You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
WADI RUM<br />
IMedo e enjôo ficam<br />
para trás diante da<br />
experiência no lombo<br />
do camelo<br />
IPasseio pelas trilhas<br />
solitárias do deserto<br />
é oportunidade para<br />
refletir em ambiente<br />
naturalmente lindo<br />
ICarneiro é assado<br />
com legumes<br />
debaixo da terra e<br />
servido no jantar<br />
em Wadi Rum<br />
banho, talvez o mais inesquecível da sua vida. Antes que<br />
a viagem pareça uma lembrança a ser esquecida, surgem<br />
vestidos em longas batas brancas, os beduínos, que complementam<br />
seu visual com lenços quadriculados amarrados<br />
à cabeça, numa espécie de armadura capaz de superar<br />
as altas temperaturas que dominam o deserto. São<br />
eles os responsáveis por ofertar o mimo mais precioso<br />
do acampamento traduzido em desmedido carinho e<br />
atenção. São eles também que conduzem a uma experiência<br />
fantástica, vivida no lombo de um camelo, a caminho<br />
do pôr-do-sol. A cada marca deixada na areia pelas patas<br />
do animal – numa vasta área de solidão -, os desenhos<br />
naturais que envolvem a cena convidam à reflexão, à feitura<br />
de um pedido ou a qualquer pensamento que simplesmente<br />
deixe a imaginação fluir, tamanha magia que<br />
circunda o momento. Não há tempo para pensar em enjôo<br />
ou medo, uma vez que a reação mais natural é curtir<br />
uma excitação contida frente a um episódio da vida quase<br />
indescritível. O desfecho se dá em silêncio no alto de uma<br />
pedra, onde os segundos são contados iluminados por um<br />
sol que não faz feio diante dos convidados que o observam<br />
sumir atrás das montanhas para a chegada da lua.<br />
Quando a noite cai<br />
Na troca de turno, quando a claridade é substituída pela<br />
escuridão, o acampamento se mostra lotado por turistas<br />
vindos das mais diversas partes do mundo atraídos pela possibilidade<br />
de aproximação de uma cultura de costumes tão<br />
diferentes, como a árabe, que sugere opressão num distante<br />
olhar ocidental, e respeito e alegria para quem se permite<br />
entendê-la. Ao passo que as horas seguem, a grande estrela<br />
da noite sai literalmente da terra, já que, segundo a receita, o<br />
carneiro – principal carne consumida na Jordânia – precisa<br />
ser cozido junto ao fogo, mas embalado em papel alumínio<br />
e acomodado em um tipo de churrasqueira que é devidamente<br />
enterrada e coberta por uma fogueira. No tempo precisamente<br />
determinado na cabeça dos beduínos, o pacote é<br />
desenterrado para saciar os hóspedes com uma carne tenra,<br />
acompanhada de legumes, salada de vegetais, homus e pão<br />
sírio. Bebidas – sempre e apenas não-alcoólicas – estão incluídas.<br />
À medida que a fome é satisfeita, a ordem é largar o<br />
prato para se aventurar na dança árabe, delineada ora pelo<br />
movimento para frente e para trás dos pés dos homens, ora<br />
pelas curvas envolventes das mãos das mulheres. A música<br />
se faz no estilo voz, violão e palmas das mãos. O que de longe<br />
parece fácil, de perto é um desafio difícil de ser vencido. No<br />
entorno, discretamente, os beduínos apreciam e se deixam<br />
conquistar pelo movimento dessincronizado das turistas,<br />
que em homenagem e em respeito a eles, se trajam em longas<br />
batas delicadamente bordadas com linhas coloridas. A festa<br />
acaba em melancia, causos e muitas risadas. Com todos os<br />
hóspedes em suas respectivas tendas, absolutamente todas<br />
as luzes são apagadas e parte da energia elétrica desligada.<br />
Uma última olhada para o céu e todas as estrelas estão presentes,<br />
em intensa proximidade dos olhos. É hora de dormir<br />
na completa quietude do coração de Wadi Rum.<br />
64 2011 BRASIL TRAVEL NEWS