No perío<strong>do</strong> caracteriza<strong>do</strong> pela ditadura militar, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960, uma <strong>da</strong>s principaisrealizações <strong>do</strong> governo foi a reforma agrária <strong>de</strong> 1969 (Chirinos-Almanza, 1975; Euguren,2006; Villavicencio, 2010). Embora tenha si<strong>do</strong> realiza<strong>da</strong> para promover uma distribuição <strong>de</strong><strong>terra</strong> e ren<strong>da</strong> mais igualitária basea<strong>da</strong> na agricultura associativa para as populações rurais,apenas um número pequeno <strong>de</strong> camponeses foi beneficia<strong>do</strong> (Euguren, 2006; Villavicencio,2010). Como resulta<strong>do</strong>, muitos produtores rurais migraram para a bacia Amazônica,especificamente para Madre <strong>de</strong> Dios, San Martin, Loreto e Amazonas, on<strong>de</strong> aplicarampráticas <strong>de</strong> corte e queima <strong>da</strong> floresta tropical para o estabelecimento <strong>da</strong> agricultura epastagem (Euguren, 2006; Villavicencio, 2010).Foi na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1980 que ocorreu o gran<strong>de</strong> marco histórico e econômico <strong>de</strong> produçãoagrícola em Madre <strong>de</strong> Dios através <strong>da</strong>s políticas populistas <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte Alan Garcia (1985-1990) (Cannock & Cuadra, 1993). O Regime Garcia triplicou a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> créditosagrícolas e títulos <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, o que promoveu intensa expansão <strong>da</strong> fronteira agrícola e<strong>de</strong>smatamento na região (Coomes, 1996; Dourojeanni, 1990; Naughton-Treves, 2004). Esseperío<strong>do</strong> assinalou o terceiro gran<strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> imigrantes para Madre <strong>de</strong> Dios queaproveitaram <strong>da</strong> alta estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> para intensificar a produção <strong>de</strong> culturastemporárias como arroz e milho (Cannock & Cuadra, 1993; Alvarez & Naughton-Treves,2003). A produção agrícola e a posse legal <strong>da</strong> <strong>terra</strong> motivaram imigrantes e camponeseslocais na criação <strong>de</strong> cooperativas agrícolas, com intuito <strong>de</strong> unir forças para a sustentaçãocontínua <strong>do</strong> setor na economia regional. Nos anos posteriores, o rápi<strong>do</strong> aumento <strong>da</strong>s taxasinflacionárias peruanas e o <strong>de</strong>sgaste <strong>do</strong> solo pelas culturas temporárias foram fatoresfavoráveis para engajar os produtores rurais no estabelecimento <strong>de</strong> pastagem e naexpansão <strong>da</strong> pecuária bovina, um investimento mais seguro e rentável para enfrentar a criseinflacionária nacional (Coomes, 1996).Com as novas políticas <strong>de</strong> ajuste estrutural implementa<strong>da</strong>s em 1990 pelo presi<strong>de</strong>nte AlbertoFujimori os créditos agrícolas cessaram e a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> agropecuária na região entrou em total<strong>de</strong>cadência com redução <strong>de</strong> até 65% na produção <strong>de</strong> culturas anuais (Naughton-Treves,2003). A diminuição drástica <strong>do</strong>s incentivos agrícolas no governo Fujimori reflete o cenárioatual <strong>do</strong> setor agropecuário em Madre <strong>de</strong> Dios. A ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> se tornou pouco rentável, <strong>de</strong>baixa produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e volta<strong>da</strong> quase que exclusivamente para a subsistência <strong>do</strong>s pequenoscolonos.Ain<strong>da</strong> que nos dias atuais seja uma opção secundária para os pequenos proprietários queacabam se engajan<strong>do</strong> em outras ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicas como forma <strong>de</strong> complementação <strong>de</strong>ren<strong>da</strong>, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> agrícola permanece generaliza<strong>da</strong> em Madre <strong>de</strong> Dios. Pratica<strong>da</strong> ao longo16
<strong>do</strong>s rios Madre <strong>de</strong> Dios e Tambopata e em áreas adjacentes às estra<strong>da</strong>s (GOREMAD–IIAP,2009), calcula-se que cerca <strong>de</strong> 4% (cerca <strong>de</strong> 335.000 hectares) <strong>da</strong> área total <strong>do</strong>Departamento são aloca<strong>do</strong>s para fins agrícolas (Huertas-Castillo 2004; GOREMAD–IIAP,2009). Os principais cultivos são, arroz, milho, banana, e mandioca. A pecuária também égerencia<strong>da</strong> por famílias, assim como a criação <strong>de</strong> aves e suínos. Outros registros são <strong>de</strong>pecuária extensiva em menor escala em torno <strong>da</strong> IOS e <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> ovelhas que tambémtem si<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> ao longo <strong>de</strong> estra<strong>da</strong>s como Quincemil-Puerto Mal<strong>do</strong>na<strong>do</strong> e Pilcopata-Shintuya (Cossío-Solano, 2009; GOREMAD–IIAP, 2009).2. CONTEXTO REGIONAL E MÉTODOS DE PESQUISAMadre <strong>de</strong> Dios é o terceiro maior Departamento <strong>do</strong> Peru, com área <strong>de</strong> 85300 km² o queinclui 7% <strong>do</strong> território nacional. A divisão política é composta por três províncias, Manu,Tahuamanu e Tambopata que é a mais extensa e constitui 42% <strong>do</strong> Departamento. Em 2009,sua população foi estima<strong>da</strong> em 117.991 habitantes (INEI, 2009), sen<strong>do</strong> 27% <strong>da</strong> populaçãocaracteriza<strong>da</strong> como rural. Apesar <strong>da</strong> menor participação no contingente populacional <strong>do</strong>Peru (0,4% <strong>do</strong> total <strong>do</strong> país) Madre <strong>de</strong> Dios tem experimenta<strong>do</strong> o maior aumentoproporcional <strong>da</strong> população <strong>de</strong>ntre to<strong>do</strong>s os Departamentos peruanos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1993 (63,5%)(INEI 2009; Cossío-Solano, 2009).De acor<strong>do</strong> com o plano <strong>de</strong> zoneamento <strong>do</strong> Governo Regional, Madre <strong>de</strong> Dios possui 34zonas distintas classifica<strong>da</strong>s conforme o <strong>uso</strong> e cobertura <strong>do</strong> solo. A distribuição <strong>de</strong> <strong>terra</strong>s naregião equivale a 60.3% <strong>de</strong> áreas naturais protegi<strong>da</strong>s e <strong>de</strong> tratamento especial (4,7 milhões<strong>de</strong> hectares <strong>de</strong> floresta tropical), 23,5% <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> produção florestal e outras associações,e 16,8% <strong>de</strong> <strong>terra</strong>s <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s a outros tipos <strong>de</strong> <strong>uso</strong> - Fig.2 (GOREMAD–IIAP, 2009). Madre<strong>de</strong> Dios é uma <strong>da</strong>s poucas regiões <strong>de</strong> mega diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s no mun<strong>do</strong> (Myers etal., 2000), com recor<strong>de</strong>s mundiais <strong>de</strong> pássaros e mamíferos (Huertas-Castillo, 2004).Durante a maior parte <strong>do</strong> século XX a economia <strong>de</strong> Madre <strong>de</strong> Dios esteve basea<strong>da</strong> noextrativismo vegetal e na agropecuária, sen<strong>do</strong> este quadro altera<strong>do</strong> na déca<strong>da</strong> 1970 com oavanço <strong>da</strong> mineração, um <strong>do</strong>s principais drivers <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento <strong>da</strong> região atualmente(Cossío-Solano, 2009; Kirkby et al., 2010). A produção <strong>de</strong> ouro <strong>de</strong> aluvião po<strong>de</strong> alcançar 10tonela<strong>da</strong>s por ano, e os fluxos financeiros gera<strong>do</strong>s por esta ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> contribui com cerca <strong>de</strong>30% <strong>do</strong> PIB <strong>do</strong> Departamento (GOREMAD–IIAP, 2009).A extração sustentável <strong>de</strong> castanha<strong>do</strong> Brasil também é um <strong>de</strong>staque <strong>da</strong> economia regional (Escobal et al., 2003; Santos et al.,2011 in press). Essa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> abrange mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> hectares (12% <strong>do</strong>17
- Page 1 and 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAI
- Page 5 and 6: AGRADECIMENTOSAo meu orientador Bri
- Page 7 and 8: RESUMONa Amazônia peruana, a regi
- Page 9 and 10: 1.INTRODUÇÃONa atual conjuntura d
- Page 11 and 12: agronegócio. Além da possibilidad
- Page 13 and 14: Esforços para a abertura da flores
- Page 15: Certamente é um grande desafio tra
- Page 19 and 20: O projeto Interoceânica nasceu de
- Page 21 and 22: 2.2.2. Cálculo de Rentabilidade e
- Page 23 and 24: (i). Método de Agrupamento - Hiera
- Page 25 and 26: A função discriminou, portanto, a
- Page 27: (iii). Valor Presente LíquidoO VPL
- Page 31 and 32: (iii). Estrutura do ModeloPara o pr
- Page 34 and 35: que poderiam interferir na agricult
- Page 36 and 37: Figura 11 e 12: Madre de Dios: Prod
- Page 38 and 39: Para realização de uma análise c
- Page 40 and 41: 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAlbe
- Page 42 and 43: Dourojeanni, M. 2001. Impactos soci
- Page 44 and 45: Lewis, S. L., P. M. Brando, O. L. P
- Page 46 and 47: Perz, S. G., Shenkin A., Barnes G.,
- Page 48 and 49: 6. ANEXOS6.1. Dados e Variáveis.Ta
- Page 50 and 51: Tabela 7. Informações extraídas
- Page 52 and 53: Tabela 8. Amostra de 250 proprietá
- Page 54 and 55: 64 #NULO! #NULO! 0,00000 10.831 14.
- Page 56 and 57: 132 #NULO! #NULO! 0,00000 8.590 10.
- Page 58 and 59: 200 #NULO! #NULO! 0,99999 17.990 28
- Page 60 and 61: 6.2. Questionário utilizado nas en
- Page 62 and 63: 2.CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PR
- Page 64 and 65: Tabela 04: Criações e produtos ve
- Page 66 and 67:
07. Impostos pagos, créditos e con
- Page 68 and 69:
3. PERCEPÇÃO AMBIENTAL4.1. Você
- Page 70:
) Fleck et al, 2010.ReferênciasGla