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monografia original - Mapa dos Conflitos Ambientais de Minas ...

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3.A DOMINAÇÃO DA NATUREZA E A IDEOLOGIA DODESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELA princípio, o conflito do bairro Camargos apresenta em sua configuraçãodiversos aspectos relaciona<strong>dos</strong> aos processos sociais <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma “questãopública” em torno da preservação do meio ambiente, caracterizando o fenômeno<strong>de</strong>scrito por Lopes (et al., 2004) da “ambientalização <strong>dos</strong> conflitos sociais”.Tendo como referência histórica a emergência <strong>de</strong> uma crescente “preocupação”com os impactos cada vez mais significativos da ação humana sobre a Natureza,preocupação que, a partir <strong>dos</strong> anos <strong>de</strong> 1970, passa a ocupar uma posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque nasarenas políticas internacionais, o fenômeno da ambientalização po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificadopela “interiorização das diferentes facetas da questão pública do ‘meio ambiente’”(LOPES et al., 2004: 17), que se expressa na “transformação na forma e na linguagem<strong>dos</strong> conflitos sociais e na sua institucionalização parcial” (LOPES et al., 2004: 17).De acordo com Lopes (et al., 2004), a importância assumida pela esferainstitucional do meio ambiente, a interiorização <strong>de</strong> novos valores (individuais ecoletivos) e práticas (institucionais, associativas etc.), bem como a legitimida<strong>de</strong>atribuída à questão ambiental na argumentação <strong>de</strong> conflitos (LOPES et al., 2004: 19-20), seriam fatores do fenômeno <strong>de</strong> ambientalização que se traduzem, no caso <strong>dos</strong>conflitos sociais, em uma nova dinâmica entre atores, ações, discursos e lugares.Assim, no conflito do Camargos, argumenta-se que o movimento foiincorporando, ao longo da luta, um discurso <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do meio ambiente pautado emargumentos técnicos e jurídicos próprios das instituições e <strong>dos</strong> especialistas – incluindodaqueles que apoiaram o movimento - mas vinculado a temas transversais como o <strong>dos</strong>direitos humanos e da saú<strong>de</strong> pública, na tentativa <strong>de</strong> legitimar os problemas vivencia<strong>dos</strong>no bairro; essa formação discursiva (FOUCAULT, 1997) 42 se relaciona, por exemplo, àprópria inserção institucional do conflito na medida em que o movimento, penetrandoem novos espaços sociais e físicos, no sentido <strong>de</strong> Bourdieu (2008: 165), é levado a42 Segundo Grangeiro (2005), “em Foucault, as regras que <strong>de</strong>terminam uma formação discursivaapresentam-se, pois, como um sistema <strong>de</strong> relações entre objetos, tipos enunciativos, conceitos eestratégias. To<strong>dos</strong> esses elementos caracterizam a formação discursiva em sua singularida<strong>de</strong>,possibilitando a passagem da dispersão para a regularida<strong>de</strong>”.35

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