FAZENDO A DIFERENÇAMULHERES E PNEUS: FORÇAE CORAGEM PARA ENFRENTAROS CAMINHOSpor Ruleandson do CarmoFoto: arquivo pessoalQuando elas, as mulheres, estão na estrada eprecisam trocar o pneu do carro é geralmentea eles, os homens, a quem recorrem. Mas,para gerenciar um negócio no ramo de pneus, podedeixar com elas mesmas. “As mulheres são fortes,com potenciais que elas próprias desconhecem”, diza sócia-proprietária da TC <strong>Pneus</strong>, Cristina SchuchterGatti, que está no ramo há cerca de sete anos. Apesardessa força, os homens ainda são a maioria nosetor, no entanto, é justamente na delicadeza, não noembate, que elas garantem seu espaço. “Somos maiscarinhosas e compreensivas em diversas situações eisso acaba se tornando nosso diferencial”, explica asócia-proprietária da Cacique <strong>Pneus</strong>, Rosana Marcolino,que há mais de 25 anos atua no ramo de pneus.No entanto, se as mulheres conhecem seus diferenciaise valores, muitas vezes, os homens e até mesmomuitas mulheres ainda acham que eles seriam superioresa elas quando se fala em trabalho. “O preconceitoexiste principalmente quando o setor envolveveículos. Já me senti acuada por outros revendedores,sendo muito questionada em relação às minhas opiniõese interesses, por ser mulher. Em relação aos clientes,a resistência não foi significativa em meu caso”,desabafa Cristina. A mesma sorte em relação a todosos clientes não teve Rosana: “sempre fui muito bemacolhida em todas as áreas do setor, mas já ouvi ‘nãonegocio com mulher’, de um cliente”.Preconceitos por parte da sociedade, apoio incondicionalda família, assim, Cristina e Rosana começarama trabalhar no ramo de pneus. ”Há muitosanos minha família trabalhava no ramo e isso meproporcionou um conhecimento de causa para essetipo de atividade. Isso foi importante para que eume interessasse pela oportunidade que surgiu paraque eu entrasse de vez no setor”, diz Cristina. Aoportunidade citada por ela foi um convite feito em2003 por uma grande revendedora de pneus paraque ela trabalhasse com exclusividade para a marcaem uma loja matriz na cidade de João Monlevade,onde morou antes de vir para Belo Horizonte (BH).“No mesmo ano, abri uma loja para revenda depneus em BH. Foi assim que comecei a me envolverefetivamente com os trabalhos no ramo de pneus”,conta Cristina, que antes trabalhou por 16 anos noramo de mineração.24 | <strong>Pneus</strong> & <strong>Cia</strong>.Cristina Schuchter Gatti, sócia-proprietária da TC <strong>Pneus</strong>Para Rosana, os negócios com pneus começarammais cedo, em 1984, mas também em família. “Meupai, Miguel de Matos, já falecido, fundou em Ipatingaa <strong>Pneus</strong> Cacique. Era um negócio de família, eume empolguei e acabei me envolvendo, pois nada secompara à sensação de começar um negócio”, contaRosana. Atuante no setor de reforma de pneus, elalembra que as dificuldades existem para todas as mulheresno ambiente de trabalho, independentementedo setor no qual atuem. “No segmento de reformas,há muito mais homens, que sempre me acolherambem. Entretanto, penso que as dificuldades a seremsuperadas são as mesmas que as mulheres de outrossetores enfrentam. Acho que o principal é ter apoio e
Foto: arquivo pessoala Rosilene, e também conto com o marido dela, oChico. Nós dividimos a administração da ReformadoraCacique. Sem apoio, com certeza, é mais difícil”,ressalta Rosana.De acordo com Cristina, se alguns discriminam a mulher,outros já perceberam um critério positivo de seleção.“As mulheres estão ganhando cada vez maisespaço em todos os segmentos de mercado. Achoque este fenômeno se deve ao fato de serem maisorganizadas, dedicadas e focadas, se comparadas àgrande maioria dos homens”, analisa a sócia-proprietáriada TC <strong>Pneus</strong>.Rosana Marcolino, sócia-proprietária da Cacique <strong>Pneus</strong>participação das pessoas mais próximas. Tenho a sortede contar com um marido participativo, que, emboraatue em outro setor, está sempre disposto a conversare opinar nas questões do trabalho, além disso, eleatua também nas funções de casa, no acompanhamentodos filhos”, pondera Rosana. O apoio dos colegasde trabalho também é necessário, segundo ela:“na empresa, tenho ainda uma sócia, outra mulher,Se elas já conquistaram certo espaço, superaram preconceitose venceram nos ramos nos quais atuam, oque faltaria às mulheres para fazer ainda mais a diferença?“Muitas vezes eu era a única mulher presentenas reuniões da antiga Associação Mineira dos Reformadoresde <strong>Pneus</strong> (Amirp), hoje fundida ao <strong>Sindipneus</strong>”,relembra Rosana. Para Cristina, a situação nãomudou muito nas atuais reuniões do sindicato. “Achoque as mulheres que estão hoje no setor deveriamse unir mais, comparecer, promover encontros paraviabilizar a troca de experiências”, sugere Cristina.Rosana faz ainda um convite: “Há sem dúvida umacarência de bons profissionais no setor e a mulher,acostumada a se envolver em várias coisas ao mesmotempo, poderá aprender um pouco de tudo queenvolve o negócio e dar uma ótima contribuição”.Aquelas que aceitarem o convite poderão fazer partede um time de mulheres fortes, resistentes e não têmmedo dos percalços no caminho, assim como é o produtoque elas vendem ou reformam.