeto
World Wide Web”. Este seguia a principal característica dos blogs na época, em que
a publicação era baseada em links 10 seguido de um breve comentário.
9 Tradução para o português: Agência de Projetos Avançados de Pesquisa
10 Uma hiperligação, ou simplesmente uma ligação com sites externos

35
Outros pesquisadores, como Amaral, Recuero e Montardo (2009) e Malini
(2008), afirmam que o fenômeno começou quando o termo weblog foi criado por
Jorn Barger, quando este se referiu ao seu jornal online RobotWisdom 11 , em 1997.
De acordo com Hewitt (2007, p.9) “[...] o primeiro blog surgiu em 1999, mais ou
menos [...]”, e no Brasil, conforme Lèvy (1999 apud FERREIRA, VIEIRA, 2007) o
primeiro blog, denominado Blue Bus, foi criado em 1997 e parou de ser atualizado
em 2003.
Entre 1998 e 1999, surgiram as primeiras tentativas de se listar os sites que
se assemelhassem à ideia inicial de blog (ZAGO, 2008). Conforme citam Orduña et
al. (2007, p. 3):
[...] no início de 1999, The Page of only weblogs 12 , de Jesse James Garret,
identificava apenas 23 blogs, mas o surgimento dos primeiros serviços de
edição e publicação de blogs Pitas 13 , em julho, e Blogger 14 , em agosto, fez o
panorama do meio mudar, o que contribui para a sua popularização.
Segundo Malini (2008, p.3), “[...] entre 97 a 99, o código narrativo
predominante nos blogs era uma espécie de dicas sobre o que há de interessante
na internet”. Mas com o surgimento das ferramentas de edição, facilitando a
publicação para os usuários, a característica de muitos blogs foi alterada e alguns se
tornaram uma espécie de diário virtual (ZAGO, 2010).
Acontecimentos ao longo da história na última década foram de suma
importância para que os blogs recebessem mais destaque, e assim se tornassem
um veículo de comunicação.
Os atentados de 11 de setembro, a Guerra do Iraque e a campanha
presidencial dos Estados Unidos, assim como o desastre do Prestige, as
eleições catalãs e gerais da Espanha e os atentados de 11 de março
ressaltaram a importância informativa dos blogs como fontes
complementares, alternativas e críticas diante da mídia tradicional
(ORDUÑA et al., 2007, p.7)
Em razão do sucesso destes blogs, muitos de seus autores receberam
destaque na mídia tradicional, e puderam assim publicar seus relatos sobre estes
11 Disponível em: http://www.robotwisdom.com/ Acesso em: 16 abr 2011
12 Disponível em:
13 Disponível em: < http://www.pitas.com/>
14 Disponível em: < http://www.blogger.com/>

36
acontecimentos históricos em livros.
enfatizam:
Amaral, Recuero e Montardo (2009, p.38),
Em 2005, foi publicado Baghdad burning: girl blog from Iraq, de autoria de
Riverbend. O livro consiste no testemunho de uma jovem também na zona
de Guerra do Iraque durante sua ocupação pelos Estados Unidos e ganhou
um importante prêmio de Jornalismo Literário (Lettre Ulisses Award).
Matthew Burden lançou The blog of war: front-line dispatches from soldiers
in Iraq and Afghanistan, em 2006. Especificamente sobre a Guerra do
Afeganistão, foi lançado, em 2007, Captains blog: the chronicles of my
afghan va-ca tion, por Mark Bromwich. O livro traz as postagens feitas por
um soldado no Afeganistão em um blog. Ainda que não tenha sido por um
jornalista, esse blog tem a função de informar sobre o mundo da guerra.
Após estes acontecimentos, os blogs se consagraram e obtiveram mais
confiabilidade. Hewitt (2007, p. 140) menciona que “[...] a credibilidade dos blogs
depende de sua atualidade e precisão, mas invariavelmente a qualificação dos
blogueiros 15 também tem importância”.
Segundo Ramires (2010) o fato do Google 16 ter comprado o Blogger, em
2004, e a escolha de weblog como a palavra do ano pelo Merriam Webster’s
Dictionary 17 na mesma época, foram acontecimentos que auxiliaram na
popularização dos blogs e também para que os mesmos se consagrassem. Reflexo
disto é o número crescente de blogs sendo criados, como em 2006, que a média
ficou em 70 mil novos blogs por dia (MADALOSSO, 2010 apud HOLDERBAUM,
2010).
Na atualidade, podemos mensurar o quanto os blogs ganharam destaque
através de pesquisas realizadas dentro do segmento. De acordo com o site
Technorati, 18 em um estudo realizado em 2009, existem 133 milhões de blogs
atualmente. Desde 2004, Technorati publica um estudo chamado State of the
Blogosphere 19 onde reúne informações sobre o universo dos blogs, como
tendências, crescimentos, entre outros.
No último estudo realizado por Technorati, em 2010, as análises
demonstraram que 49% dos blogs são originários dos Estados Unidos. Os outros
15 Autor de um blog (ORDUÑAS et al., 2007)
16 Disponível em:
17 Disponível em:
18 Disponível em:
19 Em tradução para o português significa: Estado da Blogosfera

37
51% são divididos entre Europa (29%), Ásia, Pacífico e África (APAC 20 ) (12%),
Canadá e México (7%) e América do Sul (3%), como mostra o gráfico 1:
Blogs pelo mundo
EUA Europa APAC Canadá e Máxico América do Sul
7% 3%
12%
49%
29%
Fonte: TECHNORATI, 2011
Gráfico 1 – Blogs pelo mundo
De acordo com a pesquisa realizada no primeiro semestre de 2011, pela
Boo Box, empresa especializada em monitoramento de comportamento pela
internet, existem 60 milhões de brasileiros que lêem blogs mensalmente. Esta
audiência está dividida entre as regiões do país, sendo as com maior audiência as
regiões Sudeste e Sul, conforme podemos visualizar no gráfico 2.
Audiência dos blogs no Brasil
Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte
7% 2%
12%
17%
62%
Fonte: Elaborado pela autora baseado em (BOO BOX, 2011)
Gráfico 2 – Audiência dos blogs no Brasil
Dentro deste público leitor de blogs, a maioria, composta por 59% destes
usuários, são do sexo feminino, contra 41% dos pertencentes do sexo masculino.
20 Sigla inglesa para Asia, Pacific & Africa.

38
Quase a metade da totalidade deste público, correspondente a 47,3%, pertence a
faixa etária dos 18 aos 24 anos, seguidos pelos usuários com idades entre 25 e 34
anos, que representam 33,8%, conforme o gráfico 3.
Faixa etária dos leitores de blogs no Brasil
18 a 24 anos 25 a 34 anos 35 a 49 anos 50 anos ou mais
9%
10%
47%
34%
Fonte: Elaborado pela autora baseado em (BOO BOX, 2011)
Gráfico 3 – Faixa etária dos leitores de blogs no Brasil
A partir deste histórico, que mostra o crescimento no segmento dos blogs
em relação à sua importância, devemos aprofundar o estudo sobre expansão da
Web 2.0, que possibilitou a interação, ponto de grande relevância na ascensão deste
canal.
2.1.1 A Web 2.0 e o impacto nos blogs
Com o avanço das tecnologias de comunicação, foram surgindo ao longo
das duas últimas décadas, canais que facilitaram a disseminação de informação,
sendo a internet um destes canais.
A ascensão dos blogs só se tornou possível, pois houve uma evolução dos
serviços oferecidos na web, caracterizados como Web 2.0, que tornou o sistema de
comunicação na internet mais acessível, diferenciado pela inovação proporcionada:
a interação. Madalosso (2010, p. 38 apud HOLDERBAUM, 2010, p.15), afirma que:
[...] a rede mundial de computadores trouxe uma revolução para a
sociedade, que estava organizada sob a estrutura da comunicação de
massa, e assim possibilitou a segmentação dos mercados. A interação

39
proporcionada pela Web entre os usuários e o conteúdo, permitiu que o
primeiro tivesse acesso aos mesmos de forma independente do tempo e
espaço. Com a popularização da ferramenta, ao longo do tempo, assistiu-se
a uma evolução do seu modo de uso, consumo e criação de conteúdos, e
este novo momento posteriormente veio a ser chamado Web 2.0.
Segundo Primo (2007, p.1), “[...] a Web 2.0 é a segunda geração de serviços
na rede, caracterizada por ampliar as formas de produção cooperada e
compartilhamento de informações online”.
O termo, que faz um trocadilho com o tipo de notação em informática que
indica a versão de um software, foi popularizado pela O‟Reilly Media e pela
MediaLive International como denominação de uma série de conferências
que tiveram início em outubro de 2004 (O‟REILLY, 2005 apud PRIMO,2007,
p.1).
Conforme O‟Reilly (2005), um dos principais conceitos de Web 2.0 é não
possuir fronteiras rígidas, e sim um centro gravitacional de onde princípios e práticas
interligam um “sistema solar” de sites, tendo a web como plataforma. Ou seja, as
publicações são interligadas, não necessitam de softwares para que funcionem, e
segundo Primo (2007, p. 2) “[...] quanto mais pessoas na rede, mais arquivos se
tornam disponíveis”.
Primo (2007), ainda comenta que a Web 2.0 possui uma importante
repercussão social, resultando na potencializarão dos processos de trabalho
coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de informações, de construção
social de conhecimento apoiada pela informática. Isto pode se justificar pelo fato da
Web 2.0 possibilitar que as pessoas se comuniquem e publiquem seu próprio
conteúdo online (HOLDERBAUM, 2010).
A Web 2.0, tendo os conceitos citados acima, alterou a relação do usuário
com a internet, em que a partir da sua criação, transformou a comunicação em um
processo interativo e de compartilhamento. Esta transformação foi fundamental para
a criação de ambientes de relacionamento, hoje conhecidos por redes sociais,
definido por Pinheiro (2008, p.105), “[...] como ferramentas on-line que os usuários
utilizam para compartilhar opiniões, idéias, experiências, gostos, hábitos, amigos”.
Dentre as ferramentas criadas neste ambiente, estão o Facebook 21 , o
Orkut 22 e o MySpace 23 , e através delas os usuários criam perfis que apresentam
21 Disponível em:
22 Disponível em:

40
fotos e informações de interesse pessoal, em páginas personalizadas disponíveis
para compartilhamento (PINHEIRO, 2008).
Em consequência da expansão da Web 2.0 e do advento das redes sociais
na internet, podemos identificar que os blogs passaram por uma transformação,
tornando-se um ambiente de relacionamento, e caracterizando-se como a
ferramenta que conhecemos hoje, em que há interação entre autor e leitor.
A progressão geométrica do número de blogs é uma recorrente ilustração
da Web 2.0. Muito embora a imprensa insista em descrevê-los com meros
diários online, reduzindo-os a uma ferramenta de publicação individual e de
celebração do ego, os blogs transformaram-se em um importante espaço de
conversação (PRIMO e SMANIOTTO, 2006 apud PRIMO, 2007).
Compreende-se assim que os blogs podem ser classificados como uma rede
social, na medida em que em este representa um indivíduo e a exposição de sua
individualidade (RECUERO, 2003). É o conceito deste universo que iremos
apresentar na continuidade deste capítulo.
2.2 CONCEITOS BALIZADORES DOS BLOGS
Através do surgimento das tecnologias citadas anteriormente, e do uso da
internet ter se tornado mais acessível, sendo realizado diariamente por grande parte
da população, os blogs difundiram-se e ganharam mais credibilidade no decorrer
dos anos.
Os blogs são páginas disponíveis na web 24 , de caráter pessoal, em que o
autor escreve sobre o assunto que tem interesse. Nele é possível que o autor
escreva textos e tenha interação com seus leitores através de comentários e links.
Orduñas et al. (2007, p.2), definem que:
Weblogs ou blogs são páginas pessoais da web que, à semelhança de
diários on-line, tornaram possível a todos publicar na rede. Por ser a
publicação on-line centralizada no usuário e nos conteúdos, e não na
23 Disponível em:
24 World Wide Web trata-se do sistema de servidores da Internet que suporta documentos no formato
HTML, permitindo também conexões a outros documentos, assim como arquivos gráficos, de áudio e
de vídeo (ORDUÑA et al., 2007).

41
programação ou no design gráfico, os blogs multiplicaram o leque de
opções dos internautas de levar para a rede conteúdos próprios sem
intermediários, atualizados e de grande visibilidade para os pesquisadores.
O blog surgiu primeiramente com o intuito de ser um diário virtual, em que o
autor, assim como no diário físico, escreveria muitos de seus segredos, medos,
dúvidas, entre outros sentimentos, e que muitas vezes não teria coragem de
compartilhar pessoalmente com outras pessoas. Assim, o blog possibilitou que estes
usuários da internet, pudessem compartilhar detalhes das suas vidas, sem mostrar
sua real identidade (SCHITTINE, 2004).
O computador permite ao autor do escrito íntimo realizar um desejo que
jamais poderia ter sido realizado através de outro meio de comunicação: o
de se expor sem se identificar (SCHITTINE, 2004, p.35).
Porém, o conceito de blog como um diário virtual, é considerado defasado
por alguns autores. Alguns blogs ainda se enquadram nesta categoria, contudo, este
é apenas um entre tantos outros processos interativos disponíveis na neste universo
(PRIMO, 2008 apud HOFFMANN, 2010). De acordo com Lemos (2008, p. 8) “[...] os
blogs são criados para os mais diversos fins, refletindo um desejo reprimido pela
cultura de massa: o de ser ator na emissão, na produção de conteúdo e na partilha
de experiências”. Isto é o reflexo da expansão da Web 2.0, que citamos
anteriormente.
Uma das características básicas do blog, como meio de comunicação, é
que ele consegue fazer como que o processo de publicação na rede seja
quase que completamente transparente e praticamente simultâneo à
escrita. Essas características se traduzem na informalidade, na
espontaneidade e no caráter pessoal, às vezes íntimo, do estilo dominante
nos blogs (ORDUÑAS et al., 2007,pg. 7).
Orduñas et al. (2007) ainda afirmam que a credibilidade de um blog depende
muito do tipo de publicação feita pelo seu autor, e que quando feita de forma clara,
contribui para sua segurança em relação ao leitor.
Para melhor entendimento de como é feito este processo de interação e
compartilhamento, é necessária a compreensão da estrutura de um blog, assim
como os termos utilizados.
O autor de um blog, por exemplo, é chamado de blogueiro. A maioria dos
blogueiros escreve em seus blogs sobre assuntos de interesse próprio, sobre o que

42
sabem ou o que lêem da mídia, e o objetivo de grande parte deles é ser um
formador de opinião (ORDUÑAS et al., 2007; SCHITTINE, 2004). Além disso, um
blog, mesmo sendo considerado um meio pessoal, pode ser editado por mais de um
blogueiro, e até por grupos de pessoas, que muitas vezes não se conhecem, mas
dividem os mesmo interesses (SCHITTINE 2004).
O universo dos blogs, composto pelos blogueiros, leitores, informação,
interações e compartilhamento, é definido pelo termo blogosfera (ORDUÑAS et al.,
2007; ROSA e ISLAS, 2009; HEWITT, 2007). A blogosfera é um espaço virtual, que
se caracteriza como um ambiente de comunicação entre todos os blogs, resultando
em uma conversação única, sendo possível dentro dela, identificar a necessidades
das pessoas e de grupos sociais se expressarem (ZAGO, 2010; PAIVA, 2009 apud
SILVA, 2010). Orduñas et al. (2007), complementam que em decorrência do
crescimento da blogosfera, ela não é formada apenas pelos que criam e editam
blogs, mas também os que lêem ou participam dos meios sociais de comunicação.
O blog, em sua estrutura, é uma página na web construída a partir de uma
codificação HTML 25 . Na atualidade, com o surgimento de sistemas online, como o
Blogger e o Wordpress 26 , que facilitam a publicação, não é necessário que o editor
de um blog entenda esta codificação e sim que apenas utilize este sistema. A
utilização destes sistemas se dá através de cadastro, em que é criada uma conta e o
domínio (endereço da web) do blog. Depois de realizado este processo, dentro da
página deste sistema existem tópicos prontos para criação da publicação e adição
de textos, imagens, vídeos, entre outros. O editor deve apenas clicar nestes tópicos,
adicionar o conteúdo, e a codificação HTML é feita automaticamente.
Cada publicação feita pelo blogueiro em seu blog recebe o nome de post, e
o ato de publicar, pode ser chamado de postar. Os posts aparecem na estrutura da
página do blog, em ordem cronológica inversa (do mais recente ao mais antigo), e
são constituídos basicamente de título e texto, no entanto, também é possível a
publicação de imagens e vídeos. Além disto, possuem o recurso de comentários,
onde o leitor pode fazer observações e também postar links.
Na figura 5 é possível visualizar a estrutura de um post, composto por título,
texto e imagem:
25 HyperText Markup Language. A linguagem de marcação que é usada para criar documentos World
Wide Web.
26 Disponível em:

43
Fonte: Chata de Galocha, 2011
Figura 5 – Post do Blog Chata de Galocha
Cada post possui uma URL 27 própria, ou permalink, 28 podendo ser
conectado diretamente por sites externos, sem que haja a necessidade de acessar a
página inicial do blog (home).
Estas postagens podem ser divididas por áreas de interesse, denominadas
categorias, e por palavras-chaves relacionadas ao conteúdo, chamadas de tags. No
corpo do texto do post, também é possível adicionar links externos, que levarão o
leitor para outros ambientes que o blogueiro já passou, economizando espaços que
seriam ocupados por textos copiados (SCHITTINE, 2004).
A estrutura do blog também permite que o seu editor tenha um espaço para
a publicação do seu perfil (about) e ainda uma lista de links direcionando para outros
blogs e sites, denominada blogroll.
Esta possibilidade da publicação de links, tanto no post como no blogroll,
possibilita que se institua uma comunidade que gira em torno de interesses comuns
27 Localizador de Recursos Uniformes. Uma seqüência que fornece o endereço Internet de um site da
Web ou um recurso da WWW, juntamente com o protocolo, através do qual o site ou recurso é
acessado. O tipo mais comum de URL é http://, o qual fornece o endereço Internet de uma página da
Web.
28 Link permanente.

44
(ORDUÑAS et al., 2007) e que com isso se crie uma conversação. Conforme Herring
et al. (2005 apud ZAGO, 2010, p.5):
A conversação em blogs pode acontecer de forma direta, nos comentários
de um post, e ainda de forma indireta, a partir da criação de uma nova
postagem em outro blog, comentando um post realizado anteriormente por
outra pessoa, através de links. Em um blog, há links fixos, que indicam os
blogs acompanhados pelo blogueiro (blogroll), além de links no conteúdo
dos posts, muitas vezes em resposta a outros posts de outros blogs, que
implicam em interação e discussão em torno de um determinado tópico.
Essa interação com o leitor e a conversação gerada entre os blogs através
de links, permite que o blogueiro tenha um retorno do que está publicando. Orduñas
et al. (2007, p.101) afirmam que:
O uso dos blogs serve para estabelecer links de comunicação externa e
conversações com seus clientes com o intuito de poder expressar
diretamente sem a participação dos meios de comunicação tradicionais,
além de poder receber um feedback 29 de grande valor sem intermediário.
Além disso, a utilização de links pelo blogueiro se torna importante também
nas conversações em outros blogs, através dos comentários. Recuero (2003 apud
ZAGO, 2008 p.5) cita que “[...] as relações estabelecidas entre um círculo de
blogueiros, que lêem seus blogs mutuamente e interagem através dos comentários,
são denominadas webrings”.
Através destas interações e do aparecimento de comunidades virtuais, os
blogs se consolidaram como um meio confiável, sendo usados como fontes de
pesquisa, pois muitas vezes o visitante busca no blog um ponto de vista ou
experiência já vivida pelo autor (ORDUÑAS et al., 2007).
No novo cenário de comunicação, as funções da blogosfera são múltiplas:
um filtro social de opiniões e notícias, um sistema de alerta prévio para as
mídias, um sistema de controle e crítica dos meios de comunicação, um
fator de mobilização social, um novo canal para as fontes convertidas em
mídias, um novo formato aplicável às versões eletrônicas dos meios
tradicionais pra as coberturas externas, catástrofes e acidentes, um enorme
arquivo que opera como memória da web, o alinhamento privilegiado e sua
alta densidade de links de entrada e de saída e, finalmente, a grande
conversão de múltiplas comunidades cujo objetivo comum é o
conhecimento compartilhado (Ibidem, p.9)
29 Retorno de informação ou, simplesmente, retorno.

45
Com a criação destas comunidades virtuais, muitos leitores utilizam os blogs
como um canal de informação e pesquisa, aumentando a credibilidade dos autores
destes blogs perante a mídia tradicional e empresas. Isto faz com que a atividade do
blogueiro se torne não apenas um hobby, como era a ideia inicial, mas também uma
possibilidade de profissão.
Através das características dos blogs, ou até mesmo de seus editores,
veremos no próximo tópico como alguns autores realizam a categorização deste
canal, como um meio de classificação.
2.2.1 A categorização dos blogs através dos tipos
Com base nas informações citadas anteriormente, pode-se identificar que os
blogs podem ser separados por áreas de interesse, e divididos em categorias
através dos tipos de publicações existentes na blogosfera 30 . Os tipos de blogs
podem ser divididos de acordo com o tipo de blogueiro ou de publicação,
dependendo do autor pesquisado.
Ainda assim, é muito difícil fazer esta classificação de uma forma única, visto
que muitos blogs, por serem publicações informais, se enquadram em diversas
categorias. Portanto serão apresentados alguns tipos de classificação, para que
mais adiante possamos identificar em qual se encaixa o tópico de estudo: os blogs
de moda.
A primeira classificação a ser apresentada, foi realizada por Recuero (2003),
e divide os weblogs em três categorias, sendo duas distintas através dos tipos de
publicação e uma terceira, em que é feita uma união das duas. São essas
categorias:
a) Diários Eletrônicos – são os blogs pessoais, em que os registros são
ocorrências da vida autor, como um diário, servindo como um canal de expressão
deste blogueiro, que divide suas opiniões sobre algum assunto específico.
b) Publicações Eletrônicas – são os blogs destinados a informação, que
trazem relatos de algum assunto determinado, como notícias e dicas. Normalmente
30 Universo dos blogs na web.

46
possuem um tema central e o objetivo principal é informar. Comentários pessoais
normalmente são evitados.
c) Publicações Mistas – categoria que mescla o conteúdo das duas
anteriores, em que além de informações pessoais da vida do autor, também são
publicados posts informativos.
Esta tipificação dos blogs proposta por Recuero é realizada de maneira
simples, dividindo os blogs em categorias, definindo se ele é pessoal ou não.
Herring et al. (2004 apud PRIMO, 2008) propõe uma tipificação diferente,
em cinco categorias, observando seu gênero, temática, processo produtivo, entre
outros aspectos. As cinco categorias propostas pelo autor são: diário pessoal, filtro
(comentários sobre atualidades), K-log (registro e observações sobre um domínio do
conhecimento), misto (mixed) e outros (denominados deste modo quando não se
encaixam nas categorias anteriormente citadas). Teoricamente esta tipificação
parece ser mais específica, porém as categorias misto e outros abordam na
atualidade um número infinito de blogs e exclui outros elementos importantes que
deveriam receber mais atenção (PRIMO, 2008).
Por fim, a categorização realizada por Primo (2008), em que, com base nos
estudos obtidos através da análise da categorização de Recuero e Herring, o autor
faz a própria, e divide os blogs em quatro categorias. Entretanto, o próprio autor
afirma que não pretende apresentar uma nova tipologia, e sim um conjunto de
dimensões que deve ser considerado na elaboração de modelos para a tipificação
de blogs em categorias. As categorias propostas por Primo (2008) são: profissional,
pessoal, grupal e organizacional.
Na categoria profissional, o autor cita os blogs que respondem a um objetivo
comercial, visando ganhos futuros, tendo visão estratégica e que seguem os
interesses de uma instituição. Aqui ele enquadra também os probloggers, que
utilizam os seus blogs como meios de publicidade, e ganham dinheiro para falar de
algum produto e/ou serviço.
Como blog pessoal, Primo (2008) caracteriza as produções individuais, e
que o autor, no caso, blogueiro, é um sujeito comum, e não um especialista em uma
determinada área. O foco deste tipo de blog é a opinião do autor e visa apenas
agradar a audiência.
Os blogs categorizados como grupal, são publicações compostas por mais
de um autor. Estes autores possuem interesses em comum, mas podem postar

47
sobre diversos assuntos emitindo opiniões diferentes uns dos outros. Podem ser
grupos de amigos, de apoio ou de estudantes.
E por último, Primo cita os blogs organizacionais. Este tipo pode ser tanto
empresarial ou governamental, e alguns são produzidos de forma impessoal,
destinado a publicação de informações formais.
Mesmo tendo a categorização dos blogs identificada de diversas maneiras
por diferentes autores, ainda assim fica difícil classificar alguns em apenas uma
categoria.
Os blogs de moda, por exemplo, podem ter diversas classificações. Segundo
Amaral; Ferreira; Vieira (2007, p.2), os blogs de moda “[...] são classificados como
diários pessoais, em que as opiniões emitidas sobre moda se confundem com os
relatos do cotidiano”.
Porém, alguns podem se enquadrar na categoria de blogs profissionais,
descrita por Primo (2008). Justifica-se, pois muitas blogueiras de moda recebem
produtos ou mesmo pagamento em dinheiro, para fazer publicidade, e algumas
acabam fazendo disto uma profissão. É o caso de Cris Guerra, do blog Hoje vou
Assim 31 , que disponibiliza seu mídia kit 32 para que marcas possam entrar em
contato já sabendo dos seus valores para publicações.
Para o presente projeto serão considerados os blogs de moda classificados
como diários pessoais, podendo ser ou não também considerados profissionais, em
que as blogueiras em questão têm o costume de publicar fotos suas, mostrando os
looks 33 elaborados para o uso no dia a dia e em eventos, além de postarem
informações e acontecimentos do mundo da moda. Serão considerados os
profissionais, aqueles em que as blogueiras apresentam looks patrocinados, ou seja,
ganham as peças de roupas para serem publicadas ou até mesmo pagamentos em
espécie.
Por fim, estes blogs específicos de moda serão o objeto de estudo, para que
se possa identificar como as autoras destes canais – as blogueiras, podem
influenciar suas leitoras na decisão de compra.
31 Disponível em:
32 O Midia Kit é uma apresentação com uma nomenclatura específica focado em veiculação de mídia.
Os representantes comerciais dos veículos os utilizam para fazer apresentações para agências e
clientes finais. (CONCEITO IDEAL. Disponível em:
33 Do inglês (olhar), é o estilo, o resultado da soma de roupa, acessórios, maquiagem e cabelo, que
se percebe numa única olhada. Sinônimo de visual (BABYLON, 2011).

48
3 OS BLOGS E A MODA
No primeiro capítulo, entendemos o conceito de moda, as tendências, como
elas são difundidas na sociedade e a definição de estilo. Em seguida, foi
apresentado um estudo acerca dos blogs para melhor compreensão do seu
funcionamento, além de identificarmos como os mesmo são categorizados. No
presente capítulo, iremos traçar um paralelo entre os dois assuntos estudados,
tratando especificadamente dos blogs de moda no Brasil. Porém, a ênfase do
capítulo serão as autoras destes blogs, conhecidas como blogueiras de moda.
A partir destas blogueiras, será realizado um estudo acerca de como elas
transmitem a informação de moda, e assim acabam influenciando as suas leitoras
no comportamento de consumo individual das mesmas. Em seguida, será mostrado
como as blogueiras fazem parte da indústria da moda, participando do ciclo como
designers, modelos, entre outras atividades. Por último, será apresentada uma
pesquisa realizada com as leitoras destes blogs, compreendendo o quanto elas são
ou não influenciadas, bem como identificando quem são as blogueiras que possuem
os blogs mais visitados, consideradas assim as mais influentes deste universo.
3.1 OS BLOGS DE MODA E SUAS CARACTERÍSTICAS
Neste subcapítulo, será apresentado como os blogs de moda são
classificados através do tipo de conteúdo publicado pelas blogueiras, para que em
seguida possamos identificar como as autoras destes blogs disseminam as
informações e influenciam suas leitoras.
De acordo com a tipificação de blogs proposta por Primo (2008) (vide
capítulo 2), vamos aqui tratar dos blogs considerados pessoais, e que podem ou não
também serem considerados profissionais. Alguns se enquadram em apenas uma
das categorias, porém existem os que pertencem às duas. Isto se deve ao fato de
que, além de serem diários virtuais, em que as blogueiras postam as suas próprias
experiências com a moda e seus looks (AMARAL; FERREIRA; VIEIRA, 2007),

49
muitas delas utilizam o próprio canal para ganhar dinheiro, fazendo publicidade para
marcas.
Nos blogs de moda encontramos post sobre o mundo da moda, modelos,
roupas, tendências, desfiles, estratégias de marketing e comunicação de
estilistas, marcas, designers, modelos, entre outros. Estes blogs se
encontram na definição de blogs contemporâneos e na maioria das vezes
estão no quesito, assuntos temáticos (AMARAL; FERREIRA; VIEIRA, 2007,
p. 3)
Os blogs de moda no Brasil podem ser informativos, em que a blogueira
apenas transmite informações sobre desfiles, tendências, eventos, entre outros,
como também podem retratar experiências pessoais das blogueiras, em que as
mesmas apresentam os produtos que compram através de resenhas críticas.
Conforme Amaral, Ferreira, Vieira (2007, p.8), “[...] além da informação acerca da
moda, o(s) autor/autores inserem um pouco da sua opinião, deixando o tema mais
individualizado”.
Além disso, com o advento dos blogs moda, surgiu também uma
conversação constante sobre o tema, e que nos dias de hoje é essencial para nos
mantermos informados.
Estar bem informado e se comunicar online são necessidades do nosso
tempo, temos a possibilidade de estarmos em qualquer lugar do globo,
claro, imersos no espaço virtual, assistir os desfiles, trocar informações com
diversas pessoas ao mesmo tempo ou apenas com um indivíduo. É a
"desterritorialização" da passarela, das marcas, dos estilistas, das modelos,
da comunicação e do indivíduo (VASCONCELLOS, 2007, p.7).
Outra prática comum nos blogs de moda é a postagem do chamado “look do
dia”, onde o post caracterizado como qual, contém fotos da blogueira usando um
look, e abaixo das imagens ou no decorrer do texto, possui a especificação das
marcas das peças apresentadas.

50
Fonte: Glam For You. Disponível em < http://glam4you.com/2011/05/meu-look-camadas/> Acesso
em: 21 mai. 2011.
Figura 6 – Look do Dia Nati Vozza
Conforme podemos visualizar na figura 6, cada item do look é especificado
pela marca, e além de uma foto de corpo inteiro, muitas vezes elas postam mais
fotos, focando nos detalhes da produção, mostrando estampas, acessórios, sapatos,
bolsas, entre outros.
A publicidade nos blogs de moda ocorre através de posts pagos, onde o
conteúdo da publicação é sobre algum produto ou serviço, e como pagamento a
blogueira ganha dinheiro. Este processo também ocorre nos posts de “look do dia”,
quando as peças usadas e postadas pelas blogueiras, são oferecidas pelas próprias
marcas. Vale ressaltar, que muitas vezes a prática da publicidade em blogs é
disfarçada, tentando passar ao leitor como se fosse uma opinião espontânea da
blogueira (WAICHERT, MALINI, 2009).
No Brasil, uma das precursoras dentro desta temática de “look do dia” é a
blogueira Chris Guerra, do blog Hoje vou Assim. Ela posta quase que diariamente
fotos dos looks que usa no dia a dia para ir trabalhar. As fotos, aliás, são quase
sempre no mesmo local, a porta da agência onde ela trabalha. O sucesso das

51
postagens tomou maiores proporções e hoje ela chega a ganhar entre R$750,00 e
R$950,00 por post com look patrocinado, ou seja, com peças enviadas pelas
marcas.
Entre as marcas utilizadas pela Chris Guerra, estão grandes nomes
nacionais, como Fórum, Maria Bonita Extra, Iódice, entre outras. Para abranger um
público que não possui poder aquisitivo de adquirir peças destas marcas, a blogueira
Ana Carolina criou o blog Hoje vou Assim Off 34 , com a mesma proposta, porém com
peças de marcas mais acessíveis.
Desta maneira, podemos notar que a evolução dos blogs como um todo e a
visibilidade que os mesmos ganharam na mídia, transformaram estas blogueiras em
personagens presentes dentro do universo da moda, disseminando tendências e
influenciando suas leitoras.
3.2 AS BLOGUEIRAS E A DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÃO
Conforme visto no capítulo 2, os blogs passaram por uma revolução através
do advento da Web 2.0, possibilitando assim a interação entre autor e leitor. Além
disso, ao decorrer dos anos, os blogs ganharam mais credibilidade, tornando-se
assim fonte de pesquisa para os leitores deste canal (ORDUÑAS et al., 2007).
No caso dos blogs de moda, a publicação de informações e relatos de
experiências obtidas com certos tipos de produtos feitos pelas blogueiras, dando a
sua opinião, como citado anteriormente, podem resultar em uma epidemia boca a
boca, conforme descrita por Gladwell (2009) no capítulo 1. De acordo com o estudo
publicado pelo E.life 35 (2008), a comunicação boca a boca possui grande relevância
nas mídias sociais devido a sua transparência.
Com o advento das redes sociais e da mídia gerada pelo internauta a
comunicação boca-a-boca – até então um fenômeno importante, mas
invisível e de difícil controle – se torna mais visível, pode influenciar um
universo maior de pessoas e pode se tornar uma medida importante, tanto
qualitativa como quantitativa do sucesso de um produto, serviço ou
campanha (E.life, 2008, p. 1).
34 Disponível em:
35 Disponível em:

52
Neste mesmo estudo, é relatado que normalmente o boca a boca ocorre
após o consumidor adquirir um produto e a partir de então compartilha a sua
experiência sobre o mesmo. Porém, afirma-se também que o processo pode ocorrer
antes, quando os consumidores realizam uma pesquisa antes de tomar a decisão de
compra (E.life, 2008).
Seguindo a teoria de Gladwell (2009), as blogueiras podem ser
caracterizadas como os Comunicadores da epidemia boca a boca, em que através
do conteúdo publicado em seus respectivos blogs, podem ou não influenciar as
leitoras com o tipo de informação passada. Os conteúdos destes posts podem
variar, sendo muitas vezes apenas uma informação de moda generalizada, ou então
a descrição de algum produto específico, citando se ele é bom ou não na opinião da
blogueira.
A troca de informações sobre marcas, produtos ou serviços, sempre ocorre
entre consumidores e se dá através de canais de comunicação pessoais
que envolvem duas ou mais pessoas comunicando-se diretamente uma
com a outra, pessoalmente ou de outras formas como mensagens
instantâneas e sites independentes que reúne opiniões de consumidores
(KOTLER apud RAMIRES, 2010, p.17).
Esta troca de informações se dá de maneira constante, sendo realizada
através da publicação de posts e comentários, estreitando ainda mais o contato
entre blogueira e leitor a cada nova publicação (ORLANDI, 2010; HOFFMAN, 2010).
Além da troca de informações através da sua experiência com produtos, as
blogueiras podem também ser influenciadoras através das postagens de “look do
dia”, difundindo uma tendência. Neste caso, podemos caracterizar as blogueiras
com personagens da teoria de difusão trickle-across (vide capítulo 1), em que o que
elas usam podem se tornar uma tendência, sendo adotada pelas suas leitoras, na
necessidade de se tornarem semelhantes à elas. Se considerarmos o fato de que o
look do dia é moda de rua, também podemos associar este fenômeno a teoria
bubble-up, em que as influências surgem de grupos nas ruas. Além disso, podemos
ressaltar que o processo de difusão de uma tendência ocorrido pelo estilo de uma
blogueira, acontece pelo processo mimético, onde os indivíduos ao seu redor tentam
se assimilar a ela por imitação.

53
A seguir será apresentado como estas blogueiras são reconhecidas pelo
mercado de moda, fazendo delas personagens ativos deste sistema, participando do
desenvolvimento de coleções, como modelos de campanha, entre outras atividades.
3.2.1 As blogueiras como personagens no sistema da moda
O poder dos blogs de moda como um canal de comunicação, e a
disseminação de informação por parte das blogueiras através de conteúdo,
resultando em epidemias de boca a boca ou difundindo uma tendência, já foram
observadas por empresas do segmento de moda como uma importante ferramenta
de publicidade.
Como prova disto, podemos citar a inúmeras participações das blogueiras de
moda em desenvolvimento de produtos, desfiles, campanhas, eventos, entre outros
acontecimentos que são feitos em acordo com empresas relacionadas à moda. A
própria publicidade paga dentro do blog, citada anteriormente, é um exemplo disto.
Como exemplo, podemos citar a mais recente campanha de Inverno 2011 da
marca de calçados Corello 36 , que ao invés de modelos profissionais, a empresa
contratou um time de blogueiras, em que cada uma delas tem sua foto individual
apresentando um calçado da marca. Entre as convidadas estavam as brasileiras
Camila Coutinho do Garotas Estúpidas 37 , Mariah Bernardes do Blog da Mariah 38 ,
Camila Espinosa do E-closet Kids 39 , Anna Fasano do FHits 40 e Tatiana Pilão do
Circolare 41 . A marca também convidou duas blogueiras internacionais, Hanneli
Mustaparta do Hanneli 42 e Gala Gonzalez do AmLul.com 43 .
36 Disponível em:
37 Disponível em:
38 Disponível em:
39 Disponível em:
40 Disponível em:
41 Disponível em:
42 Disponível em:
43 Disponível em:

54
Fonte: Vogue Brasil, Mar. 2011
Figura 7 – Campanha Corello com Mariah Bernardes
Conforme podemos observar na figura 7, a campanha foi veiculada em
revistas de moda de circulação nacional, como a Vogue Brasil. A marca também
obteve repercussão nos blogs das blogueiras convidadas, através de posts falando
sobre a campanha, o making of e a coleção.
Outra marca de calçados que também reconheceu a importância das
blogueiras como disseminadoras de informação boca a boca e apostou no potencial
criativo delas, é a Cravo & Canela 44 , que lançou em 2009 o projeto Fervo da Moda,
com o desejo de aproximar a marca do público.
O projeto consiste na criação de uma mini coleção para a marca, composta
por 10 modelos de calçados. Depois de selecionadas as participantes, as mesmas
se encontram em três momentos: na sede da empresa em Ivoti (RS), onde
conhecem o processo de fabricação de calçados e definem as primeiras diretrizes
da coleção; depois em São Paulo, onde finalizam os modelos e por último na feira
Couro Moda, também em São Paulo, para a apresentação da coleção.
Na primeira edição, das dez participantes do projeto, sete eram blogueiras.
Na segunda edição, em 2010, as autoras de blogs eram cinco, entre sete
participantes, sendo elas: Roberta e Amanda do Fashionize-se 45 , Marina Iris do
ByMarina 46 , Mel Viegas do Deveria Estar Estudando 47 e Kaká Marinho do
LeMousse 48 .
44 Disponível em:
45 Disponível em:
46 Disponível em:

55
O processo de desenvolvimento da mini coleção, e todos os encontros
oferecidos pela Cravo & Canela, foram registrados e publicados no blog da marca, o
Mulheres que têm Algo a Dizer 49 e também pelas participantes em seus respectivos
blogs. Além disso, parte da renda arrecadada pelas vendas da coleção foi destinada
a um projeto social.
Fonte: Le Mousse Disponível em
Acesso em 23 mai 2011.
Figura 8 – Fervo da Moda no blog Le Mousse
47 Disponível em:
48 Disponível em:
49 Disponível em:

56
Conforme podemos visualizar na figura 8, uma das participantes postou em
seu blog, o Le Mousse, o resultado da mini coleção desenvolvida em parceria com a
Cravo & Canela.
A participação das blogueiras nas semanas de moda brasileiras, como São
Paulo Fashion Week (SPFW) e Fashion Rio, também enfatiza a importância delas
dentro do sistema de moda. A blogueira Natty Vozza, do blog Glam for You 50 , por
exemplo, foi convidada pelo Canal GNT a comentar sobre o desfile da marca
Animale no SPFW, no site do canal (GLAM FOR YOU, 2011; MULHER GNT, 2011).
Outro exemplo é blogueira Camila Coutinho (que participou da campanha da
Corello), que a convite da marca de cosméticos Maybelline 51 , foi para Nova Iorque
(EUA) acompanhar a semana de moda e assistir alguns desfiles, incluindo o do
estilista Marc Jacobs (GAROTAS ESTÚPIDAS, 2011).
Em consequência da aparição desta blogueiras na mídia e a relevância que
as mesma tem conseguido no mundo da moda, surgiu em 2011 uma rede de blogs
associados a uma assessoria de imprensa, conhecida como FHits 52 .
FHits é a primeira prime network de moda do Brasil. Uma rede virtual
exclusiva que reúne alguns dos principais blogs nacionais dentro de uma
plataforma inovadora. O projeto é uma parceria entre Alice Ferraz e o Grupo
RBS e tem como finalidade proporcionar para seus anunciantes impacto no
público certo, com total relevância e retorno de investimento sobre suas
campanhas, produtos e ações. Os blogs mantém sua independência no
conteúdo, ao mesmo tempo em que aumentam visibilidade em todo país
(FHITS, 2011, home page).
Como descreve a citação anterior, disponível no site da FHits, esta é uma
assessoria que reúne blogs associados, em que as empresas, através desta rede,
entram em contato para negociar publicidade dentro destes respectivos blogs.
Assim, esta negociação é feita de forma profissionalizada, garantindo às empresas
retorno do investimento e também mais acesso para os blogs. Entre os blogs
participantes desta rede estão: Blog Tabu 53 , Pink About It 54 , Achados da Bia 55 , Blog
do Proença 56 , Sanduíche de Algodão 57 , Garotas Estúpidas, Blog da Lalá 58 , Bettys 59 ,
50 Disponível em:
51 Disponível em:
52 Disponível em:
53 Disponível em:
54 Disponível em:
55 Disponível em:
56 Disponível em:
57 Disponível em:

57
LeBlog 60 , Anna Fasano 61 , Blog da Mariah, Fashion Gazette 62 , Look do Dia 63 e Just
Lia 64 .
Assim, podemos compreender que os blogs de moda, apesar de ter um
cunho pessoal, em que a blogueira expressa sua opinião, se tornou uma ferramenta
de comunicação de moda e se profissionalizou, transformando a conversação entre
blogueira, empresa e leitoras, muito mais direta e dinâmica. Para que possamos
visualizar a influência de uma blogueira no comportamento de consumos dos seus
leitores, foi realizada uma pesquisa de campo. Os resultados coletados são
analisados e apresentados no próximo capítulo.
58 Disponível em:
59 Disponível em:
60 Disponível em:
61 Disponível em:
62 Disponível em:
63 Disponível em:
64 Disponível em:

58
4 PÚBLICO-ALVO
Para que possamos visualizar o processo descrito no capítulo anterior em
relação aos blogs de moda, foi aplicada uma pesquisa de campo através de um
questionário com leitores de blogs de moda nacionais, a fim de identificar se estes
leitores de sentem influenciados pelas blogueiras que costumam acompanhar na
blogosfera.
O questionário elaborado foi composto por dez perguntas, sendo oito de
assinalar apenas uma opção, uma em que se poderia escolher mais de uma opção e
outra dissertativa. Estas perguntas tinham como objetivo rastrear a opinião destes
leitores a fim de encontrar resultados que apresentassem a influência das blogueiras
de moda no comportamento de cada um.
Por se tratar de leitores de uma rede social, a pesquisa foi realizada dentro
deste mesmo meio. O questionário de pesquisa foi disponibilizado em meio digital
via site 65 , entre os dias 11 e 26 de maio de 2011. Para que os resultados fossem
adquiridos de forma rápida, o link que redirecionava para o site do questionário foi
publicado em posts, comentários de posts de blogs de moda, Twitter e Facebook.
Acredita-se que por se tratar de um ambiente de transição destes leitores, os dados
coletados tragam mais veracidade.
Os dados coletados através desta pesquisa, bem como a análise de cada
questão separadamente, serão apresentados a seguir, e a versão divulgada deste
questionário pode ser visualizado no apêndice A.
4.2 RESULTADOS E ANÁLISES
Como definição do sexo dos entrevistados, o maior percentual foi do sexo
feminino, com 98,6%, e a minoria masculina foi de 1,4%, conforme o gráfico 4. Este
resultado pode ser justificado pelo fato de moda ser um assunto de maior interesse
feminino. Inclusive a maior parte dos autores de blogs é do gênero feminino.
65 Disponível em:

59
Sexo
Feminino
Masculino
1%
99%
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 4 – Sexo
Em relação a faixa etária dos entrevistados, podemos identificar como
maioria, os que estão entre 18 e 24 anos, com o percentual de 58,9, ou seja, 122
dos 207 entrevistados. Em seguida, os pertencentes ao grupo dos 25 aos 30 anos,
correspondem a 30,4%. Com as menores porcentagens estão os acima de 30 anos,
com 5,8% e os menores de 18 anos, com 4,3%, de acordo com o gráfico 5
Idade
Menor de 18 anos Entre 18 e 24 anos
Entre 25 e 30 anos Mais de 30 anos
6% 4%
31%
59%
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 5 – Idade
Dentro desta faixa etária obtida, podemos identificar que o público leitor dos
blogs de moda corresponde à geração Y, que nasceu na década de 80 e convive
melhor com a tecnologia do que as gerações anteriores a ela.
Essa geração “digitalizada” é bastante “micreira”, usa os aparelhos digitais
com muita desenvoltura, em especial, o computador e o celular, todos os
dias, durante várias horas, tanto que, para muitos, eles se tornaram um
apêndice em seu dia a dia (XAVIER, 2011, p.4).

60
A terceira pergunta presente na pesquisa, questionava a frequência que
estas pessoas acessam blogs de moda. A maioria, com 64,7% acessa várias vezes
ao dia. Em segundo lugar, com 16,4%, estão os leitores que acessam uma vez ao
dia. O acesso de duas ou mais vezes por semana, representa 15% dos
entrevistados, uma vez por semana 2,4%, e por último, os que acessam raramente
são 1,4%, conforme gráfico 6.
Com que frequência você acessa blogs de moda?
Raramente
Duas ou mais vezes por semana
Várias vezes ao dia
65%
Uma vez por semana
Uma vez ao dia
2%
1%
15%
17%
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 6 – Com que frequência você acessa blogs de moda
Referente a esta questão, podemos salientar que sendo a moda um assunto
de maior interesse feminino, que compõe quase a totalidade dos entrevistados, o
número de acessos nos blogs voltados a este assunto seja grande. Este dado
também pode ser justificado pelo fato de que as postagens neste tipo de blog
ocorrem com maior frequência, tendo atualização diária, quando não feita mais de
uma vez por dia. A integração com outras ferramentas, como Twitter e Facebook,
auxiliam na divulgação destas postagens, tornando assim a disseminação da
informação rápida e sendo logo acessada pelos usuários.
Em seguida, foi questionado se estes leitores acompanhavam as postagens
de look do dia, feitas pelas blogueiras de moda brasileiras. As que responderam que
sim, representam 68,1% do total. Em segundo lugar, as que acompanhando às
vezes, representam 25,1% e por último, os que não acompanham, com 6,8%, como
demonstrado no gráfico 7.

61
Você acompanha as postagens sobre o look do dia das
blogueiras nacionais?
Sim Não Às vezes
25%
7%
68%
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 7 – Você acompanha as postagens sobre o look do dia das blogueiras nacionais?
Em relação aos que acompanham as postagens de look do dia, que também
é a maioria, podemos resgatar informações no capítulo 1, referente à moda, onde é
apresentado que os indivíduos sentem necessidade de se assemelhar uns aos
outros. Pode-se ainda buscar referências sobre a difusão de tendências de moda
através do efeito trickle-across (JONES, 2005), em que as pessoas buscam
referências para se vestir semelhantes às outras com o objetivo de se enquadrar em
um determinado grupo.
A próxima pergunta questionava se os leitores acreditam que as blogueiras
ditam tendências de moda. No gráfico 8, podemos observar, que quase metade das
respostas, afirmam que sim, totalizando 49,8%. Outra grande parte, correspondente
à 41,5% dos entrevistados, escolhe a opção “às vezes”. E 8,7% do total não
acreditam que as blogueiras ditam tendências de moda.
Você acredita que as blogueiras ditam tendências de
moda?
Sim Às vezes Não
41%
50%
9%
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 8 – Você acredita que as blogueiras ditam tendências de moda?

62
A necessidade de associação ou até mesmo o efeito trickle-across, também
podem justificar esta questão, em que praticamente a metade dos entrevistados
afirma acreditar que as blogueiras podem ditar uma tendência e outra grande parte
ter respondido que às vezes elas podem sim ditar um tendência.
Com a finalidade de saber se os blogs são considerados pelos leitores fonte
de pesquisa antes de adquirir algum produto, foi questionado se eles fazem esta
pesquisa, buscando a opinião de blogueiras sobre determinado produto. Entre o total
dos entrevistados, 39,6% responderam que sim, 40,1% marcaram “às vezes” e
20,3% escolherem a opção “não”, conforme o gráfico 9.
Antes de comprar algum produto relacionado à moda,
você consulta blogs específicos do assunto, buscando
opiniãodas blogueiras?
Sim Não Às vezes
20%
40%
40%
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 9 – Antes de comprar algum produto relacionado à moda, você consulta blogs
específicos do assunto, buscando a opinião das blogueiras?
Como identificação das blogueiras de moda como fonte de referência, em
que a opinião delas sobre algum produto é importante para o leitor antes de realizar
a compra, a porcentagem que admite realizar esta pesquisa é de 39,6% juntamente
com os que realizam somente as vezes, que corresponde a 40,1%.
Em seguida, foi questionado se a pessoa já adquiriu algum produto por
influência de alguma blogueira. A maior parte dos entrevistados, correspondente a
83,1%, respondeu que sim. Alguns responderam que não, mas que já tiveram
vontade, totalizando 11,6% e os que responderam que não, são 5,3% do total,
conforme gráfico 10.

63
Você já comprou algum produto por influência de
alguma blogueira?
Sim Não, mas já tive vontade Não
12%
5%
83%
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 10 – Você já comprou algum produto por influência de alguma blogueira?
As respostas das duas questões anteriores a esta, são um pouco
contraditórias se levarmos em consideração esta última resposta. Podemos
compreender que as pessoas são sim influenciadas, mas nem todas querem “dar
créditos” às blogueiras, não admitindo buscar a opinião delas previamente ou então
não as considerando disseminadoras de uma tendência, por se considerarem
autoras do próprio estilo.
Em consequência da questão anterior, foi perguntado qual o tipo de produto
que este entrevistado comprou ou já desejou por influência de uma blogueira, caso a
resposta tivesse sido positiva, e poderiam ser assinalados mais de um tipo.
Observando o gráfico 11, identificamos como os itens mais citados: maquiagem
(85,5%), roupas (53,6%), acessórios (49,8%), calçados (47,3%) e bolsas (35,7%).
100,00%
Qual tipo de produto você comprou ou desejou
comprar influenciada por uma blogueira?
80,00%
60,00%
40,00%
20,00%
,00%
Maquiagem Roupas Acessórios Calçados Bolsas
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 11 – Qual tipo de produto você comprou ou desejou comprar influenciada por uma
blogueira?

64
Em relação aos tipos de produtos que os entrevistados já adquiriram ou
desejaram comprar por influência de alguma blogueiras de moda, identificamos
como a opção mais assinalada as maquiagens. Isto pode se dar ao fato de ser um
produto acessível, de menor custo e fácil de encontrar semelhantes no mercado. Em
seguida, vêm as roupas, os acessórios e os calçados, como as opções mais citadas,
sendo assim itens considerados específicos do universo da moda.
Na questão seguinte, foi perguntado o que os leitores acham sobre uma
coleção inspirada no estilo das blogueiras de moda. Como podemos visualizar no
gráfico 12, a maioria, correspondente a 53,1%, afirma que depende da coleção ou
produto. Os que acham interessante e usariam a coleção, totalizam 35,3%, e os que
não gostam ou não usariam, são 2,9%. Com 8,7% estão os indiferentes a esta
questão.
O que você acha de coleções que são criadas
inspiradas no estilo das blogueiras de moda?
Interessante/Usaria
Não gosto/não usaria
Indiferente
Depende da coleção ou produto
53%
35%
3%
9%
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 12 – O que você acha de coleções que são inspiradas no estilo das blogueiras de
moda?
Sobre as coleções inspiradas no estilo das blogueiras as respostas ficaram
divididas, onde a grande maioria assinalou a opção “depende da coleção ou
produto”, enquanto a segunda maior parte diz ter interesse e usaria. Justifica-se
assim pelo produto não ser conhecido, porém de um universo do interesse destes
entrevistados.
Também foi questionado aos entrevistados, quais eram os três blogs de
moda nacionais que eles mais acessavam, contendo três campos para
preenchimento. Como não foi especificado que a citação seria por ordem de
preferência, foi feita a contabilização de todos os campos de igual modo, totalizando
621 respostas, três para cada entrevistado.

65
Em primeiro lugar, ficou o blog Garotas Estúpidas, com 91 citações. Em
segundo lugar, o Petiscos 66 , da Júlia Petit, com 54 citações. No terceiro lugar está o
blog 2beauty 67 , com 42 citações. Na quarta colocação e com 40 citações, o Blog da
Mariah. E em quinto lugar, o blog Lalá e Maria Rudge 68 , com 25 citações, como se
pode visualizar no gráfico 13.
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
Quais são os três blogs de moda nacionais que você
acessa com maior frequência?
Garotas
Estúpidas
Petiscos 2 Beauty Blog da
Mariah
Blog da Lalá e
Maria Rudge
Fonte: Elaborado pela autora
Gráfico 13 – Quais são os três blogs de moda nacionais que você acessa com maior
frequência?
Tendo como os cinco mais citados Garotas Estúpidas, Petiscos, 2Beauty,
Blog da Mariah e Blog da Lálá e Maria Rudge. Podemos identificar assim, as autoras
destes blogs como as mais influentes da blogosfera de moda, pois além de serem as
mais citadas, algumas também foram identificadas no capítulo 3 como atuantes
dentro do sistema da moda, através de parcerias com empresas em que
desenvolveram produtos ou então atuaram como modelos.
Com base nas respostas coletadas através do questionário, será descrita a
seguir a segunda etapa deste projeto, onde será apresentada a proposta de coleção
com base nas pesquisas bibliográficas e nos dados levantados até o presente
momento.
66 Disponível em:
67 Disponível em:
68 Disponível em:

66
4.3 DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO
Levando em consideração o público-alvo e as próprias blogueiras,
observamos que esta geração está muito exposta a todo o tipo de informação. O
portal WGSN (vide capítulo 1) realizou um estudo que identificou uma
macrotendência: a Geração JPEG 69 . Esta geração é inspirada pela circulação
constante de pensamentos aleatórios, imagens e informações, e pode ser associada
à Geração Y (vide capítulo 3). Este estudo pode ser visualizado em um vídeo que foi
produzido para explicar este fenômeno 70 .
Após a realização da pesquisa de campo e análise dos dados obtidos, é
possível identificar este público, leitores de blogs de moda, como integrantes da
Geração JPEG, em que cada vez mais buscam por novidades, informação rápida e
neste caso específico, identificação com os personagens da web através da compra.
Desta forma, foi estabelecido um painel de interesses deste público, com a
finalidade de identificar o que estas pessoas gostam e procuram.
O painel de interesses (figura 10) tem como objetivo materializar os gostos
do público-alvo, facilitando a identificação destes elementos. Podemos assim
perceber que a Geração JPEG busca principalmente transmitir a sua mensagem,
seja através da roupa, ou de manifestações como fotografias, vídeos, músicas, entre
outras. Esta é uma geração livre, que busca pelas suas escolhas e não se importa
em ser diferente. Ser “normal” para eles não tem graça. Mas mesmo assim,
querendo se diferenciar, estas jovens desejam se identificar com algum grupo, na
tentativa de serem aceitos pela sociedade.
A Geração JPEG desenrola as tensões entre a originalidade versus
ajustado, minimalismo versus excessivo estímulo visual, consumo versus
produção, armazenamento versus reciclagem, identidade vs anonimato, e
ironia versus celebração (WGSN, 2011, tradução nossa).
69 JPEG (ou JPG) é um método comum usado para comprimir imagens fotográficas.
70 Disponível em:

67
Fonte: Elaborado pela autora (WE HEART IT, 2011)
Figura 9 - Painel de Interesses do público-alvo
Morace (2009) discorre sobre a ideia de que o virtual segue em primeiro
plano nos dias de hoje, sendo esta uma atividade natural para esta geração.
As novas tecnologias, de fato, permitem uma explosão espontânea das
unicidades criativas. As pessoas estão aprendendo a “preencher” com
conteúdos “biográficos” e com os próprios “talentos” o espaço que a Rede
propõe ao usuário, para depois transferi-lo para a vida real, especialmente
no seu modo de relacionar-se e de trabalhar (MORACE, 2009, p.11).
Desta forma, a disseminação da informação através das redes sociais,
causa um grande impacto no comportamento destes indivíduos, pois todos têm a
possibilidade de mostrar o que gosta, ouve e compra.

68
5 PROPOSTA DE COLEÇÃO
Neste capítulo, será apresentada a proposta de desenvolvimento de uma
coleção de calçados e acessórios, a partir do embasamento teórico obtido nos
capítulos anteriores. Serão descritos os objetivos, requisitos e metodologias
projetuais utilizadas no processo.
5.1 OBJETIVOS DA COLEÇÃO
O objetivo principal desta coleção é oferecer ao público, leitor de blogs de
moda, que se inspira e é influenciado pelas autoras destes blogs, um mix de
produtos 71 com os elementos encontrados no estilo destas blogueiras, aliados as
tendências de Outono/Inverno 2012.
A proposta é oferecer produtos que tragam a informação de moda rápida,
assim como aquela obtida nos blogs. Os produtos, por se inspirarem em estilos de
pessoas, ou seja, existentes, terão cunho mais comercial, porém com diferencial
obtido através das pesquisas de tendências.
O estilo das blogueiras mais influentes do Brasil, identificadas na primeira
etapa (capítulos 3 e 4), é o ponto de partida para o desenvolvimento da coleção.
Estas blogueiras são: Camila Coutinho do blog Garotas Estúpidas, Júlia Petit do
Petiscos , Mariah Bernardes do Blog da Mariah e Lalá Rudge do Blog da Lalá e
Maria Rudge.
Foram excluídas da seleção das mais citadas a Marina do blog 2Beauty, por
se tratar de um blog em que o foco é maquiagem, não se caracterizando
efetivamente como um blog de moda, e também a Maria do Blog da Lalá e Maria
Rudge, pois é uma autora secundária em que a aparição dela é menor do que da
autora principal, a Lalá.
A partir desta informação, é iniciado o processo de desenvolvimento da
coleção, analisando os estilos destas blogueiras e realizando uma pesquisa de
71 Mix de produtos é o nome que se dá a variedade de produtos oferecidos por uma empresa
(TREPTOW, 2005).

69
tendências segmentada, seguindo as etapas das metodologias projetuais descritas
na continuidade deste capítulo.
5.2 METODOLOGIA PROJETUAL
No desenvolvimento desta coleção, serão utilizadas as etapas de duas
metodologias projetuais, consideradas complementares. A primeira, descrita por
Doris Treptow (2005), com foco em coleção de moda, e a segunda, elaborada por
Bruno Munari (1983), destinada ao design de produto. De acordo com Treptow
(2005, p.138):
[...] uma coleção deve apresentar unidade visual, as peças precisam manter
uma relação entre si. Essa relação é obtida através dos elementos de estilo
e do tema de coleção, com todas as peças reportando à mesma inspiração.
Elementos de estilo são detalhes utilizados repetidamente, em uma coleção,
mas com variações de um modelo para o outro. Têm por objetivo criar a
unidade visual entre as peças.
Além de encontrar uma unidade entre as peças da coleção, é necessário
fazer com que o público entenda o produto, preocupando-se com sua qualidade
estética e com outros componentes, para que estejam no mesmo nível (MUNARI,
1997). Conforme descreve o autor, existem várias formas de o designer projetar,
mas o principal é que ele encontre a maneira mais adequada ao seu produto.
O designer, porém, por usar qualquer material e qualquer técnica, Sem
preconceitos artísticos, precisa de um método que lhe permita realizar o
projeto com o material correto, com as técnicas mais adequadas e na forma
correspondente à função (inclusive a função psicológica) (MUNARI, 1997,
p.342).
Desta forma, as etapas utilizadas no desenvolvimento desta coleção de
calçados e acessórios, podem ser visualizadas na tabela 1:

70
FASES
METODOLOGIA PROJETUAL
AUTOR
Inspiração Treptow (2005)
Pesquisa de Tendências Treptow (2005)
Análise e Coleta de Dados Munari (1983)
Parâmetros da Coleção Treptow (2005)
Cartela de cores, materiais e aviamentos Treptow (2005)
Experimentação Munari (1983)
Desenhos Treptow (2005), Munari (1983)
Detalhamento Técnico Treptow (2005)
Protótipos Treptow (2005)
Fonte: Elaborado pela autora baseado em (TREPTOW, 2005 e MUNARI, 1983).
Tabela 1 - Metodologia Projetual
As etapas destas duas metodologias serão utilizadas simultaneamente,
unindo os aspectos comuns, sendo seguidas em ordens distintas da descrita pelos
autores, com intuito de facilitar o processo de desenvolvimento desta coleção.
Cada trabalho desenvolvido pede uma solução personalizada e que leve em
consideração suas características peculiares. Portanto, o método também
deve ser adaptado, a partir de uma estrutura básica, a fim de facilitar o
desenvolvimento do projeto em questão (PANIZZA, 2004, p.80).
As etapas da metodologia projetual, bem como suas características e
definições para este projeto, serão definidas nos tópicos posteriores, chegando
assim no resultado final da coleção.
5.3 INSPIRAÇÃO
Conforme definido na primeira etapa deste projeto, o tema central utilizado
como inspiração para o desenvolvimento da coleção de calçados e acessórios é o
estilo das blogueiras de moda mais influentes do Brasil, identificadas através de
pesquisa com o público leitor de blogs de moda. A Geração JPEG e seu
comportamento, também são fontes de inspiração para esta coleção, pois definem
não só o público-alvo, mas também as blogueiras de moda.
O tema de coleção pode surgir de qualquer fonte, cabe ao designer
transformar esse elemento inspirador em uma proposta de moda, chocante
ou comercial conforme o objetivo da empresa (TREPTOW, 2005).

71
No estudo sobre a Geração JPEG realizado pelo portal WGSN, é feita uma
citação que traduz o sentido e o porquê da realização deste projeto: “Blogs e
websites são um fluxo contínuo de consciência. Agarre o momentâneo como
inspiração para o design”.
Fonte: Youtube Mindset Disponível em Acesso em 24 ago 2011
Figura 10 – WGSN Macrotendência (Geração JPEG)
Definido que as blogueiras são o tema de inspiração principal para o
desenvolvimento desta coleção, a partir de agora será realizada uma análise do
estilo de cada uma delas (Camila, Júlia, Mariah e Lalá) através de um painel de
inspiração dos looks utilizados pelas mesmas, com enfoque nos calçados e bolsas.
A análise será feita a partir da percepção da autora deste trabalho, que faz
monitoramento constante destes blogs e acompanha blogs de moda em geral há
cinco anos profissionalmente. Houve a tentativa de realizar uma pesquisa, através
de um questionário para as blogueiras, em que cada uma poderia citar suas
preferências e definir itens do seu estilo, porém as mesmas não responderam.
Sendo assim, esta análise terá embasamento na proposta de identificação de estilos
do livro Personal Stylist (2003), de Titta Aguiar, em que a autora classifica os estilos
em sete categorias, como: esportivo natural, romântico, moderno, elegante, sexy,
tradicional e criativo, e que serão descritas a seguir, na tabela 2.

72
ESTILO CARACTERÍSTICAS PERSONALIDADE PREFERÊNCIAS
Esportivo
Natural
Elegante
Tradicional
Romântico
Sexy
Criativo
Dramático
Praticidade
Chic
Formal
Feminilidade
Segura
Mistura
Teatral
Espontânea,
direta,
comunicativa,
casual, básica,
informal, ativa,
energética,
saudável, alegre,
engraçada, juvenil,
amigável e
despreocupada
Segura,
sofisticada,
imponente,
exigente, bemsucedida
e
preparada.
Conservadora,
séria, profissional,
responsável,
formal, eficiente,
organizada e
confiável.
Refinada, delicada,
gentil, juvenil e
fragilizada.
Corajosa,
confiante,
excitante,
glamurosa,
sensual e
carismática.
Inovadora, original,
exótica,
autoconfiante,
criativa, étnica e
aventureira.
Distante, atraente,
moderna, severa,
firme e
contemporânea.
Roupas
confortáveis,
despojadas,
funcionais.
Tecidos naturais
e duráveis.
Sapatos baixos
ou de plataforma,
e poucos
acessórios.
Roupas de corte
e caimento
perfeitos, cores
neutras e
discretas, tecidos
sofisticados e
duráveis.
Roupas fluidas
que não modelam
o corpo, cores
sólidas, colares
de pérolas e
tecidos como lã,
seda e jérsei.
Itens como renda,
laços e fitas.
Estampas florais
e texturas
delicadas.
Tecidos que
marcam o corpo,
decotes e fendas.
Transparências e
brilho. Cores
chamativas e
estampas de
bicho e
maquiagem forte.
Mistura de cores,
acessórios
rústicos e étnicos.
Mistura eclética
de tecidos e
design.
Roupas
estruturadas,
cores fortes e
estampas
exageradas.
GUARDA-
ROUPAS
Suéter, pulôver,
pólos e jeans.
Grifes estilo
Chanel,
combinações
luxuosas, tricô,
jóias ou
bijuteiras finas.
Bijuterias
discretas, saias,
scarpins e twinset.
Acessórios
como camafeu,
jóias e bijuterias
antigas. Sapatos
com laço ou tipo
bailarina.
Vestidos e
roupas em
crochê.
Calça de couro
justa, sapato de
salto alto e
sandália de tira.
Braceletes e
argolas.
Mistura de
peças clássicas
e antigas.
Sapatos de bico
quadrado e
plataforma,
roupas de couro
e acessórios
grandes.

73
Fonte: Elaborado pela autora (baseado em AGUIAR, 2003).
Tabela 2 - Tipos de Estilo
Com a descrição dos estilos por meio de características, personalidade e
preferências, é identificado, por meio de elementos dos looks e gosto das
blogueiras, em qual estilo cada uma se enquadra, através da análise realizada a
seguir.
5.3.1 Camila Coutinho, Garotas Estúpidas
Avaliando o estilo da blogueira Camila Coutinho, de 23 anos, do blog
Garotas Estúpidas, observa-se que as suas escolhas são uma mistura de peças
clássicas, como blazers e calça de alfaiataria, e outras que normalmente são
tendências da estação, conforme podemos observar na figura11.
Fonte: Elaborado pela autora (GAROTAS ESTÚPIDAS, 2011)
Figura 11 – Elementos de estilo de Camila Coutinho

74
Na escolha dos acessórios, Camila normalmente opta por marcas
renomadas, tais como Chanel, Balenciaga e Dolce & Gabbana, sempre em tons
sóbrios e materiais nobres. Entre os modelos de calçados elegidos, estão os saltos
altos para scarpins e peep-toes 72 , e os baixos para botas e sapatilhas, sendo esta
última a sua preferência. Quando quer ousar um pouco mais, opta pelas sandálias
abotinadas de salto alto. Para as bolsas, os tamanhos médios e grandes são a
principal escolha, principalmente em padronagens clássicas. O estilo de Camila
pode assim ser definido como uma mistura de elegante e moderno (AGUIAR, 2003).
5.3.2 Júlia Petit, Petiscos
A autora do Petiscos é, além de blogueira, DJ 73 e produtora musical. Júlia
Petit, 39 anos, é uma mistura de referências, através dos seus looks e da sua
aparência física. O cabelo ruivo, a pele clara e as tatuagens são características
marcantes, que fazem referência ao estilo étnico. No vestuário é ousada: mistura
cores e materiais. Já nos acessórios, além de muita cor, Júlia utiliza muito preto,
principalmente em peças pesadas e que carregam o look. É possível identificar
também que a blogueira é adepta de produções com elementos vintages 74 , ou seja,
de décadas passadas.
Nos calçados, a ousadia é identificada através dos saltos altos, de
espessura fina e média, sendo a maioria com meia-pata 75 , principalmente nos
modelos de peep-toe. Botas de cano longo, estilo cuissarde 76 , também são
constantes, assim como ankle boots 77 . Para o dia-a-dia, prefere bolsas grandes e
72 Sapato feminino que mostre pelo menos um dos dedos do pé (USEFASHION, 2011).
73 Um disc jockey (DJ) é um artista profissional que seleciona e roda as mais diferentes composições,
previamente gravadas para um determinado público alvo, em pistas de dança de bailes, clubes,
boates e danceterias.
74 Palavra inglesa que na moda virou referência para designar roupas de outras épocas (SABINO,
2007).
75 A meia pata é um tipo de estrutura que sustenta a parte da frente do calçado. Surgiu como uma
variação mais comercial da plataforma e atualmente está associado a calçados elegantes e mais
confortáveis que os modelos com estrutura plataforma (USEFASHION, 2011).
76
A principal característica deste modelo é deixar coberta quase toda a perna, passando dos joelhos
ou até o meio das coxas (SABINO, 2007).
77 A ankle boot é um tipo de bota que se caracteriza por ter o cano na altura do tornozelo (“ankle”
significa tornozelo em inglês), com leves variações para cima ou para baixo (USEFASHION, 2011).

75
funcionais, e para a noite opta pelas clutches 78 . Júlia também é adepta de peças
com referências no universo masculino, como sapatos oxfords 79 , camisas e blazers.
Na figura 11 podemos visualizar os elementos descritos acima.
Fonte: Elaborado pela autora (PETISCOS, 2011).
Figura 12 – Elementos de estilo de Júlia Petit
De acordo com Aguiar (2003, p.72), podemos classificar Júlia Petit no estilo
criativo, em que a autora cita que “[...] o guarda-roupa da mulher criativa é um mix
de peças exageradas e cores contrastantes, misturadas a peças de toque clássico e
antigo”.
78 Clutch, que inglês significa agarrar, se refere a bolsa feminina de mão sem ou com alça removível.
Pode ser de diversos fôrmatos e varia de tamanho médio a pequeno (USEFASHION, 2011).
79 Modelo de sapato de couro de amarrar, com recorte no bico, que originou outros modelos
(ESCOLA SENAI, 1996).

76
5.3.3 Mariah Bernardes, Blog da Mariah
Os principais interesses da blogueira Mariah Bernardes, além de moda, são
viagens, decoração e culinária. Através destes universos, os looks compostos por
ela trazem referências de um estilo retrô 80 , inspirado em décadas passadas, como
as de 50 e principalmente 70, que remetem bastante à feminilidade e ao
romantismo, conforme podemos visualizar na figura 13.
Fonte: Elaborado pela autora (BLOG DA MARIAH, 2011).
Figura 13 – Elementos de estilo de Mariah Bernardes
Para os looks do dia-a-dia, cintura marcada, pantalonas e saias rodadas,
são algumas das peças vestidas. Os itens de renda, crochê e com aspecto
80 Estilo de roupas, calçados, acessórios que remetem à modelos antigos (SABINO, 2007).

77
artesanal, são característicos de Mariah. Nos acessórios, os sapatos de salto de
espessura média e os saltos anabelas 81 são preferência em salomés 82 , botas de
cano curto e sandálias abotinadas. Para as bolsas, a preferência são os modelos
grandes e médios, feitos em couro, tecido, crochê e com bordados. Dentre os
materiais mais utilizados pela blogueira os acamurçados e envernizados são os mais
comuns. As estampas de poá, listradas e floreadas são as mais utilizadas.
Definindo seu estilo através da classificação proposta por Aguiar (2003),
podemos enquadrá-la no estilo romântico, porém com referências retrô 83 .
5.3.4 Lalá Rudge, Blog da Lalá e Maria Rudge
A blogueira Lalá Rudge tem seu blog como seu principal trabalho. Dentre as
atividades comuns na sua rotina, estão a presença em eventos, jantares e
lançamentos relacionados à marcas de moda. Para compor o seu visual, opta por
peças clássicas, misturando referências que resultam em um aspecto sensual
romantizado. Dentre as peças de sua preferência, estão as produzidas em couro,
como calças, shorts e jaquetas, e as de renda para blusas e vestidos, estes sempre
em comprimento médio ou longo. Os materiais nobres são um grande diferencial do
seu estilo.
As grandes marcas são suas escolhas para os acessórios. Nos sapatos, os
scarpins e sandálias de salto fino e sapatilhas, são sua preferência, muitas vezes
com aplicações de metal e pedrarias. Seguindo as propostas de estilo de Aguiar
(2003), podemos definir Lalá nas categorias sexy e romântica.
81 Criado entre os anos 1930 e 1940, começa alto no calcanhar, diminuindo gradualmente até a ponta
do pé (SABINO, 2007).
82 Calçado feminino cuja principal característica é a de possuir tira vertical sobre o peito do pé. Essa
mesma tira está ligada a outra tira vertical, obtendo então um formato de “T” (USEFASHION, 2011).
83 Estilo de roupas, calçados, acessórios que remetem à modelos antigos (SABINO, 2007).

78
Fonte: Elaborado pela autora (BLOG DA LALÁ E MARIA RUDGE, 2011).
Figura 14 – Elementos de estilo de Lalá Rudge
Definido assim o estilo de cada blogueira, será analisado no próximo
capítulo, as tendências de Outono/Inverno 2012, para que assim se possa, através
deste conjunto de informações, determinar os elementos a serem utilizados no
desenvolvimento da coleção de calçados e bolsas para cada uma das linhas.

79
6 PESQUISA DE TENDÊNCIAS
A pesquisa realizada neste projeto será direcionada para as tendências de
Outono/Inverno 2012 (Hemisfério Sul) no segmento de calçados e bolsas, e terá
embasamento nas informações encontradas no portal WGSN e no portal
Usefashion 84 . Esta pesquisa é de extrema importância para que se consiga captar
elementos em diferentes categorias que irão direcionar a coleção. Segundo Treptow
(2005, p. 82):
Através da divulgação das coleções, em desfiles, vitrines, revistas, vídeos e
internet, a grande indústria manufatureira toma conhecimento das novas
propostas e, identificando pontos de semelhança entre as coleções,
consegue discernir entre a interpretação individual do estilista e o que
realmente se transformará em tendência de moda.
Vale lembrar a o que foi citado por Caldas (2006) no capítulo 1, em que as
tendências de moda apontam uma direção, algo que está por vir, e por isso é
apenas um caminho a ser seguido, e não uma certeza.
As definições de cabedais, saltos, materiais, cores e detalhes através desta
pesquisa, irão se unir com os elementos de estilo das blogueiras para a criação de
uma coleção única e rica em informação de moda. Desta forma, serão montados
painéis de tendências para cada segmento, que segundo Treptow (2005), auxiliam o
designer na percepção visual e a identificar os elementos que serão utilizados no
desenvolvimento da coleção. Na continuidade do capítulo, será possível analisar as
tendências para cada uma das categorias citadas.
6.1 TENDÊNCIAS DE CALÇADOS
De acordo com as informações do portal Usefashion e WGSN, para o
Outono/Inverno 2012 os calçados irão apresentar um proposta nostálgica, com
84 Disponível em:

80
referências da década de 1920, trazendo elementos do universo masculino, e que
fazem contraponto com o estilo lady like 85 .
Fonte: Elaborado pela autora (USEFASHION, 2011).
Figura 15 - Lady Like
Como particularidade, o estilo lady like apresenta referências vindas da
década de 50, principalmente inspirada no New Look 86 de Christian Dior. A cintura
marcada através da modelagem e saias rodadas são as principais características. A
feminilidade é exaltada também através dos acessórios, como os saltos finos e
bolsas de mão estruturadas.
85 Tendência que se caracteriza pelo regresso das silhuetas muito femininas e pela delicadeza no
estilo anos 1950, em que se destacam a cintura alta, saias rodadas, vestidos inspirados no "New
Look", bolsas de mão e estruturadas, entre outros (USEFASHION, 2011).
86 Novo Visual, em inglês. Expressão que faz referência a revolução da moda contemporânea,
lançada por Christian Dior, em Paris, na primavera em 1948. O New look da Dior contrariou as
exigências da época, e atravessou décadas, sendo referência nos dias atuais (ESCOLA SENAI,
1996).

81
Fonte: Elaborado pela autora (USEFASHION, 2011).
Figura 16 - Masculino
Como citado anteriormente, o universo masculino é a referências para fazer
o contraponto ao estilo lady like, trazendo como característica uma silhueta mais
reta, traduzida em calças de alfaiataria e blazers. Nos acessórios, sapatos oxfords e
mocassins são destaque, aliados as bolsas que lembram pastas, com poucos
detalhes.
6.2.1 Cabedais
Ao se tratar de cabedais podemos citar como destaque as botas de cano
curto, as cuissardes e ankle boots, deixando as botas de cano médio de lado. As
cuissardes aparecem bem ajustadas à perna, principalmente em materiais como o
veludo. Já as ankle boots são apresentadas com variados estilos e mix de materiais,
e grande parte delas com o bico afinado. Os scarpins voltam a sua forma clássica,

82
com bicos e saltos mais finos e um aspecto mais minimalista do que nas estações
anteriores.
Fonte: Elaborado pela autora (USEFASHION, 2011)
Figura 17 - Tendências em cabedais
As referências do universo masculino podem ser notadas nos oxfords e
mocassins 87 , em salto baixo e alto, trazendo referências dos anos 20 em biqueiras
recortadas. Ainda com alusões nostálgicas, os salomés são muito presentes, com
mix de materiais e alguns modelos com plataforma.
87 Calçado rasteiro unissex, pespontado no cabedal, que pode ser liso ou com enfeites como metais,
barbicachos, franjas e tira de couro. Exemplares femininos também são feitos com salto
(USEFASHION, 2011).

83
6.2.2 Saltos
Os saltos propostos para o Outono/Inverno 2012 variam de acordo com os
cabedais. O salto fino alto recebe bastante destaque em scarpins, salomés e ankle
boots. Os saltos anabelas também são presentes, tanto com solado baixo, quanto
com a plataforma utilizada na frente, este último bastante visto em ankle boots e
botas de cano curto.
Fonte: Elaboradora pela autora (USEFASHION, 2011)
Figura 18 - Tendências em saltos
O salto robusto de forma quadrada é apresentado em modelos de sandálias
e botas variadas, caracterizando-se assim por ser um calçado mais confortável,
dando estabilidade ao caminhar. É apresentado em versões mais altas para as
sandálias, mocassins e oxfords e baixas para as botas.

84
6.2.3 Materiais
Para a estação fria, umas das apostas é o uso do couro liso em modelos de
calçados mais robustos e com poucos detalhes, principalmente em cores sóbrias,
como o preto e o café escuro. O couro réptil também é muito utilizado, e algumas
marcas apresentam um mix de cores deste material em um mesmo modelo. O brilho
também está presente, tanto em couro liso metalizado como os com efeito de glitter.
Fonte: Elaborado pela autora (USEFASHION, 2011)
Figura 19 - Tendências em materiais
Os acamurçados e o veludo garantem o aspecto invernal de algumas peças,
assim como o pêlo, que aparece aplicado em cabedais inteiros. Por fim, o verniz
também ganha espaço em modelos de sandálias e botas.

85
6.2.4 Detalhes
De acordo com as pesquisas do portal Usefashion, para o Outono/Inverno
2012 os metais recebem bastante atenção nos detalhamentos, através de botões e
fivelas, esta última aplicada em tiras ou pulseiras.
Fonte: Elaborado pela autora (USEFASHION, 2011)
Figura 20 - Tendências em detalhes
As pulseiras, aliás, são um importante acessório em modelos de salomés e
scarpins, trazendo referências do universo lady like, em modelos de bico
arredondado e saltos bem altos. O portal WGSN ainda ressalta que os tornozelos
receberão mais atenção, através de tiras, canos e detalhes que ressaltem a região.
Por fim, os detalhes que permitem ajuste de modelo. Os atacadores, por
serem aparentes, surgem com uma proposta fetichista e de sensualidade, em
modelos de cuissardes e ankle boots.

86
6.2.5 Cores
Na cartela de cores proposta para os calçados na temporada de
Outono/Inverno 2012, seguindo a tendências das referências no universo masculino
e a nostalgia dos anos 20, os tons são na sua maioria sóbrios, priorizando as
tonalidades terrosas.
Fonte: Usefashion (2011)
Figura 21 - Tendências em cores
Cores como o bordô, vermelho, mostarda, cinza e azul também estão
presentes. O clássico preto tem bastante destaque, e cores claras como branco e
off-white também aparecem em alguns modelos.
A seguir, serão analisadas as tendências de Outono/Inverno 2012 no
segmento de bolsas femininas.

87
6.2 TENDÊNCIAS DE BOLSAS
O portal Usefashion (2011) aponta que para o Outono/Inverno 2012 as
bolsas são divididas em cinco categorias de tendências: Oversized 88 , Elementos
Masculinos, Nostálgico, Eterno Feminino e Sporty Glam. Na categoria Oversized,
como o próprio nome já diz, se enquadram as bolsas de tamanhos extragrandes e
que têm como prioridade a maciez do material. Em Elementos Masculinos, o
destaque são as bolsas que lembram pastas e possuem alças a tiracolo. Na
categoria Nostálgico, referências dos anos 50 e 60 apresentam modelagens simples
e funcionais, com poucas divisões. A categoria Eterno Feminino prioriza as bolsas
pequenas de mão ou com alças curtas, que transmitem elegância, e por fim, a as
bolsas pertencentes a categoria Sporty Glam apresenta bolsas com formatos
arredondados, valorizando as cores e materiais metálicos.
6.2.1 Peças-chave
De acordo com as categorias de tendências propostas anteriormente para as
bolsas, podemos identificar quais as peças-chaves deste acessório para o
Outono/Inverno 2012.
As bolsas grandes, tanto de ombro quanto de mão, retornam nesta
temporada, e como citado anteriormente, a modelagem deve priorizar a maciez do
material, fazendo com que o modelo seja prático. A praticidade também se faz
presente nos modelos de alças de ombro e ainda nas que unem duas funções: de
ombro e de mão. A nostalgia, presente nestes modelos de ombro que remetem aos
anos 70, é proposta nas valises, bolsas femininas que trazem referências da década
de 50.
Entre os modelos de mão, podemos citar as carteiras em modelagens
clássicas, de tamanho mediano, ou então pequenas e estruturadas. Nesta categoria
também surge o modelo de mão com alça embutida, em que a mão é vestida pela
88 Palavra inglesa que em português significa extragrande.

88
bolsa. Por fim, as bolsas de festa, em tamanhos pequenos, com brilhos e materiais
diferenciados.
Fonte: Elaborado pela autora (USEFASHION, 2011)
Figura 22 - Tendências em Bolsas (Peças-Chave)
Definidas as peças-chaves de bolsas para o Outono/Inverno 2012, serão
determinados a seguir, os detalhes destes modelos, que irão assim personalizá-las e
caracterizá-las de acordo com as tendências.
6.2.2 Detalhes
Os detalhes nas bolsas de
Outono/Inverno 2012 serão bastante
relacionados aos metais, como aplicações no corpo da bolsa ou então correntes,

89
utilizadas como adorno ou alças. Os barbicachos 89 também merecem atenção e
aparecem em tamanhos maiores do que o normal.
Fonte: Elaborado pela autora (USEFASHION, 2011)
Figura 23 - Tendências em Bolsas (Detalhes)
Em relação à modelagem, foles e divisórias são detalhes destacados em
modelos mais estruturados e de alças longas, principalmente nos modelos com
referências do universo masculino.
6.2.3 Materiais
Entre os materiais vistos como aposta para no segmento de bolsas, o couro
liso ganha destaque, principalmente nos modelos grandes. Entretanto, os couros
texturizados, como de avestruz, e crôco também merecem atenção, com aplicação
principalmente nos modelos médios, estruturados ou de mão, assim como o verniz.
Com aspecto mais invernal, podemos citar os veludos, camurças e o pêlo.
89 Tiras de couro presas na extremidade formando franjas. Muito utilizada em mocassins e bolsas
(USEFASHION, 2011).

90
Fonte: Elaborado pela autora (USEFASHION, 2011)
Figura 24 - Tendências em bolsas (materiais)
Com todas as informações coletadas a partir do estilo das blogueiras e das
tendências propostas para o Outono/Inverno 2012, a coleção de calçados e bolsas
desenvolvida a partir desta pesquisa, será apresentada no capítulo a seguir, bem
como todas as informações necessárias para o entendimento do desenvolvimento.
6.3 ANÁLISE E COLETA DE DADOS
Nesta etapa da metodologia projetual, serão coletados os dados até o
presente momento no que se diz respeito ao estilo das blogueiras e as tendências
de Outono/Inverno 2012.
A partir desta coleta, foi possível analisar quais os elementos que serão
utilizados na criação de cada linha, possibilitando que cada uma faça
correspondência a um estilo, mas que possuam uma unidade.

91
Para a blogueira Camila foram definidos modelos clássicos, como scarpin e
sapatilha. Os materiais nobres e cores sóbrias, como nude e preto são
predominantes. Para agregar valor aos modelos, detalhes como pulseiras nos
tornozelos e metais foram aplicados.
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 25 - Elementos Camila
Júlia Petit, classificada como a mulher criativa, teve mais cores utilizadas no
desenvolvimento dos modelos inspirados no seu estilo. A mistura de verde, azul e
dourado é ousada, e a aplicação de atacadores nos modelos garantem a
modernidade. Na bolsa, metais recebem maior atenção, deixando o modelo
exclusivo.

92
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 26 – Elementos Júlia
Os sapatos desenvolvidos baseados no estilo de Mariah, possuem salto
anabela ou baixo. Materiais característicos de inverno, como a camurça e a
camurcina, ganham destaque em peças lisas. E a referência retrô, inspirada na
década de 70, pode ser notada através das franjas aplicadas em alguns modelos.
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 27 - Elementos Mariah

93
Garantindo a referência do estilo sensual de Lalá, modelos de salto fino
foram propostos juntamente a sapatilha para o dia-a-dia. A mistura da camurcina e a
renda dublada deixam os modelos mais sofisticados, e a aplicação do laço nas
peças evidencia a feminilidade. Já os detalhes em onça acetinada agregam
sensualidade aos modelos.
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 28 - Elementos Lalá
A partir destas definições, será apresentada no próximo capítulo a coleção
desenvolvida neste projeto, bem como seus parâmetros, mix de produtos, fichas
técnicas e protótipos.

94
7 APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO
A coleção apresentada a seguir, intitulada Blogueiras de Moda, foi
desenvolvida com o objetivo de atender o público leitor de blogs de moda, que se
identificam com o estilo das blogueiras e querem se sentir semelhantes a elas.
A coleção apresenta produtos em que é possível identificar o estilo de cada
uma delas, mas que possuem elementos em comum, dando unidade a coleção.
Além dos elementos correspondentes ao estilo de cada blogueira, a coleção foi
desenvolvida com base nas tendências de calçados e bolsas propostas para o
Outono/Inverno 2012, sendo comercializada neste mesmo período.
Esta coleção é composta por quatro linhas, intituladas a partir do estilo de
cada blogueira: Elegante (Camila), Criativa (Júlia), Retrô (Mariah) e Sensual (Lalá).
Cada uma das linhas apresenta três modelos de sapatos e um modelo de bolsa, e
terão suas especificações descritas no decorrer do capítulo.
7.1 PARÂMETROS DA COLEÇÃO
Nesta etapa serão apresentadas as características da coleção desenvolvida
referente ao mix de produtos, separados por linha/produto, ao mix de moda,
separados por estilo e por fim a tabela de parâmetro, especificando quantos
produtos de cada modelo na coleção.
7.1.1 Mix de Produtos
No mix de produtos foram considerados relevantes a união das
características dos estilos das blogueiras, aliados as tendências de moda
pesquisadas. Desta forma foi possível identificar quais os modelos de calçados e
bolsas são pertinentes para a coleção. Tratando-se de uma coleção de
Outono/Inverno, parte dos calçados são modelos fechados.

LINHA/
MODELO
Scarpin
Peep-toe
Bota
Sandália
Abotinada
Open boot
Salomé
Sapatilha
Bolsa
Grande
Bolsa
Média
Bolsa
Pequena
TOTAL
95
Porém, levando-se em conta o estilo das blogueiras, as mesmas, por
morarem em regiões como sudeste e norte, não são adeptas deste tipo de calçados.
Desta forma, a coleção possui produtos como scarpins, peep-toes e sapatilhas, que
podem ser usados no inverno e em meia-estação.
MIX DE PRODUTOS
Elegante 1 0 0 1 0 0 1 1 0 0 4
Criativa 0 1 1 0 1 0 0 0 1 0 4
Retrô 1 0 0 0 0 1 1 0 1 0 4
Sensual 2 0 0 0 0 0 1 0 0 1 4
TOTAL 4 1 1 1 1 1 3 1 2 1 16
Fonte: Elaborado pela autora
Tabela 3 - Mix de Produto
Em relação às bolsas, os modelos foram divididos em grande, médio e
pequeno, levando em consideração o que se adapta a cada blogueira. A escolha
dos materiais é de grande importância para que as mesmas sejam caracterizadas
como produtos de Outono/Inverno.
7.1.2 Mix de Moda
Para elaboração do mix de moda, é levado em consideração principalmente
o estilo das blogueiras, analisado o que cada uma delas costuma usar. Sendo
assim, a coleção é bastante diversificada, apresentando uma mistura de estilos e
modelos de calçados e bolsas.
MIX DE MODA
CATEGORIA/
LINHA
Elegante Criativa Retrô Sensual TOTAL
Vanguarda 0 2 0 1 3
Fashion 1 2 4 3 10
Básico 3 0 0 0 3
TOTAL 4 4 4 4
Fonte: Elaborado pela autora
Tabela 4 - Mix de Moda

96
A Júlia Petit, por exemplo, é a blogueira que utiliza mais produtos de moda,
tendo assim os modelos da sua linha enquadrados na categoria Fashion e
Vanguarda. As blogueiras Camila Coutinho e Lalá Rudge, que fazem referências ao
estilo elegante e sensual respectivamente, possuem produtos mais clássicos, que se
enquadram nas categorias Fashion e Básico. Por fim, a blogueira Mariah, com estilo
retrô e influência da década de 70, possui produtos na categoria Fashion.
7.1.3 Tabela de Parâmetro
Através da tabela de parâmetro da coleção é possível visualizar a integração
do mix de produtos com o mix de moda das linhas desenvolvidas. Desta fôrma,
pode-se analisar se a coleção obteve o mix de produtos apropriados para cada linha,
seguindo fielmente o estilo de cada blogueira.
TABELA DE PARÂMETRO
Mix de produto/moda Vanguarda Fashion Básico TOTAL
Scarpin 0 2 1 3
Peep-Toe 0 2 0 2
Bota 1 0 0 1
Sandália Abotinada 0 1 0 1
Open-boot 1 0 0 1
Salomé 0 1 0 1
Sapatilha 0 2 1 3
Bolsa grande 0 0 1 1
Bolsa média 1 1 0 2
Bolsa pequena 1 0 0 1
TOTAL 4 9 3 16
Fonte: Elaborado pela autora (baseado em TREPTOW, 2005)
Tabela 5 - Tabela de Parâmetro
Definidos assim quais os modelos da coleção, serão apresentados os
materiais, aviamentos e cores utilizadas durante o processo de desenvolvimento dos
calçados e bolsas.

97
7.2 CARTELA DE CORES
De acordo com Treptow (2003), a cartela de cores deve ser composta por
todas as cores utilizadas no desenvolvimento da coleção. A autora ainda ressalta:
É extremamente importante que as cores da cartela sejam identificadas, por
códigos ou por nomes. O olho humano distingue 350.000 cores, mas não há
nomes específicos para todas elas. Por isso é comum associarmos as cores
aos seus referencias na natureza, como amarelo-canário, verde-abacate,
cinza-chumbo (TREPTOW, 2003, p.115).
CARTELA DE CORES
Coleção Outono/Inverno 2012
PRETO
KLEIN
NUDE
VERDE
SANGUE
MOSTARDA
GREY
GOLD
Fonte: Elaborado pela autora
Tabela 6 - Cartela de Cores
A cartela de cores proposta para a coleção de calçados e bolsas de Inverno
2012 apresenta uma variedade composta por cores básicas, com o preto e o nude,
combinadas a outras encontradas na pesquisa de tendências, como o mostarda, o
sangue, o azul e o verde. Como destaque, o dourado metalizado é apresentado em
detalhes e recortes.

98
7.3 CARTELA DE MATERIAIS
Assim como na cartela de cores, a de materiais deve apresentar todos os
materiais utilizados no desenvolvimento da coleção (TREPTOW, 2003), sendo
propostos de acordo com a estação definida.
CARTELA DE MATERIAIS - COUROS
Coleção Outono/Inverno 2012
Couro Metalizado
Fornecedor: W.O Couros
Camurcina
Fornecedor: LMB Couros
Camurça
Fornecedor: LMB Couros
Camurcina
Fornecedor: LMB Couros
Couro
Fornecedor: LMB Couros
Camurcina
Fornecedor: LMB Couros
Camurça
Fornecedor: LMB Couros
Camurcina
Fornecedor: LMB Couros
Camurcina
Fornecedor: LMB Couros
Fonte: Elaborado pela autora
Tabela 7 - Cartela de Materiais (Couros)

99
Com base nas tendências de Outono/Inverno 2011, a cartela de materiais
apresenta couros do tipo camurça 90 e camurcina 91 como os principais elementos,
caracterizando assim os produtos pertencentes a uma coleção de inverno.
Os tecidos também estão presentes na coleção como rendas dubladas para
peças inteiras, ou então tecido dublado para o forro das bolsas, além dos
estampados para cabedal.
CARTELA DE MATERIAIS - TECIDOS
Coleção Outono/Inverno 2012
Tecido dublado
Fornecedor: AHB
Tecido acetinado
Fornecedor: AHB
Renda dublada no cetim
Fornecedor: AHB
Fonte: Elaborado pela autora
Tabela 8 - Cartela de Materiais (Tecidos)
7.4 CARTELA DE AVIAMENTOS
A cartela de aviamentos define todos os elementos de adornos utilizados na
confecção dos modelos da coleção. Para esta coleção, foram definidos que todos os
metais utilizados tenham banho dourado, para assim criar uma unidade entre as
linhas. Dentre as peças, foram utilizadas as fivelas, para fechamento de pulseiras no
tornozelo, rebites, aplicados nos cabedais ou no corpo das bolsas, correntes, entre
outros.
90 Tipo de couro feito com a parte de baixo da pele de animais como boi, cordeiro, cabra, porco,
bezerro, entre outros (USEFASHION, 2011).
91 Variação da camurça, mais delicada, feita com a pele de bezerro.

100
CARTELA DE AVIAMENTOS
Coleção Outono/Inverno 2012
Enfeite com strass
Fornecedor: Altero
Elo retangular
Fornecedor: Altero
Fivela
Fornecedor: Altero
Cobra de metal
Fornecedor: Altero
Enfeite para laço
Fornecedor: Altero
Corrente com mosquetão
Fornecedor: Altero
Argola metal
Elaborado pela autora
Corrente dupla com aro
Fornecedor: Altero
Rebite
Fornecedor: Altero
Barbicacho (metal e couro)
Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora
Tabela 9 - Cartela de Aviamentos

101
7.5 EXPERIMENTAÇÃO (GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS)
Nesta etapa são apresentados alguns desenhos antes da coleção ficar
pronta, mostrando algumas experimentações durante o processo de
desenvolvimento. De acordo com Dacorso (2004, p. 15 apud ACKOFF, 1999, p.325):
Soluções criativas para os problemas não são obtidas com a seleção da
melhor alternativa dentre um conjunto bem conhecido de opções e sim com
a produção de novas alternativa.
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 29 - Esboços
Na geração de alternativas são elaborados os esboços da coleção, com a
criação livre de diversos elementos. A partir desta fase que são definidos os
elementos a serem utilizados no desenvolvimento dos produtos.

102
7.6 FÔRMAS
Para o desenvolvimento desta coleção, foram definidas três fôrmas a serem
utilizadas na construção dos calçados das quatro linhas existentes, diferenciando
assim os modelos e estilos de cada um.
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 30 - Fôrma 1
A primeira fôrma (figura 30) é de salto baixo, com 2 centímetros e foi
empregada no desenvolvimento das sapatilhas de toda a coleção, mais
especificadamente nas linhas Elegante, Retrô e Sensual.
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 31 - Fôrma 2

103
A fôrma 2 (figura 31) possui bico redondo e salto de 10 centímetros. Foi
utilizada na confecção da sandália abotinada juntamente com um salto de espessura
grossa (linha Elegante) e em scarpins e peet-toe com salto fino e uma plataforma
agregada na parte da frente (linhas Sensual e Criativa). Esta mesma fôrma também
foi apresentada com salto anabela (linha Retrô) e anabela com plataforma frontal
agregada (linha Criativa).
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 32 - Fôrma 3
A fôrma 3 (figura 32) foi empregada na criação dos scarpins de bico e salto
fino, das linhas Elegante e Sensual, e da bota estilo cuissarde, da linha Criativa.
Após definidas as fôrmas a serem utilizadas no desenvolvimento, são
posteriormente determinados quais os modelos da coleção utilizam cada uma delas,
bem como as especificações de salto, cabedal e solado.

104
7.7 DESENHOS
Nesta etapa do projeto será exposta a coleção em sua totalidade, com todos
os modelos desenvolvidos e apresentados através de seus desenhos, dividindo-os
pelas linhas estabelecidas anteriormente: Elegante, Criativa, Retrô e Sensual. Além
da apresentação dos desenhos, as linhas serão descrita, assim como cada modelo
separadamente, explicando a utilização de cada elemento na criação da coleção.
Após a apresentação das linhas separadamente, será visto também o
quadro de coleção, com a composição de todos os desenhos em uma só tabela,
agrupados pelas linhas correspondentes.
7.7.1 Elegante
A linha Elegante é determinada pelo estilo da blogueira Camila Coutinho,
que é adepta de modelos básicos e cores sóbrias. Dentre os materiais utilizados,
estão a camurcina, nas cores preto e nude, e o couro metalizado, na cor gold.
O modelo de bolsa (figura 33) desenvolvido para esta linha segue a proposta
das tendências de inverno 2012, em que os modelos grandes devem possui maciez
no corpo. O principal material utilizado para agregar maciez, é a camurcina na cor
nude. Detalhes de tiras em camurcina preta são transpassadas pelo modelo da
bolsa e se unem através de uma argola de metal em banho dourado. Nesta argola é
agregado outro enfeite, o barbicacho, item também destacado na pesquisa de
tendências. Para valorizar o modelo, rebites de banho dourado foram aplicados na
base de camurcina preta, e argolas com o mesmo banho na base das alças,
também pretas. O forro é em tecido acetinado com estampa de onça, e a parte
interna possui bolso invisível e porta-celular.

105
Modelo: E01
Bolsa grande
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 33 - Modelo E01 – Linha Elegante
O modelo de scarpin (figura 34), foi elaborado a partir da fôrma 3, com bico e
salto fino de altura de 6 cm, e forrado com o mesmo material do cabedal, a
camurcina nude. Como detalhamento, o modelo possui na parte traseira um enfeite
de metal composto por duas argolas e duas correntes com elos pequenos. Para
fixação deste enfeite, um pedaço da camurcina é presa com rebite em cada lateral.
O forro deste modelo é em couro gold, assim como a palmilha e o bico, e o solado é
em couro.

106
Modelo: E02
Fôrma 3
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 34 - Modelo E02 - Linha elegante
A sandália abotinada (figura 35) é o modelo que agrega mais informação de
moda, sendo estabelecido como o artigo fashion desta linha. Criado com base na
fôrma 2, possui cabedal inteiro em camurcina preta e abertura frontal para calce,
com aplicação de zíper dourado. Nas laterais, possui recortes geométricos, em
formato retangular, que deixam o modelo com mais aspecto de sandália.
Na parte traseira, foi aplicado um enfeite de tira de camurcina nude, preso
com rebite dourado. O salto injetado de espessura mais grossa é forrado com a
camurcina preta. Forro e palminha são de camurcina nude e o solado é de couro.

107
Modelo: E03
Fôrma 2
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 35 - Modelo E03 - Linha Elegante
Na sapatilha da linha (figura 36), com base na fôrma 1, o cabedal é
composto por camurcina nude e preta, sendo a segunda aplicada na biqueira e parte
traseira do modelo. Entre a costura dos materiais, destaque para a aplicação de vivo
em couro gold, valorizando o calçado. Como detalhe deste modelo, é destacado
também as pulseira no tornozelo, uma tendência para o inverno, elaborada a partir
da mesma composição do cabedal e com fechamento através de fivelas em banho
dourado. Para finalizar, o rebite em banhou dourado é aplicado na lateral. O forro é
em camurcina nude aplicada ao avesso e o solado de couro.

108
Modelo: E03
Fôrma 1
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 36 - Modelo E03 - Linha Elegante
7.7.2 Criativa
A segunda linha deste projeto, intitulada Criativa, é inspirada no estilo da
blogueira Júlia Petit. O mix de cores e materiais metalizados foram o foco desta
linha, composta por bolsa, peep-toe, open-boot 92 e cuissarde. Como o estilo de
Júlia, este é a linha da coleção com mais diversificação de modelos.
O modelo de bolsa (figura 37) apresentado para esta linha é um maxi
carteira, que se enquadra no tamanho médio. Possui corpo em camurcina preta e
tampa frontal que se estende ao tamanho total da mesma, em um mix de camurcina
klein e couro gold. Na parte inferior da tampa, uma cobra de metal é aplicada no
centro, dando a ilusão de ser o fechamento deste modelo. Pode ser utilizada como
uma carteira, sendo carregada pela mão, ou então pela alça de corrente aplicada.
Na parte interna, forro em couro gold sem divisórias.
92 Modelo de calçado abotinado com abertura frontal.

109
Modelo: C01
Bolsa pequena
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 37 - Modelo C01 - Linha Criativa
Para o peep-toe desta linha (figura 38), foi estabelecida a fôrma 2, com
aplicação de plataforma frontal e salto fino. O cabedal é de camurcina na cor Klein
com debrum em couro gold. A plataforma frontal aparente no bico é forrada em
camurça verde, assim como o salto, e a palmilha é em couro gold. A pulseira no
tornozelo é composta pela mesma camurça e aplicação de vivo em couro gold, que
é também utilizado na parte traseira. Sob a parte frontal do cabedal, foi aplicado um
adorno de metal em formato redondo, e que possui as bordas com aplicação de
strass 93 . O forro do modelo é em couro gold e o solado em couro natural.
93 Pedra que imita o brilhante, utilizada em bordados e acessórios.

110
Modelo: C02
Fôrma 2
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 38 - Modelo C02 - Linha Criativa
Como terceiro item desta linha, foi criado um modelo de open-boot (figura
39) não tradicional. O cabedal em camurça verde, contrata com o salto anabela
plataforma em camurcina preta. O destaque do modelo é a amarração frontal em
couro gold, aplicada também na parte traseira apenas como enfeite, sem utilização,
pois não possui abertura. O forro e a palmilha também são feitos em couro gold, e o
solado é de couro preto. Para facilitar o calce do modelo, foi aplicado na lateral
interna um zíper dourado.

111
Modelo: C03
Fôrma 2
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 39 - Modelo C03 - Linha Criativa
Para a bota estilo cuissarde (figura40), uma das tendências para o
Outono/Inverno 2012, foi utilizada a base da fôrma 3, com salto fino. O cabedal todo
em camurcina preta possui amarração em couro gold na parte traseira da perna,
seguido a altura do tornozelo ao joelho. Na parte de cima da bota, acima do joelho,
uma aba é dobrada, mostrando a camurcina klein, material que também forra o
salto. A bota é ajustada a perna e maleável, possuindo regulagem através da
amarração. Para facilitar o calce, na parte interna é aplicado um zíper invisível. No
forro, foi utilizada a camurcina grey ao avesso, e o solado é em couro.

112
Modelo: C04
Fôrma 3
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 40 - Modelo C04 - Linha Criativa

113
7.7.3 Retrô
A linha Retrô é baseada no estilo da blogueira Mariah, que em seus looks
sempre apresenta referências da década de 70. Desta forma, foram produzidos
modelos que pudessem remeter a este mesmo período.
Modelo: R01
Bolsa Média
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 41 - Modelo R01 - Linha Retrô
Pensando em praticidade, optou-se por uma bolsa (figura 41) que possa ser
usada transpassada. Para isto, foi desenvolvida uma alça em couro e com um
pedaço dela trocado por uma corrente finalizada por um mosquetão. O corpo, em
camurça mostarda, possui uma tampa frontal sem fechamento, pois este é feito
internamente através de um zíper interno. Também são destacados os recortes nos

114
cantos, evidenciados através da aplicação de rebites em dourados. Na parte interna,
o forro é em tecido floral, e possui bolso invisível e espaço para celular.
Modelo: R02
Fôrma 1
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 42 - Modelo R02 - Linha Retrô
Na sapatilha estilo salomé (figura 42) desenvolvida a partir da fôrma 1, o
cabedal é feito em tecido dublado floral, o mesmo utilizado pra o forro da bolsa
anterior. A camurça verde é aplicada no debrum, na parte traseira e na pulseira do
tornozelo. Como detalhe do modelo, destaca-se o rebite aplicado na lateral externa.
No forro, camurcina nude aplicada ao avesso, na palmilha camurça verde e no
solado couro.
Ainda seguindo o estilo dos calçados salomé, que são uma das apostas para
Outono/Inverno 2012 e preferência de Mariah, o modelo a seguir (figura 43) é criado
com base na fôrma 2, sob um salto anabela fachetado. O cabedal é todo construído
em camurça verde, e todo forrado no tecido floral utilizados nos modelos anteriores.
A pulseira no tornozelo que prende a tira do salomé, é presa ao cabedal na
parte traseira através de um rebite em banho dourado, mesmo banho da fivela. A
palmilha também recebe forração do tecido floral e o solado é em couro.

115
Modelo: R03
Fôrma 2
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 43 - Modelo R03 - Linha Retrô
Por fim, o último modelo da linha, que segue a mesma construção do
anterior: salto anabela fachetado com base na fôrma 2. Porém, este é um scarpin
(figura 44) em camurça mostarda, tendo na parte traseira do modelo, aplicação de
franjas que caem sob o salto, no mesmo material do cabedal.
Para o forro, foi definido o tecido dublado em estampa floral, criando uma
unidade com as outras peças da coleção. A palmilha interna é forrada com o mesmo
tecido e o solado do modelo é feito em couro.

116
Modelo: R04
Fôrma 2
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 44 - Modelo R04 - Linha Retrô
7.7.4 Sensual
A última linha desta coleção, intitulada Sensual, é inspirada no estilo da
blogueira Lalá Rudge. Porém o estilo sensual de Lalá é sofisticado, e a escolha dos
materiais é de extrema importância para que os produtos consigam transmitir estas
características sem se tornarem popularizados.
Para a bolsa desta linha (figura 45), optou-se por um modelo pequeno de
mão, próprio para festas, devido à vida social da blogueira, que freqüenta muitos
eventos, festas e casamentos. O corpo do modelo é confeccionado em renda preta
dublada no cetim chumbo, e possui nas bordas tiras de camurcina na cor sangue
aplicada. No centro da tampa, outra tira mais grossa da mesma camurcina recebe a
aplicação de dois laços, estes presos através de um metal em banho dourado. O
forro é de camurcina nude.

117
Modelo: S01
Bolsa pequena
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 45 - Modelo S01 - Linha Sensual
Sendo uma das preferências de Lalá os sapatos de salto fino, foi elaborado
um scarpin a partir da fôrma 3, em que o bico também é afinado. Este modelo pode
ser uma combinação para a bolsa apresentada anteriormente, com cabedal em
renda dublada e debrum em camurcina sangue.
A pulseira no tornozelo é feita na mesma camurcina, assim como o laço
aplicado na parte traseira do modelo, através do adorno de metal. O forro é feito em
camurcina preta ao avesso e o solado em couro preto.

118
Modelo: S02
Fôrma 3
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 46 - Modelo S02 - Linha Sensual
O segundo modelo de scarpin, também de salto fino, é elaborado a partir da
fôrma 2, que possui o bico redondo. Neste modelo, para criar um salto ainda mais
alto, é utilizada a plataforma frontal, que fica escondida pelo cabedal. No cabedal, a
camurcina sangue é o principal material, porém na parte traseira do modelo, é
utilizado o tecido acetinado com estampa de onça. Nesta mesma parte, também é
aplicado o laço em camurcina sangue e rebite em banho dourado na lateral.
Como detalhe, podemos ressaltar uma abertura frontal na parte superior do
bico do modelo. O forro é um couro gold e o solado em couro.

119
Modelo: S03
Fôrma 2
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 47 - Modelo S03 - Linha Sensual
No último calçado desta linha, uma opção para ser utilizada no dia-a-dia,
porém sem perder a sofisticação, característica da blogueira. O modelo produzido a
partir da fôrma 1, possui cabedal de tecido acetinado com estampa de onça e
camurcina preta, esta última aplicada na biqueira,debrum e parte traseira. Entre a
costura dos materiais, o couro gold é aplicado como forma de vivo. O laço, um dos
elementos de estilo desta linha, é feito na camurcina preta. O forro é em camurcina
nude ao avesso e o solado em couro.

120
Modelo: S04
Fôrma 1
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 48 - Modelo S04 - Linha Sensual
7.7.5 Quadro de Coleção
No quadro de coleção, é quando podemos ter uma visualização geral da
coleção, podendo fazer um comparativo entre os modelos e linhas, pois estão sendo
apresentados em conjunto e com a mesma proporção.

121
QUADRO DE COLEÇÃO
LINHA ELEGANTE
LINHA CRIATIVA LINHA RETRÔ LINHA SENSUAL
Fonte: Elaborado pela autora
Tabela 10 - Quadro de coleção

122
7.8 DETALHAMENTO TÉCNICO
Coleção: Blogueiras de
Moda
Linha: Elegante
Modelo: E04
Fôrma: K20069
Numeração: 35
Designer: Raquel Leão
Cabedal
Bordas
OBS:
Material
Cor
1. Camurcina Preto
2. Camurcina Nude
3. Couro Gold
( x )com vivo ( x )debrum a máquina ( )debrum francês
( )luvadas ( )viradas ( )a fio sem pintura
( )a fio pintura normal ( )a fio pintura emborrachada ( )cor
Material
Cor
Forro 6. Camurcina Nude
Debrum 1. Camurcina Preto
Camurcina
Preto
Palmilha
()3/4 (x )inteira ( )amalfi ( )com taloneira:
( )lisa ( )bordado ( )laser ( )com costura n°:
Costura
Linha
Cor
Nº 60 Na cor
Ornamento
Referência
Fivela
Rebite
Banho/Cor
Ouro
Ouro
Préfabricado
Material
Solado: couro
Cor
Preto

123
Coleção: Blogueiras de
Moda
Linha: Criativa
Modelo: C02
Fôrma: K28572D
Numeração: 37
Designer: Raquel Leão
Cabedal
Bordas
OBS:
Material
Cor
1. Camurcina Azul
2. Camurça Verde
3. Couro Gold
( x )com vivo ( x )debrum a máquina ( )debrum francês
( )luvadas ( )viradas ( )a fio sem pintura
( )a fio pintura normal ( )a fio pintura emborrachada ( )cor
Material
Cor
Forro 6. Couro Gold
Debrum 1. Couro Gold
Couro
Gold
Palmilha
(x)3/4 ( )inteira ( )amalfi ( )com taloneira:
( )lisa ( )bordado ( )laser ( )com costura n°:
Costura
Linha
Cor
Nº 60 Na cor
Ornamento
Referência
4.Fivela
Metal com strass
Banho/Cor
Ouro
Ouro
Préfabricado
Material
Cor
Solado: Couro
Natural
Salto:
Verde
( X )forrado ( )fachetadao ( )pintado
Taco: TPU
Natural

124
Coleção: Blogueiras de
Moda
Linha: Retrô
Modelo: R01
Bolsa média
Designer: Raquel Leão
Cabedal
Bordas
OBS:
Material
Cor
1. Camurça Mostarda
2. Couro Mostarda
( x )com vivo ( x )debrum a máquina ( )debrum francês
( )luvadas ( )viradas (x )a fio sem pintura
( )a fio pintura normal ( )a fio pintura emborrachada ( )cor
Material
Cor
Forro Tecido dublado floral
Costura
Linha
Cor
Nº 60 Na cor
Ornamento
Referência
Banho/Cor
3.Corrente
Ouro
4. Elo retangular Ouro
5. Rebite Ouro

125
Coleção: Blogueiras de
Moda
Linha: Sensual
Modelo: C02
Fôrma: DQ92533135
Numeração: 35
Designer: Raquel Leão
Cabedal
Bordas
OBS:
Material
Cor
1. Rendal dublada preto
2. Camurcina Sangue
( )com vivo ( x )debrum a máquina ( )debrum francês
( x )luvadas ( )viradas ( )a fio sem pintura
( )a fio pintura normal ( )a fio pintura emborrachada ( )cor
Material
Cor
Forro 3.Camurcina Preta
Debrum 2. Camurcina Sangue
1.Camurcina
preto
Palmilha
()3/4 (x )inteira ( )amalfi ( )com taloneira:
( )lisa ( )bordado ( )laser ( )com costura n°:
Costura
Linha
Cor
Nº 60 Na cor
Ornamento
Referência
4.Fivela
5.Metal quadrado
Banho/Cor
Ouro
Ouro
Préfabricado
Material
Cor
Solado: Couro
Preto
Salto:
Renda
( X )forrado ( )fachetadao ( )pintado
Taco: TPU
Preto

126
8. PROPOSTA DE LANÇAMENTO
Após o desenvolvimento da coleção Blogueiras de Moda, será apresentada
uma proposta de lançamento para a mesma. Sendo uma coleção inspirada no estilo
das blogueiras de moda, é sugerido que o lançamento seja feito através de posts
nos blogs destas blogueiras: Garotas Estúpidas, Petiscos, Blog da Mariah e Blog da
Lalá e Maria Rugde. O conteúdo de cada post será composto por um texto
explicativo da coleção e as imagens da linha correspondente a cada blogueira.
Fonte: elaborado pela autora
Figura 49 - Post Lançamento (Garotas Estúpidas)

127
Este proposta de lançamento se aplicaria aos demais blogs participantes da
coleção, além de outros blogs em que fosse contratada a publicidade para
divulgação da coleção.
De acordo com o tipo de publicidade analisada nos blogs de moda no
capítulo 3, as blogueiras que fizessem a divulgação, poderiam receber os produtos
da linha como forma de pagamento, assim como dinheiro.
Desta forma, além da publicidade tradicional feita com lançamentos de
coleções, como feiras, editorias em revistas, desfiles, entre outros, o lançamento nos
blogs de moda também são de extrema importância, visto que o público que a
coleção quer atender é o leitor deste canal.

128
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a primeira parte deste projeto, o objetivo principal foi estabelecer
uma relação entre os blogs e a moda, tendo como objeto de análise dos blogs de
moda e as blogueiras, a fim de buscar, através de pesquisa bibliográfica, como as
blogueiras de moda podem influenciar seus leitores no comportamento de consumo
individual.
No primeiro capítulo, foi possível compreender a contextualização da moda,
o surgimento das tendências e como elas são difundidas e adotadas pela sociedade.
Desta maneira conseguimos identificar que a moda abrange os conceitos de
similaridade e individualismo ao mesmo tempo. Enquanto uns buscam se
assemelhar a quem consideram superiores, com o intuito de se enquadrar no
mesmo grupo, outros buscam justamente o contrário, buscando seu lugar na
sociedade pela diferenciação, tendo um estilo único.
Com base neste estudo, foi também possível identificar o que são as
tendências de moda, como as mesmas surgem e são pesquisadas e por fim, como
são difundidas e adotadas pela sociedade. Dentre as teorias de difusão de
tendências, podemos identificar quem são os personagens responsáveis por este
processo, considerando também a propagação de informação através do fenômeno
do boca a boca. Este fenômeno foi item de extrema importância para que se
entenda o sucesso que os blogs possuem nos dias de hoje.
Sendo assim, foram também aprofundados os estudos acerca dos blogs,
para melhor compreensão do seu funcionamento e categorização dos mesmos, com
a finalidade de enquadrar os blogs de moda dentro de uma destas categorias. O que
podemos perceber, no entanto, é que os blogs de moda possuem um caráter de
blog pessoal, em que a blogueira demonstra sua opinião sobre assuntos
relacionados à moda. Porém, estes blogs podem também ser classificados como
profissionais devido a maneira como são utilizados nos dias de hoje.
As blogueiras transmitem informação de moda para as suas leitoras, através
da conversação que hoje é possível, pelo meio de postagens e comentários devido
ao advento da Web 2.0, caracterizando-se assim como uma propagação boca a
boca, conforme citado ao decorrer da pesquisa.

129
Como consequência deste processo de transmissão de informação de forma
rápida e eficiente feita através dos blogs de moda, foi identificada assim pelas
empresas do mercado, como uma poderosa ferramenta de publicidade. Esta
constatação foi apresentada através de casos, em que as blogueiras de moda foram
personagens dentro do sistema, participando no desenvolvimento de produtos, como
modelos em campanhas e agregadoras de redes de comunicação, como no caso da
FHits.
Para que se pudesse comprovar esta pesquisa realizada através de
referencial bibliográfico, o questionário aplicado foi de extrema importância. Por
englobar um público leitor de blogs de moda, ou seja, uma rede social, o
questionário foi aplicado dentro do universo destes usuários através de um link.
Disponibilizado através de comentários em blogs, no Twitter e no Facebook, o
resultado teve grande abrangência, resultando em duzentos e sete entrevistados.
A coleta de dados através dos resultados, pode evidenciar que o público
feminino, pertencente á geração Y, acessa blogs de moda com bastante frequência.
Este mesmo público acompanha as postagens das blogueiras referentes ao look do
dia, demonstrando assim uma preocupação com o que elas usam, e este pode
assim ser um indício de que estas pessoas buscam nestas blogueiras referências
para se assemelhar a um grupo ou até mesmo identificar o que é uma tendência.
Podemos considerar isto, através do fato de quase a metade dos entrevistados
acredita no poder das blogueiras para disseminar uma tendência.
Através dos resultados, também foi possível concluir que estes leitores são
influenciados pela opinião das blogueiras, demonstrando isto no comportamento de
consumo, onde a maioria diz já ter comprado algum produto por influencia de uma
blogueiras de moda. Agregando a esta informação, concluímos quais são as
blogueiras consideradas as mais influentes da blogosfera de moda, através da
quantidade de vezes que as mesmas foram citadas.
Considerando a hipótese levantada para a pesquisa, em que as blogueiras
por terem fácil acesso a alguns artigos de moda, podem ser avaliadas pela
comunidade virtual, no caso os leitores, como uma grande fonte de inspiração,
transformando-as em líderes de opinião, podemos avaliar que ela foi confirmada
através da bibliografia e da pesquisa de campo realizada com os leitores. Podemos
assim considerar, que um público influenciado por estas blogueiras, acompanha
suas postagens e aprecia o estilo das mesmas.

130
Com base nas informações obtidas na primeira etapa do projeto, a segunda
parte, denominada Trabalho de Conclusão II, parte do princípio de definição do
público-alvo. Este público, da geração Y, é também pertencente a geração JPEG,
em que tem como principal característica, o mix de informações obtidas através de
meios como a internet. Desta forma, é importante ressaltar a importância da
pesquisa de campo para a criação desta coleção. Através dela, foi possível
identificar que o público-alvo, leitores de blogs de moda, buscam nestas blogueiras
uma fonte de inspiração, acompanhando o que as mesmas compram e usam.
Com o público-alvo traçado, foi apresentada a proposta de coleção, que teve
como principal inspiração, as blogueiras mais influentes do Brasil. Desta forma, foi
traçado uma metodologia projetual específica, baseada nas metodologias de
Treptow e Munari, a fim de facilitar o processo de desenvolvimento dos produtos.
Pode-se observar, ao decorrer do processo de desenvolvimento, que uma
metodologia bem definida, ajuda a estabelecer os elementos a serem utilizados na
coleção.
É importante ressaltar que a criação de painéis de inspiração, bem como a
pesquisa de tendências também apresentada através de painéis, auxilia no processo
de criação, pois através deles é possível observar os elementos como um todo e
analisar quais são os mais adequados para os produtos a serem criados.
A partir destas definições, pode-se enfim criar a coleção, que foi composta
por quatro linhas, cada uma correspondente ao estilo de uma blogueira, e
denominadas através dos estilos traçados para cada: Elegante, Criativa, Retrô e
Sensual. Para cada linha, foram desenvolvidos um modelo de bolsa e três calçados,
com o objetivo de oferecer um mix de produtos que pudesse agregar informações
dos estilos das blogueiras e das pesquisas de tendências apresentadas.
Como última proposta, é sugerido o lançamento desta coleção através dos
blogs de moda, pois o público-alvo que a coleção deseja atingir, são os leitores
deste canal de comunicação.
Desta forma, pode-se identificar que os objetivos traçados para este projeto
foram atingidos. Através da revisão bibliográfica e pesquisa de campo, foi possível
coletar dados para que se identificasse o público-alvo e quais são as blogueiras
mais influentes do Brasil. Como complemento, a pesquisa de tendências e análise
do estilo destas blogueiras foi fundamental para que se pudesse desenvolver a
coleção de calçados e acessórios, que se assemelhasse ao estilo das mesmas. Por

131
fim, pode-se concluir que este público, leitor de blogs de moda e que acompanha o
estilo das blogueiras, poderá usufruir de produtos inspirados no estilo das mesmas e
assim se sentirem similares a elas.

132
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139
APÊNDICES
APÊNDICE A – Questionário “As blogueiras de moda e suas influências”.
Sexo*
Marque apenas uma opção
Feminino
Masculino
Idade*
Marque apenas uma opção
Menor de 18 anos
Entre 18 e 24 anos
Entre 25 e 30 anos
Mais de 30 anos
Com que frequência você acessa blogs de moda?*
Marque apenas uma opção
Raramente
Uma vez por semana
Duas ou mais vezes por semana
Uma vez ao dia
Várias vezes ao dia
Você acompanha postagens sobre o look do dia das blogueiras nacionais?*
Marque apenas uma opção
Sim
Não
Às vezes
Quais são os três blogs de moda nacionais que você acessa com maior frequência?*
Pode ser em ordem de preferência ou não.
º
1
º
º
2
3

140
Você acredita que as blogueiras ditam tendências de moda?*
Marque apenas uma opção
Sim
Não
Às vezes
Antes de comprar algum produto relacionado à moda, você consulta blogs
específicos do assunto, buscando opinião das blogueiras?*
Marque apenas uma opção
Sim
Não
Às vezes
Você já comprou algum produto por influência de alguma blogueira?*
(Ex. a blogueira usou algo ou comprou e indicou)
Sim
Não
Não, mas já tive vontade
Qual tipo de produto você comprou ou desejou comprar influenciada por uma
blogueira?*
Pode marcar quantas opções desejar
Roupas
Calçados
Bolsas
Acessórios
Maquiagem
Outro
Não se aplica
O que você acha de coleções que são criadas inspiradas no estilo das blogueiras de
moda?*
Marque apenas uma opção
Interessante/Usaria
Indiferente
Não gosto/Não usaria
Depende da coleção ou produto