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Filosofia e Sociologia

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dignidade sedimentada na liberdade de pensamento e em,<br />

principalmente, no reconhecimento de sua fragilidade<br />

existencial.<br />

Através da maiêutica ele procura dentro do Homem a<br />

verdade. É famosa sua frase “conhece-te a ti mesmo”,<br />

que dá início à jornada interior da Humanidade, na busca<br />

do caminho que conduz à prática das virtudes morais.<br />

Através de questões simples, inseridas dentro de um<br />

contexto determinado, a Maiêutica dá à luz ideias<br />

complexas.<br />

O filósofo busca o conhecimento através de questões que<br />

revelam uma dupla face – a ironia e a maiêutica. Através<br />

da ironia, o saber sensível e o dogmático se tornam<br />

indistintos. Sócrates dava início a um diálogo<br />

com perguntas ao seu ouvinte, que as respondia através<br />

de sua própria maneira de pensar, a qual ele parecia<br />

aceitar. Posteriormente, porém, ele procurava convencêlo<br />

da esterilidade de suas reflexões, de suas contradições,<br />

levando-o a admitir seu equívoco.<br />

Por intermédio da maiêutica, ele mergulha no<br />

conhecimento, ainda superficial na etapa anterior, sem<br />

atingir, porém, um saber absoluto. Ele utilizava este<br />

termo justamente porque se referia ao ato da parteira –<br />

profissão de sua mãe -, que traz uma vida á luz. Assim<br />

ele vê também a verdade como algo que é parido. Seu<br />

senso de humor costumava desorientar seus ouvintes,<br />

que na conclusão do debate acabavam admitindo seu<br />

desconhecimento. Deste diálogo nascia um novo<br />

conhecimento, a sabedoria. Um exemplo comum deste<br />

método é o conhecido diálogo platônico ‘Mênon’ – nele<br />

Sócrates orienta um escravo sem instrução a adquirir tal<br />

conhecimento que ele se torna capaz de elaborar diversos<br />

teoremas de geometria<br />

O P r ob lem a d o C on h ecim en t o<br />

Por Aderson de Paula Borges – Professor do Ensino Público no Estado do Paraná<br />

A questão do conhecimento é, provavelmente, o<br />

problema mais antigo da filosofia. É verdade que a<br />

produção e organização de conhecimentos técnicos,<br />

artísticos, agrícolas, etc., é anterior ao conhecimento<br />

filosófico iniciado pelos pré-socráticos.<br />

(...) no espaço de alguns séculos, a Grécia conheceu, em<br />

sua vida social e espiritual, transformações decisivas.<br />

Nascimento da Cidade e do Direito, advento, entre os<br />

primeiros filósofos, de um pensamento de tipo racional e<br />

de uma organização progressiva do saber em um corpo<br />

de disciplinas positivas diferenciadas: ontologia,<br />

matemática, lógica, ciências da natureza, medicina,<br />

moral, política, criação de formas de arte novas, de<br />

novos modos de expressão, correspondendo à<br />

necessidade de autentificar os aspectos até então<br />

desconhecidos da experiência humana: poesia lírica e<br />

teatro trágico nas artes da linguagem, escultura e<br />

pintura concebidas como artifícios imitativos nas artes<br />

plásticas.(VERNANT, 1973, p. 04)<br />

Antes mesmo do nascimento da filosofia na Grécia<br />

antiga do séc. V a.C. já há uma cultura estabelecida,<br />

sobretudo nos textos épicos de Hesíodo e Homero, mas<br />

também na poesia lírica e nos conhecimentos<br />

rudimentares que os gregos do século VI a.C. tinham<br />

sobre astronomia.<br />

Ao se constituir, a filosofia provoca um afastamento<br />

gradual e doloroso desta tradição. Os heróis e os valores<br />

presentes nas histórias de Homero e Hesíodo são<br />

questionados pelos primeiros filósofos. A tradição mítica<br />

entra em crise e a filosofia passa a absorver questões<br />

como a origem do universo, o bem universal, o que é o<br />

ser, a organização política de uma cidade, etc. É<br />

provavelmente neste momento, por volta da metade do<br />

século V a.C. em Atenas, que podemos situar o<br />

nascimento de uma preocupação com as condições em<br />

que se dá o conhecimento.<br />

Mas por que o conhecimento é um tema exclusivamente<br />

filosófico? Antes do advento da filosofia não existe o<br />

problema? O helenista Jean-Pierre Vernant diz que a<br />

preocupação com o conhecimento puro, isto é, o saber<br />

que não carrega traços religiosos ou míticos, é uma<br />

característica dos primeiros filósofos. Homens como<br />

Tales, Anaximandro, Anaxímenes apresentam em suas<br />

investigações uma teoria, uma visão geral do mundo que<br />

explica racionalmente a estrutura física e espiritual desse<br />

mundo. Vernant afirma ainda que esses primeiros<br />

pensadores tinham plena consciência de que produziam<br />

um conhecimento radicalmente novo e, em muitos<br />

pontos, oposto à tradição religiosa.<br />

(VERNANT, 1973, p. 156-8)<br />

P lat ã o e P r ot á gor : as Racionalismo e Relativismo<br />

O que de fato diferencia esses níveis de conhecimento de<br />

que falamos, ou seja, qual a natureza específica da<br />

sensação, da crença e do conhecimento? Vejamos o que<br />

Platão e Protágoras escreveram a respeito. Platão é um<br />

filósofo nascido em Atenas do período clássico. Sua obra<br />

trata de política, moral, ciência e arte. Platão descrevia<br />

suas teses em textos escritos na forma de diálogos<br />

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