Estu<strong>do</strong>s recentes sobre a Amazônia brasileira (Fearnsi<strong>de</strong>, 1991; Perz & Walker, 2002;Macqueen et al.,2005; Steward, 2006; Amacher et al., 2009; Gue<strong>de</strong>s, 2010), têm aponta<strong>do</strong>para o potencial <strong>de</strong> impacto <strong>do</strong> manejo local realiza<strong>do</strong> por extrativistas e pequenosprodutores rurais. Estimativas para região <strong>de</strong>monstram que os pequenos agricultores (mais<strong>de</strong> 700 mil famílias) são responsáveis por cerca <strong>de</strong> 20% <strong>do</strong> total <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong>smata<strong>da</strong>s(Amacher et al., 2009; Nepstad et al., 2004). Em Madre <strong>de</strong> Dios, on<strong>de</strong> historicamente ospequenos produtores induziram a maioria <strong>do</strong>s eventos <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento regional (Chavez,2009), Asner et al., (2010) encontrou um índice quase três vezes maior <strong>de</strong> 49% <strong>de</strong> áreas<strong>de</strong>smata<strong>da</strong>s em <strong>de</strong>trimento <strong>da</strong> agricultura e <strong>da</strong> criação <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> que permanecem sen<strong>do</strong>pratica<strong>da</strong>s em gran<strong>de</strong> parte nas <strong>pequenas</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Ain<strong>da</strong> que não esteja <strong>de</strong>linea<strong>da</strong> a forma como se <strong>da</strong>rá a expansão <strong>de</strong>ssas <strong>pequenas</strong>proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou se <strong>de</strong> fato haverá um crescimento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> agrícola em Madre <strong>de</strong> Dios,analisamos que cerca <strong>de</strong> 8% <strong>do</strong> território regional (GOREMAD-IIAP, 2008) não possuem<strong>uso</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> e são passíveis para esse tipo <strong>de</strong> exploração. Levan<strong>do</strong> em conta que adistribuição <strong>de</strong> <strong>terra</strong>s em Madre <strong>de</strong> Dios é regulamenta<strong>da</strong> pelo Esta<strong>do</strong> que conce<strong>de</strong>u áreas<strong>de</strong> concessões para <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s <strong>uso</strong>s (extração <strong>de</strong> castanha e ma<strong>de</strong>ira, ecoturismo, etc.)e averbou cerca <strong>de</strong> 60% <strong>do</strong> território como áreas naturais protegi<strong>da</strong>s (Fig.2). Esses 8%restantes (mais <strong>de</strong> 600.000 hectares), conforme imagens Landsat (ETM+) constituem áreas<strong>de</strong> cobertura florestal <strong>de</strong>nsa (Department of Global Ecology, 2005 – Gregory, P.Asner eConservação Internacional, 2005), que foram zonea<strong>da</strong>s como <strong>terra</strong>s <strong>de</strong> “<strong>uso</strong> <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>”e que a priori não possuem legislação ou plano <strong>de</strong> manejo.Figura 2. Madre <strong>de</strong> Dios: Cobertura e <strong>uso</strong> <strong>da</strong> <strong>terra</strong>.12
Esforços para a abertura <strong>da</strong> floresta em Madre <strong>de</strong> Dios, principalmente em relação a essaporcentagem <strong>de</strong> <strong>terra</strong>s sem <strong>uso</strong> regulamenta<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong>, surgem mais fortemente com otérmino <strong>da</strong> ro<strong>do</strong>via IOS. Muitos pesquisa<strong>do</strong>res especulam sobre os benefícios <strong>da</strong> ro<strong>do</strong>via eseu potencial <strong>de</strong> impacto na região (Dourojeanni et al., 2006; Men<strong>do</strong>nza et al.,2007; Rubio,2007; Zambrano et al., 2010; Perz et al., 2010; 2011), já que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estra<strong>da</strong>sem áreas anteriormente remotas aumenta consi<strong>de</strong>ravelmente as taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento(Fearnsi<strong>de</strong>, 1987). Avaliações <strong>de</strong> impactos <strong>de</strong> estra<strong>da</strong>s na Amazônia brasileira <strong>de</strong>monstramque a distribuição <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas em regiões <strong>de</strong> fronteira é fortemente influencia<strong>da</strong>pela infraestrutua <strong>de</strong> transporte (Soares-Filho et al., 2002; Pfaff et al., 2007; 2009; Zambranoet al., 2010). Laurence et al., 2001 estimou que para essas regiões 30% <strong>da</strong>s per<strong>da</strong>sflorestais ocorrem em torno <strong>da</strong>s ro<strong>do</strong>vias, sen<strong>do</strong> que 20% <strong>de</strong>ssa per<strong>da</strong> são em uma faixa <strong>de</strong>11-25km a partir <strong>da</strong> bor<strong>da</strong>, e 10% em áreas mais distantes em torno <strong>de</strong> 26-50 km.De acor<strong>do</strong> com a IIRSA a ro<strong>do</strong>via IOS será um <strong>do</strong>s principais eixos <strong>de</strong> integração e<strong>de</strong>senvolvimento para o Brasil e Peru. Apesar <strong>do</strong>s possíveis benefícios econômicos ecomerciais, análises recentes (Babbit, 2009; Dourojeanni, 2009; Zambrano et al.,2010)salientam que os poucos <strong>de</strong>bates e a ausência <strong>de</strong> uma avaliação <strong>de</strong> impacto ambiental àescala a<strong>do</strong> projeto, para uma estra<strong>da</strong> que atravessa to<strong>do</strong> o su<strong>do</strong>este <strong>da</strong> bacia Amazônica,levará ao intenso <strong>de</strong>smatamento. A preocupação com o aumento <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento naregião pauta-se além <strong>da</strong> <strong>de</strong>vastação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, na per<strong>da</strong> <strong>do</strong>s serviços ambientais <strong>da</strong>floresta com foco principal relaciona<strong>do</strong> à importância <strong>do</strong> bioma para o equilíbrio climático,ten<strong>do</strong> em conta a alta contribuição <strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> carbono provenientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamentotropical. Anualmente os eventos <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento liberam para atmosfera cerca <strong>de</strong> 1,6 a2,4 Pg <strong>de</strong> carbono (De Jong et al., 2000; Fearnsi<strong>de</strong>, 2000; Houghton, 2005). Conformeessas estimativas o <strong>de</strong>smatamento tropical colabora com cerca <strong>de</strong> 20-25% <strong>da</strong>s emissões <strong>de</strong>dióxi<strong>do</strong> <strong>de</strong> carbono atropogênicos <strong>do</strong> efeito estufa (Houghton, 2008, Watson et al., 2000;Nepstad, 2009).Inseri<strong>do</strong>, portanto, no contexto atual <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças climáticas e mitigação ambiental naAmazônia, esse trabalho levanta <strong>da</strong><strong>do</strong>s sobre o valor presente líqui<strong>do</strong> 5 <strong>do</strong> <strong>uso</strong> <strong>da</strong> <strong>terra</strong> porpequenos produtores <strong>da</strong> região <strong>de</strong> Madre <strong>de</strong> Dios. Para tanto, ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> agrícola e<strong>da</strong> pecuária bovina, pratica<strong>da</strong>s em <strong>pequenas</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, foram calcula<strong>da</strong>s através <strong>de</strong>uma mo<strong>de</strong>lo discriminante e espacialmente explicito respectivamente. O objetivo é fornecer<strong>da</strong><strong>do</strong>s colaborativos para o estabelecimento <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>s financeiros entre esses usuários <strong>da</strong><strong>terra</strong> e o governo peruano junto aos programas mundiais <strong>de</strong> compensação por serviços5 O conceito <strong>de</strong> Valor Presente Liqui<strong>do</strong> esta <strong>de</strong>scrito na sessão 2.2.2 <strong>do</strong> presente trabalho.13
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) Fleck et al, 2010.ReferênciasGla