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Filosofia e Sociologia

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Essas políticas têm como objetivo central, diminuir a<br />

influência do Estado sobre a economia, a sociedade, a<br />

cultura. Como será que essas políticas são<br />

compreendidas na atualidade do final do século XX e<br />

começo do século XXI? Vejamos.<br />

Segundo o historiador inglês Perry Anderson (1995), o<br />

Neoliberalismo tem uma história que remonta os anos<br />

posteriores a Segunda Guerra Mundial quando um grupo<br />

de pensadores neoliberais se organizou e elaborou um<br />

conjunto de medidas, tais como: liberar o Estado das<br />

questões sociais e coletivistas que segundo estes<br />

pensadores são onerosas para os cofres públicos; liberar<br />

as fronteiras comerciais de taxas que dificultassem as<br />

relações comerciais internacionais; controlar a emissão<br />

da moeda; modificar as leis que controlam o Estado no<br />

que diz respeito à Previdência, às leis trabalhistas, aos<br />

impostos, à propriedade intelectual, às empresas e<br />

instituições públicas e a relação com o movimento<br />

sindical; a estas modificações na lei damos o nome de<br />

Reforma do Estado.<br />

Estas ideias passaram a ser aplicadas nos países na<br />

década de 1970 e têm significado a diminuição da<br />

presença do Estado na sociedade, na economia, na<br />

cultura. Essa diminuição vai encontrar na Reforma do<br />

Estado a sua legitimação. Precisamos entender o que é a<br />

Reforma do Estado: é uma mudança nas leis, que liberam<br />

ou diminuem a presença do Estado na fiscalização das<br />

questões trabalhistas; no cuidado com a escola e com a<br />

saúde pública; no cuidado com os aposentados; com a<br />

infraestrutura – estradas, portos, aeroportos. A solução<br />

dada por aqueles que defendem o Neoliberalismo é a<br />

privatização dos órgãos e serviços que estão sob a tutela<br />

do Estado.<br />

O Neoliberalismo é uma retomada, no século XX e XXI,<br />

da proposta liberal, defendida por John Locke (1632-<br />

1704), no século XVII. Locke, pensador inglês afirma<br />

que os homens são livres e iguais entre si, na medida em<br />

que não existe uma desigualdade natural. Tudo está ao<br />

acesso de todos, não devendo nada regular o acesso aos<br />

bens. Assim, operários e capitalistas como proprietários,<br />

cada um à sua maneira, de qualidades diferentes podem<br />

trocá-las como se fosse uma troca entre iguais, entre<br />

seres livres, não devendo o Estado se colocar entre eles.<br />

No pensamento liberal, o trabalhador pode escolher entre<br />

trabalhar para este ou para aquele patrão, de acordo com<br />

a sua conveniência, pois ele é livre para escolher. É aqui<br />

que entra o pensamento marxista para fazer a crítica a<br />

esta questão e desvendar o papel do Estado, como<br />

representante dos interesses capitalistas.<br />

Na grande maioria das vezes o trabalhador não pode<br />

escolher a tarefa, o salário e muitas vezes para quem vai<br />

trabalhar. Há na sociedade dividida em classes a<br />

hegemonia da classe dominante no controle da<br />

organização do trabalho, do Estado, da economia, da<br />

cultura. Essa hegemonia é a própria dominação que os<br />

capitalistas exercem sobre os trabalhadores e sobre o<br />

conjunto da sociedade, o que impede que os indivíduos<br />

possam escolher incondicionalmente para quem vão<br />

trabalhar.<br />

As pessoas que trabalham já devem ter ouvido, quando<br />

pedem um aumento de salário ou melhores condições de<br />

trabalho, que se não estiverem satisfeitas, podem pedir a<br />

conta, pois existem pessoas que trabalhariam por um<br />

salário menor. Essa pressão faz com que as pessoas<br />

muitas vezes aceitem a imposição hegemônica do patrão.<br />

O Neoliberalismo, como uma reedição das ideias<br />

liberais, vêm modificando a relação do Estado com a<br />

sociedade. Por exemplo, no Brasil ocorreu a privatização<br />

de estradas com a cobrança de pedágio; do Sistema<br />

Brasileiro de Telecomunicações; dos bancos estaduais,<br />

como o Banestado (Banco do Estado do Paraná); da<br />

CSN, Companhia Siderúrgica Nacional, empresa que<br />

produz aço para a indústria de bens duráveis – como<br />

carros, eletrodomésticos.<br />

Desta lista o que você concluiu? Já parou para pensar<br />

como ficará a situação daqueles que não podem ter<br />

acesso ao serviço de telefonia, luz, água, gás, escola,<br />

saúde, sem que o Estado financie e garanta o acesso de<br />

todos às conquistas tecnológicas e sociais? São questões<br />

importantes que envolvem a adoção por parte dos<br />

governos, das políticas neoliberais, e que dizem respeito<br />

à sua existência.<br />

Existe uma questão muito importante nesta discussão de<br />

globalização e neoliberalismo. Não podemos ficar com<br />

“raiva” do que é estrangeiro e passarmos a praticar atos

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